Percival Maricato
Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais
[email protected]

Direita, centro e esquerda na atual sociedade brasileira, por Percival Maricato

Direita, centro e esquerda na atual sociedade brasileira

por Percival Maricato

A direita avançou em meio à população brasileira, mas muito mais avançou sua capacidade de manifestação e ação. A procuradoria da República e o Judiciário parecem dispostos a assumir as vezes de vanguarda. A esquerda, no entanto, mantém-se significativa em todas as classes sociais.

O insuspeito Datafolha questiona essa prevalência aparente da direita, uma quase unanimidade se levarmos em conta a mídia,  quem fala em nome das “ruas” ou das instituições da República. Em pesquisa realizada, concluiu por amostragem que 15% da população se declara de esquerda, 11% de centro esquerda, 24% de centro, 11% de centro direita, 20% de direita e 19% “não sabem”. Direita menos esquerda, 5% de resultado. A direita é maior entre aqueles que ganham até dez salários mínimo: “20% contra 15% na parcela mais rica”. Na esquerda, as maiores parcelas estão nas pontas: “16% entre os que ganham até dois salários mínimos e para aqueles com mais de dez”.

Se analisarmos a pesquisa de intenção de voto, a diferença favorece a esquerda: de 32% a 34% dos brasileiros votariam Lula, Ciro Gomes e Luciana Genro, com o ex presidente atingindo no mínimo 24% no primeiro turno.

A direita, com até quatro candidatos (um tucano, Bolsonaro. Temer e Caiado), fica com 27% a 28%. Apenas em um cenário, se concorresse com sete candidatos, atingiria 35%: Moro (11%), Aécio (7%), Bolsonaro (6%), Alkcmin (5%), Serra (4%), Temer (2%) e Caiado (1%).

Não estamos inserindo os votos de Marina em nenhum dos campos. Aparentemente a maioria de seu eleitorado forma um centro muito importante para ajudar no equilíbrio institucional. Marina chega a atingir em primeiro turno 17%. No segundo ganharia de qualquer concorrente: Lula por diferença de 9%, Aécio por 22%. No 2º turno recebe votos de direita se o candidato é de esquerda e de esquerda se acontece o contrário. No último cenário acima, mesmo a direita tendo sete candidatos, para todos os gostos, Marina mantém 11%. Sem Marina, Lula bate todos os concorrentes no 2º turno. Lembremos que Marina caiu de 21% a 23%, em pesquisas anteriores, para 15% a 17% nesta última. No 2º turno, caiu de 52% para aproximadamente 45%.  E em eleições passadas, quase evaporou.

Registre-se que 14% não votam em nenhum candidato, votariam em branco etc.

Lula recuperou de 8 a 10 pontos em poucos meses. Se a mídia, PGR, Lava Jato, não continuarem batendo, muito, ele tende a crescer até determinado limite, o suficiente para manter-se como o mais forte candidato a presidente. A rejeição total do sapo barbudo continua, porém, elevadíssima: 44%; só perde para o campeão de velocidade nesse item, Temer, que atingiu 45% em seis meses de presidência.

Por outro lado, a mídia também sofreu desgaste com suas campanhas: uma outra pesquisa mostra a queda vertiginosa de leitores de mídia impressa. Apenas 3% da população se informa em jornais impressos e 1% por revistas. Será difícil ficar dando manchetes de pedalinhos com a Odebrecht falando abertamente dos milhões dados diretamente a membros do PSDB e PMDB, inclusive no exterior?

O equilíbrio entre candidatos tucanos também promete acirrar o conflito interno. Alckmin vai alcançando seus dois rivais, Serra e Aécio. Como só um pode ser o candidato pelo PSDB, o vencedor sairá de um combate violento por delegados em decisão interna, os demais desgastados com o vencedor (lembremos onde chegaram as divergências com o episódio Dória em São Paulo, ressaltando que a correlação de forças no país é outra). Alckmin parece ter um plano B, saindo pelo PSB e partidos à esquerda e a direita estariam procurando Nelson Jobim como candidato em condições de reestabelecer a credibilidade das instituições. É o que dizem…antes das revelações da Odebrecht serem todas divulgadas.

Percival Maricato

Percival Maricato

Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. A Crise do Estado Laico
    Esse artigo representa bem a crise não apenas do país e da sociedade mas a falência do Estado Laico.

    O Estado Laico não consegue através de um conjunto de leis e apoiado nas ideologias sustentar valores éticos e morais para a sociedade como um todo. A ideologias, depois de 200 anos de embate direita versus esquerda esgotou-se. As consequências mais dramáticas estão no desmonte da família e da religião, sustentáculos desde de tempos imemoriais dos fundamentos éticos e morais da civilização.

    Essa etapa de nossa civilização humana foi a única até hoje a abandonar esses vslores tradicionais em prol de um Estado Laico mediador de conflitos através de idéias e opiniões. Depois de 200 anos o resultado é esse, completamente
    ininteligivel, de uma cacofonia que se antes trágica hoje
    cômica.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador