Brasil precisa se reinventar para a recuperação econômica, por José Celso Cardoso

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Para o economista e pesquisador do IPEA, José Celso Pereira Cardoso Junior, há três caminhos para o Brasil na busca de seu desenvolvimento: ou se entrega a políticas antidemocráticas e a “moralização arcaica dos costumes”, ou se mantém subalterno econômico, político e socialmente, ou “se reinventa como nação para escrever o seu próprio destino histórico”.
 
No artigo “Apontamentos para uma reforma do Estado de natureza republicana, democrática e desenvolvimentista ainda no século XXI”, o pesquisador mestre em Teoria Econômica e doutor em Desenvolvimento pela Unicamp mostra o cenário de deterioração profunda da economia e política nacional desde 2015 e como novos negócios podem encontrar espaço para se sustentar e reerguer a economia.
 
Por José Celso Cardoso Jr.
 
Da Plataforma Político Social
 

Na atual quadra de desenvolvimento nacional, o Brasil encontra-se diante de escolhas irreconciliáveis. Ou se submete aos processos de moralização arcaica dos costumes, valores antidemocráticos e criminalização da política e dos movimentos sociais, ou se levanta e luta. Ou adota o caminho da mediocridade e da subalternidade (econômica, política e social; mas também intelectual, moral e cultural), ou se reinventa como nação para escrever o seu próprio destino histórico.

Para irmos ao ponto, sem tergiversar, essa é a encruzilhada civilizatória na qual se encontra o país desde o fatídico ano de 2016. Nestes termos, cabe buscar uma interpretação – ainda que geral – acerca dos determinantes principais da situação atual, bem como aventar condições e caminhos para algum tipo de superação positiva frente ao impasse nacional desse período histórico.

Resumidamente, por razões cujas explicações completas extrapolam o escopo deste texto, a conjuntura brasileira (política e econômica) deteriorou-se profundamente desde 2015, revertendo o processo de desenvolvimento em curso desde 2003, no qual três vetores impulsionaram a dinâmica econômica, a saber: i) o alargamento do mercado consumidor doméstico; ii) os investimentos em infraestrutura econômica, social e urbana, capitaneados pelo PAC entre 2007 e 2014; e iii) a expansão dos investimentos e exportações no amplo segmento dos recursos naturais (agropecuária e extração mineral), em particular commodities.[1]

Mui brevemente, apenas para enquadrar a situação descrita acima, referimo-nos a um conjunto de fatores como:

  • A persistência da crise econômica internacional que se arrasta desde 2008, com estagnação ou piora esperada para os próximos anos;
     
  • A queda dos preços internacionais do petróleo, situação que se vê agravada, no caso brasileiro, por denúncias de corrupção envolvendo contratos superfaturados da Petrobrás, a principal empresa estatal nacional a compor o arranjo até então exitoso de recuperação de investimentos em infraestrutura no país;
     
  • A sobreposição de crise hídrica e crise energética, afetando justamente a região sudeste – vale dizer, a mais industrializada e populosa – do Brasil;
     
  • Uma crise política decorrente do acirramento ideológico havido nas últimas eleições presidenciais brasileiras em 2014, e que se desdobra, desde então, em fortes tensões e descrédito intra e entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, todos envolvidos em casos de corrupção ativa ou passiva;
     
  • Por fim, mas não menos importante, e sem pretender estender demasiadamente a lista, uma profunda crise de legitimidade e desconfiança sobre os principais meios de comunicação privados do país (televisões, rádios, jornais e revistas, impressos e eletrônicos), os quais assumiram posicionamentos político-ideológicos e atitudes abertamente oposicionistas ao governo até então vigente, em particular ao Partido dos Trabalhadores, por meio das quais conseguiram deflagrar o golpe de Estado de 2016 no país.

Tudo somado, trata-se, portanto, de ambiente bastante acirrado de contradições que jogaram para baixo tanto o nível pretérito de confiança engendrado pelos três motores de expansão acima indicados, como as expectativas futuras da classe empresarial (nacional e estrangeira) em relação às perspectivas de novos negócios e sustentação do crescimento econômico. Em suma, podemos resumir a situação atual dizendo que a convenção de crescimento, que ancorou a trajetória relativamente exitosa da economia brasileira entre 2003 e 2013, esgotou-se e seus protagonistas agora aguardam o desfecho dos acontecimentos narrados acima (Ipea, 2010).[2]

De todo modo, nada do que venha a ocorrer invalida os argumentos apresentados neste ensaio com relação ao momento situacional da vida nacional e à encruzilhada civilizatória brasileira mencionada acima. Daí a necessidade de se perscrutar os determinantes gerais da situação presente (seção 2), bem como vislumbrar condições e caminhos para a superação positiva do impasse nacional (seção 3).

Baixe o artigo completo aqui.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Surreal

    Um texto correto mas que parece fora da realidade que vivemos. O Brasil já estava num processo de reinvenção, vínhamos de conquistas únicas em nossa história, esta década apontava como a da grande virada para objetivos maiores. Sofremos um GOLPE, estamos sendo esquartejados, condenados de forma implacável, sob os olhares de um povo anestesiado e imbecilizado por uma lavagem cerebral. A hora não é de teorizar, mas de combater, de confrontar e afrontar os golpistas. Se este governo continuar e conseguir eleger um sucessor, o Brasil acaba, não restará espaço para projeto nenhum, podem jogar no lixo todas as teorias e formulações.

  2. Surreal

    Um texto correto mas que parece fora da realidade que vivemos. O Brasil já estava num processo de reinvenção, vínhamos de conquistas únicas em nossa história, esta década apontava como a da grande virada para objetivos maiores. Sofremos um GOLPE, estamos sendo esquartejados, condenados de forma implacável, sob os olhares de um povo anestesiado e imbecilizado por uma lavagem cerebral. A hora não é de teorizar, mas de combater, de confrontar e afrontar os golpistas. Se este governo continuar e conseguir eleger um sucessor, o Brasil acaba, não restará espaço para projeto nenhum, podem jogar no lixo todas as teorias e formulações.

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