FUVEST – aplicando conceitos de vida na escolha da profissão, por Matê da Luz

 

A filha está em fase pré-vestibular. Batalhando entre as inúmeras opções de lazer no final de semana – é balada que não acaba mais! – e a carregada carga-horária do colégio, se sente desanimada para as provas de treineira. Na verdade, se sente desanimada e ponto, motivo pelo qual corri pro homeopata amado da família afim de dar uma equilibrada nisso tudo num momento mais do que decisivo da vida. Sim, sou dessas que acredita piamente que o corpo fala, contando pra gente sobre aquelas dores que a gente quer esconder. 

Bem, entendo que é absolutamente normal que ela se sinta assim, afinal pode ser biológicamente cansativo mesmo, mas desejo que algo de prazeroso seja desperto nela especialmente nesta fase, afim de orientar que sua escolha seja pautada por um desejo íntimo de fazer o que quer fazer, no sentido mais próximo possível de expressar o que a alma deseja. 

É claro que minha própria trajetória se reflete aqui, numa confissão de ter estado tão entretida em ser aceita que mal parei pra pensar no que queria ser quando crescesse. Queria ser mãe, é um fato, e de fato estava grávida, portanto algumas coisas pareciam tão certas que não fui capaz de sentar e conversar comigo mesma para responder à pergunta: “me vejo passando muitas horas do meu dia fazendo isso?” somada à reflexão de questionar se isso também pagaria minhas contas. Segui fazendo algo que me foi dado como característica e que, de verdade, eu tinha certa habilidade em fazer, mas que já no primeiro mês rendeu um desânimo enorme nas tarefas mais rotineiras.

Eu já sabia que não ia gostar de fazer aquilo mas insisti sob argumentos internos que variavam entre “trabalho não deve ter que ser 100% prazeroso” + “não posso desperdiçar esta chance” + “ganhei flores do meu pai por este começo (e ainda tnho o cartão)”. Percebem o quão conturbada e confusa eu estava para ter a clareza de fazer uma escolha que refletisse um tanto sobre quem eu realmente sou?  

Minha existência na adolescência foi uma bagunça, senhores, e sim, estou tentando evitar que minha filha passe pelas mesmas tormentas que eu, inclusive na escolha de sua profissão. Especialmente na escolha de sua profissão, diria eu, já que (hoje) entendo que esta é tão somente uma expressão de tantos conceitos e habilidades de vida e que tudo isso é, enfim, algo muito íntimo e tão individual que quanto mais em contato com esta essência a gente estiver, mais assertiva será esta escolha.

Portanto, se você tem filhos em idade de prestar vestibular, este é um bom momento pra mezer e remexer em algumas estruturas e deixar de ser somente aquele que paga os boletos. Pode ser extremamente cansativo, beirando o exaustivo – mas, sem dúvida, uma oportuindade de ter um posicionamento mais próximo (do filho, da vida em essência, de si próprio). Quem foi que disse que trabalho é que dá trabalho? 

Daí, 17 anos depois de escolher a primeira profissão que tive na vida, segura de que quando me encontro e me manifesto o melhor acontece, complemento o primeiro parágrafo desta postagem: a filha está em fase pré-vestibular – e eu também. Aproveitando todas as minhas próprias manifestações de esforço, batalhas e acolhimentos, a psicologia me aguarda. Tenham paciência, porfim, se eu ficar muito analítica. Ouvi dizer que isso acontece nos primeiros anos de faculdade 😉 

 

 

Mariana A. Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador