Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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Entre cruz-credo e deus-me-livre ficaram na encruzilhada da falta de opção, por Francisco Celso Calmon

Como país central do capitalismo e imperialista continuará a usar as armas tradicionais e as armas de guerra híbrida.

Entre cruz-credo e deus-me-livre ficaram na encruzilhada da falta de opção

por Francisco Celso Calmon

O sistema imperialista estadunidense continuará o mesmo. A fachada e a linguagem poderão mudar e nessa alteração pode haver um distanciamento ao governo bolsonarista do Brasil. Para nós da esquerda isso é desejável e crível. Mas pode ser que não seja assim, apenas a coleira do Bolsonaro mudará de dono.

Continuarão a prejudicar o povo da Venezuela, Cuba e de todos os independentes ao alinhamento automático e serviçal ao império ou podemos esperar mudanças? É cedo para prever.

Recordemos que foi no governo do democrata e negro Obama que a presidenta Dilma e a Petrobras foram espionados. Como também foi nesse governo o restabelecimento total das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos. O embargo econômico continuou porque o Poder Executivo não tem autoridade para pôr fim ao embargo, é prerrogativa do Legislativo.

Talvez não sejam tão descaradamente intervencionistas, tão afrontosamente antidireitos humanos, apedeutamente negacionistas e tão milicianos como o governo de cá. Malgrado a cultura belicosa e mafiosa da política interna que pode provocar alterações, a depender dessas forças atiçadas pelo Trump. Não esqueçamos que lá matam presidentes e políticos de outros países e deles próprios (4 presidentes assassinados).

Há algo que não sabemos ainda, qual foi o acordo com o senador e postulante a presidente, Bernie Sanders, que desistiu para apoiar Biden. Qual será a sua influência no governo? Pela quantidade de jovens comemorando a vitória do presidente eleito, podemos inferir que há expectativas positivas, quais serão?

Como país central do capitalismo e imperialista continuará a usar as armas tradicionais e as armas de guerra híbrida. É importante identificarmos as armas, contudo, mais importante é combater quem as empunha.

Desde o gole de 2016 que as ilusões deveriam ter sido perdidas. Ocorre que aqueles que acreditam na humanização do capitalismo, numa socialdemocracia brasileira, estão aos poucos impondo suas narrativas e disfarçadamente a conciliação de classes está retomando implicitamente.

Não será alterado o sistema de dentro do Estado e por meio do direito. A soberania popular só será sustentável se for de baixo para cima.

O capitalismo, com a pandemia, deu demonstrações inequívocas de que não defende a vida e nem os direitos decorrentes desse direito primígeno que é a vida e sua dignidade.

A crise econômica iniciada em 2007/2008 ainda persiste e induz o crescimento do nazifascismo como forma de enfrentar suas consequências sociais.

Ao fascismo não basta nos opor, se não formos também anticapitalistas e antiimperialistas.

É provável que a disputa EUA versus a China atinja a todos os países periféricos, e para a América Latina se manter independente, mais do que ontem é necessário, imprescindível, fortalecer a união dos países que a integram.

A revolução social deve estar no radar da politica brasileira, mesmo que a correlação de forças na quadra atual necessite ser alterada a favor do povo, e leva tempo, porém, não para pregarmos continuamente sua histórica necessidade.

Os instrumentos de ‘agitprop’, do parlamento às ruas (virtuais e físicas), precisam ser operados permanentemente, só assim disputaremos mentes e corações em favor do socialismo democrático.

Sem ilusões, com os pés no chão da terra, da moradia, do trabalho e das escolas, percorrermos o longo caminho no eixo da luta de classes em prol da organização e consciência dos trabalhadores. Será através dessa organização e consciência que será construído um projeto de nação unificadora das forças vivas democráticas e socialistas no Brasil.

Que os bons votos ventos da Bolívia, Chile, Argentina, soprem para cá e motivem o povo brasileiro a ser sujeito de sua própria emancipação.

O canal resistência carbonária estará realizando um debate nesta terça-feira, 10, com o tema: os ventos que sopram lá, soprarão cá?

Francisco Celso Calmon, da coordenação do canal resistência carbonária, ex-coordenador nacional da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça – RBMVJ

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

2 Comentários

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  1. Muito obrigado pelo texto! Lendo certas coisas sobre a eleição norte americana, aqui no GGN, estava começando a pensar que os EUA são um modelo de democracia que tinha se desvirtuado por causa de um único presidente. Vamos falar sério: O império sempre será um império. Não sei que tipo de análise idiota é esta que acha que um governo norte americano democrata será favorável ao Brasil ou a qualquer outro país, mas percebo cada vez mais que o GGN é um veículo da elite (ainda que seja uma elite “progressista”, ou seja, uma elite que acredita em um capitalismo progressista, o que não pode ser entendido senão como burrice ou cinismo de tal elite, tendo em vista a existência histórica passada e presente e futura do capitalismo). As críticas do texto à idéia (que na verdade é uma crença, e mais uma vez burrice ou cinsmo) de um capitalismo humanizado, de uma social democracia brasileira, é uma crítica propriamente à idéia ou melhor à crença do Sr.Luis Nassif, assim creio que essa crítica é especialmente pertinente à ele (não foi ele inclusive quem em certo momento depositou confiança em Rodrigo Maia, como um “possível” conciliador rumo à um futuro “brasileiro”? Não é ele quem acredita em um capitalismo produtivista brasileiro?) Talvez ele precise ler um pouco de Ricardo Antunes, sociólogo do trabalho da Unicamp.

  2. Concordo com o Calmon, o combate ao fascismo passa inevitavelmente pela luta anticapitalista. Mas não tenho otimismo em relação a uma virada à esquerda do Brasil, pelo menos no médio prazo, por uma simples razão.

    O espaço das esquerdas, já conquistado (periferias, classe C) ou potencial (campo, cidades pequenas, pequenos proprietários) está sendo tomado por uma avalanche evangélica reacionária, conservadora e que carrega em se”útero” o gérmen do fascismo: elegendo os ‘comunistas’, os gays, os ‘macumbeiros’ e outros grupos como bodes expiatórios.

    A revolta já acontece cm Bolsonaro, mas é fascista, de ódio, apocalíptica, que promove a destruição sem parar e sem colocar nada no lugar. E temo que ela vá se aprofundar, com a base (numérica e espiritual) dos evangélicos em delírio, que tomaram o lugar das lutas da esquerda.

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