A mistificação em torno da queda da inflação, por Roberto Bitencourt da Silva

A mistificação em torno da queda da inflação

por Roberto Bitencourt da Silva

Jornalista dedicada aos temas relacionados à economia, a sra. Flavia Oliveira, muito festejada inclusive entre setores progressistas, anunciou na edição dessa quarta-feira do “Estúdio I” – programa da Globo News – que a inflação está caindo.

Oliveira celebrou o fenômeno, muito entusiasmada. Por conta do fato de a inflação tratar-se de tema renitentemente mobilizado e endeusado pela pauta jornalística dos conglomerados de comunicação, vale tecer algumas ponderações a respeito. Sem me estender demasiadamente, faço poucas observações esquemáticas, chamando a atenção para a mistificação que enreda o assunto:

1. Na sociedade capitalista, o apreço pela queda e a baixa da inflação, em geral, provém dos circuitos financeiros.

2. Para isso, opera-se com o rebaixamento da massa salarial, do poder de compra da maioria, do emprego assalariado, retraindo o consumo e a produção, assim como gerando desemprego. 

3. Em consequência, o bem mais valorizado e caro no mercado, sob a forma de juros, é o dinheiro. Quem tem dinheiro é banco.

4. Ainda no capitalismo, aumento da produção, da massa salarial, do emprego e do consumo, tende a gerar inflação. 

5. Em regra, o trabalhador só ganha um pouco mais dos frutos da produção e da riqueza nacionais, nessa última opção. 

6. Ocioso dizer que, com essa alternativa, os setores empresariais do comércio, da indústria e de bens primários ganham infinitamente mais que os trabalhadores. 

7. No capitalismo, mais ainda na periferia do sistema (um capitalismo neocolonizado, altamente parasitário e subdesenvolvido, como é o caso do Brasil), o trabalhador sempre perde. Um pouco mais, um pouco menos, conforme as questões colocadas acima.

8. A parte não dita no esfuziante e mistificador relato da jornalista das Organizações Globo, é que quem paga a conta e perde muito mais na redução da inflação é o trabalhador. Sobretudo, os bancos agradecem.

Roberto Bitencourt da Silva – historiador e cientista político.

Redação

11 Comentários

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  1. Essa queda da inflação é que

    Essa queda da inflação é que nem a febre de um paciente que está abaixando porque o médico o jogou no mar do polo sul. 

  2. é facil entender a queda da

    é facil entender a queda da inflação: desemprego alto e, por consequencia,  queda do consumo das familias. quem não tem renda não pode comprar nada. ou quase nada.

    não sei não. relatos dão conta de que bancos investem em empresas e empresas precisam vender produtos para ter caixa e pagar os bancos pelo o investimento feito. ha empresas com dificuldades grandes e não conseguem pagar os compromissos. é tão grave que os bancos estão encontrando alternativas. as empresas mais afetadas são as da construção civil. é justamente a população que conheceu a ascensão social e a agora tá em dificuldades enormes: sem emprego, sem renda e ainda perdendo a casa que financiou.

  3. Na CBN do meio dia Miriam

    Na CBN do meio dia Miriam Leitão e Sardenberg falaram sobre a queda do indice INPC pelo total do tempo

    de Miriam no horario, extasiados com a queda milimetrica que segundo eles vai entusiasmar os bancos a areduzir os juros

    e com isso a economia vai bombar, é algo para ser comemorado pelos desempregados.

    Um show de patuscadas ao nivel do quadro dos “malucos” do imortal humorista Chico Anisio.

  4. Eu sei que ninguém quer falar

    Eu sei que ninguém quer falar nisso, e eu fico reticente, mas se o consumo cai em algum momento a proução há de cair e se a produçao cai muito o que pode acontecer com essa inflação pequena?

    1. paradoxo de Rangel

      Ignácio Rangel, autor do antigo livro “A inflação brasileira” que continua atual, nos ensinava que o tal excesso de demanda pode ainda existir se, em resposta às medidas de contenção da demanda, a oferta cair mais acentuadamente que a demanda. A economia piora mas tem sempre mais gente querendo comprar do que vender.

      Como acredito que a dinâmica da inflação saiu de moda no mundo desenvolvido e que deve bater por aqui no nosso capitalismos tardio em algum momento, quero viver para assitir estes comentarista geniais torcendo por um inflaçãozinha que traga algum ânimo à economia estagnada e em processo de deflação.

      Arrisco um palpite aqui que o governo golpista terá que baixar a meta de piso da inflação para não correr o risco de não cumprir meta de inflação mínima autorizada ao BC.

  5. Se a inflação cai e os juros

    Se a inflação cai e os juros não acompanham, é óbvio que os rentistas comemoram. Free lunch para eles, desemprego para treze milhões. Isso a bobo news não conta, mas também seus ouvintes não entendem isso.

  6. Não é o que se vê nos supermercados

    Dois ítens para ilustrar:

    O feijão que eu comprava a três reais, agora custa R$ 6,30.

    O arroz, de cinco quilos, de 12,00 foi para 18,00 reais.

    Isso em seis ou sete meses.

    E, pergunte aos paulistanos sobre o valor do transporte coletivo.

  7. Me engana que eu gosto

    Me engana que eu gosto …

     

    Os pseudos-economistas da globo e associados, acredito que nunca chegaram perto de uma aula de economia de verdade.

    Oras qualquer animal quadrupede entende que se não tem emprego, não tem renda e sem renda não tem consumo. E sem consumo não tem disputa pela oferta, e sem disputa pela oferta não tem como aumentar o preço. Muito pelo contrário tem que baixar o preço. E com preços em queda não tem investimento, que gera mais desemprego, arrocha mais ainda a massa salarial que comprime mais o consumo, que acaba gerando excesso de oferta que para ser reduzido precisa baixar os preços, e destimula ainda mais o investimento.

    Queda de inflação com arrocho salarial e desemprego e como o cachorro tentando alcançar o rabo. A única coisa que ele consegue é ficar tonto.

    É como leiloar um quadro de Picasso para uma platéia de um único interessado. Não vai passar do lance minimo.

     

  8.  
    Aos economistas bancários,

     

    Aos economistas bancários, e seus parceiros acantonados nas redações das grandes empresas de estafetas & propaganda. Estes “gênios” das ciências econômicas, sabem muito bem das mentiras, falsificações, e das platitudes que alardeiam, pois, são bem pagos para tal mister.

    Trago do comentário curto e demolidor do André Araujo, que trata das patuscadas dos patuscos: Míriam Leitão & Sadenberg (por suposto, não formam uma dupla sertaneja), são especialistas em platitudes econômicas para o grupo Globo. Como dizia, trago um pequeno trecho para ilustrar o que penso sobre esses apaixonados pelo mundo dos mortos. Como se sabe, nos Cemitérios, os índices inflacionários não costumam ultrapassr a casa de: 0,00%,  Se acreditam nas patuscadas que falam. Que se apressem, “”vão com Deus” desfrutar de índices tão estáveis de inflação zero.

    Orlando

    *                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                “Miriam Leitão e Sardenberg. Um show de patuscadas ao nivel do quadro dos “malucos” do imortal humorista Chico Anisio”

     

     

     

  9. paradoxo de Rangel

    Ignácio Rangel, autor do antigo livro “A inflação brasileira” que continua atual, nos ensinava que o tal excesso de demanda pode ainda existir se, em resposta às medidas de contenção da demanda, a oferta cair mais acentuadamente que a demanda. A economia piora mas tem sempre mais gente querendo comprar do que vender.

    Como acredito que a dinâmica da inflação saiu de moda no mundo desenvolvido e que deve bater por aqui no nosso capitalismos tardio em algum momento, quero viver para assitir estes comentarista geniais torcendo por um inflaçãozinha que traga algum ânimo à economia estagnada e em processo de deflação.

    Arrisco um palpite aqui que o governo golpista terá que baixar a meta de piso da inflação para não correr o risco de não cumprir meta de inflação mínima autorizada ao BC.

  10. que pena a minha não abaixou.

    Para “os economistas” da globo pode ter baixado. Pena que para mim não,

    Aumentou mensalidade da faculdade. Aumentou o valor do plano de saude. Aumentou o valor do IPTU e IPVA. Aumentou o valor do supermercado. Aumentou…

    Se fosse a Dilma presidente a conversa seria outra…

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