COVID-19: Bolsonaro faz do Brasil um grande campo de extermínio, por Ruben Rosenthal

Como Bolsonaro não vai mudar drasticamente o seu rumo ele precisa sair1. #BolsonaroCrimesContraHumanidade 

Tribunal Penal Internacional, Haia, Holanda | Foto: Reuters

do Chacoalhando

COVID-19: Bolsonaro faz do Brasil um grande campo de extermínio

por Ruben Rosenthal

Como Bolsonaro não vai mudar drasticamente o seu rumo ele precisa sair1. #BolsonaroCrimesContraHumanidade

A pandemia do novo coronavírus parece estar inexoravelmente levando o Brasil a uma crise humanitária de proporções ainda imprevisíveis, mas certamente catastróficas. Neste momento, em que seria imprescindível que a presidência do país fosse exercida por alguém que tivesse na vida humana o principal valor a ser preservado, acontece exatamente o contrário.

No mês de março já havia ficado evidente que a catástrofe seria inevitável, se medidas efetivas de distanciamento social não fossem então implementadas. O vídeo do biólogo Átila Iamarino disparou o alarme que chacoalhou o país, e fez com que os governadores mais lúcidos se conscientizassem do único papel que lhes cabia assumir naquele momento. Não se tratava então de ser um político de esquerda, de centro ou de direita, mas de ser a favor da vida.

Por suas palavras e atos, o presidente Jair Messias Bolsonaro “não é a favor da vida”². Ele é a pessoa errada para conduzir o Brasil através desta crise inédita na saúde, da forma menos traumática possível. No momento em que a ciência precisa prevalecer sobre o terraplanismo, a maioria da população assiste atônita às tentativas de Bolsonaro de boicotar as medidas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde, e também pelos melhores infectologistas do país e do mundo.

O resultado desta ação inconsequente e criminosa de Bolsonaro e seguidores, foi o aumento dos casos de contaminação com o coronavírus, e mortos pela COVID-19. O número de mortes nas comunidades de baixa renda e na população de rua já começa a atingir números alarmantes. Estes grupos não estão conseguindo acesso a leitos de UTI, onde poderiam contar com respiradores, que podem fazer a diferença entre viver e morrer.

Em 29 de março, artigos do blogue Chacoalhando e de Bernardo Mello Franco  já prenunciavam que se Bolsonaro prosseguisse com suas políticas criminosas, estaria caminhando para um indiciamento pelo TPI, o Tribunal Penal Internacional (Corte de Haia), pelo cometimento de Crimes contra a Humanidade. E ele prosseguiu.

Em 2 de abril a ABJD, Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, entrou junto ao TPI, com uma petição  pela instauração de procedimento para averiguar o cometimento de Crimes contra a Humanidade por Bolsonaro, “por expor a vida de cidadãos brasileiros, com ações concretas que estimulam o contágio e a proliferação do vírus causador da COVID-19”.

Na mesma ocasião, o escritor paraibano Diego de Oliveira³ lançou um abaixo-assinado  na plataforma Change.org, coletando assinaturas para que Bolsonaro seja processado por Crimes contra a Humanidade. Atualmente, cerca de 120.000 pessoas já aderiram à campanha. A meta estabelecida inicialmente é chegar a 150.000 assinaturas.

Os procedimentos no TPI costumam seguir um curso pré-estabelecido que, por vezes, pode não atender à urgência exigida em determinadas ocasiões. No caso da pandemia do coronavírus, cada semana de uma política equivocada, traz como resultado dezenas de milhares de mortes, que de outra forma não ocorreriam.

A pressão de um abaixo-assinado pode não apenas contribuir para apressar ações de entidades internacionais, como também dar mais respaldo aos governadores e prefeitos para manterem medidas de isolamento social, e mesmo ampliar as restrições, caso necessário.

A pressão massiva da população poderá fazer também com que Judiciário brasileiro, incluindo o Supremo, bem como Câmara dos Deputados e Senado estejam à altura das responsabilidades que o momento exige, para não serem também considerados como cúmplices, por inação, na morte de dezenas ou mesmo centenas de milhares de brasileiros.

Amplos setores da população estão impossibilitados de fazer manifestações nas ruas, para expressar seu repúdio à forma como Bolsonaro vem conduzindo o país durante a pandemia. Restaram principalmente os panelaços e as redes sociais. Mas pode haver uma outra forma de canalizar o sentimento de indignação e impotência que está em todos que não fazem parte dos agentes da morte que estão no poder em Brasília, e de seus adeptos fanáticos.

Será que com uma adesão em massa ao abaixo-assinado do escritor Diego de Oliveira consegue-se alcançar 1 milhão de assinaturas em pouco tempo? Ou mais? Tal número de assinaturas traria certamente forte impacto, interno e externo. Para se conseguir um número de adesões na casa dos 7 dígitos, seria fundamental que blogueiros e youtubers aderissem à campanha. Vários deles proclamam ter centenas de milhares de seguidores.

Pois este é o momento de mostrarem que são realmente influenciadores digitais, passando para seus seguidores o linque do abaixo-assinado. A História se faz também por ações individuais do cidadão comum, que percebe que pode interferir no rumo dos acontecimentos.

Diego de Oliveira é uma destas pessoas. Fica aqui uma convocação a todas as pessoas sensatas e lúcidas, que venham participar desta empreitada. Para que possam depois dizer que não foram espectadores de uma tragédia anunciada, mas atores importantes de um processo histórico que conseguiu evitar a maior catástrofe da história do país. O tempo está se esgotando.

Notas do autor:

1. A frase no título foi uma resposta ao editorial da revista médica The Lancet, intitulado COVID-19 no Brasil: “E daí?”

2. Peguei emprestadas estas palavras, que escutei pessoalmente de Leonardo Boff, cerca de 30 anos atrás, em referência ao papel da Igreja Católica durante a crise de saúde resultante da ação de outro vírus, o HIV, causador da AIDS.

3. Como homenagem ao bravo escritor, fica aqui divulgado o título de seu primeiro livro “Gato Pardo – Notas sobre o inicio de uma vida ébria”, lançamento de 2014 da Editora Imprell. Diego de Oliveira está vivendo atualmente do auxílio emergencial de 600 reais, conforme publicado no Carta Capital. Fica aqui também uma campanha pela aquisição deste livro, para descobrirmos o que mais este jovem escritor tem a nos dizer.

Ruben Rosenthal é professor aposentado da Universidade Estadual do Norte Fluminense e responsável pelo blogue Chacoalhando.

Redação

2 Comentários

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  1. Um candidato a genocida, que critica qualquer medida que vá ao encontro de ações que minimizem as perdas de vidas humanas. As cortes internacionais julgarão suas ações bem como as ações dos que os cercam.
    Como afirma Flavio Dino no artigo, um sujeito que finge preocupação com a economia, que na minha opinião já estava morta antes do virus.
    https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2020/05/10/bolsonaro-critica-lockdown-e-compara-maranhao-a-venezuela-governador-flavio-dino-reage.ghtml

    Contudo, por mais que os idiotas ideológicos da direita submissa ao eua tentem esconder, em 30/4 a Venezuela, apesar de todp boicote covarde, apresentava uma das menores taxas de contágio e de mortes das Américas (talvez por nao receber visitantes dos EUA e do Brasil) conforme o artigo abaixo, sempre levando em consideração as subnotificações que ocorrem em todos os paises.
    https://www.brasildefato.com.br/2020/04/30/coronavirus-na-america-latina-saiba-como-esta-a-situacao-de-cada-pais

    Então, Dino, talvez uma Venezuela aí seja um bom negócio. E olha que nem falo dos imensos recursos deste país, que são cobiçados pelos paises corsários capitaneados pelos eua.

  2. Vamos resumir. Bolsonaro governa o país, mas, sobretudo, para seus apoiadores, para as quais são indicados cargos e benesses similares. Seus apoiadores fazem ramificações extrainstitucionais (até mesmo com denúncias e suspeitas de uso de dinheiro para grupos). Na estrutura de base, há uns 30% de fanáticos, entremeados de paranoides que, quando confrontados com os fatos, reestruturam-se no mesmo tópico, ou seja, contra alguém (STF, Congresso, jornalistas, “esquerda”…). E a impressão que passa é que a “esquerda” não sabe muito bem o que fazer, pois não se concebe uma queda tão acentuada no nível zoológico, o que demonstra que a ditadura não cria ao devido aprendizado: tão importante quanto conquistar a democracia, é sempre necessário estar pronto para mantê-la.
    Sabendo que ele não governa e não governará para o país como um todo, adianta lamentar? Quando ele fala que governa para o país, não é isto ideológico? Então, por qual motivo não se bater na ideologia do patriotismo? Se o lamento for uma justificativa nobre para esconder a impotência, mas com o reconhecimento da sensibilidade por seus pares, então, não é propositivo. Melhor que seja um peso ou um fantasma do passado (recente) na cabeça dos vivos.
    Claro, Regina Duarte não quer pensar nos mortos e quer celebrar a vida por causa do esquecimento seletivo. Mas também não há o que dialogar com ela.

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