Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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Em verdade vos digo, Satanás é brasileiro, seu nome é Messias, por Armando Coelho Neto

Deus, que não era brasileiro, deixou entrar em cena um tal de BIRD. As casas, realmente populares, passaram a ser construídas com juros impagáveis e imperdoáveis. Olha o Pai Nosso aí gente!

Em verdade vos digo, Satanás é brasileiro, seu nome é Messias

por Armando Rodrigues Coelho Neto

Participo de um grupo de fascistas estruturais. Para quem não sabe, fascista estrutural não se assume, nem trata sua desumanidade e apatia social pelo nome. Odeiam políticos, amam gestores, são apartidários, não são de direita nem de esquerda e, diante da corrupção do atual governo militar, perguntam: E o Lula?

Além daquela perguntazinha básica, virou mexeu, querem saber de mim onde me submeti à lavagem cerebral. Não raro, respondo que minha visão de mundo não é fruto de leituras de compêndios comunistas, nem de obras como Geografia da Fome (Josué de Castro)… Rezo, metaforicamente, para eles, o Pai Nosso antigo.

Sou do tempo em que a oração Pai Nosso incluía a frase “perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos nossos devedores”. Depois, mudou para “perdoai as nossas ofensas”. Seria culpa do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)?

Perdoar dívidas é pecado mortal para o FMI e OCDE, entre outras instituições internacionais, que vivem muito preocupadas com países pobres, solidárias na promoção do desenvolvimento econômico e do bem-estar social. A promoção de políticas públicas e econômicas para combater a miséria é o grande foco (rsss).

Pai Nosso! Sei que na versão inglesa a expressão “perdoai nossas dívidas” (“forgive us our debts”) está viva. Há modernos que usam a expressão “forgive us our trespasses” (perdoai nossas transgressões). Como a bíblia e a Constituição Federal (Brasil), cada sacerdote ou ministro lê olhando o próprio umbigo.

Deixo no ar OCDE, FMI e STF, para dizer que desde cedo nunca botei fé no ditado “Deus é brasileiro”. E não só eu, qualquer homem-caranguejo de Josué de Castro, qualquer vítima do descaso público ou do mercado da fé sabe, ou pelo menos deveria saber, se não tivesse os cérebros corroídos pela TV Globo, Record, SBT…

Ok. Pode ser que em algum momento Deus tenha perdido a cidadania, talvez até antes de mudarem a letra do Pai Nosso, ou mesmo depois do golpe militar de 1964. Um Deus brasileiro jamais permitiria que o jovem padre Antônio Henrique fosse torturado, morto e seu corpo fosse desovado perto de minha casa.

Deus não viu quando os bandidos militares de 1964 começaram a caçar no meu bairro, toda aquela gente boa que animava Ano Novo, Carnaval, São João e Natal. No Natal, montavam pastoris e as pastorinhas cantavam festejando a memória do nascimento de Jesus, até a queima da lapinha, no dia 6 de janeiro.

Essa gente que festejava o aniversário de Jesus era a mesma que criava cooperativa de consumo no bairro, para vender comida mais barata para os pobres, para miserável que comia muçum, aruá, caranguejo, peixe Cascudo e Traíra tudo extraído da lama. Olha o homem-caranguejo aí de novo, gente!

Para o golpe de 1964, pessoas que se preocupava com homens-caranguejos e promovia festas cristãs para elas, a quem era ensinado datilografia (o grande trunfo da época) era comunista. Pois é, os comunistas ajudavam na encenação da Paixão de Cristo, naquela versão tradicional, triste e chorosa, nada revolucionária!

Para livrar meu bairro dos ateus e dos comunistas, gente sumiu, outras foram assassinadas e teve até uma amiga de uma amiga ameaçada de ter a vagina invadida por um jacaré numa sala escura. Tempos em que, na Polícia Federal, era ensinado a fazer Apolo 11 (vela acesa no ânus do ateu comunista).

Tudo isso, em nome de Deus e para combater o comunismo. Daí que, reafirmo, desconfiei da brasilidade desse Ser Supremo. Com os militares, só “coisa boa”: entrou a matemática moderna nas escolas, quando a gente nem tinha entendido a antiga; o curso ginasial passou a ser pago, passe estudantil virou guerra.

Deus, que não era brasileiro, deixou entrar em cena um tal de BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento). As casas, realmente populares, passaram a ser construídas com juros impagáveis e imperdoáveis. Olha o Pai Nosso aí gente! O povo se ferrou em nome de Deus, contra o comunismo.

Fiz um recorte isolado do bairro onde me criei, para responder ao grupo fascista lá de cima e me perdi na falsa brasilidade de Deus, que se brasileiro fosse, não permitiria que um homem que tirou 16 milhões de pessoas da miséria, fosse preso e condenado por mercenários iguais àqueles que Jesus expulsou do Templo.

Fosse Deus brasileiro, aqui seria templo sagrado no qual não permitiria a conversão de seu templo “numa cova de ladrões através de suas atividades comerciais”. Menos ainda, o STF lavaria as mãos tal qual Pilatos, permitindo, de novo, que quem quer dividir o pão e fale de igualdade seja preso e condenado.

Diante disso, concluo que brasileiro mesmo é Satanás, também conhecido por Messias ou Bozo. Por incrível que pareça, tem apoio de cristãos, pois caso contrário, não sei o que é ser cristão. Pouco importa o que os ditos pastores Malafaia, Macedo, Santiago, RR Soares, Flordelis tenham a dizer sobre isso.

Satanás é brasileiro e nasceu em Glicério, interior de São Paulo. Arauto da desgraça, faz pouco caso do Art. 267 do Código Penal: “Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos”, com pena de reclusão, de cinco a quinze anos. Obviamente, ele não deu causa, mas ultraja vivos e mortos.

Acima está clara a importância que o ordenamento jurídico dá à pandemias. Do mesmo modo, é notória a responsabilidade de quem propicia irresponsável e impunemente a disseminação de doença contagiosa, crime previsto no Art. 268 do Código Penal. Bom lembrar: saúde é direito social – Art. 6º da Constituição.

Satanás, Messias ou Bozo turbina sua biografia com supostas ações de guerrilha, fato que acabou em 1972, e ele estaca com 16 anos. Já o golpe, se deu em 1964, quando ele tinha apenas oito anos.

É com mentiras que Satanás engana asseclas e desavisados, os quais bom proveito fariam visitando o site www.cagometro.com, verdadeiro repertório de maldades com fortes de evidências de que Deus não é brasileiro, Satanás, sim.

Armando Rodrigues Coelho Neto – jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

9 Comentários

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  1. Excelente, mais uma vez.

    Os cidadãos “de bem” etão aí fazendo apologia aa tortura e ao assassinato, que os “heróis” seguem praticando… Esse é o Brasil cristão da família conservadora…

    1. A concepção de mundo cristã é estática ou extática. Missa ou Carnaval. E, se a melhor pedida é Carnaval, ainda é o Bozo na fantasia de sacristão. Cadê a solução?

  2. O cristianismo virou uma corporação onde Cristo tem um papel secundário.

    Alguém imagina Jesus ou seus discípulos pedindo dinheiro em templos? Vendendo discos das falas de Jesus? Dizendo aos vassalos que comprem camisas, livros, ingressos para filmes, DVDs?

    Esse cristianismo é uma vergonha para todos os cristãos perseguidos no passado. Ninguém fala deles, sabe por que? Porque não vende. Vão negar, claro.

    O cristianismo, e não tem outra maneira de falar isso, se tornou uma religião de falsos. Por isso não há diferença nas taxas de divórcio, suicidio, depressão, entre os cristãos e os não cristãos.

    Uma religião falsa? Acha muito forte? Leia Mateus 7:21-23

    É possivel reconhecer um falso cristão a um km de distância porque ele professa as seguintes palavras: “não se aplica a mim”. Os ensinamentos de Jesus não se aplicam a eles. Não matarás? Não roubarás? Não darás falso testemunho? Protegerei os pobres, as viúvas, os doentes?

    Deveria ser alcançar a iluminação, não a fama e riqueza. Ao invés de dar dinheiro ao pastor, por que não dar um prato de comida a um pobre na rua? Ah, não, isso sai da zona de conforto.

    E vamos pra igreja orar e depois fazer arminha com a mão e fuzilar quem pensa diferente.

    1. Concordo com tudo. A religião virou um instrumento de chantagem e extorsão. Embora isso não seja recente, nos tempos atuais, ficou descarado demais.

      Promessas de milagres em troca de ofertas e votos. Ameaças do Inferno a quem não acata os caprichos dos (supostos) “homens de d-us” (sic). Assim, os (falsos) pastores acumulam dinheiro nos paraísos fiscais e assentos no Congresso.

      Por menos, Jesus chutou o pau da barraca no Templo de Jerusalém.

  3. Desconfiava, há tempos, que o tal JB fosse um mensageiro do anticristo; agora desconfio que o “tal” mencionado seja o próprio. Valha-nos Deus! Volta Jesus!

  4. As religiões agonizam! Tendo esses falsários como homens de fé caminhamos para o abismo!
    Chegou a hora de desmascarar esses oportunistas, verdadeiros túmulos caiados por fora e cheios de podridão por dentro.

  5. Armando escreve que “Diante disso, concluo que brasileiro mesmo é Satanás, também conhecido por Messias ou Bozo.”
    E como discordar diante de um quadro onde o “encarnado” mesmo apunhalado não sangra?

  6. Excelente texto, só o ARMANDO sabe descrever essa cena direitinho…
    Acredito mesmo que o GENOCIDA BOZO seja a reencarnação do CAPETA , o instrumento utilizado pelo SATANÁS para fazer maldades aqui no Planeta Terra, aliás não tenho dúvidas…
    Inté o próximo!

  7. Baita comentário caro amigo Armando, só o mau exemplo em uma pandemia é passível de impedimento, ou só vale “pedaladas”, estávamos a deriva agora afundando no lodo podre desse desgoverno.Saravá!!!

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