Crescer para quem? Mais crescimento com inclusão social

Do Cofecon (Conselho Federal de Economia)

Após a pior recessão de nossa história, desde 2017 a economia brasileira voltou a crescer, mas a taxas pífias, que se repetirão no corrente ano. A confiança na economia em geral tem influência nas decisões de produção e investimento, mas cada empresário e investidor priorizará as condições e perspectivas de seus próprios negócios.

Esse ritmo de crescimento desalentador poderá, em algum momento, melhorar, embora, com o atual modelo de política econômica, não alcançará taxas como a média anual de 3,7% da primeira década do século XXI. Não obstante o peso das políticas adotadas pelo governo, o sistema econômico possui mecanismos para fomentar o aumento da atividade – pessoas e empresas vão reduzindo seu endividamento; bens de consumo duráveis, de capital e imóveis vão se depreciando; recursos produtivos, como aluguéis, máquinas, equipamentos e mão-de-obra vão baixando de preço.

Tão importante quanto crescer a produção é como ela será distribuída. Não existem razões nem evidências para apoiar a estratégia de crescer o bolo para depois distribuí-lo. É essencial avaliar quem ganha e quem perde com cada política pública – tetos de gastos, restringindo investimentos públicos em áreas sociais, como saúde e educação; desregulamentação da terceirização, piorando as condições dos trabalhadores, sobretudo por retirar responsabilidades das contratantes desse tipo se serviço; reforma da previdência, adiando e reduzindo benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que abrange a grande maioria dos indivíduos de mais baixa renda; carteira de trabalho verde e amarela, retirando vários direitos.

A concentração da renda no Brasil persiste entre as mais altas do mundo. O Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU, divulgado em 09/12/2019, mostra o país como o segundo nessa concentração, considerando a parcela dos 1% mais ricos, com 28,3%, abaixo apenas do Catar, com 29%, país com apenas 2,7 milhões de habitantes. Confirmando essas disparidades no Brasil, dados da PNAD Contínua, do IBGE, revelam os 10% mais ricos com 41,9% da renda total, enquanto os 10% mais pobres com irrisórios 0,8%.

Assim, é inaceitável crescer concentrando renda, mas essa é a perspectiva com a atual política econômica e suas reformas. Contudo, uma reforma tributária será excelente oportunidade de caminhar para um sistema progressivo, compensando parte da concentração promovida não só pelo mercado, mas por mecanismos como a captura de renda (rent seeking) obtidos na arena política.”

Redação

Redação

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  • Pois é, ralamos, falamos, falamos, escrevemos, escrevemos, escrevemos.......mas não agimos logo. Lamentavelmente, só quando a água chegar perto do pescoço de cada um vamos nos lembrar de que é preciso nadar....E a estas alturas, coitados dos baixinhos... Infelizmente já passou da hora de empunhar o porrete, de partir pra briga, de exigir vergonha na cara dos cafajestes do judiciário, dos congressistas, das forças armadas, dos armados em geral....nadando gente, nadando que vem onda maior aí.......

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