Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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A semente social e cultural do bolsonarismo, por André Motta Araújo

Como um país que teve Dom Pedro II e Getúlio Vargas como construtores do Estado nacional pode se contentar com micro personagens de perfil aldeão?

Foto: Agência Brasil

A semente social e cultural do bolsonarismo

por André Motta Araújo

De onde vem a sociedade que deu vitória a Bolsonaro em 2018 e mantém seus índices de aprovação até hoje em torno de 32%? Qual foi a semente que produziu uma sociedade suicida em termos de visão nacional, solidariedade social, papel do Brasil no mundo?

Como um país com grandes intelectuais, rica cultura, construção multiétnica, multirracial e multicultural pode afundar no fracasso conjunto de políticas econômica, social, educacional, de saúde, cultural?

Como um país que teve Dom Pedro II e Getúlio Vargas como construtores do Estado nacional pode se contentar com micro personagens de perfil aldeão, puxando o país para o lixão da história e da geopolítica do mundo atual, com o consentimento e aprovação de suas elites empresariais, econômicas, culturais e políticas?

A GRANDE MUDANÇA DE ROTA

Uma grande mudança de curso na trajetória de um projeto de Brasil se deu na eleição de Fernando Collor em 1990. Collor enterrou o projeto nacional desenvolvimentista que vinha dos anos 30, com a marca forte de Vargas e depois do governo militar de 1964, especialmente no período Geisel, que seguia o mesmo projeto de Vargas para um caminho oposto, da derrubada de tarifas, da abolição da Lei do Similar Nacional, pela abertura irrestrita de importações, atendendo a uma classe média ascendente e avida do mundo.

Miami dos outlets, do macarrão importado da Itália e da água mineral francesa, uma classe média culturalmente ignorante, mas arrogante que queria se modernizar só nas aparências e não na essência.

Collor era a síntese desse grupo formador do ethos nacional, com sua influência na mídia, especialmente na televisão, surgindo então como protagonista um grupo escondido nos desvãos dos livings e escritórios da antiga sociedade brasileira, culturalmente ativa nos anos 40, 50, 60 e 70, com sua grande literatura, música, pintura, criando um padrão nacional, de brasilidade e caráter essencial de país.

Tudo isso levado pela enxurrada de novidades e mimetismo que a nova sociedade de uma geração afluente e pernóstica surgiu quase que de repente nos anos Collor e depois furiosamente reforçada no governo FHC pelos “economistas de mercado” e sua visão neoliberal, antítese do projeto anterior nacionalista e desenvolvimentista. Era um novo grupo social tomando o Poder.

O NEOLIBERALISMO DOMINA A POLÍTICA

Os neoliberais que dominaram o Plano Real e a economia também dominaram a política nos anos FHC. Os anos do PT trouxeram um refresco para as classes pobres mas não contestaram o poder dessa nova classe média, representada por Henrique Meirelles no Banco Central.

Os governos do PT introduziram programas sociais de alívio, aumentaram o emprego e o crédito para as classes pobres, MAS não enfrentaram o domínio neoliberal na economia e nem pararam o processo de desindustrialização iniciado nos anos Collor.

O NOVO PROJETO BRASIL É COLONIAL E NÃO NACIONAL

O projeto de Brasil nascido nos anos Collor NÃO era nacional, não tinha visão de um grande país com vontade e trajetória própria. O novo projeto é de um Brasil colônia de Miami, nem é dos EUA com suas instituições sólidas e apreço pela cultura na sua elite acadêmica e social, MAS sim uma colônia de um sub-Estados Unidos, de sua parte mais brega e atrasada, menos autêntica, mais corrupta, mais rastaquera, os Estados Unidos versão Florida, uma parte social e sub-cultural americana fraca e de raízes diluídas e esmiuçadas.

O Brasil bolsonarista se contenta em ser uma colônia de Miami, cidade que é o entreposto da corrupção latino-americana, sem os valores mais tradicionais da formação dos EUA.

A Flórida até o começos do século XX era um pântano inóspito, ganhou prosperidade nos anos 20, decaiu por completo com a Grande Depressão e reviveu com a grande imigração das classes rica e média cubana nos anos 60. Mas, foi um renascimento artificial e não agregado ao centro do mundo cultural americano.

OS GOVERNOS DO PT

Os governos do PT não tentaram restabelecer um projeto nacional, a questão do Estado nacional não foi central na estratégia do PT e sim as causas igualitárias e identitárias, que são importantes mas se desbotam sem um Estado nacional forte.

Essa falta de visão de Estado levou os governos do PT a contemporizar com o neoliberalismo crescente controlando as finanças e os “mercados” e especialmente controlando o Banco Central, que em todo os governos do PT teve diretores egressos e retornados depois ao mercado financeiro, um erro fatal. Nos EUA nenhum dos sete membros do Board do Fed podem ter vínculos com o mercado financeiro, assim como no Banco Central Europeu.

O PT serviu como capa e embalagem de um controle do Congresso e do poder econômico pelo neoliberalismo, a classe média agregada ao novo modelo econômico cresceu em  riqueza e influência durante os governos do PT, mas sua alma e aliança política NÃO estava com o PT e sim com uma visão colonial do Brasil.

O sonho da classe média era poder fazer seus filhos estudarem nos EUA, mães queriam ter filhos em Miami para ter passaporte americano, o sonho de férias eram os outlets da Flórida. Não se viajava aos EUA para ir ao Metropolitan ou ao Museu de História Natural de Nova York ou ao Smithsonian em Washington. A meca era Orlando, uma das cidades mais bregas dos EUA, onde a cultura é palavrão.

Desse ninho surgiu essa inacreditável onda conservadora que contaminou por baixo e por cima a classe média brasileira, não toda ela mas a maioria dela, restando – como sempre ocorre – um nicho de gente mais interessada no Brasil, mas minoritário.

Os governos do PT, com seus méritos, cometeram graves erros de estratégia ao não colocar o Estado Nacional à frente das causas igualitárias e identitárias, carregando como lastro uma ideologia de esquerda que não tinha imbricação na história do país e do Estado brasileiro, com alianças espúrias injustificáveis à luz de um Estado com ambição geopolítica e não ideológica.

Assim, como nos casos de apoio a Evo Morales quando estatizou agressivamente refinarias brasileiras ou no apoio injustificado a governos destrutivos na Venezuela, tudo em nome da ideologia e nada em nome dos interesse maiores de um Estado acima das ideologias, como devem ser os Estados.

O NINHO DA SERPENTE

Os brasileiros interessados no Brasil se perguntam: de onde saiu essa gente que parecia estar nas catacumbas porque ninguém via? Eles já existiam e estavam invisíveis, mas já pululavam nas igrejas caça-níquéis, nos ‘cursinhos’ de MBA, em clubes ditos de elite, nas lojas de vinhos, nos restaurantes da moda, nos auditórios de sertanejos fajutos.

Com o advento do bolsonarismo eles perderam o pudor e subiram à superfície, desfigurando um país de riquíssima história, o único da América Latina que já foi Império, que lutou na Segunda Guerra, que teve uma das diplomacias mais respeitadas do mundo, que foi considerado farol ecológico, a Potência Verde do mundo.

UM INTERVALO EM UMA TRAJETÓRIA

A onda de ultra direita tosca que hoje afoga o Brasil vai passar e o Brasil voltará a seu destino de grande País admirado por sua soft power, pela gentileza de seu povo, por sua rica história e cultura, por sua equidistância e equilíbrio nas relações internacionais.

Uma tradição que vem do Império, quebrada por falha imperdoável de suas elites cegas e egoístas, que não conseguem enxergar um ano à frente. Lideranças políticas e empresariais medíocres enlaçadas em ‘projetinhos’ pessoais, sem perceber que se o navio afunda morrem todos e não apenas o capitão.

O Brasil voltará à sua trajetória histórica por conta de seu destino formidável.

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Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

32 Comentários

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  1. André, sei que não caberia em teu artigo, mas, salvo engano, foi nesse império que massacramos o Paraguai às custas dos Voluntários da Pátria.

    1. Caro sr. André, a CENSURA está demais. Mesmo neste Veículo de cunho ideológico gritante, mas que se abre a alguns espectros mais amplos e democráticos, como seus Artigos, transparece o ranço autoritário que afunda esta Nação nestes trágicos 90 anos. Ajude aos seus Leitores, se possível. Agora, querer comparar um Figura Monumental de Estatura Mundial que foi D. Pedro II a um Amotinado Golpista de Quartelada QuintoMundista de Estábulos e Estrumes, já é demais. Reconstruiu a História Brasileira? Isto é evidente. A Nação de maior vanguarda, progresso e amplitude democrática e progressista da face da Terra em Terceiro Mundo, Ditadura Fascista que culmina em Estado Novo e transpassa em apenas 3 décadas, ampliando e diversificando entre tantas e tantas mediocridades, que prolongadas por quase 1 século. Lamentável. Bastaram menos de 2 décadas de Estado Ditatorial Caudilhista Fascista para isto. D. Pedro II é um Homem das Letras, das Ciências, da Tecnologia, da Inovação. Um Gênio de Intelecto Superior. Das Explorações Naturalistas, do Preservacionismo Ambientalista, antes mesmo disto ser um sonho. Da Fotografia, Viagens e Explorações Internacionais e Cinema. Da Antropologia e da História. Comparar este ‘ Gigante ‘ a um pária?! Somente no Revisionismo Histórico dos Lacaios do Fascismo, que são gerados nesta Ditadura tais como MEC, OAB, UNE, USP, Federais,…., enquanto Filinto Muller trata de silenciar qualquer sonho de retorno democrático, entre ‘ Paus de Arara ‘, Prisões Políticas e Cemitérios Clandestinos. Se aceita a “Nova História’ Brasileira ou já viu?!! Perguntar como chegamos até aqui em 2020 e não afirmar que o caminho era óbvio, direto e transparente, pode beirar como desonestidade intelectual. Por parte dos setores, aqui revelados, até compreendemos. Já que frutos deste Estado Esquerdopata-Fascista e sua Auto-Preservação. Mas tendo os Colunistas, como vasta e ampla visão da realidade brasileira, não é possível aceitar um denominador tão tacanho e obtuso. Plantamos uma semente de abacate em 1930. E agora, estamos embaixo da árvore, esperando que caia uma laranja? Pobre Brasil rico. Quem são estas tais Elites tão difamadas que não saíram destes 90 anos? Então, culpa de quem? Mas de muito fácil explicação. Se não censurarem, obrigado.

      1. Zé Sérgio. Minha observação foi no sentido que você pode olhar perfeitamente para um personagem histórico e tecer loas ao que conseguiu fazer. Não nego a figura fantástica que foi Pedro II e como era uma cabeça iluminada e progressista por essas bandas. Mas não dá para ignorar ( um pequeno fato) os lados esquecidos propositalmente ou por considerá-los irrelevantes ante o que foi realizado.
        Só para lembrar, encontre em Hobsbawm, citado aqui e acolácomo grande historiador, em sua obra ” O Breve século XX” , menção a que fez Stalin na antiga União Soviética.

        1. Caro sr. Evandro: Novamente. Stalin e D. Pedro II? Mesmo assim, só para ficar na conquista histórica. Stalin transforma a Russia na maior Potência Mundial, se pensarmos em População, Território, Países, Doutrina,…É preciso separar o mundo como existia da nossa compreensão atual. Faraós tinham milhares de escravos. Derrubaremos as Pirâmides? abs.

    2. Evandro Condé e outros

      Para compreender toda a complexidade da Guerra do Paraguai, é essencial a leitura do livro “Maldita Guerra” de Francisco Doratioto.

      A extensão da pesquisa de fontes históricas realizada pelo autor em diversos países é sem igual.

    3. Quem começou a Guerra foi o Paraguai, atacando civis indefesos brasileiros em Corumbá.
      Posteriormente, quem se recusou a se render, com a Guerra ja perdida foi o mesmo Paraguai, do maluco Solano Lopez tipo um Bozo da época, só que pior, atacava a própria família.
      Sem dúvida atrocidades houveram, mas muito como consequência e culpas individuais não do Estado Brasileiro, que não tinha muita opção.
      Voce queria o que, que o Brasil se curvasse a ele, permitisse que ele contunuasse no Poder ?
      Precisa conhecer mais sobre a guerra do Paraguai.

  2. Agrado demais com as falas do senhor André, que acompanho, desde o início do site, mas tenho uma ressalva, ele não carrega a tinta na crítica as nossas elites, convenhamos classe média é seguidora…, fora o voto, não banca nada, quem financia e orienta parlamentares, é a elite.

  3. O Brasil nunca teve uma elite de primeira divisão. No seu melhor momento, era de segunda. Hoje é de quinta, e lá embaixo da tabela. A verdadeira questão é que essa elite nunca viu a maior parte dos que vivem aqui como ser humano. Vê como um instrumento que fala ( que se não me engano era como o escravo era descrito na lei romana), que em alguns poucos momentos recebem umas migalhas gordas do banquete, mas na maioria das vezes passa fome mesmo . Se Bolsonaro encarna uma elite miserável que escancaradamente apoia a lei do mais forte, jogando seu povo nas garras do coronavírus e da fome, é justo falar que essa elite reforça apenas as injustiças de renda que são nossa marca – e que é o único projeto que nunca foi descontinuado desde 1822. A favela de Paraisópolis começou nos anos 50. De lá pra cá já tivemos tudo que é perfil mandando na presidência, democracia, ditadura, parlamentarismo, presidencialismo, regime miltar… e essa favela – assim como outras milhares – só faz crescer. Aqui na cidade de São Paulo, não importa qual a sigla do prefeito, nossa elite sempre consegue impor sua visão mesquinha, de preferir que os prédios do centro velho desabem do que sejam reformados e se tornem moradias acessíveis, atraindo famílias da periferia a ir morar na região mais bem servida de transporte da cidade. Espero que os estragos dessa era de trevas de Bolsonaro não criem chagas que cheguem ao ponto até de começarem movimentos separatistas e assim o país sofrer uma fragmentação semelhante à que houve na América espanhola do século 19.

    1. Joel Lima : não por acaso, as Favelas surgem nos anos de 1950. Não se alteram e só se ampliam em qualquer Período e qualquer Governo, como você afirma. A Estrutura Ditatorial Caudilhista Absolutista Esquerdopata Fascista do Estado é a mesma !!! Parelheiros possua Linha Férrea há quase 2 séculos. É o extremo da cidade de São Paulo, quando o Brasil era o 2.o maior Entroncamento Ferroviário do planeta. Hoje é a Periferia da Periferia, assim como Paraisópolis é a Favela da Favela. Não se muda realidade alguma sem mudar o projeto. E o Projeto de 1930 destruiu esta Nação. A Nação Liberal e Democrática até 1930 que existia, para onde vinham milhares e milhares e milhares de Desesperados, Miseráveis, Pobres, Ignorantes, Famintos do Mundo inteiro, principalmente de Alemanha, França, EUA, Japão, Italia, Russia, China, Ucrânia, Suíça, Holanda,…desapareceu para dar este lugar “Paraisópolis” que é descrito no seu comentário. O que acontece para ter tamanha reviravolta? Ações e consequências. A mudança de rota é absurdamente evidente.

      1. Zé Sérgio, escrevi que esse projeto de desigualdade social vem desde 1822, quando o Brasil passa a ser uma nação independente. Essa desigualdade pornográfica começou num país que foi o último a terminar a escravidão. A primeira favela surgido no Rio e no final do século XIX, tendo como moradores os negros recém libertos. Que raios de nação democrática existia até 1930, com eleições presidenciais que as elites combinavam o resultado e o povo apenas dizia sim? O Brasil até 1930 seguia o modelo do PRI mexicano. Portanto, se não tivesse Vargas, seríamos hoje, no máximo, um México. O grau não sei, mas essa concentração de renda indecente continuaria, pois o dna de senhor de escravo não foi extinto das nossas elites entre 29 e 30.

        1. Caro sr. Joel Lima, como escrevi, não entre no Revisionismo tacanho e obtuso produzido pelo e a partir do Estado Fascista que se instala em 1930. Como a matéria afirma, o Brasil nunca foi a América Espanhola. Nem parecido com a realidade mexicana. Compare este Brasil de Eleições Livres e Facultativas ao Mundo que existia entre 1888 e 1930. Ganhamos de mil a zero. Somos Uma Democracia num Mundo de Ditaduras, Fascismo, Xenofobia e Monarquias Absolutistas. A Escravidão instalada pela Coroa Portuguesa, a partir da África, para Minas de Ouro e Serviços das Casas Grandes vão sendo substituídas a partir do Império. No Segundo Império de forma célere, agregando estes Brasileiros à Sociedade Civil. No final do Império e República Paulista, nossas Elites Intelectuais, Políticas, Financeiras,… são Negras. Como NENHUMA outra na História da Humanidade !! Temos Presidente da República Negro Nilo Peçanha, com Academia de Letras (daquela época até os dias de hoje) com o reconhecimento da grandiosidade do Negro Machado de Assis. O Negro Lima Barreto a criticar uma Sociedade em Transformação (Entre tantos predicados evidencio suas condições de Seres Humanos Negros). Nunca mais na História Brasileira destes decrépitos 90 anos. Então, por favor, saia do lugar-comum de pensamento tacanho e obtuso do Revisionismo Histórico dos Satélites deste Estado Ditatorial Absolutista Caudilhista Assassino Esquerdopata Fascista. abs.

          1. “Esquerdopata fascista” blá, blá, blá, quando vc entra nessa rotulagem, repetida mais de uma vez nos seus comentários, transparece todo o seu viés ideológico, míope e mesquinho, e com isso perde a razão.

      2. As favelas surgem após a Guerra do Paraguai,
        São Paulo perdeu o bonde da História em 1932. E apesar de tentar um revisionismo histórico pior que o stalinista, fora do Estado de São Paulo, quem manda são os que refundaram o Estado brasileiro em 1930.

  4. Inseridos numa sociedade onde grande parcela já se revelava conservadora, os governos do PT ao se deixarem “confundir” com inúmeras pautas identitárias ou polêmicas, acabaram – com o passar do tempo – por somar contra si uma multidão de contrários que conseguiram se aglutinar diante da INCAPACIDADE de Dilma em lidar com os mais diversos temas (principalmente político-econômicos), inclusive em NÃO saber conservar o ATIVO inconcluso recebido do GRANDE líder LULA, que tb se viu ATROPELADO por opositores e por interesses alienígenas ao país.
    Assim, sem desenvolver instrumentos eficientes de regulação das mídias (DILMA sempre preferiu o controle remoto), ou de não conseguir dar respostas a passivos como na SAÚDE, ou a denuncias salpicadas cotidianamente pelos veículos (em tempos e LAVA JATO), causas como aborto, união civil, reforma agrária, cota racial/social, revisão da lei da anistia, adoção de programas sociais, comissão da verdade, educação sexual e interferência do Estado na educação das crianças, distanciamento dos americanos e aproximação dos Latinos e Brics, ou causas menores – mas cotidianas – como o rigor nas leis de transito e criminalização dos motoristas, ou a insistência numa conduta “politicamente correta” ..acabaram por exaurir a paciência da MAIORIA e a craquelar de todas as forças políticas.
    EVIDENTE que neste quadro caótico, mesmo que a maioria dos indivíduos não concordasse com UM ou outro tema, foi fácil pra muitos se sentirem atraídos pelo genérico “tem que acabar com tudo isso, talquei” ..e então apostarem num mundo aonde suas demandas e desejos teriam sido atendidos ..ledo engano, pois acabaram elegeram um TIRANO.

    1. Prezado Romanelli, tenho uma visão historica de mais longo prazo, creio que o pesadelo bolsonarista é tão
      ahistorico, uma negação de trajetoria de Pais, que será um pesadelo passageiro MAS tenho uma enorme decepção com as soi disnat “elites” brasileiras de hoje, um lixo social, basta ver as federações empresariais
      IMPASSIVEIS com a desendustrialização do Pais, cada uma focada em seus micro interesses pessoais, algo
      inédito mesmo em paises atrasados, ninguem se importa coma a decadencia do Piais e com o desmonte de sua economia.

      1. Minha impressão é que as elites estão é pegando o que podem na sua respectiva área, o famoso saque, pra sairem daqui quando vier uma convulsão social incontrolável – estilo Papa Doc e Baby Doc fizeram no Haiti antes de largarem o poder e deixarem pra trás um país em ruínas.

      2. -Concordo com sua analise estrutural ..apenas tentei pontuar que a política “mundana”, de curto prazo, tb desempenhou um importante papel nessa mudança de rumos decidida, em ultima instância, por boa parcela do POVO que, tb, recentemente, teve forte influencia das “igrejas” neopentecostais (uma “nova” e perversa elite nacional, que não estava aqui em idos tempos)..
        -BOLSONARO teve 39% dos votos totais do eleitorado ..e isso só foi possível, na minha opinião, pelo FRACASSO, em diversas frentes, do governo de DILMA, já que LULA deixou 85% de aprovação.
        -Ademais, qq projeto de mais longo prazo exigirá uma permanência mais longa no Poder ..tanto pra “politizar” melhor a sociedade (através da educação, políticas inclusivas, direito cidadão etc), como pra desenvolver um projeto NACIONALISTA em bases mais sólidas, como bem pontua você.
        -Por fim, me preocupa esse “dar de ombros” que vejo muito analista ter sobre BOZO ..a turma que esta com ele não é boba ..aproveitando da confluência dos fatores, de TRUQUES eleitorais, e das forças políticas, eles deram um GOLPE “de tirar o chapéu” ..agora mesmo vemos a turma do centrão se reaglutinar pra dar uma chance ao Jairzinho Paz e Amor ..qual seja, não sei aonde isso vai terminar, sei SIM que já já virá um novo período de investimento patrocinado pelo Estado (Liberal) e por uma nova LEVA de programa social (a começar pelo novo bolsa família) ..isso tudo, somado a carência e cultura do povo, arrisco a dizer que um novo mandato pro BOZO não pode ser completamente descartado.

        em tempo – 35% do eleitorado tem MENOS que 35 anos ..essa turma não sabe a dimensão da obra de LULA, e o que ele representou pro país.

        1. Romanelli, sobre a parcela do eleitorado com menos de 35 ano, creio que está um pouco equivocado. O que já escutei de jovens com faixa de 20 anos sobre Lula…
          Tipo, “Lula é bom”, o problema é o PT…
          Duas conclusões tiro disso
          – Lula é muito maior que a esquerda

          – O problema de comunicação do PT não foi ajustado…

      3. Hahaha, isso que hoje chamam de Bolsonarismo é e sempre foi a verdadeira face e identidade do brasileiro: ignorante, preconceituoso, tosco, religioso hipócrita, individualista e vira-latas, características ainda mais marcantes conforme se sobe na hierarquia socioeconômica. Desde 1500 até hoje, sempre foi assim, sendo por poucos momentos ou por figuras isoladas, tentado seguir por outro caminho. O grande erro de todos ao analisar os motivos da volta (e não chegada) do bolsonarismo ao governo, foi achar que depois de pouco mais de uma década de transformações econômicas significativas e nenhuma mudança cultural, teríamos mudado a essência desse aglomerado de gente que deram o nome de Brasil, pois ainda falta muito para chamar essa terra de país.

  5. “O Brasil voltará à sua trajetória histórica por conta de seu destino formidável.”

    Tenho sérias dúvidas quanto a isso: educação, cultura e valores das pessoas, tanto das classes baixas quanto dos escolarizados, os que supostamente tem acesso a informação, se desmancharam nos últimos anos.
    O neoliberalismo se arraigou de tal forma na sociedade que será extremamente difícil reverter a mentalidade. Basta ver os pobres de direita individualizando o sucesso ou o fracasso financeiro, a ideologia do empreendedorismo e igrejas neopentecostais reforçando esse pensamento.
    O próximo presidente, se não for o miliciano reeleito, vai ser alguém dessa direita tosca e entreguista que o país já normalizou.

  6. Os laços de solidariedade e contra preconceitos devem nascer a partir da educação. Na base. Isto não ocorre aqui, como não ocorre nos EUA, onde o articulista enaltece a formação academica americana. As coisas nao nascem através da panspermia. A má formação academica e jornalística é que assegura o nascimento de excresencias tipo Tump/Bolsonaro. Não será discussões no ambito das bibliotecas academicas que porão fim a essas adversidades.
    O apoio a Evo Morales quando estatizou agressivamente refinarias brasileiras ou o apoio injustificado a governos destrutivos na Venezuela, devem ser analisadas opiniões fundeadas na sua fraca formação academica eivada em preconceitos e com forte viés ideológico o qual o articulista deseja combater.

    1. Evo Mor\ales sempre foi um inimigo do Brasil por atos praticados. No gás nos prejudicou ao maximo, rsasgando
      o tratado entre os dois paises, estatizou sem indenização os campos da Petrobras alem das duas refinarias em Cochabamba, nunca ofereceu ao Brasil a exploração de suas jazidas de litio, as maiores do mundo, ofertou a mais de 20 paises. Na votação para presidencia do BID-Banco Interamericano de Desenvolvimento em 2005, quando o Brasil tinha um candidato viavel, João Sayad, que já era Vice Presidente do Banco, a Bolivia de Morales e a Venezuela de Chavez NÃO votaram em Sayad, que perdeu por pouco para o candidato dos EUA. Luis Alberto Moreno, que está lá até hoje, isso em 2005, quando o amor do pT a Morales e Chavez estava no auge e Sayad perdeu por pouco, eu estava em Washington para apoiar a eleição de Sayad, Chavez e Morales nunca retribuiram o apoio do PT a seus regimes. Esse apoio indiscrinado e gratuito NÃO é politica de Estado, escrevi aqui no blog mais de 10 artigos sobre esse erro.

  7. Acompanho sempre os artigos do Sr.Andre, penso que ele estava um tanto afastado mas, retornou em grande estilo. Realmente a partir dos anos 90 o Brasil se tornou uma nau sem rumo. Desde o advento da globalização e do neo liberalismo as elites brasileiras passaram a pensar que, bastaria embarcar neste barco que ele nos levaria ao sonhado destino.

  8. Caro André,
    Também espero que o Brasil volte ao seu destino formidável ( seu destino natural).
    Mas não acredito que verei isso. Ficará para a próxima geração.
    Hoje temos o cidadão comum, o povo, abandonado. E um bolsão de miséria se formando.
    Os políticos são corruptos, tanto na direita quanto na pseudo esquerda.
    Os militares são corruptos e imbecis.
    O judiciário, em boa parte, corrupto.
    A mídia mainstream podre.
    E uma oligarquia safada, pra dizer o mínimo.
    Acabou o nacionalismo dentro dos “poderes” que mandam na nação.
    O Brasil vai ter que renascer das cinzas. O futuro próximo será, primeiro, colher
    a miséria que está sendo cuidadosamente semeada.

  9. Sr. André, que bom rever mais um artigo de sua autoria. Espero que esteja tudo bem contigo.
    Tenho a mesma percepção, à partir do Collor, parece que a dita elite ficou abaixo da média, nem dá pra chamar de medíocre.
    Os governos do PT representaram um avanço, ainda que tímido. Infelizmente, não conseguiu se livrar da praga do neoliberalismo. Realmente, se perderam com a pauta identitária (ou pauta de costumes). Creio que o problema de comunicação tão conhecido do PT e de considerável parcela da esquerda. Uma dificuldade de passar ideais para a população. Será que é tão difícil falar sobre emprego, renda, educação, saúde? Esquecem que o evangélico, o homossexual, o negro querem tudo isso? Essa é a minha sensação. Felizmente, uma parte da esquerda parece que sintonizou nisso. E acho que alguns da centro direita.
    Percebi que o Sr. está mais otimista em relação ao futuro de nosso país. Que bom.
    Também faço parte dessa torcida

  10. O cara que escrevia, sobre “o índio boliviano”, “o padreco paraguaio”. “as bolsas e sapatos da Cristina” e otras cositas más, bem estilosas tipo veja e leia, agora procura sementes sociais? Ora, ora… embale bem que o mico, digo, o mito e seus filhos também lhe pertence.

  11. “com o consentimento e aprovação de suas elites empresariais, econômicas, culturais e políticas”
    Esta é a resposta a todas as perguntas do articulista. Está no terceiro parágrafo.

  12. André Araújo, francamente não consigo concordar que teremos de volta nosso país. Os rancores foram exacerbados, as mágoas levadas ao extremo, vejo fundamentalistas atacando imagens de santos e gays pelas ruas, os preconceitos foram todos explicitados, máscaras caíram, descobrimos que a “justiça” não é justa e nem é honesta, descobrimos que os militares são corruptos, descobrimos que as igrejas neo-pentecostais são grandes negócios. O PT pecou por falta de malícia, Lula levou para a presidência o ranço do sindicalismo de resultados aquele que diz ” que o pior acordo é melhor que nenhum acordo”. Seu texto é pertinente preocupou-se em criar meios de comprar uma TV de alta resolução de imagem mas não se preocupou nenhum um pouco em desmascarar os conteúdos, metaforicamente falando, apresentados. Espero, sinceramente, que os capas pretas do PT tenham aprendido algo com essa experiência de poder.

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