A quem interessa sangrar a presidenta?, por Paulo Teixeira

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A quem interessa sangrar a presidenta?, por Paulo Teixeira

Protestar é da democracia. O que não faz sentido é aqueles que lutaram contra a ditadura adotarem agora a agenda da direita, recuperarem Carlos Lacerda e investirem numa estratégia golpista

O povo brasileiro reelegeu Dilma Rousseff em eleições limpas, por maioria, segundo as regras constitucionais. Dilma disputou as eleições legitimamente, apoiada numa coligação de partidos e representando um projeto de governo caracterizado pela ideia de mais mudanças — um programa que foi aprovado nas urnas pela população. 

Às vésperas da eleição, uma revista semanal publicou uma calúnia contra a presidenta, falsa e sensacionalista, numa tentativa de fortalecer o movimento de golpe. A referida calúnia se comprovou agora, quando Procuradoria Geral da República e Supremo Tribunal Federal confirmam que não há qualquer acusação contra a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas investigações em curso.

Confirmada a vitória de Dilma, um dos partidos de oposição pediu recontagem dos votos, sem nada mostrar de concreto que pudesse diminuir o processo eleitoral. Depois disso, partidos de oposição, alguns dos quais foram às ruas anos atrás lutar por eleições diretas, hoje namoram a direita neste País. Em trinta anos, trocaram a Diretas Já pela Direita Já. A direita que quer fazer a ruptura democrática; a direita que quer o golpe; a direita que não tem proposta. A direita que tem como única proposta criar um impasse neste País.

Essa postura e esse discurso ressuscitam Carlos Lacerda quando o ex-governador da Guanabara dizia, referindo-se ao adversário Getúlio Vargas: “Não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos impedi-lo de governar.”

Foi o que fizeram com Getúlio Vargas e também com João Goulart. E alguns democratas, que, há 30, 40 ou 50 anos se insurgiram contra a ditadura, hoje não hesitam em dizer que seu objetivo é sangrar a presidenta da República. 

Como antes, é preciso resistir. Resistir ao golpe e às investidas daqueles que não têm compromisso com o processo democrático. Nós vamos continuar a governar este país para continuar a gerar emprego, como estamos fazendo. Estamos governando este país para distribuir renda. Estamos governando este país para levar os jovens à universidade. Estamos governando este país para levar mais médicos a quem precisa. Como disse Bresser-Pereira, eles têm ódio do PT porque o PT defende os pobres. Como destacaram Luiz Fernando Veríssimo e Juca Kfouri, eles têm ódio das mudanças neste país. 

 No último domingo, houve um protesto com panelas. Não de brasileiros com panelas vazias, mas daqueles que têm as panelas cheias. Eles podem protestar, é da democracia. O que não faz sentido é serem seletivos nos argumentos. A esses, não interessa a lista de investigados da Lava Jato, o “nada consta” sobre a presidenta Dilma, a independência da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República, o fato de a presidenta ter afastado da Petrobras os diretores suspeitos de cometer ilícitos. O que não faz sentido é os mesmos democratas que lutaram contra a ditadura adotarem agora a agenda da direita, recuperarem Carlos Lacerda e investirem numa estratégia golpista.

Chamamos para o diálogo a oposição. Dialoguemos numa agenda de reforma política, desenvolvimento econômico e equilíbrio social, porque essas são bandeiras da presidenta Dilma Rousseff e daqueles que sustentam seu governo. Mas não vamos aceitar essa via da ruptura democrática, a via do golpe, a via daqueles que não querem deixar governar para criar um impasse. Não sangrarão a presidenta Dilma Rousseff. O povo que votou nela no dia 5 de outubro e, depois, no dia 26 de outubro, estará nas ruas na defesa da presidenta.

Não é no impasse que nós vamos governar este país. Governaremos este país no debate elevado de propostas políticas, cuja existência não vejo na oposição, no debate elevado do combate à corrupção e da punição dos responsáveis. Para continuar aprofundando a democracia brasileira.

Paulo Teixeira é deputado federal (PT-SP)

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

14 Comentários

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  1. A quem interessa sangrar a presidenta?

    Pelo que leio por aqui, aos comentaristas deste blog, que não fazem outra coisa desde outubro passado.

  2. “ruptura democrática” é o

    “ruptura democrática” é o nome errado. Não há nada democrático na ruptura proposta pela direita; trata-se de uma ruptura autoritária, isso sim.

  3. Passouda hora de textos com

    Passouda hora de textos com perguntas retoricas, o momento é de respostas diretas como a de leonardo Boff, conmcordando ou nao com elas; contra o governo está valendo indignação de gente com dinheiro na suiça, de governador que quebrou o proprio estado, de militante obscuro com espinha na cara e associação mais obscura ainda propaganda ideias estapafurdias, inversão da noticia voce assiste uma coisa e o locutor diz outra na maior cara de pau, é um massacre, é hora de ser direto, de embromação chega a do proprio governo.

  4. Não dá para entender a

    Não dá para entender a lógica.

    O PT tratou o transitado e julgado Mensalão como golpe.

    O PT quer que o nada consta sobre Lula e Dilma na fase de investigação teha força de Lei.

    Qual a atitude da oposição, na verdade frouxa, que pode ser caracterizada como golpe?

    Quem colocou o governo de joelhos foran Renan e o Cunha, ambos da “coalizão”.

    O governo detém maioria às custas de cargos, quem gera o impasse além do PMDB?

  5. Bom texto.mas a meu ver

    Bom texto.

    mas a meu ver insistir neste instante em falar de classe é um erro tático e estatégico. Deixa isso pros analistas. O operador político tem que ser eficaz. O que deve ser atacado é o golpismo da direita; deve-se fortalecer os valores democráticos. Só  assim que o “centro” não cai de novo no colo da direita. A “classe média”,  por exemplo, que foi golpista em 64 apoiou o retorno à democracia nas décadas seguintes, inclusive com alguma simpatia para com os partidos mais à esquerda.

    Fica complicado pro PT, um partido que aos olhos dos setores tradicionais, e até das classe populares, se “aburguesou”, ficar usando essa palavra antiga,  “burguesia”…. Tem que trazer o debate pro campo da defesa da democraacia, repito: o outro lado já deixou a bola quicando. O próprio PSDB está vacilando nesse ponto. Esse é o caminho.

  6. O PT quer que nada conste

    O PT quer que nada conste contra dilma e Lula.

    O PSDB quer que nada conste contra os tucanos.

    O DEM quer que nada conste contra qualquer um do seu partido.

    O PPS, o PROS, etc. etc., ídem.

    Qual pai nega proteção e amor a seus filhos?

  7. Interessante, tem gente que

    Interessante, tem gente que fala assim: sou a favor de se investigar a todos.

    Ai eu respondo, ora, então temos que investigar também os pequenos empresários ( e claro alguns médios e grandes também) sonegadores de impostos, os prestadores de serviço, os profissionais liberais, que nunca dão nota fiscal (e também quem não pede a nota né ? ) alguns muito conhecidos que são acostumados a cobrar X sem recibo ou X+Y com recibo, ora, tem que investigar a todos e prender a todos então pois sabemos que 99% sonegam impostos. Também quem vende e quem compra CDs piratas, temos que prender todo mundo. Pela lógica seria assim. Por que não ? Por que ser assim tão seletivo ?

    É óbvio que esses casos são análogos ao financiamento de campanha. Existem esquemas de sobre preço a nivel federal, como existem esquemas em niveis estaduais e municipais e é justmamente esse sobre preço que vai ajudar a financiar as campanhas desses partidos do poder, em todos os casos funciona assim, em TODOS os partidos.

    Não adianta tratarmos a questão com hipocrisia, tem que tentar mudar a estrutura e coibir todos esses casos, tanto o de financiamento de campanha quanto os casos privados de sonegação e também diversos outros por ai.

    É por ai que vamos melhorar o País e não prendendo todo mundo, devassando a economia e dando poder a instituições pouco democráticas e que nada produzem.

     

     

    1. Perfeito, Daniel. O caminho é

      Perfeito, Daniel. O caminho é melhorar as instituições e seu funcionamento. Não adianta ficar na eterna expectativa de que os políííticos sejam “franciscanos”.

      Mas o problema é que o cinismo e a desinformação já entrou no DNA de muita gente. Acreditam que oferecer algum “bode expiatório” é sinal de consciência e cidadania.

      Chique, né?

    2. Comentário bem lúcido.
       
      Mas

      Comentário bem lúcido.

       

      Mas corrupção nunca é coisa nossa; sempre dos outros.

       

      Já que citou estados e prefeituras, acredito que nestas o desfalque é ainda maior, vez que a investigação em nível municipal é pífia.

       

    3. Que tal a gente começar investigando você?

      Será que você está em dia com os impostos? Será que não para seu carro em fila dupla ou em cima da calçada (só porque seu banco pintou uma faixa na calçada e escreveu “estacionamento para clientes)? E aquela vez que você dirigiu embriagado? Podemos divulra tudo isso na Veja??

  8. Golpismo é inaceitável, mas há outros

    “mais mudanças — um programa que foi aprovado nas urnas pela população. ”  O programa que foi aprovado nas urnas não foi o que Dilm adotou quando as urbas foram fechadas. A partir daí, “mais mudanças”  se tornou “mais mentiras.  O holpismo é inaceitável. No entanto, os eleitores estão se sentindo enganados e  traídos. 27% apoiam a atual gestão, 73% estão insatisfeitos. Isso tudo é burguesia ? Dilma travou uma guerra contra o pmdb e agoa não tem sustentação no Congreso. O ministério é tão fraco, que mal entrou já deve sair. Os movimentos sociais estão descontentes com os cortes nos seus direitos trabalhistas e vão reivindicar estes amanhã. Ela comete um erro atrás do outro. Não dá oara explicar tudo só com o golpusmo.  O pt considerou o julgamento do mensalão uma fraude, uma farsa afrontou e insultou o STF. Agora há um nada consta automàtico antes de qualquer investigação e agora as Instituições são idôneas. São muitas as contradições.

  9. resistir

    Tudo isto é em grande parte verdade. Não falta quem não queira ser o sangrador e nem punhais para tal. O grande problema, assim como nos governos Vargas e Goulart é justamente como impedir o sangramento. Aonde o povo fortemente organizado para fazer frente aos fascistas que saem à luz, legitimados pela grande mídia à título de defesa da “pluralidade das ideias” ? Aonde estava a consciência histórica do pt nestes anos todos que não organizou politicamente os milhões de incluídos pelos programa de governo ? Preocupados em nadar de braçada nos usos e costumes da casa grande, apostando que a  legitimação democrática, seria suficiente para que os chacais e as hienas aceitassem o proletário novo sócio ! O erro do pt foi duplo, além de trair os ideais que nortearam a sua fundação, simplesmente deixou de organizar politicamente sua principal base de apoio. O que temos agora é suficente para defender o mandato da presidente ? Mais fácil contar com a fidelidade à Constituição por parte dos membros do STF e do Ministério Público, já que a “base política no congresso” é a que o pt escolheu aduar nos últimos anos: podre e vendável….

  10. uma só palavra retrata as


    uma só palavra retrata as ineVstidas da direita  no dia 15:

    golp.

    o resto é sofisma e enfeminso…

    a direita quer é a ditadura.

  11. E………………..

    A meu ver, os que estão a pedir o golpe contra Dilma, são exatamente os que deixaram de se beneficiarem com as corrupções que antes vigorava neste País.

    Não há outra explicação, e este discurso contra corrupção, nada mais é que cortina de fumaça para retomarem as redeas do Poder e entregar o patrimônio, riquíssimo diga-se, deste país a sanha dos abutre e gafanhotos!

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