Economistas, por Antonio Delfim Netto

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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da Folha

Economistas, por Antonio Delfim Netto

Há um claro exagero na afirmação de que o desenvolvimento econômico depende basicamente da política microeconômica. Bastaria fornecer aos agentes a oportunidade de operarem livremente num ambiente de mercados bem regulados e que funcionem com estímulos adequados para que o crescimento econômico (a produtividade da mão de obra) seja maximizado.

A demonstração dessa proposição é uma joia lógica. Na prática, deixa muito a desejar pelas fantásticas condições econômicas necessárias para obtê-la. Isso para não falar das condições implícitas sobre a estrutura política e de poder de qualquer sociedade concreta.

Ainda que a “receita” genérica possa ser parcialmente aceita para uma sociedade onde a eficiência econômica seja compatível com relativa independência e razoável igualdade, não é possível dispensar a macroeconomia.

As questões da moeda (que é uma instituição social que condiciona o comportamento dos agentes), do crédito que liga o futuro opaco ao presente, da taxa de juro que é a “ponte” entre eles e do sistema financeiro podem acrescentar ainda mais instabilidade a um sistema produtivo que já tem em si um desequilíbrio permanente.

É o reconhecimento da enorme complexidade das inter-relações entre os cidadãos na sua atividade econômica que dá relevância ao economista e torna-o um cientista social “perigoso”, se ele não incorporar a diversidade de pontos de vista sobre os problemas. Se é verdade, como disse John Dewey (“The Public and Its Problems”, 1927), “que toda ciência do homem deve preocupar-se dos seus efeitos sociais”, então nada se compara aos estragos que podem produzir as políticas econômicas inspiradas apenas no pensamento único (sempre ideológico) que dispensa a observação empírica sistemática e cuidadosa.

Um sociólogo, um antropólogo, um psicólogo ou um historiador “certos” são aplaudidos e reverenciados por seus pares. “Errados”, estimulam ainda mais a pesquisa. Sempre melhoram o entendimento do mundo sem ganhos ou prejuízos de monta.

Com o economista o resultado é outro. Suas ideias (estejam certas ou erradas) acabam determinando as políticas econômica e social dos governos: beneficiam ou prejudicam desigualmente milhões de cidadãos! É por isso que é preciso alargar o estudo da economia para inseri-lo num modelo em que a eficiência econômica é submetida ao controle do continuado aumento da relativa igualdade de oportunidades.

Isso exige, como temos insistido, a integração das contribuições dos neoclássicos, dos keynesianos e dos marxistas na prática da política econômica.

ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. Dois parágrafos

    1) “Um sociólogo, um antropólogo, um psicólogo ou um historiador “certos” são aplaudidos e reverenciados por seus pares. ‘Errados’, estimulam ainda mais a pesquisa. Sempre melhoram o entendimento do mundo sem ganhos ou prejuízos de monta”. Isso não é verdade. Se estão no poder, ou servem ao poder estabelecido, podem fazer ume strago considerável. Olhem, por exemplo, o que Arthur de Gobineau, minsitro e diplomata, que escreveu o tristemente célebre “Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas” em 1855. Até o nazismo, aliás, até hoje, faz um mal extraordinário à raça humana. 

    2)   “Com o economista o resultado é outro. Suas ideias (estejam certas ou erradas) acabam determinando as políticas econômica e social dos governos: beneficiam ou prejudicam desigualmente milhões de cidadãos!”. Aqui, mais uma vez, é preciso que o economista esteja no poder, como, por exemplo, o que foi  Ministro da Fazenda, de Costa e Silva a Médici.  . 

    1. Aquele foi abduzido por

      Aquele foi abduzido por extraterrestres. Esse aí é o bonzinho, e de bolo crescendo só entende os que a mãezinha dele servia.

  2. Todas as cinco “neo-ciências”

    Todas as cinco “neo-ciências” a que se refere o Articulista, são ferramentas de dominação desenvolvidas para servir o Estado, não a Nação. Machiavelli poderia ser patrono de todas e tê-las oferecido ao Príncipe, no seu célebre ensaio “Conselhos de um Puxa Saco”; Todas se baseiam na tentativa de intepretação póstuma de fenômenos que ocorrem expontaneamente na interação de massas e sobre os quais, em “tempos de paz”, não exercem nenhum controle.

    Talvez um dia percebam que, olhar para o passado, nos permite conhecer… o passado.

     

  3. Instituições da FAJUTA economia!

    Agora eu sei.

    Assim como Elvis não morreu, Ulisses Guimarães também não e Veblen também não.

    Veblen vive aqui no Brasil e sua tese, pra variar,  é falaciosa.

    E aqui, no Brasil, que é  o laboratória de “modelos”  econômicos  dos paises centrais, a tese de Veblen foi destruída.

    Senão vejamos.

    Quanto maior o valor das “obras de arte”, melhor, vez que os humanos “racionais” ( classificação de economistas de escol de meia tigela!) além de consumirem apenas pelo hedonismo  do consumo, também ostentam , apenas para ostentar e  mostrar , razão pela qual, só eles, os consumidores “racionais” e vencedores ( na oferta) são, no fundo, Deuses. Juizes? Não, estes não são deuses.

    Mas a premissa é falsa  mesmo com “tudo mais constante”.

    Ora, um “racional”  consome “obras de arte”  para colocar o  dinheiro no forno, diriam alguns. 

    A ostentação dos “bens de Veblen” , portanto, é pura babaquice coeteris paribus!

    Saudações

  4. “Um sociólogo, um

    “Um sociólogo, um antropólogo, um psicólogo ou um historiador “certos” são aplaudidos e reverenciados por seus pares. “Errados”, estimulam ainda mais a pesquisa. Sempre melhoram o entendimento do mundo sem ganhos ou prejuízos de monta.”

    Isto ocorre por que economia não é uma ciência é sim um jogo. Alguns vão perder outros vão ganhar e o jogo continua. Ideologias todos tem, seja partidaria, de classe social, de modo de vida. ideologias não faltam no mundo, faltam pessoas que revelem seus reias propositos e suas ideologias, que deisfarçam como neutralidades universais.

    Conta outra torturador!!!!!

  5. Governo geleia da Dilma não depende de ciências sociais

    Falta o núcleo duro para que o governo da Dilma engrene, por enquanto estamos na geleia geral, onde todos que podem palpitam e metem o dedo e ninguém produz nada que preste.

    Sem estrutura firme, não existe seriedade para o governo, com economistas ou sem, tanto faz.

     

    1. NoSQL e assim se consegue um rumo, um norte e uma estrela

      Tactical Applications Are Dead, The World Is Strategically Unstructured

      Applications are tactical, generally speaking. That is to say, software application development has been predominantly focused on building applications for defined applied use cases that work with predominantly structured sets on data.

      Space Invader logic

      From Space Invaders to Business Intelligence, applications have existed in a world where we (largely) knew what shape the data they were going to consume was. Yes randomization, real time data, complex event processing and early stabs at Artificial Intelligence have all been extreme challenges, but what happened next is (arguably) a bigger thing.

      The notion of the NoSQL database has been around since just before the turn of the millennium. In what is not yet quite two decades, the rise of NoSQL has serendipitously grown alongside the increasingly de-coupled world of cloud computing and the rise of far less structured data types driven by mobile.

      NoSQL data structure taxonomy

      NoSQL is argued to be shaping our future because, as a database type, it depends on data structures that can (for certain use cases) operate faster than traditional relational databases. The NoSQL data structure taxonomy is defined by key-value stores, documents or graph databases. In other words, the database design can be structured around what can be a more custom-aligned DNA for the use case in hand.

      “Cloud service providers and enterprises alike are already using NoSQL databases to store and process unstructured and semi-structured data to drive new business insights,” said Matt Aslett, research director, data platforms and analytics, 451 Research. “As use-cases expand beyond individual, tactical, applications — organizations of all types are looking to distributed systems to not just store and process previously ignored data but also to enable business transformation as part of a shift towards digital infrastructure.”

      Aslett’s above comments are made in relation to Basho Technologies and its Riak distributed NoSQL database. Basho is bullish to the max and says that it is expanding its partner ecosystem right now and working on a number of new technology enhancements that help enterprises and cloud service providers capitalize on the rapid growth of unstructured data.

      Basho Technologies logo, named after Matsuo Bashō (松尾 芭蕉?, born 1644 – died 1694), apparently he’s fine with the Intellectual Property rights over the use of his name.
      Basho Technologies logo, named after Japanese poet Matsuo Bashō (松尾 芭蕉?, born 1644 – died 1694), apparently he’s fine with the Intellectual Property rights over the use of his name and the whole cartoon thing.

      The strategic unstructured application cometh

      The firm says it drove bookings growth of more than 65 percent from Q1 2014 to Q1 2015. Its open source application management partner Cloudsoft has recently released optimized Riak blueprints to help developers deploy applications faster across a variety of clouds including Amazon Web Services (AWS) and IBM IBM -0.14% SoftLayer.

      There are also operations management advancements with Erlang Solutions and WombatOAM, plus Tapjoy’s mobile ad-tech and monetization platform, which has built a queuing system on top of Riak.

      “Basho understands both the challenges and the opportunities presented by the growth of unstructured data, and we are intently focused on creating solutions that enable enterprises and service providers to capitalize on it,” said Adam Wray, Basho CEO.

      New specs and toys

      The company has also pumped out new speed specs and enhancements to Riak 2.1 that have reportedly accelerated write speeds by more than 2X for write-heavy workloads. There’s also faster installers for OS X focused programmers and updated installation tooling so that Chef and Puppet scripts have been refactored and updated for the current release.

      But it hasn’t been all plain sailing at Basho, the company shed its CEO, CTO and chief architect last year (before replacing them, obviously) and the likes of MongoDB, DataStax and others stand as staunch competitors to the Basho technology proposition.

      If indeed the tactical application is dead (which of course it isn’t completely by a long way, but the headline makes the point), then the rise of de-coupled, unstructured, distributed and componentized application types with a different type of database DNA behind them is as real as can be. In a cloud mobile world, this is a good thing, whoever leads the drive.

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