Conselho de Psicologia: Pra que e pra quem?, por Rita Almeida

Hoje compreendo que a função do Conselho não é, exatamente, defender ou cuidar d@ psicólog@, mas, sobretudo, cuidar da Psicologia enquanto ciência e profissão.

Conselho de Psicologia: Pra que e pra quem?

por Rita Almeida

Nos últimos 3 anos tive a honra e a satisfação de cumprir um mandato como Conselheira no Conselho de Psicologia do meu Estado: MG. Confesso que, até então, não compreendia totalmente sua função e importância, acreditava que se tratava de uma instituição para me servir ou me defender enquanto psicóloga, ou defender meu campo de trabalho, algo semelhante a um sindicato. Hoje compreendo que a função do Conselho não é, exatamente, defender ou cuidar d@ psicólog@, mas, sobretudo, cuidar da Psicologia enquanto ciência e profissão, para que ela seja uma parceira saudável da sociedade e não uma ameaça a ela. Além disso, ao regulamentar a profissão e construir suas diretrizes, o Conselho define um viés ético e político, buscando responder a seguinte questão: a quem a Psicologia vai servir?

É sabido que a Psicologia brasileira nasce principalmente nas empresas, como aliada na seleção e treinamento de profissionais mais competentes, adaptáveis e produtivos
ao mercado. Sua clínica também carrega a fama de servir, preponderantemente, à adaptação social e à docilização de subjetividades. Respaldada e justificada por uma suposta “ética da isenção”, a Psicologia, historicamente, serviu à manutenção dos lugares de poder, à perpetuação de desigualdades e violências, à produção de subjetividades produtivas e bem adaptadas. Aos que podem pagar, a Psicologia sempre acolheu e prometeu a felicidade nas clínicas particulares, aos demais, serviu apenas para avaliar, reprimir ou corrigir de imperfeições e anormalidades.

Mas a Psicologia dos últimos tempos, auxiliada pelo trabalho político e ético do Sistema Conselhos é, certamente, outra Psicologia; que compreendeu qual deve ser sua
posição na sociedade, e a quem ela deve servir. Numa sociedade violenta, injusta, preconceituosa, higienista, racista, machista, homofóbica e individualista, uma Psicologia que se define como isenta politicamente, é uma Psicologia que promove, sustenta e repete esse tipo de sociedade, nutrindo e perpetuando as raízes do sofrimento psíquico que pretende tratar e combater.

Assim sendo, à frente do trabalho no Conselho Regional de Psicologia, nos últimos 3 anos, tive a dimensão da responsabilidade social e política que a Psicologia Brasileira tomou para si, ao evitar cumprir uma agenda meramente
burocrática e corporativista, para se tornar uma ativista importante na promoção de uma sociedade mais justa, mais acessível, mais democrática e, portanto, mais saudável para todos.

A participação da Psicologia tem sido fundamental para denunciar e problematizar injustiças, violências e opressões, especialmente aquelas produzidas por instituições e estruturas de poder. Nos últimos tempos, a Psicologia foi ativa no Movimento Nacional de Luta Antimanicomial e na construção da Reforma Psiquiátrica Brasileira, na implantação e implementação de todas as políticas públicas de saúde, assistência social e educação, na participação política em várias instâncias democráticas, no apoio e parceria a movimento sociais e de minorias, ou no cuidado de pessoas em situação de sofrimento, ameaça e risco. Resumindo, a Psicologia Brasileira, pelo trabalho do seu Conselho de Classe, tem assumido um compromisso ético-político com a saúde da sociedade brasileira, saúde na sua concepção mais ampla.

Em agosto deste ano, teremos eleições para todo o Sistema Conselhos, e é fundamental que @s psicólog@s compreendam a importância de tal pleito dentro do momento político
atual: de retrocessos, de ameaças ao estado democrático de direito, e de perdas de direitos, de garantias sociais e de conquistas históricas dos trabalhadores e grupos minoritários. A participação d@s psicólog@s engajados com tal responsabilidade ético-política será, portanto, fundamental para nos mantermos nessa direção, que continue fazendo da Psicologia uma ciência e profissão compromissada com uma sociedade mais saudável para sua população.

Tanto em Minas Gerais, meu Estado, quanto em nível federal, várias grupos progressistas da Psicologia se juntaram para formar uma grande Frente. Alianças semelhantes, também ocorreram em quase todos os Estados brasileiros. Este grande movimento da Psicologia cuidou de garantir que a direção ético-política firmada nos últimos tempos não se desvie da rota, e que os avanços conquistados não se percam e, ao contrário, sejam ampliados e fortalecidos.

Rita Almeida
Conselheira CRP 04 MG
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Redação

8 Comentários

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  1. “É sabido que a Psicologia brasileira nasce principalmente nas empresas, como aliada na seleção e treinamento de profissionais mais competentes, adaptáveis e produtivos
    ao mercado”

    Psicologia com espionagem ou sem espionagem?

    (So pra pensar, de fato eu nao posso falar o que tenho pra dizer sobre o assunto. Ainda nao.)
    Mas, acredite me: Mengele lives. And I gave as good as I got.)

  2. Espera-se que o Conselho de Psicologia como ciência e profissão juntamente com seus profissionais (psicólogas (os) brasileiras (os)) lutem hoje e sempre, quer dizer, permanentemente por uma sociedade mais honesta, justa e democrática.

  3. O conselho define um viés “ético e político”? O conselho não deveria ser partidário, o que na verdade vem se tornando cada vez mais, e tem dinheiro e mesmo a oprimir quem pensa diferente ao invés de se abrir ao debate. Sonho com uma psicologia em que vai buscar o melhor para o indivíduo sem ter vieses (E se for para ter que seja somente com a saúde de quem é atendido, ou se serve dela).

  4. Na minha opinião o Conselho Federal de Psicologia saiu dos trilhos e virou as costas para a categoria, se dedicando ao campo politico-ideológico socialista. Apenas milita pelas causas partidárias da esquerda Brasileira que só reforça o infantilismo e o vítimismo do cidadão e não sua independência social e responsabilidade pelo seu destino. Espero que seja aprovado o projeto do governo que desobriga a categoria dos psicólogos de pagar a anuidade de uma instituição que tornou-se um sindicato politico-partidário.

  5. Este triste artigo é o retrato colorido de quanto os Conselhos se afastaram de seu objetivo. A militância política de viés esquerdista, essa, que dá pitaco nos assuntos alheios como se fosse douta em tudo quanto é assunto, só leva mesmo à morte uma ciência tão importante como a Psicologia. Não fiz meus estudos para defender sociedade nenhuma muito menos para criticar governo nenhum. Vocês estão totalmente fora do conhecimento e, por conseguinte, do exercício profissional sério.

  6. Compromisso “ético-político”? Isto está descrito na constituição e na legislação que regulamenta a criação do Conselho? Que democracia é essa que vcs defendem? As definidas por partidos políticos de esquerda? Que dizer que eu, psicóloga, ao me inscrever no Conselho, me declaro partidária das ideologias de esquerda? Veja bem, não foi para isso que os coelhos foram criados! Eu mesma não votei com a direita, nem tenho pensamento conservador, contudo, defendo que os Conselhos de Classe foquem na sua a função de zelar e fiscalizar ética e cientificamente pelo bom exercício da profissão. Deixando para os sindicatos ou outras entidades a luta por direitos e questões político-partidárias, conforme lhes compete a legislação.
    Conselhos de classe são entidades da Administração Pública Federal, criadas como prolongamento do Estado para o atendimento do interesse público, com poder de orientação ebç fiscalização, poder de polícia, devendo agir sempre no interesse da coletividade.
    Vcs não existem para defender interesses de seus integrantes, não são entidades sindicais ou associativas que representam perante a sociedade os interesses de
    seus filiados ou associados. O dever legal dos conselhos profissionais é o de zelar pelo interesse
    público, efetuando, para tanto, nos respectivos campos profissionais, a supervisão qualitativa,
    técnica e ética do exercício das profissões liberais, na conformidade da lei!! Será que deu pra entender?

  7. Nem sei por onde começar, ´pois as opiniões estão cheias de verdades…e jargões que até tá difícil dialogar, mas acho muito equivocada a ideia de que os Conselhos são aparelhados e partidarizados. O código de ética da Psicologia se baseia nos direitos humanos e a psicologia deve sustentar uma posição ética de defesa das subjetividades construídas e contexto de igualdade de oportunidades, sem discriminações e com tolerância a diversidades. Se isto é ser de esquerda… então a psicologia é de esquerda… não há outro caminho. Como pode a psicologia ser exercida para forçar as pessoas a se adaptarem a situações que lhes violam seu bem estar psíquico. Por tudo isto sou a favor da Frente de defesa da Psicologia e de sua luta por uma sociedade que permita a cada um desenvolver sua potencia de vida, em convivência com os demais habitantes do planeta.

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