Jorge Alexandre Neves
Jorge Alexandre Barbosa Neves professor Titular de Sociologia da UFMG, Ph.D. pela Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA. Professor Visitante da Universidade do Texas-Austin, também nos EUA, e da Universidad del Norte, na Colômbia.
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Frutas, grosserias e estupidez, por Jorge Alexandre Neves

Então descobrimos aliviados que a exportação de três cargas de ABACATE para a dinâmica e potente economia argentina é um grande feito econômico do Brasil

Frutas, grosserias e estupidez

por Jorge Alexandre Barbosa Neves

Ainda antes de a campanha eleitoral começar, fomos apresentados a uma senhora conhecida como Val do AÇAÍ. Depois da eleição, ficamos conhecendo um LARANJA da família presidencial de sobrenome Queiroz (onde andará este senhor que até hoje não conseguiu ser localizado pelo MP-RJ para dar seu testemunho presencial? Haja dificuldade seletiva!). No caso do LARANJA, descobrimos que não era um só, além do caso Queiroz, havia pelo menos dois laranjais do PSL, um em Pernambuco e outro em Minas Gerais.

Depois, soubemos que Jesus subiu em um pé de GOIABA. Mais adiante, vimos o presidente passar um dia inteiro dedicado a chupar MANGA (fruta que, segundo a ministra da Agricultura, evita a fome no país), ouvimos que a BANANA do Equador é um fantasma a assombrar o Brasil, aprendemos que a Presidência da República é um ABACAXI e, finalmente, descobrimos aliviados que a exportação de três cargas de ABACATE para a dinâmica e potente economia argentina é um grande feito econômico do Brasil. Uau! Que governo frutífero!

Além do festival de frutas, faz quatro meses que assistimos espetáculos sucessivos de grosserias e estupidez. O ministro da Economia – que na fase de transição já tinha sido extremamente grosseiro com uma jornalista – desfilou seu arsenal de desrespeito nas duas casas legislativas. O presidente da República decidiu brindar os brasileiros com uma postagem de extremo mau gosto com um vídeo de golden shower, durante o carnaval.  Ele próprio e seus filhos – em particular o 02 e o 03 – transformaram as agressões, via redes sociais (a jornalistas, adversários políticos e, para nossa surpresa, aliados) em uma diversão familiar, em particular nos finais de semana.

O festival de estupidez tem superado todo o resto. Descobrimos que o ministro da Justiça é um mentecapto, que o Itamaraty está nas mãos de um despreparado chorão e que os ministros da Educação (o anterior e o atual) são totalmente desqualificados para o cargo que assumiram. Aliás, o MEC tem presenteado os brasileiros com festivais de demonstração de despreparo, em particular no INEP, onde um ex-presidente falou em cidadões (SIC), em seu discurso de posse, e o atual, na companhia do próprio ministro, protagonizou uma das cenas mais vexatórias que já tivemos a oportunidade de assistir, ao confundir R$ 500 milhões com R$ 500 mil e ainda se gabar dizendo “missão dada, missão dada…” (lembrando-se que o ministro, que participou da lambança, é economista, embora tenhamos sido informados de que seu desempenho universitário foi um desastre, o que foi comprovado por seu histórico escolar). Cansei!

Jorge Alexandre Barbosa Neves – Ph.D, University of Wisconsin – Madison, 1997. Pesquisador PQ do CNPq. Pesquisador Visitante University of Texas – Austin. Professor Titular do Departamento de Sociologia – UFMG

Jorge Alexandre Neves

Jorge Alexandre Barbosa Neves professor Titular de Sociologia da UFMG, Ph.D. pela Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA. Professor Visitante da Universidade do Texas-Austin, também nos EUA, e da Universidad del Norte, na Colômbia.

4 Comentários

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  1. A Metamorfose, por Sinistro da Educação (trecho)

    “Quando certa manhã Franz Kafka acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num prato delicioso.”

  2. Quem diria que o Cansei fosse voltar em tempos dos fascistas no governo… Agora acho que a campanha tem que se chamar Vergonha Nossa e vamos colocar o Queremismo nas ruas outra vez: bota o retraro do velho outra vez. Bota no mesmo lugar!

  3. Banana, abacate, jabuticaba, açaí, goiaba.
    Creio que o Brasil não está – acho que nunca esteve – deitado eternamente em berço esplêndido.
    Estará sempre no turbante da Carmem Miranda.

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