Combate à violência: saída é sufocar os recursos do tráfico de drogas, por Carlos Zarattini

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Combate à violência: saída é sufocar os recursos do tráfico de drogas

por Carlos Zarattini

O Brasil vive hoje uma crescente onda de violência. Resultado da grave crise econômica gerada pela política ortodoxa e recessiva do governo de Michel Temer e também por uma mudança substancial no mercado da droga. O Brasil deixou nos últimos anos de ser rota de passagem dos entorpecentes, produzidos na América Latina com destino à Europa, para virar mercado consumidor em grande escala.

Ignorando essas características, o governo Temer autorizou uma ação (sem precedentes) de intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro. Ação com viés claramente eleitoreiro e sem nenhum planejamento. Colocar as Forças Armadas para resolver o problema da segurança pública é um equívoco grave e perigoso. Já que os militares não estão preparados para atuar na segurança pública e sim treinados para a defesa do Estado brasileiro. E esse desvirtuamento gera problemas como, por exemplo, a diminuição nos investimentos no Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), responsável por combater crimes como tráfico de drogas e de armas geradores diretos de violência.

Para resolver a questão, é essencial adotar medidas que eliminem as principais raízes do problema. E uma das saídas de efeito imediato é melhorar a articulação entre as forças policiais, que hoje estão desorganizadas e com estrutura sucateada, e a criação de um sistema de inteligência policial. Propostas apresentadas ao Congresso pela presidenta Dilma em 2012 e que foram engavetadas.

Confiscar bens e recursos do tráfico pode significar um grande golpe na cadeia venda dos entorpecentes. É preciso que o Banco Central atue no rastreamento do dinheiro da droga para sufocar os recursos financeiros. Hoje, pouco se investiga as contas dos traficantes e se combate à lavagem de dinheiro. Afogar o fluxo financeiro desses criminosos enfraqueceria de forma substancial o tráfico.

Por fim, a revisão do sistema carcerário. Venho defendendo há alguns anos que a política de encarceramento precisa ser reavaliada urgentemente. Altas taxas de aprisionamento no Brasil não são capazes de devolver a sensação de segurança e nem reduzir os percentuais de criminalidade. A verdade é que as cadeias brasileiras são verdadeiras escolas do crime.

O eixo central do sistema precisa ser a aplicação de penas alternativas para reduzir o número de presos e assim enfraquecer a corrupção dentro desses estabelecimentos que alimentam facções criminosas dentre e fora dos complexos prisionais. É preciso dar viabilidade às penas alternativas para crimes não violentos como cumprimento da pena por meio de trabalho nas prefeituras com remuneração de um salário mínimo. O custo de um preso no sistema hoje é de aproximadamente R$ 3 mil, por mês.

A lógica do aprisionamento não tem levado a uma solução, a um resultado efetivo. Em 40 anos, a população brasileira duplicou e a população carcerária aumentou em sete vezes. E o Brasil tem a terceira maior população presidiária do mundo. É hora de acabar com a demagogia e agir com medidas efetivas e eficazes no combate à violência.

Deputado federal Carlos Zarattini (SP) e presidente da Frente Parlamentar Mista da Defesa Nacional

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

12 Comentários

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  1. esse é um conceito muito

    esse é um conceito muito primário, inacreditável ainda existir alguém que saiba escrever que não tenha percebido que a ÚNICA solução relativa ao tráfico de drogas é a legalização.. até os traficantes sabem disso..

    1. Se fosse assim…

      Se legalizar fosse a solução, a máfia norte-americana teria acabado no dia seguinte à revogação da Lei Seca, em 1933.

      Em tempo: todas as legalizações tentadas até o momento diziam respeito a liberar em quantidades limitadas apenas a maconha e o haxixe. Você está pensando mesmo em liberar a cocaína, a heroína, o crack?

  2. A violência é proporcional à concentração da riqueza

    Logo, a solução para se reduzir sensivelmente a violência é distribuir melhor a riqueza, reduzindo as desigualdades sociais.

    Sufocar os recursos do tráfico de drogas (e armas) é apenas um paliativo contra a violência. Combatem-s os efeitos da violência, deixando-se intactas as causas.

    1. Resposta pronta

      Sempre a mesma resposta, já prontinha no carimbo: o problema é a concentração de riqueza. PLÁ! Carimbou.

      Então temos uma ótima desculpa para não fazer nada (para que, se não vai adiantar?) e só temos que aguardar a tal redistribuição de riquezas, conceito em si subjetivo e utópico: o que é uma distribuição justa de riqueza? Cada um tem o seu critério.

      Mas você acredita mesmo que o garoto entra para o tráfico porque está descontente com a distribuição injusta da riqueza? Não será porque ele quer grana, tênis de marca, celular, cordão de ouro e muita mulher?

      1. Guerra às drogas é uma ótima desculpa para não dividir a riqueza

        A guerra às drogas é uma ótima desculpa para continuar com a riqueza concentrada nas mãos de um punhado de parasitas sociais, até porque não há unanimidade de critérios para essa redistribuição. Then, long live war on drugs!

        Nós vamos aguardar a redistribuição de riquezas. Mas quem é que vai redistribuir essa riqueza?

        O critério para se distribuir a riqueza com justiça é distribuí-la de acordo com a participação de cada um no processo da sua produção. É claro que as pessoas inválidas e aqueles que ainda não estão aptos para o trabalho não devem ficar de fora dessa distribuição.

        O filho do Michel Temer, por exemplo, tem grana, tênis de marca celular, cordão de ouro e mulheres sem precisar entrar para o tráfico. É claro que se a riqueza fosse melhor distribuída, ninguém precisaria entrar no tráfico para ter grana, tênis de marca, celular, cordão de ouro e mulher. Precisaria?

  3. ô cretinice, sô!

    Não dá mais.

    Não podemos ter paciência com a divulgação desses lugares comuns por parasitas que se alimentam e se nutrem da hipocrisia (“war on drugs”, combate a lavagem, etc) como combustível político.

    Se fosse uma pessoa razoável e honesta, o nobre parlamentar saberia que esses fluxos de capitais alimentam e se ombreiam aos chamados capitais limpos, não sendo mais possível na sinergia das engenharias financeiras de hoje determinar o que é dinheiro “sujo ou limpo”.

    Essa dicotomia SEMPRE foi falsa e hoje seria cômica se não ilustrasse uma tragédia.

    Que o diga pessoal do falido HSBC. Falido? Tenho dúvidas.

    Um lixo o texto, e pior ainda vê-lo reproduzido aqui.

    A violência é derivada da proibição da venda, e não do fluxo de capital.

    É como dizer que a violência no trânsito pode ser combatida com a proibição da venda de combustíveis.

    Em tudo e por tudo, um texto digno de um asno.

    Ou será de mais um cínico?

    Ou as duas coisas?

    1. Você amanheceu inspirado, hein, Douglas

      É como dizer que a violência no trânsito pode ser combatida com a proibição da venda de combustíveis.

       

      Essa sua frase me fez ganhar o dia. Obrigado.

      1. Tá valendo!

        Ainda que seja ironia suas congratulações, recebo o elogio até pelo fato de você ter perdido tempo em replicar o comentário (risos).

        Um abraço!

  4. De blá-blá-blá ao mi-mi-mi

    É impressionante a capacidade de se chegar a conclusões causais. Quisera que a ciência tivesse tal segurança e capacidade, a maioria dos problemas lógicos, seriam fáceis.

    Não quero ofender a capacidade dos opinionistas, mas convenhamos que por vezes, o raciocínio resvala pelo simplório. Mesmo que todos saibam que as causas são multifatoriais, geralmente insistem naquelas que mais vai ao encontro das suas crenças.

    Quando se fala em distribuição de riquezas, assumimos que o tal “povo” queira o que? saúde, habitação, segurança, alimentação, cultura? Porque acreditamos que estas pressuposições são mais validas que a conclusão do Joazinho Trinta: pobre gosta de luxo.

    Celso Furtado já advertia que se todos tivessem o padrão de consumo dos países ricos, as reservas do planeta se esgotariam em poucas décadas. Desafiadora situação pois teríamos de mudar a cultura do consumismo, substituindo pelo consumo consciente, já que ausência de consumo provocaria a derrocada econômica, como os çábios da Globo e políticos agora sabem.

    Se déssemos o mesmo padrão de consumo a todos, tomando por parâmetros a prática de consumo atual, isto acabaria com a violência?

    Se legalizássemos a droga, e esta pudesse ser revendida pagando impostos e cumprindo exigências sanitárias, isto diminuiria a violência? o jovem inutilizado pelo abuso da droga, sem emprego, não roubaria para ter acesso a droga? em surto psicótico, pelo fato de ser legal, a droga não interferiria numa explosão de violência? Dirigir sob o efeito de drogas (alcool é droga) não gera violência no trânsito? um problema que os debatedores daqui nem mencionam, pois sabe como é, transito é acidente..

    Sufocar economicamente rastreando as conta de traficantes? perdão, mas que sandice é esta? para ser considerado traficante, precisa ser condenado por tal e sabendo do risoc, provavelmente, não seria tão idiota em colocar tudo em seu nome, mas da família, amigos. Estes seriam investigados?  não criaria um estado policial ainda mais vigilante e opressor? isto não é violência? neste caso, violência de estado?

    Alguém aí está certo no fato que se o tráfico não tiver lucro econômico, pois boa parte da lógica se escora no ganho, haverá menos incentivo ao ingresso numa atividade de caridade. Mas se for privatizada, ai daqueles que pensam em usar o recurso típico das propagandas. Não me venham falar de proibição de propaganda e ações de marketing, isto é hipócrita e venenoso, tanto quanto decidir se um homem nu pode ou não ser exibido ao público e tocado por uma criança.

    Pensem melhor senhores, antes de sairem deitando boutades por conta das idiossincrasias alheias quando mal a veem em si mesmos.

    Nem a repressão é solução, tampouco o laissez faire de permitir.

    A violência é intrinsica ao ser humano. Temos que administrar o nível de violência com o qual podemos conviver em sociedade.

    Se houvesse uma dura repressao às armas de fogo e munições, já teríamos ao menos, redução das mortes com o uso destas. Numa fronteira deste tamanho, e com a corrução que assola a mente tupiniquim, difícil se lograr sucesso nisto.

    O abandono dos jovens pelos pais, que tem carreiras e dedicam “momentos qualitativos” aos filhos, ajuda a abrir as portas das drogas. O conhecimento venenoso, o consumismo desenfreado, o trabalho sem sentido, alimentam a violência.

    Precisamos de algo mais profundo e mais urgente: reformar moralmente nosso povo. Dar sentido ético às nossas existências, o restante é apenas reflexo do animal que somos e do humano que escolhemos ser.

     

    1. Primeiro vem o estômago, depois, a moral

      As causas da violência são multifatoriais, entretanto, para o Eugênio, a solução é basicamente a reforma moral do ‘nosso povo’. Como é que se reforma a moral de alguém que nasceu numa palafita, não tem saúde, não tem segurança alimentar, não tem segurança pública, não tem educação nem cultura?

      Pobre gosta de luxo. Entretanto, se todos tiverem o padrão de consumo das populações dos países ricos, as reservas do planeta se esgotarão em poucas décadas. Logo, as reservas do planeta devem ser preservadas a fim de que as populações dos países ricos continuem com seus consumismos desenfreados, sem necessidade de mudarem tal cultura para um consumo consciente, o que significa que os pobres tem que continuar sem moradia digna, sem educação, sem alimentação, sem segurança, sem cultura e sem saúde, a fim de que as reservas do planeta durem muitas décadas.

      O Jenial Eugenio pergunta:

      “Se déssemos o mesmo padrão de consumo a todos, tomando por parâmetros a prática de consumo atual, isto acabaria com a violência?

      Se legalizássemos a droga, e esta pudesse ser revendida pagando impostos e cumprindo exigências sanitárias, isto diminuiria a violência? o jovem inutilizado pelo abuso da droga, sem emprego, não roubaria para ter acesso a droga? em surto psicótico, pelo fato de ser legal, a droga não interferiria numa explosão de violência? Dirigir sob o efeito de drogas (alcool é droga) não gera violência no trânsito?”

      Se toda a população do planeta tivesse moradia digna, saúde, educação, cultura, segurança alimentar, segurança pública, lazer, a violência não se reduziria, ao contrário, ela se elevaria, pois dariam aos pobres o mesmo padrão de consumo dos ricos e se esses ex-pobres beberem, eles dirigirão e causarão violência no trânsito.

      Tu veio aqui prá beber ou prá dirigir, EuJênio?

      Você tem notícia de que algum alcóolatra cometeu latrocínio a fim de comprar cachaça?

      É comum na Holanda os viciados cometerem latrocínios para satisfarem seus vícios?

      Você não é simplório, não, Amigo.

      Quer dizer que se a receita federal chamar um contribuinte para justificar, para apontar a origem dos seus ganhos, isso cria um estado policial ainda mais vigilante e opressor e, portanto, não se pode rastrear os ganhos do tráfico. Quem morre por violência privada é mais feliz do que quem morre por violência estatal.

      A violência é intrinseca ao ser humano. Logo, Gandhi, Tolstoi, Buda, Henry David Thoreau e os Pacifistas não são humanos.

      O Eugenio afirma que ‘se houvesse uma dura repressão às armas de fogo e munições, já teríamos ao menos, redução das mortes com o uso destas’. Mas como é que você, Eujênio, explica o fato da taxa de homicídios intencionais por cada 100 mil habitantes ser 4,88 nos EUA, onde o porte de armas não é ilegal, enquanto no Brasil, onde a população trabalhadora não tem segurança pública nem privada e não pode usar armas, tal taxa é 26,74?

      Quase todos os hippies, que eram anti-consumistas, usavam drogas. Em sendo assim, não há relação de causalidade entre consumismo desenfreado e uso de drogas.

      Porque o Canadá, um dos países onde as desigualdades sociais são pequenas, é menos violento do que o Brasil, um dos países campeões das desigualdades sociais?

      Fala, Eujênio!

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