Ainda há tempo de interromper o desastre total na economia, por J. Carlos de Assis

Ainda há tempo de interromper o desastre total na economia, por J. Carlos de Assis*

A economia brasileira teve uma contração de 0,2% em 2009, em pleno mundo conturbado com quedas ainda maiores devidas ao início da grande crise financeira planetária. Até que nos saímos bem no início. Fizemos nossa lição keynesiana, tanto do lado do consumo (aumento da bolsa família, aumento do salário mínimo)  quanto do lado do investimento (forte injeção de recursos do Tesouro no BNDES, que por sua vez, em 2009 e 2010, financiou em torno de 180 bilhões adicionais nos dois anos).

A situação agora é simplesmente desesperadora. Tivemos estagnação no ano passado e o Governo já fala em queda do PIB de 0,2%.  Isso reflete um extremo otimismo. Se for mantido o ajuste-Levy/Barbosa, teremos uma contração de uns 2%, no mínimo, por culpa exclusivamente desse senhor que partilha os ideais dos assassinos de Chicago que sujaram a mão de sangue no Chile de Pinochet no experimento de uma economia desumana do tipo da que nos querem impor. Sobre a estagnação do ano passado e o ajuste Levy/Barbosa, vem um terremoto muito maior: o estrago econômico da Laja Jato na cadeia produtiva do petróleo, que representa mais de 13% da economia brasileira  e que, por isso mesmo, nos pode arrastar numa crise sistêmica, levando também bancos.

Se nada for mudado, teremos uma contração global da ordem de 4% a 5%. Contudo, muita coisa pode ser mudada. A primeira é livrar a economia e a sociedade brasileira de Levy e sua ideologia. Junto deve ir Nélson Barbosa, que se refugiou no Planejamento para não correr risco de ser cobrado por suas posições progressistas anteriores. E é óbvio que esse Tombini, escravo do verdadeiro monumento à estupidez aritmética que é o modelo de metas da inflação – “regra de três metida a besta”, como escreveu meu parceiro, o matemático Doria, em “O universo neoliberal em desencanto” -, também tem que cair fora. Estou sinceramente esperando que eles peguem o boné antes de serem demitidos por incompetência e por incompatibilidade com o que resta de progressismo no Governo Dilma.

*J. Carlos de Assis – Economista, professor de Economia Internacional, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de “A Razão de Deus”, dentre outros livros de Economia Política.

Redação

1 Comentário

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  1. Regra de três 😉

    Até ri um pouco com o utlimo paragrafo, mas a realidade econômica do Brasil esta mais para assustar que fazer rir. Ao ler o artigo que tenta chamar atenção do governo para o problemão que vem ai, lembro de que a França, Espanha, Italia e Portugal, sem falar na falência total da Grécia, andaram vivenciando e ainda pagam um preço alto pela mesma politica-econoômica que agora adotam no Brasil. E o fim desse tunel é bem longo.

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