As críticas mal colocadas contra a defesa de Lula, por Luis Nassif

Todos os pressupostos apontados pelo artigo estavam presentes nos argumentos levados aos juizes e procuradores.

Esta semana publicamos uma analise criticando a forma como foi encaminhada a defesa de Lula na Lava Jato.

Segundo o autor, a lógica da defesa deveria ser:

  1. Admitir todos os favores recebidos.
  2. Demonstrar que, em todos os países, essas gentilezas fazem parte das relações entre os campeões de cada política econômica e os respectivos presidentes.
  3. Demonstrar que o apoio ao Instituto Lula era parte do marketing político da Odebrecht.
  4. Logo, se todas as gentilezas fazem parte do cardápio político universal – de Fernando Henrique Cardoso a Barack Obama – não havia contrapartidas negociadas, ponto central das acusações da Lava Jato.

Onde está o erro do raciocínio? Ele vale apenas para julgamentos legais, aqueles em que juiz e promotoria atuam profissionalmente, dentro da legalidade. Jamais foi o caso da Lava Jato, umas operação que, em todos os momentos, recorreu à má fé e ao direito penal do inimigo.

A defesa sempre bateu na tecla da falta de relações de causalidade, no caso do sítio de Atibaia, e na falta de comprovação de compra, no caso do triplex de Guarujá. E, em todos os casos, bateu-se exaustivamente na ausência total de provas para sustentar a tese da relação direta entre as gentilezas e os benefícios. Inclusive apontando pirações cronológicas entre favores e as supostas contrapartidas.

Ou seja, todos os pressupostos apontados pelo artigo estavam presentes nos argumentos levados aos juizes e procuradores.

Mas de nada adiantaria. Durante o linchamento infame, buscou-se criminalizar até presentes recebidos pelo presidente nas viagens diplomáticas. Ou se esqueceram do tal crucifixo que teria sido “roubado” por Lula dos arquivos do Palácio.

Decididamente, nem se Evandro Lins e Silva, Nelson Hungria levantassem do túmulo, haveria defesa para Lula. Quando o juiz é processualmente desonesto, não há argumento que salve o réu.

Leia o artigo em questão aqui.

Luis Nassif

19 Comentários

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  1. Queriam que o Lula e os advogados dele teimassem com a mesma ingenuidade do mensalão ou da bobagem do Jose Dirceu em acreditar que “discutir o merito” daria resultado. Na segunda pagina ficou claro que a lava jato era uma peça de propaganda de guerra politica. É impressionante que ainda haja nos meios progressistas alguém que ignore isso. Até uma boa parte da direita ja sabe! Só a fascistada mesmo que nao está “nem ai”, nao quer saber de nada e tem muita raiva de quem sabe. Pior ainda se o sujeito acredita em uma suposta prevalência da “técnica” jurídica… Aí, nao tem jeito…

  2. Acho que o comentário de Luis Nassif em cima do artigo proposto, sintetiza em poucas palavras tudo que já sabíamos e que só os retardados ainda não perceberam. Lula já entrou em todos os processos condenado. Só faltava reunir algumas “provas” para fazer jus à condenação!!

  3. O processo de Lula seguiu o modelo do processo que enfrentou Joseph K. A diferença é que até agora não teve o mesmo final do personagem criado por Kafka – mas não descartem isso nesse mar de trevas em que vivemos.

    1. Vixe,esse negócio de Nassif sem tirar nem por,foi mal interpretado.Resultado,ejataram minha colunata,o que leva a crer que eu devia nem tirar nem por.Que horror.

  4. “Quando o juiz é processualmente desonesto, não há argumento que salve o réu.”
    Muito bem posto, mas o ocorrido foi muito mais intenso e vulcânico do que a desonestidade de algum juiz. Na verdade, o poder da erupção da má fé e da arrogância surgia, a todo instante, graças ao bom entrosamento corporativista. Quando craques atuam muitas vezes juntos, a qualidade tática do entrosamento torna tudo mais fácilde se realizar, e mesmo quando afirmam que pau é pedra, até os que não são caras de pau concordam, para que a realidade não desmascare a mentira e o abusivo deboche.

    1. Lembro-me que em 2014, o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná esteve num evento em minha cidade do interior do estado, exaltou Sérgio Moro, exaltou a Lava Jato, dizendo que muita corrupção ainda haveria de revelar, principalmente relacionado ao BNDS. Foi logo aplaudido pela maioria dos presentes.
      Agora temos o resultado, porque a Lava Jato somente conseguiu fazer o que fez, prender um ex-presidente, com total apoio da corporação e marketing pesado da grande mídia, principalmente da Globo.

  5. SOLTANDO O BRAÇO. 27/09/2020 às 15 hs.

    O anão de jardim nunca me enganou,mas essa alcunha de alcagute infiltrado dentro do Palácio do Planalto,nem o SNI da ditadura militar chegou tão longe.A constatar que desse espaço sou o Maestro da Política Brasileira,segundo Sr.Clever Mendes de Oliveira,vos digo: Jair não manda em porra nenhuma.Os milicos tem ele na corda curta.Um dog amestrado.

    A antecipação da aposentadoria do Ministro Celso de Mello está a indicar que ele vai tirar o corpo fora no julgamento da suspeição de Moro.Em verdade,ainda que se pese seu notório saber jurídico,nunca entrou em bola dividida e,por muito menos o jurisconsulto Saulo Ramos taxou-o de juiz de merda.

    Se a maior democracia do Planeta não quer respeitar os resultados das urnas,no Solo Consolidado Pátrio não deveria nem se perder tempo e dinheiro com eleições.

    Atenção senhores e senhoras candidatos à eleição da Prefeitura da Cidade de São Paulo:Está comprovado até cientificamente que o candidato Ceslo Russomano é cavalo paraguaio,quanto mais agora que a filha e o genro do picareta,estão metidos até o talo numa Pirâmide inspirada na Fogueira Santa de Israel.

    O Posto Ipiranga do Governo de Jair está a cada dia numa situação tão deplorável,que,quando ejetado do Governo sairá tão desmoralizado que voltará a ministrar aulas no curso primário das Instituições de Ensino da família.

    Uma Capital,outrora Cidade Maravilhosa,que tem um Prefeito da mediocridade,salafrarice e vagabundagem como o Bispo Crivella,merecia um ataque diário das saudosas abelhas africanas.

    Estamos conversando.

  6. Não foi o juiz. Se fosse só o juiz era fácil consertar. O judiciário é que foi extremamente desonesto.
    A sentença condenatória do moro, eu li, é a prova que nada havia contra o LULA, senão alegações do próprio juiz.
    Aí veio a segunda instancia e alterando todos os prazos “eleitorais” AGRAVOU a pena do Lula.
    Outras instância como a da senhora carmem simplesmente jogaram na gaveta qualquer revisão. Uma cumplicidade monstruosa.
    Por isto digo que o golpe destruiu o país. As instituições de enlamearam.

    1. HCCoelho

      Excelente comentário, complementando a lacuna fundamental deixada pelo Nassif.

      Se fosse apenas um juiz desonesto, as instâncias superiores teriam corrigido a aberração jurídica do juiz de piso.

      Entretanto, o juiz é apenas o topo do iceberg desta guerra híbrida que o Brasil sofreu, para trocar a democracia social do lulismo pela democracia de mercado, na qual Temer e Bolsonaro são apenas executivos a seu serviço. Os resultados trágicos estão a vista de todos.

      Nada do que aconteceu a partir de 2013, teria ocorrido sem a cumplicidade da grande maioria do judiciário (TRF-4, STJ, STF), do MPF, da Polícia Federal, das associações empresariais e da mídia corporativa e venal, com destaque para a Organizações Globo e suas transmissões televisivas.

      Há que considerar também o apoio do “deep state” americano (FBI, DoJ, NSA, …) e financiamento de bilionários da extrema direita “made in USA”.

      Um detalhe pequeno e relevante: quando houve a “Vaza Jato”, o desonesto ex-ministro da justiça tirou férias de uma semana em WASHINGTON (USA), conforme mostrado nas postagens em redes sociais de sua esposa.

      Para não ficarmos nos distraindo com o provocativo artigo de um intelectual ávido por visibilidade, nem com o sumário perfeito das imperfeições do texto original pelo nosso querido editor-chefe, recomendo a todos a leitura do livro “Guerra Contra o Brasil” do inigualável Jessé Souza.

  7. Concordo 100%, principalmente com esta parte: ” Quando o juiz é processualmente desonesto, não há argumento que salve o réu.”
    O mesmo vale para o impeachment da Dilma, apenas substituindo “juiz desonesto” por deputados e senadores bandidos.

  8. Discutir com um judiciário ou um MP ou parcela da PF, que fez da convicção profissão de fé é impossível. Isto já fica evidente quando todos sabemos que isto foi enunciado dentro de processos, ou em julgamentos. Weber disse que não tinha provas, mas tinha literatura, Dallagnol disse que não precisa de provas mas argumentos de convicção. Moro afirma em sua sentença que não tem provas cabais mas tem convição. Pessoas do tipo que não apenas quiseram criminalizar o acervo de um presidente, como expropriaram este acervo apenas excitaram na sociedade aquela raiva pela ousadia do operário chegar ao Palácio do Planalto. Mas e o pior é que conseguiram incrustrar nas instituições estas convicções. Agora um pernóstico esnobe e preconceituoso Decano vai mais uma vez deixar a justiça de lado para punir a ousadia do operário. Se nem fatos nem provas são necessárias para a acusação , nem fatos nem provas são válidas se apresentadas pela defesa.

  9. Evidentemente todos os aspectos imagináveis do processo estão na defesa. A apelação do Triplex tem 400 páginas. A de Atibaia, 1,3 mil páginas. O Velho Testamento é mais curto.
    Falta estrutura narrativa e argumentativa. Ao longo de incontáveis páginas a defesa nega provas, nega competência, nega causalidade. Na audiência bate boca com juiz. Adiantou alguma coisa? Não. Fala para convertidos. Metade da população ainda acha que ele é culpado.
    A tese “Lula é inocente” não pega porque não é verdadeira. Ele não é culpado de do crime de corrupção passiva (art. 317 CP) nem de Lavagem de Dinheiro, mas para por aí. Conflito de Interesses é mato, prevaricação política é estrutural e há graves indícios de tráfico de influência dos filhos. Se parece mais fácil cavar um buraco na terra e enfiar a cabeça, que seja.

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