A revolução do amor, por Matê da Luz

O que a morte de um menino, filho de homossexuais, agredido na escola tem a ver com os xingamentos proferidos nas janelas no panelaço?

Na minha opinião, muita coisa: este comportamento impregnado de racismo e misigenia vem de casa.

Em sexta-feira pré-protestos, vale falar de amor.

Lembrando que também estou indingada com os altos custos de me tornar empresária legalizada no País, que também estou cansada de preencher cheques mensais de mais de dois mil reais pelo estudo decente da minha filha e que também estou exausta da preocupação que é ser e ter mulher por perto, deixo claro que este não é apenas um texto político. É um texto-pedido.

Entendo e aceito que quando pagamos impostos e taxas desejamos ter em troca uma série de ofertas que a cidade, o estado e o país têm como dever. Segurança, saúde, escolas, respeito, solidez, pra dizer o mínimo.

E o que tudo isso tem a ver com amor? Um tanto de coisas, mas especialmente que estamos tão ligados numa velocidade imediata, caminho que a vida protegida pela tela dos gadgets proporciona, que acabamos por esquecer que valores e modelos não são reconstruídos assim tão imediatamente. Um menino de 15 anos que se acha no direito de espancar um colega certamente tem em casa um exemplo simples e funcional de que tudo bem, afinal ele é filho de gays e gays não merecem respeito. Esta mensagem é tão clara que este menino não qustiona nem seus próprios valores nem um posível castigo. A cara de quem grita “vagabunda” para caracterizar uma mulher que acha incompetente, pra dizer  o mínimo, e extrapola o limite do respeito, aqui abusando da verdade absoluta de que o que melhor caracteriza toda e qualquer mulher “que não presta” como puta.

Não sei se me fiz clara, mas creio que estes comportamentos dentro de casa, da varanda ou nos posts de internet, não são apenas covardes: são solo fértil pro que chamamos de futuro do País.

Então, cara pálida, caso você esteja pensando em ir até a manifestação do dia 15, essa que vai ter filial até em Miami, fica minha sugestão: se vai se locomover e sacolejar aos gritos do carro de som, aproveite para investir energia na educação dos seus, na sua própria reeducação e reflita até que ponto este país não é a cara da sociedade que aqui habita.

Mais amor, por favor.

 

Mariana A. Nassif

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  1. olhar desce vem descendo

    olhar desce

    vem descendo

    desce pouco mais 

    desce mais um pouco

    desce olhar até o rodapé

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