ASCENSÃO SOCIAL E A NEGAÇÃO DO PASSADO

 

Ascensão social e a negação do passado

 

Virgínia, (nome fictício), tem 32 anos, nasceu  na zona sul de S. Paulo, num bairro de periferia, muito marcado pela violência, principalmente nos anos 80 e 90. Filha de um operário e dona de casa; teve muitos de seus amigos de infância, primos, amigas e um irmão, cooptados pelo crime, inclusive este seu irmão foi assassinado. Ela  tomada     de revolta, ainda bem jovem, jurou que sua vida seria diferente e não queria isto para si.

Sempre centrada em suas coisas, fez curso de computação, começou a trabalhar em telemarketing, auxiliar de administração. Terminou o curso médio sem dificuldades, e resolveu prestar vestibular para administração de empresas numa faculdade particular, (sempre contou com a ajuda e apoio de seus pais), passou e se formou.

Na faculdade conheceu, um rapaz que hoje é seu marido. A família dele é descendente de portugueses,por parte da mãe, o pai é um mulato, muito reservado, (um típico perfil de bancário aposentado), alguém me contou que ele gaba-se de ser descendente de espanhóis, (sic), são (classe média bem estabelecida);residentes numa zona um pouco mais privilegiada do mesmo bairro. O rapaz herdou do pai uma vaga de trabalho numa grande rede varejista da capital. Neste quadro suas vidas seguem um padrão interessante para os dois. Compraram apartamento popular na região e pagaram em 5/6 anos; ao terminar de pagar o apto, ela resolveu engravidar, e teve uma linda menina. Logo que a menina começou a crescer, definiram que deveriam se mudar para   a   Mooca,                (bairro antigo/tradicional/de classe média e média alta). Contaram com ajuda da família dele para pagar a diferença vultosa, (o dobro) do valor. Pois ele ainda paga o financiamento de grande carro sedan de marca francesa. Virgínia  jamais refere-se ao seu passado e história familiar pregressa com seus amigos e amigas de trabalho, (praticamente todos com o mesmo perfil dela e dele). Agora quando vem para seu antigo bairro ver os pais, Ele o marido não desce mais do carro, liga para o pai do celular:

-Pai estou chegando, desce para abrir o portão, já estou dobrando a esquina.

 

REFLEXÃO: Pessoalmente eu conheci, e conheço  muitas Virgínias e seus maridos; desde minha juventude no Paraná; não importa muito de onde se observa. A essência e os desejos humanos são praticamente os mesmos.

Amauri da Silva/editor.

 

 

 

 

Redação

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