Após Lula, ninguém duvida mais que Justiça é “partidária e seletiva”, diz Kotscho

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Ricardo Stuckert
 
Jornal GGN – “Se alguém ainda tinha dúvidas de que a Justiça é partidária e seletiva, não tem mais motivos.” É assim que Ricardo Kotscho começa o artigo divulgado em seu blog, nesta segunda (8), onde comenta sobre um levantamento que mostra que o caso triplex passou na frente de outros 7 processos que estão no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
 
Segundo Kotscho, o próprio TRF4 não convenceu em suas explicações sobre o julgamento do triplex ter sido acelerado. “O revisor Leandro Paulsen, que marcou a data, alegou que o processo de Lula furou a fila porque as ações andam de acordo com a ‘complexidade e o ineditismo de cada um’. Onde isto está escrito no Código de Processo Civil e quais são as razões apresentadas pelo revisor não se sabe”, apontou.
 
Para o jornalista, o julgamento do dia 24 “poderá ser apenas um rito de passagem para tirar Lula das eleições presidenciais de 2018.”
 
“As provas tornaram-se apenas um detalhe na condenação anunciada desde o ano passado quando Sergio Moro interrogou Lula em Curitiba.”
 
Por Ricardo Kotscho
 
Justiça seletiva fura fila para apressar condenação de Lula
 
No Balaio do Kotscho
 
Se alguém ainda tinha dúvidas de que a Justiça é partidária e seletiva, não tem mais motivos.
 
Para apressar a condenação de Lula, os desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral da 4ª Região, em Porto Alegre, furaram a fila das ações que aguardam julgamento de recursos e passou o de Lula à frente de outros sete processos.
 
Curiosamente, entre estas sete ações não há nenhum dos nomes do PSDB delatados pela Odebrecht e JBS. Não há nem processo instaurado.
 
O mais antigo é o do empreiteiro Marcelo Odebrecht, que deu entrada em agosto de 2016, um ano antes do recurso de Lula, e ainda está nas mãos do relator.
 
O recurso do ex-presidente começou a tramitar no TRF-4 no dia 23 de agosto de 2017.
 
Foi o processo que chegou mais rápido ao tribunal depois da condenação: apenas 42 dias, um verdadeiro recorde, como mostra a matéria “Caso Lula passa à frente de 7 ações da Lava Jato em Tribunal”, de José Marques, na Folha desta segunda-feira.
 
Com discreta chamada na primeira página, o jornal ouviu o presidente da corte, Carlos Eduardo Thompson Flores, que já havia elogiado a sentença de Moro logo após a condenação de Lula a 9 anos e 6 meses por corrupção no caso do triplex do Guarujá.
 
“O julgamento dos processos pela ordem cronológica de distribuição no tribunal não é regra absoluta. O próprio art. 12 do Código de Processo Civil afirma que é preferencial essa observância”, justificou Flores.
 
Só não explicou porque, justamente no caso de Lula, a ordem cronológica deixou de ser preferencial.
 
O revisor Leandro Paulsen, que marcou a data, alegou que o processo de Lula furou a fila porque as ações andam de acordo com a “complexidade e o ineditismo de cada um”.
 
Onde isto está escrito no Código de Processo Civil e quais são as razões apresentadas pelo revisor não se sabe.
 
Como a condenação de Lula por 3 a 0 já foi anunciada aos quatro ventos por vários entes da Justiça e é dada como fato consumado, o julgamento marcado para o dia 24 de janeiro poderá ser apenas um rito de passagem para tirar Lula das eleições presidenciais de 2018.
 
A exemplo do que aconteceu no processo para derrubar Dilma Rousseff, será dito que “tudo foi feito dentro da lei, respeitando a Constituição e o Estado de Direito”.
 
A esta altura, ninguém mais se pergunta, a não ser a defesa do ex-presidente, se há ou não provas para justificar a condenação de Lula em segunda instância.
 
As provas tornaram-se apenas um detalhe na condenação anunciada desde o ano passado quando Sergio Moro interrogou Lula em Curitiba.
 
As revelações feitas pelo repórter da Folha apenas confirmam o caráter político deste julgamento. Os concorrentes do jornal paulista, apenas aguardando a confirmação da sentença, nem tocam no assunto, e já especulam sobre o pós-Lula. O que acontecerá depois ninguém sabe.
 
É jogo jogado.
 
Vida que segue.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. É por isso que a direita

    É por isso que a direita deita e rola: esse pessoal da esquerda parece retardado; uma chacrinha correndo solta desde 2014, e agora, agora, em 2018, os caras acordam para a parcialidade e seletividade.

    Pelamordedeus!

    1. é por isso também…

      que os tucanos são muito bem atendidos quando comparecem espontaneamente

      acho até que são alertados, nunca convidados………………….

      jamais terão como resposta o que o STF fez com a Dilma, por exemplo

  2. O silêncio gritante

    Incomoda-me o silêncio gritante do processo de Eduardo Cunha em Curitiba. Sem delação, sem declarações bombásticas, sem espernear. Assusta-me o silêncio por causa da extrema inteligência (para o mal) do Eduardo Cunha. 

    Eduardo Cunha consegue enxergar o verdadeiro poder que manda no Brasil e mantém-se fiel a este, mesmo com uma prolongada passagem pela cadeia. Eduardo Cunha continua escondendo e calando os seus crimes, os mandantes, e os seus cúmplices.

    O timing do golpe obriga a manter Cunha por fora e calado até destruir o PT e acabar com a candidatura do Lula. Cunha provou que não é preciso mata-lo, pois ele parece que não irá abrir o bico. Para que? Cunha não delata, pois quem seria delatado por ele provavelmente continuará mandando no Brasil por muito tempo. Ainda, o sistema golpista já liberou a sua mulher e filha como prova de “boa fé”.

    Bandido troca o cassaco apenas quando observa que o seu lado poderia perder, mas, neste caso, a história do Brasil parece que continuará sendo escrita pelo lado golpista e isso anima os delatores de um lado só (contra Lula e o PT) e patrocina o silêncio dos comparsas. Pelo menos por enquanto. O esquema golpista mostra força ao manter Aecim em liberdade, ou “tartarugando” com o assunto das malas do Gueddel e a malinha de Rocha Loures, incentivando o silêncio premiado.

    Bandido sabe reconhecer o ganhador numa disputa. Somente teremos delações “do outro lado” quando Brasil mostre que irá mesmo mudar para o bem, de volta à Democracia. Por isso o medo da eleição de Lula. Basta Lula sair candidato e estar na frente das pesquisas para muito delator “do outro lado” começar a abrir o bico. Esse é problema do “timing”. Ai mora o perigo para o golpe. Por isso devem parar Lula e tirar qualquer esperança, não pelo povo, mas para preservar os fundamentos do golpe.

    1. Se brincar tem delator que ganhou os 10bi em NY

      Tenho a impressão de que tem preso na papuda ou Curitiba, outros com tornezeleira à beira da piscina que percebeu e ganhou muito dinheiro com a patranha da Petrobras pagar 10bi em NY.

  3. com esta merda de judiciário…

    ninguém deve acreditar que a Constituição vai cuidar dos seus direitos, da sua vida e do seu futuro

    com esta merda de juduciário é o mesmo que confiar cegamente no senso de justiça dos fascistas

  4. deram mole pra Kojak mesmo…

    marcaram bobeira e agora é tarde

    pois o único caminho para escapar de uma denúncia sem provas, com posterior recebimento leviano,

    seria através de um HC antes do recebimento…………………………

    mas não podemos deixar de considerar que em muitos casos foram impedidos até de tomar conhecimento do que exatamente estavam sendo acusados

  5. Falta muito mais do que prova

    Pode até ser, mas tenho sérias dúvidas. Eu lí a sentença, é impossível passar uma coisa destas sem desmoralização completa. Não é só falta de provas, falta um monte de coisas. Por exemplo propõe a redução de penas ao Leo Pinheiro extensível a um outro processo já julgado, do tal do Leo, e aguardando recurso. Se o processo acabou e a sentença foi dada como pode decretar redução de pena a posteriori, o processo já não está sob sua alçada. E a redução de pena está condicionada a aprovação da delação premiada que, possívelmente dada a velocidade inédita, até a data do recurso não será julgada. Se isto passar, acho melhor já irmos pensando em eleger juizes e procuradores, aliás, como ocorre nos EUA.  Em relação a velocidade do julgamento passa a ser um padrão a ser usado em todos os processos, é um ganho de produtividade, produtividade não se reduz. Regra de ouro dos mercados !!

  6. O Moro já cometeu seus erros

    O Moro já cometeu seus erros ao condenar o presidente Lula sem provas, se o tribunal manter essa decisão estarão correndo um grande risco. Muita gente anda perdendo a credibilidade no judiciário e se esse povo for a luta não será bom pra ninguém. 

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