Da importância de uma mídia digna para a construção de uma nação civilizada, por Eduardo Ramos

Na contramão da barbárie, do cinismo, da desonestidade e da manipulação da verdade e da sociedade, temos um pequeno número de jornalistas que corajosamente cumprem o papel social e político do jornalismo autêntico

Da importância de uma mídia digna para a construção de uma nação civilizada

por Eduardo Ramos

(sobre o artigo no GGN do Nassif, “PGR e OAB-RJ preparam denúncias contra o governador genocida do Rio de Janeiro”)

Todos os dias recorro ao link “Lembranças” do Face em busca de textos antigos. Ele puxa tudo o que escrevi naquele dia específico nos anos anteriores.

No dia quatro de maio encontro duas reflexões que eu havia salvo em 2018: uma, minha, sobre a capa e a matéria da Veja a respeito dos “luxos e privilégios” de Lula em sua cela. A outra, do professor Luis Felipe Miguel sobre a “reportagem” na mesma revista referente à operação comandada pela delegada Erika Marena em SC e que levou ao suicídio do reitor Cancellier que não suportou as humilhações a ele impostas injustamente.

Ambos, na verdade, falávamos do mesmo ponto central: nossa indignação pela distorção da verdade nas duas “reportagens” de Veja, manipulando a sociedade de modo descarado e cínico, RECONSTRUINDO através de obras de ficção a realidade, na verdade, transformando-a em FARSA!

No caso de Lula, com o evidente intuito de desviar a atenção do tema principal – a injustiça da condenação – e ao mesmo tempo reforçar os signos de um “Lula privilegiado”, “até na hora de pagar por seus crimes…” – o que pode ser mais desonesto e desumano?
Em relação à operação em que a juíza, o procurador e a delegada agiram de modo autoritário, desnecessário, arbitrário e selvagem, destacou o professor Luis Felipe Miguel que o escândalo em torno de “oitenta milhões de reais desviados” resumiram-se, em relação às “provas” contra o reitor, a um “depósito suspeito” na conta do seu filho, no valor de SETE MIL REAIS… – O que lhe custou a paz, a honra, a vida! E, cúmplices de todo o horror, Veja queria não só isentar de quaisquer responsabilidades aqueles agentes públicos, mas justificá-los e insinuar de modo canalha a “culpa” do reitor.

São casos emblemáticos, de centenas que poderíamos citar nos últimos quinze anos, de violências indizíveis contra todo e qualquer opositor do grupo político-social de direita radical em nosso país, ou contra o cidadão comum, mesmo o mais inocente, mesmo que pague com sua vida, se a VERDADE “atrapalhar”, manchar, a imagem daqueles que têm que ser mantidos como heróis no imaginário popular.

Na contramão da barbárie, do cinismo, da desonestidade e da manipulação da verdade e da sociedade como um todo, temos um pequeno número de jornalistas que corajosamente cumprem o papel social e político do jornalismo autêntico: REVELAR A VERDADE DOS FATOS e elaborar análises essencialmente baseadas nessas verdades.

Citando três exemplos, quando o Nassif, aqui no GGN, denuncia o esquema fraudulento da TelexFree, quando denuncia o escândalo da Fundação Lava Jato e seus 2,6 bilhões de reais e quando denuncia o inacreditável crime cometido pelo governador Witzel, ele se torna uma voz e uma consciência, UM ALERTA, não só para a parcela da sociedade que acompanha seu blog, mas para as autoridades que o leem.

“Mas seria mesmo necessário “alertas” de jornalistas para que nossas autoridades passem a agir mesmo diante dos crimes mais óbvios?” – poderia perguntar uma pessoa ingênua. E eu responderia, que em tempos tenebrosos, de EXCEÇÃO, onde as leis e a própria Constituição são pisoteados todos os dias, SIM, nossas autoridades medrosas, omissas, confusas, “sem saberem direito quem “pode” ser denunciado ou não” por seus crimes”, em que até a palavra “crime” se torna nebulosa dependendo de quem o comete – alguém a ser perseguido e massacrado ou alguém a ser protegido… – essas autoridades, muitas vezes, só agirão se alguém “esfregar o óbvio” em seus rostos aparvalhados.
É um tempo tão insanamente DRAMÁTICO, que ser jornalista nesse país implica muitas vezes em GRITAR o que todos estão vendo, de mais obsceno e vil, mas quedam-se numa espécie de CATATONIA, como se todos os agentes públicos pensassem a mesma coisa: “Isso me parece horrendo, mas devo tomar a iniciativa contra esse horror?”

No caso da Fundação Lava Jato, ficou nítido que só após os artigos no GGN, em tons eminentemente “catastróficos” – que o tema exigia, diga-se! – repetindo à exaustão a loucura e o crime que tudo aquilo representava, é que as autoridades agiram. É um tempo em que a impressão que temos é que mesmo para as ações mais banais contra os crimes mais descarados, alguém tem que “acender o estopim”, despertar as consciências.

Me parece o caso em relação ao governador Witzel e sua patologia criminosa.
Que OAB, Ministério Público, STF, todos enfim que tenham entre as suas atribuições impedir esse louco de seguir em seus planos genocidas, possam agir com firmeza.

E que cada um de nós tenha a mais absoluta certeza de que espalhar nas redes sociais todas as matérias dos blogs jornalísticos sérios que tragam luz e verdade sobre o nosso país é, literalmente, uma MISSÃO. Assim como, quem puder, ajudar a sustentar essa chamada “mídia alternativa”.

Estaríamos todos perdidos sem ela.

Redação

1 Comentário
  1. Um dos esteios das maiores democracias do Mundo, a começar pela americana, é a qualidade da imprensa. Qualidade essa entendida precipuamente como o apego à Verdade que por sua vez só emerge quando se ancora(o jornalismo) nos fatos, no factual. Sem nenhuma concessão. Seja a que título for.
    O que tivemos nessa área após a redemocratização foi a emersão de duas correntes: a do contra(seja lá o que for) e do a favor(seja lá do que for), tendo por ânimo apenas os compromissos políticos-ideológicos-econômicos. Sua “majestade”, o fato abandona, de vez, o palco. É de se pensar que tal descaracterização tenha dado seu quinhão inestimável para o clima de “fla x flu” que ora perdura no país.
    O problema em si não é “ter lado”. Afinal, é humanamente impossível abstrair vezo de caráter pessoal no exercício de qualquer atividade. O jornalista não foge a regra. O problema é a manipulação dos fatos, do Real, para fins previamente colimados.
    Obviamente que o jornalista Luiz Nassif tem suas preferências ou inclinações políticas-ideológicas refletidas nas ênfases que dá não só aos temas como a alguns personagens.
    Entretanto, sem nenhum apelo para a sabujice ou coisa parecida, o que tornou e torna mais digno o jornalismo praticado por ele e sua equipe ao longo desses turbulentos últimos anos, é a sensibilidade tanto profissional como pessoal na abordagem dos fatos que geraram, e geram, o material jornalístico posto à disposição da sua clientela.
    Ou, em outros termos, “o exercício diário da inteligência e a prática diária do caráter”, como o jornalismo era apreendido por uma do grandes jornalistas deste país, Cláudio Abramo, infelizmente já falecido,

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