Desembarque da Força Expedicionária Brasileira na II Guerra é lembrada em histórias em quadrinhos, por Rogério Faria

com essa intenção, não só de resgate de nossa memória, mas também de reflexão sobre os horrores e legados do conflito, que a editora Draco reuniu uma tropa de autores nacionais para a criação de HQs

Desembarque da Força Expedicionária Brasileira na II Guerra é lembrada em histórias em quadrinhos

por Rogério Faria

Em 24 de setembro de 1944, a primeira legião da Força Expedicionária Brasileira (FEB) chega à Itália e junta-se aos exércitos dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. É o ingresso do Brasil na frente de batalha do maior conflito armado da história da humanidade que, agora em setembro, completa 75 anos do seu término. Esse acontecimento marca não só a história, mas, também, as histórias em quadrinhos.

Desde o início da II Guerra, o Brasil, governado por Getúlio Vargas, mantinha-se neutro no conflito de olho em estratégias comerciais. Havia negócios tanto com Alemanha quanto EUA. O Tio Sam ainda buscava reforçar uma visão pró-estadunidense, numa estratégia cultural capitaneada por Walt Disney. É dessa época, por exemplo, a criação do personagem Zé Carioca, presente ainda hoje nos quadrinhos.

Mas, em 1942, o Brasil sai de cima do muro. Um empréstimo do governo estadunidense para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN, teve como contrapartida o alinhamento gradativo e definitivo do Brasil aos Aliados. Ao mesmo tempo em que concorda em receber bases militares dos EUA em seu território, o país sofre ataques de submarinos ítalos-alemães na costa nordestina. O Eixo afundou navios mercantes locais e matou centenas de brasileiros com o objetivo de impedir o transporte de suprimentos para o Reino Unido e intimidar o governo brasileiro, mas teve efeito contrário. Sob forte comoção popular, Vargas não só declara estado de beligerância com os países do Eixo como se compromete a enviar soldados à Europa.

Assim nasce a Força Expedicionária Brasileira, conhecida como FEB, uma força militar aérea e terrestre que chegou a contar com mais de 25 mil homens e mulheres. Foram dois anos de recrutamento e preparação. Esses brasileiros terão importante papel nas duas últimas fases da campanha na Itália, com o rompimento da linha gótica e a ofensiva final dos aliados nessa frente.

A FEB é, então, fundamental em diversos momento heróicos, como a tomada de Monte Castelo, o que abriu caminho para avanço dos Aliados. Claro que isso ocorre não sem episódios de coragem, morte, horror e amadurecimento. Sem o devido preparo e recursos adequado, a criatividade e obstinação brasileira foram essenciais para uma campanha digna do outro lado do Atlântico. O Brasil assim deixou sua marca no evento mais relevante do século XX.

E esse acontecimento está presente nas páginas dos livros de histórias e das histórias em quadrinhos. Alguns quadrinhos já foram escritos, desenhados e coloridos sobre o tema. É com essa intenção, não só de resgate de nossa memória, mas também de reflexão sobre os horrores e legados do conflito, que a editora Draco reuniu uma tropa de autores nacionais para a criação de HQs originais para sua próxima coletânea.

Arquivos Secretos da Segunda Guerra Mundial, em campanha de financiamento no Catarse, reúne nove histórias em quadrinhos baseadas em acontecimentos reais ou fantásticos sobre o conflito. Em suas páginas estão presentes a heróica participação da FEB, os horrores nazistas, a blitz londrina, sacrifícios individuais, honra, terror, fantasia e ficção.

O projeto foi organizado e editado por Raphael Fernandes, que também escreveu uma das histórias. Entre os roteiristas também estão Celso Menezes, Antônio Tadeu, Luís Carlos Sousa, Larissa Palmieri, Alexey Dodsworth, Sarah L. Silva, Rodrigo Ortiz Vinholo e Eduardo Kasse. Já a arte ficou por conta de Ademir Leal, Chico Silvério, Rodrigo Matos, Tito Camello, Gabriel Calfa, Flávio L. Maravilha, Gabriela Nascimento, David Arievilo, Breno Fonseca (Kura) e Danilo Dias.

Para apoiar o projeto, acesse http://www.catarse.me/guerra. A campanha, já bem sucedida, avança para bater metas extras e, inclusive, ampliar o número de páginas de quadrinhos.

Redação

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