Descrença na política é cenário ideal para a volta da barbárie, por Helena Chagas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN –  O clima de acirramento, radicalismo e ódio que tomou conta da política brasileira contaminou as campanhas municipais. É o que constata a jornalista Helena Chagas, em artigo publicado nesta quinta (29) no portal Os Divergentes.

No texto, a colunista cita a violência que sempre existiu nos grotões brasileiros, e que se espalhou por vários estados até chegar ao Rio de Janeiro, para onde o Tribunal Superior Eleitoral teve de pedir o envio das Forças Armadas para garantir o mínimo de segurança em meio a disputa eleitoral. Agora, tem-se notícia de que um candidato foi morto e o vice-governador ficou gravemente ferido, em Goiás, durante uma agenda de campanha.

Para a jornalista, a descrença na política é o cenário ideal para a volta do retrocesso.

Por Helena Chagas

De volta aos tempos dos coronéis

Em Os Divergentes

Focadas nas reviravoltas e emoções de última hora, as coberturas eleitorais não têm tido tempo nem espaço para analisar o recrudescimento da violência, em sua forma mais tosca e absurda, no pleito municipal de 2016. É verdade que, nos grotões brasileiros, ela nunca deixou de existir. Mas, só nas últimas horas, espalhou-se por Goiás, Mato Grosso e Bahia – sem falar no Rio.

Nesta quarta,  foi morto a tiros o deputado José Gomes da Rocha (PTB), candidato a prefeito de Itumbiara, junto com um de seus seguranças, num episódio que feriu gravemente o vice-governador de Goiás.

Em municípios do Rio de Janeiro, as milícias e o crime organizado dão as cartas nas campanhas, à base de dinheiro e ameaças.

Ontem, também, um prefeito candidato  à reeleição em Tancredo Neves (BA), Balbino Mota, do PV, teve seu carro atingido por tiros.

Não sabemos ainda o que dirão as estatísticas, mas a constatação mais óbvia é de que o clima de acirramento, radicalismo e ódio que tomou conta da política brasileira contaminou as campanhas municipais.

O eleitor, meio apático, perdeu a fé em todos. Não está interessado no pleito nem na política, afugentado pela crise que o faz empobrecer e pelos escândalos de corrupção que atingem todos os partidos.

É o cenário ideal para a volta do atraso e da barbárie.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

23 Comentários

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  1. A sempre correta Helena

    A sempre correta Helena Chagas.Concisa,relevante,objetiva,seria.Como deve se comportar uma analista de Rede Social,em exatas 20 vinte linhas,fundamenta o que muitos não conseguem passar em 100 linhas.Que sirva de exemplo.

  2. As balas deveriam ter alvo certo.

    Talvez chegue, mais rápido do que se imagina, a percepção de quem gerou toda essa balbúrdia toda, num país que estava se reerguendo até 2012 e, como num passe de mágica, mergulhou no caos, em apenas dois anos. Daí talvez comece o verdadeiro ataque aos alvos certos.

  3. Engraçado,alguns dias atras

    Engraçado,alguns dias atras um comentarista do blog,creio um não cadastrado,falou em barbarie.Teria sido aquele que se diz protagonista daqui.

  4. STF terceiriza e lava as mãos

    O STF como garantidor final das liberdades e da justiça, está fechando os olhos para assumir suas responsabilidades constitucionais e algumas vezes até delegando-as a níveis inferiores,  com isso está levando a população ou parte significante dela a uma encruzilhada fatal, a ser o juiz que dará o seu próprio veredicto. Nessa hora certamente ninguem vai sair ganhando. Perdem eles, perde o país perdemos nós.

  5. Sem judiciário honesto, só restam as armas

    A DESCRENÇA É NA JUSTIÇA

     

    Em verdade, o responsável pelo atentado é o judiciário que tornou-se muito mais truculento do que autor de qualquer atentado, pois faz apologia permanente de descumprimento da Lei, de ataque permanente e infundado contra um segmento político, ao lado de proteger outro. Estimula indignação em um dos lados do espectro político em razão das injustiças continuadas feitas aos seus membros e truculência dos que estão entre os que recebem proteção do judiciário por seus crimes e que passam a se considerar inimputáveis.

    O ataque a Lindbergh Farias e este atentado derivam da mesma causa, um judiciário corrupto e irresponsável.

    Moro, os desembargadores do TRF 4, os ministros do STF não estão levando em conta devidamente a importância de suas funções. Se não abrirem o olho, logo poderão ser eles vítimas de atentados, e, muito pior, poderão levar o país a guerra civil.

  6. A resistência civil de Lula frente a barbárie

    Lula e o Projeto de Resistência Civil

    Instalou-se a barbárie.

    O Poder foi tomado a força, ainda que alguns ainda não tenham consciência plena disso.

    A prova é o total desrespeito pelas leis e direitos, num dia acusam Lula, sem quaisquer fundamentos reais ou lógicos, sem nenhuma prova, no outro, com um relato vago e meio perdido no tempo de fatos com mais de quatro anos, cria-se a prisão urgente de um ex-Ministro que  aguardava em um hospital que sua esposa realizasse delicada cirurgia.

    As provocações e a repressão da polícia militar aos protestos, é apenas a ponta de um iceberg feito de ódio força e intolerância.

    Nesta brutalidade alguns clamam pela resistência mediante a força.

    Mas, pergunto.

    Será quem se combate a irracionalidade, a insanidade, o arbítrio, que se apossou do estado e de todo seu aparelho repressor de poder, com o uso da força bruta??? Da qual eles detém o monopólio.

    A resposta é desenganadoramente negativa.

    A única força que temos são nossas ideias, nossos projetos de emancipação coletiva e valorização da vida, de toda vida, e a denúncia sistemática de sua destruição pelo novo regime de força… bruta.

    Lula, muito mais que a maioria, de doutores, de cientistas políticos, de quaisquer matizes, de esquerda direita, centro, tem a visão clara da luta que se descortina e quais as possibilidades de luta, entre forças tão desiguais.

    Do inconsciente coletivo, traz novamente a única forma de luta capaz de conter a intolerância e o ódio que tomaram conta da política nacional, pois traz consigo a proposta de dialogar, de mostrar a verdadeira face do projeto desumano que, de modo vil e escuso, logrou tomar o poder.

    Trata-se não de uma opção por uma conformidade travestida de pacifismo mas por outra forma de resistência, da constatação  que, de outro modo, não conseguiremos ser ouvidos pela sociedade, contaminada por esta campanha difamatória que criminaliza os direitos humanos e destrói a concepção de que o trabalho(digno) dignifica o homem, pois,  de forma distorcida, denomina vagabundo quem não se submete a condições degradantes de trabalho e desqualifica os que cansados, doentes, desamparados pelo sistema, crianças, não conseguem se sustentar,  mostrando-os não como seres humanos mais fracos ou em condições precárias, mas sim como um peso demasiado para os demais carregarem.

    A que ponto chegou a desumanização, que não há uma reação única de toda a sociedade contra esta forma primitiva e indigna de tratar outos seres humanos.

    Nete momento, através de uma campanha sistemática de mídia, não há consenso da opinião pública sobre a defesa da vida e da dignidade humanas, elas se tornaram descartáveis.

    Assim, a tarefa mais urgente é resgatar o que significa respeito, dignidade, solidariedade, humanidade. 

    Lula simplesmente passou, em seus discursos, a dizer e mostrar para que servem as instituições públicas, e que ele acredita que elas podem e devem servir ao propósito para o qual foram criadas e por ele fortalecidas em seu governo, ou seja, para defender a Constituição e o Estado Democrático de Direito, que nada mais é do que proteger a todo e qualquer componente da sociedade, Constituição Brasileira, art. 3º:

    Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;  II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

    Mostra claramente o que esta sendo feito, e desmascara o arbítrio e o desvio de finalidade da chamada força-tarefa da Lava Jato em sua constante tentativa de criminaliza-lo e ao Partido dos Trabalhadores.

    Não prega a violência, ao contrário, em seu discurso exalta a dignidade da postura de quem luta e disputa ideias, e com isso, mostra toda a perseguição que lhe esta sendo feita por pessoas que deveriam zelar pelo correto funcionamento do Estado.

    Lula, com seus gestos, intuitivamente, repete a trajetória de figuras ímpares na história mundial, de um Gandhi, Martin Luther King, que sem abrir mão de um milímetro de suas convicções, ousaram criar uma outra forma de luta, que muito mais que a força, era movida pela necessidade imperiosa de que as pessoas soubessem os motivos pelos quais estavam se movendo, e qual o futuro que isso deveria trazer.

     

    ….

     “*Eu tenho um sonho – Marthim Luther King, (http://www.dhnet.org.br/desejos/sonhos/dream.htm) trecho:

    “Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença – nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

    Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

    Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

    Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

    Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

    Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

    Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.”

  7. Vou na contramão. A Helena

    Vou na contramão. A Helena está misturando alhos com bugalhos e jogando num mesmo balaio situações que podem ter origem totalmente diversas. Penso que o caso de Itumbiara (GO) não se enquadra no perfil dos demais, pois o atentado foi cometido por um funcionário da prefeitura tendo como aparente alvo principal o Zé Gomes que já foi prefeito por duas vezes e era o candidato líder nas pesquisas. Ainda não foi apurada a motivação, que pode ser alguma mágoa pessoal do funcionário em relação ao ex-prefeito.

  8. Nesse caso específico,  não é

    Nesse caso específico,  não é um pouco cedo para tais conjecturas?

    E essa foto que ilustra a matéria do GGN, com militantes (ou não) com a camisa do PT em atitude agressiva, nem deveria ter sido incluída, pois nada tem a ver com o ocorrido. Somente pode levar a imaginação mais “fértil” a puxar e ligar mais esse  ponto.

    O ministro Gilmar Mendes já pediu a intervenção da PF para elucidar o crime.

    1. Padrão mídia partidária

      Pega um acontecimento negativo ou mesmo trágico e enfia uma foto com alguém usando camiseta do PT em um aparente ato de violência.

    2. Até Tu GGN?

      O pior é que a foto não tem qualquer relação com campanha política, trata-se de protesto no Rio, há meses, em defesa da Petrobras, quando um grupo de coxinhas, integrado por esse de bermudas que aparece na foto catando cavacos, compareceu para provocar e foi afastado do local.

      Seria mais adequada, por tratar de violência em campanha política, a foto do desbunde tucano por ocasião das prévias do PSDB para escolha do candidato a prefeito de São Paulo, que, após um quebra pau amplo, geral e irrestrito, terminou literalmente na sarjeta, com o partido ficando explicitamente exposto com a bunda de fora de um militante.

      1. Até tu Brutus? II…

        Ora…deixa ver se entendi numa rápida passada de olhos…Tiros, violência, candidato assassinado…e as camisas vermelhas do PT ilustrando a matéria.

        Que vergonha Nassif. Puxa as orelhas do pessoal aê!

    3. A foto com miltantes do PT em situação de conflito faz o que aí?

      Tá parecendo um detrito de maré baixa. Pelo menos ponham fotos contextualizadas, né?

  9. Tapa na cara

    Segundo outros comentários, o funcionário teve uma discussão com o então candidato, e esse deu um tapa na cara do funcionários da prefeitura que prometeu passar a limpo isso, e deu no que deu!!!

  10. Sou professor em Itumbiara,

    Sou professor em Itumbiara, leciono em uma Faculdade lá, mesmo não residindo no lá. Em conversas com alunos e colegas já saiu uma versão de que o autor dos disparos teria sido espancado pelo político na manhã do ocorrido, que ato contínuo jurou o político de morte. Teria tomado um tapa na cara do falecido e depois espancado por um segurança. O motivo da briga seria uma disputa envolvendo chácaras visinhas de propriedade de ambos.

    Boatos são boatos, mas alguns são mais prováveis que outros. Pessoas confirmam que a “briga” (espancamento) realmente aconteceu. O atentado realizado foi praticamente um ato kamicase. Atirar contra um político cercado por seguranças e policiais foi praticamente um ato de suicídio. Creio que só alguém muito humilhado e sem nada à perder seria capaz de fazer. O cidadão era funcionário público, não tinha ficha criminal e não era envolvido com política partidária.

  11. Para registro, em relação ao

    Para registro, em relação ao assassinato do Candidato a vereador e presidente do G.R.E.S Portela, a vítima já havia sido ameaçada em março desse ano. Não necessariamente o caso tem a ver com política…

  12. Manipulação

    E hoje o secretário de segurança substituto já fala abertamente em “crime político”. Aí tem estratégia e das bravas. Vamos aguardar para ver. E já encontraram maconha armazenada na casa de um dos filhos do atirador. Não sei por quê, mas parece que já assisti este filme antes. O roteiro é o mesmo, antigão.

  13. Morei em Goiânia por 5 anos e

    Morei em Goiânia por 5 anos e estive algumas vezes em Itumbiara. O candidato morto era um figura ímpar, que se destacava, mesmo num Estado de política extremamente corrupta, como um dos políticos mais corruptos. Segundo a FSP, ele aumentou seu patrimônio em cerca de R$ 110 milhões em poucos anos.

     Nos anos 90, ele foi líder do PRN de Collor e protagonizou um mini-escândalo quando se descobriu que contratava jogadores de futebol do time do qual era presidente, o Itumbiara, com verba de assessoria parlamentar. Em suas futuras campanhas, usou isto como um fato positivo, apelando à paixão futebolística dos eleitores. Durante a vida inteira respondeu a processos, mas como é de prache, acabava não sendo condenado.

    A partir dos anos 2000, tornou-se prefeito e estabeleceu total hegemonia política na cidade, sempre vencendo as eleições por larga margem. Comprava o apoio de praticamente todos os partidos políticos, inlcuindo o PT. Em sua última re-eleição, enfrentou apenas o candidato do PSOL, que representava uma dissidência do PT local que se revoltou contra a venda do partido.

    Chegou a ser cotado p/ vice do Marconi, na última eleição para Governador. Acabou ganhando a presidência da SANEAGO, empresa de águas de GO, para se envolver em mais suspeitas de corrupção. Iria vencer fácil esta eleição, derrotando um ex-aliado dissidente conservador.

    O assassino parece ter agido por motivações pessoais, tomando uma atitude suicida.

    Triste Goiás, de Marconi, Demóstenes & Jovair, de Caiados, Curados & Fleurys.

     

  14. Que???

    “a violência que sempre existiu nos grotões brasileiros, e que se espalhou por vários estados até chegar ao Rio de Janeiro”

    Que???  A cidade do Rio de Janeiro é o expoente da violência no Brasil!! Como assim “dos grotões chegou ao Rio de Janeiro” ?

     

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