Jornal GGN – Em seu artigo de hoje, na Folha, Janio de Freitas fala da fatídica viagem de Jair Bolsonaro, presidente, aos Estados Unidos. Disse que caso o que foi feito por Bolsonaro nos EUA fosse feito por Lula, Dilma, Sarney ou Itamar, que fosse uma pequena parte das entregas feitas em troca de absolutamente nada, já se sabe o que aconteceria com eles. E isso sem entrar na comparação o espetáculo apresentado de subserviência e bajulação dado em nome do Brasil. E Janio aqui descreve o que foi dito na imprensa americana.
Diz que a comitiva brasileira, sem exceção, esqueceu que ali representava um país ‘cuja degradação ainda não arruinou a sua dignidade internacional – a última reserva’.
Além das concessões feitas – e isso desrespeitando o acordo com a Argentina no tocante ao trigo e no comprometimento no jogo dos organismos internacionais -, Bolsonaro e Guedes renegaram as vantagens da filiação brasileira à OMC. E, como consolação, o governo Trump promete, mas não assina, apoiar a entrada do Brasil na OCDE.
Tais promessas ficarão na crônica histórico-anedótica. Trump fez promessa que ‘se esforçará’ para ver, ‘por desejo seu’, o Brasil na Otan. Para isso, diz Janio, duas hipóteses. Uma: ‘Dadas as possíveis dificuldades para levar o Brasil até o Atlântico Norte, Trump pode ceder ao velho desejo americano inspirado pela Amazônia e fazer do Brasil o que fez do Alasca’.
‘Apesar de situado no lado oposto ao Atlântico Norte, esse extremo das Américas integra a Otan desde que declarado estado americano. Na verdade, é colônia, como os próprios Estados Unidos estabeleceram, por exemplo, para as “províncias ultramarinas” de Portugal na África. Com o correto argumento de que a dominação de território desconexo é própria de colônia, não de estado nem província, ou lá o que nomeiem’.
A outra hipótese, e que não é afeita ao estilo Trump, seria propor uma condição estatutária nova aos países europeus, para abrigar o Brasil. E seria um duplo não. Seriam dados nos gabinetes fechados, mas seriam sonoros, e lembra que a Otan é um ponto crítico de crise entre os EUA e os europeus. Os europeus querem uma Otan europeia cansados das exigências custosas dos EUA, que é o maior produtor de armas do mundo. E Trump acusa os países europeus de atraso deliberado das contribuições financeiras.
Mas, no frigir dos ovos, segundo Janio, a importância que Trump deu ao encontro com Bolsonaro ficou exposta em seu convite à presença do filho 3, Eduardo. Criticada e ridicularizada, a presença mostrou que a natureza do encontro definida por Trump foi apenas social. Entre duas pessoas que são presidentes, e não entre dois presidentes no exercício de suas responsabilidades. E, diz ele, uma visita que levou muito, entregou mais do que levou e nada trouxe.
E, por fim, Janio destaca a visita de Bolsonaro com Moro à monstruosa CIA. Não consta, nos anais da história, nenhum presidente visitando um centro de informações e de ações sigilosas de outro. E conclui: por que isso se deu com Bolsonaro, é pior do que não sabido. Muito pior!
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Visitar na surdina (fora da agenda) o maior centro de informação, banco de dado, big data, etc… sobre o Brasil e os brasileiros, então não deve ser coisa boa, principalmente acompanhado do juiz da lava jato. Se trumpadour quis fazer um agrado ao bozo, basta soltar algumas pérolas sobre os desafetos do bolsonarismo e do lavajatismo.
A liberação das alíquotas de importação do trigo não afeta somente os acordos com a Argentina mas também os produtores do cereal no sul do país que já sofrem com a concorrência do produto importado da Argentina.
Pois sim, Bolsonaro entregou tudo sem que Trump tenha pedido alguma coisa.
Não consigo retirar da mente que se trata menos de um ato político, de Estado; trata-se mais de um ato de vontade pessoal. Ou, quiçá, de uma mistura entre o público e o privado. É bom chover no molhado, já que o modo como Bolsonaro está governando, todo o tempo ao lado dos filhos, demonstra que não está cada um no seu quadrado, ou enquadrado dentro dos princípios elementares do funcionamento do Estado.
Agora, trata-se de um tipo de “desmonte institucionalizado branco”, em que apenas os meios são diferentes com os utilizados na Líbia, no Iraque (será exagero meu, nesta citação?), embora os objetivos sejam os mesmos (desmonte do Estado).
Ele oferece o que não é dele, simplesmente para dizer “veja, chefinho, nós somos iguais, faço tudo por vc, ame-me”.
Há algum psicanalista na sala?