A rejeitada taxação de igrejas derrubou a fachada de “liberal” do governo Bolsonaro

"Que liberalismo é esse que não ousa tocar grupos religiosos?", questiona Daniel Gama e Colombo, em artigo no El País

Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Quando Marcos Cintra, secretário da Receita Federal, anunciou à imprensa a intenção de reformular a estrutura tributária, fazendo a cobrança de impostos às igrejas, acabou desautorizado publicamente por Jair Bolsonaro, eleito com apoio dos evangélicos. A cena revelou que de “liberal”, o governo só tem a áurea.

“Que liberalismo é esse que não ousa tocar grupos religiosos?”, questionou o economista Daniel Gama e Colombo em artigo no El País. “(…) ficou claro que o liberalismo de Cintra não passa de peça secundária para o Governo”, acrescentou.

Para o autor, “economistas liberais firmaram com cruzes, fardas, astrólogos e justiceiros gerou uma combinação instável, na qual os primeiros não necessariamente possuem poder político para fazer valer suas ideias. Pode-se dizer que isso faz parte do jogo político, e cada grupo prossegue na batalha, aceitando algumas derrotas e obtendo outros avanços.”

“O problema surge quando se torna cada vez mais difícil saber se esse grupo de economistas está abandonando os anéis para preservar os dedos, ou se estão apenas conferindo uma aura de liberalismo a um Governo que na prática rejeita os princípios mais basilares dessa doutrina.”

Para Colombo, o episódio com Cintra mostra que “a agenda liberal representada de maneira icônica pelo ministro da Economia só pode prosperar se e enquanto não se contrapor ao projeto político antiliberal do presidente da República, o que em boa medida significa negar os princípios do liberalismo econômico.”

Na mesma esteira, o economista criticou a reforma da Previdência, com a manutenção de regras generosas para militares, e outras ações que se desenrolaram nos últimos 4 meses, mostrando que esse é o caráter do governo: de, na prática, esvariar o discurso liberal.

“Faz sentido privatizar as estatais, mas não dar às empresas de economia mista a autonomia sequer para definir sua política de preços ou estratégia publicitária?”, questionou.

Redação

2 Comentários

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  1. A situação , a médio prazo , é mais grave:
    O Caminho para a guerra civil está sendo pavimentado: “Guarda Nacional de Deus pelo Povo”.

    Post de Ricardo Sardenberg: ” Hoje foi dado o primeiro passo para a criação da Milícia Nacional Bolsonariana, com a publicação do decreto 9.785, que dispõe sobre a posse e o porte de armas de fogo.
    A partir de agora está liberado a posse, mas também o porte de armas de fogo para: qualquer instrutor, colecionador ou caçador registrado; qualquer detentor de mandato eletivo nos Poderes Executivo e Legislativo; oficiais de justiça; advogados que sejam agentes públicos; agentes públicos mesmo que inativos; membros das polícias legislativas; profissionais da imprensa que atuem em cobertura policial; agentes de trânsito; residente em área rural; caminhoneiros e muito mais.
    Quando a ordem Bolsonariana perder a eleição em 2022, 2026, ou mesmo em 2030, esse aparente liberou geral já estará estruturado como uma “Guarda Nacional de Deus pelo Povo”.
    Soma-se a isso o projeto de repressão e extermínio do Moro, estes serão os agentes que hoje parecem dispersos, amanhã garantirão a ordem Bolsonariana com autorização para calar, torturar e matar qualquer brasileiro que seja oposição ao Bolsonarismo.
    A culpa não é minha, eu votei no Amoedo, não cola mais.
    Como diz o Comuna do Caralho!
    A Muzema é o Novo Brasil.
    A milícia é a nova ordem.
    Não existe ditadura sem uma milícia para chamar de sua.”

  2. Não querem essa taxação por outros motivos, querem a receita longe, não bisbilhotando a movimentação financeira dessa turma e principalmente cruzando os dados……..

    È safadeza pura…….

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