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Como explodem as manifestações na América Latina, comentário de Arkx
comentário no post Xadrez do pacto suprapartidário contra o fascismo, por Luis Nassif
-> O que aconteceria se espocassem as grandes manifestações populares, emulando o que ocorre nos países vizinhos?
-> Qual o limite em caso de manifestações populares, com os manifestantes sendo insuflados pelos P2?
o emprego das FFAA como tropa de repressão interna tem um limite bastante perigoso para a classe dominante: o movimento de massas.
uma coisa é uma patrulha do Exército brasileiro disparar mais de 80 tiros contra uma família de inocentes dentro de um carro, outra bem diferente é o massacre de centenas de pessoas numa grande manifestação de massa.
foi assim durante El Caracazo em 1989, marco zero do Momento Chávez na Venezuela.
até mesmo quando Piñera declara guerra ao povo chileno, o general encarregado do estado de emergência em Santiago contrapôs: “Sou um homem feliz, não estou em guerra com ninguém”.
o principal instrumento de repressão interna sempre foi a polícia militarizada e as milícias para-militares formadas principalmente por policiais – embora comandadas por oficiais das FFAA.
não é por outro motivo que a ditadura instalada na Bolívia acaba de criar o seu GAT (Grupo Anti Terrorismo), formados por policiais e com todas as características de um esquadrão da morte.
quem há poucos meses atrás apostaria num movimento de massas no Chile e na Colômbia?
no Chile em 30 dias o movimento autônomo de massas conquistou aquilo que a frente ampla da Concertación não logrou em 30 anos: instaurar um processo constituinte.
e Paro colombiano já obriga Iván Duque a negociar com as massas em movimento.
o que faz o povo ocupar massivamente as ruas? qual o fator desencadeante?
seja como for, sempre a ponta de lança do movimento é a juventude.
a mesma juventude que é executada pela polícia assassina de um Estado terrorista, como no bárbaro crime de Paraisópolis.
chega um momento em que esta juventude explode: “Foda-se!”
-> A direita liberal tem que aceitar que desmonte social é caminho certo para o populismo de direita anti-globalização, anti-direitos humanos e anti-meio ambiente.
-> E, em um segundo momento, recuperar a disputa das últimas décadas, entre centro-esquerda e centro-direita.
-> Um grande teste é a proposta de uma dobradinha Fernando Haddad-Marta Suplicy para a prefeitura de São Paulo, Martha entrando pelo PDT.
atrás de cada PM assassino existe um governador genocida. atrás de cada governador genocida existe um Estado terrorista. e atrás de cada Estado terrorista existe uma classe dominante genocida.
a História tem uma dimensão trágica que nos apavora a todos (sem qualquer modéstia estou me incluindo): nossas circunstâncias estão completamente fora de nossa alçada.
no Chile, as pessoas se dão conta disto: “Se ficamos em casa nos matam, se saímos às ruas nos matam também. Então é melhor que saiamos.”
agimos como se estivéssemos numa encruzilhada, mas já não há nenhuma escolha a ser feita. a opção se deu muito tempo atrás.
nada vai nos levar de volta. aquele mundo está extinto. por mais que supliquemos, a vida não permitirá nenhum retorno.
mas para aqueles que compreendem estarem vivendo os últimos dias de um mundo, a morte adquire um sentido diferente.
esta compreensão é uma força que nenhuma resignação pode conter.
e neste desespero, que é transcendente, se acha uma antiga sabedoria. de que a pedra filosofal sempre poderá ser encontrada, apesar de escondida enterrada na lama.
isto até pode parecer algo trivial, em face da aniquilação. até que a aniquilação acontece.
então, todos os grandes planos e os grandes projetos enfim são expostos tal como são.
vídeo: The counselor
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-> a turma dos dedinhos pra cima e pra baixo,não querem nada com você.Eu como seu admirador e amigo,dou-lhe parabens.
não se pode agradar a todo mundo. então, agrademos a quem importa. valeu!
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Você, com certeza, sabe o que aconteceu ao Romulus Maya.
-> sabe o que aconteceu ao Romulus Maya.
sou um homem velho. sem ilusões e sem qualquer esperança no coração.
arkx 15/04/2016 at 12:39 : de Remo, para Romulus (3)
https://jornalggn.com.br/justica/o-jurisdiques-como-foram-de-contornar-a-logica/#comment-194292
não há motivos para sentir-se “estapeado”, a não ser pela realidade dos fatos. nada pode ser mais duro e inclemente do que esta patética situação a que chegamos.
não se trata de trocar tapas entre irmãos, mesmo que alguma vez tenham sido fratricidas. vivemos todos nós, irmãos brasileiros, uma exasperante História sem Fim: uma sucessão de abortos interditando a reconciliação entre Povo e Nação – porque também estes deveriam ser irmãos.
esta crise se tornou maior do que tudo e do que todos. é a crise de todos nós. não é apenas uma crise política, agravamento de uma crise financeira e econômica, tornando-se uma crise institucional. numa camada mais profunda, há uma inédita e incontornável crise climática desencadeando uma crise da civilização. este modelo, em sua totalidade, está em colapso. dele nada se espere, somente a certeza de que não sobreviveremos.
nas próximas 48 horas tudo pode acontecer, mesmo parecendo que o jogo de cartas marcadas já esteja decidido. não se trata de nenhuma fantasia (como no filme) de se acreditar em milagres.
numa crise estrutural, quando o sistema entra em colapso, tudo se torna instável e volátil. pequenas ações podem gerar enormes mudanças. ocorre uma aceleração e uma condensação do tempo histórico (cfe. Walter Benjamin). um tempo repleto das possibilidades de um futuro indeterminado.
há poucas semanas atrás, quem poderia prever este poderoso movimento de massas que tomou de assalto todos os espaços públicos? agora o público e o privado estão entrelaçados no cotidiano, com a Política retornando à sua raiz: o Poder Instituinte, o Poder do Povo.
como no final do filme “História Sem Fim”, tudo é escuro. nada restou além de um minúsculo grão de areia brilhante. toda a luta parece ter sido em vão. mas tudo pode renascer dos desejos e dos sonhos. o que desejamos?
grande abraço.
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“Minha asa está pronta para o vôo
De bom grado voltaria atrás
Pois permanecesse eu também tempo vivo
Teria pouca sorte.”
Gerhard Scholem, Saudação do Anjo
usado como epígrafe à Tese IX sobre a História, o poema parece mal traduzido ao português – bem, traduzir do alemão já é complicado, e ainda mais com a nova camada de leitura adicionada por Walter Benjamin.
tracemos um esboço:
– o anjo da História é empurrado pela tempestade do “progresso” tecnológico, mantendo seu rosto fixo no passado, de costas para o futuro, e tudo que ele pode ver é uma catástrofe acumulando ruínas e destruição: o nome desta catástrofe é Capitalismo;
– o anjo tem asas prontas para voar, mas não o faz e se deixa arrastar, temendo alçar vôo, ter pouca sorte e não ficar vivo, resigna-se a se manter no chão prisioneiro do passado;
– o anjo veio do além, do céu, de um reino onde o homem é bom, região de medida e luz sem fundo, enquanto se horroriza com o presente e se mantém cativo do passado, não é capaz do vôo para o futuro – muito embora suas asas estarem prontas para fazê-lo;
– o anjo está paralisado por sua “saudade do infinito” – de onde vem – e tomado por uma insuportável nostalgia, sentimento não voltado ao passado e sim lançado ao futuro;
– qualquer coincidência com nossa situação atual neste dramático momento no Brasil, não é mera semelhança: nós somos o anjo se recusando a voar;
– da última vez que isto aconteceu, quando Benjamin escreveu suas Teses, o mundo soçobrou nos horrores da II Guerra e no bombardeio nuclear de Hiroshima e Nagasaki – como sabemos, Walter Benjamin se suicidou;
– não haverá nenhum futuro que não seja trágico: ou o suicídio, a guerra, o neo-fascsimo e o armagedon nuclear ou um vôo altivo, mas igualmente breve, no qual morreremos no auge do êxtase de uma paixão;
– o que preferimos?
“Aqui da parede, nobre,
não pouso o olhar em ninguém,
venho do céu que vos cobre,
sou homem-anjo do Além.
No meu reino o homem é bom,
mas não é nele que aposto,
recebo do Alto o dom,
e não preciso de rosto.
A região de onde vim,
tem medida e luz sem fundo:
o que me faz ser assim
é prodígio no vosso mundo.
Dentro de mim está a urbe,
para onde Deus me mandou,
o anjo com este selo
nunca ela o deslumbrou.
Minha asa está pronta para o voo altivo:
se pudesse, voltaria
pois ainda que ficasse tempo vivo,
pouca sorte teria.
Os meus olhos são negros e fundos
e nunca se esvazia o meu olhar,
sei muita coisa deste mundo,
sei o que venho anunciar.
Não sou simbólico nem trágico,
significo o que sou, é tudo
em vão giras o anel mágico,
pois em mim não há sentido.”
enviado por Gershom Scholem como presente a Benjamin, em 15/07/1921.
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Realmente uma bela tradução. Só é pena que o esboço traçado, embora aponte a complexidade da nova leitura adicionada por Benjamin, quando sobrepõe ao anjo de Scholem o anjo de Klee, passe ao largo das reflexões que autor lança em suas teses, não propriamente sobre a História, mas “Sobre o conceito de história” (pois algo sempre se perde na tradução): “O anjo da histótria tem de parecer assim. Ele tem seu rosto voltado para o passado”.
Imensa besteira “Fernando Haddad-Marta Suplicy”. São capazes e provavelmente uma vitória. E o Governo do Estado e a Presidência, como ficam? A dupla vai largar no meio do mandato usando o Município como “escada”, ao melhor estilo Doriana? E o Boulos? E a Erundina? E as GRANDES asneiras da Marta? Creem que o paulistano esqueceu?
-> Imensa besteira “Fernando Haddad-Marta Suplicy”.
também acho.
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