Globo defende ideais do Instituto Millenium, por Wilson Gomes

O Estado brasileiro pode ainda ser menor do que é? Como pode ser menor se nas periferias e grotões ele quase já não existe e todo o dia o telejornal se queixa disso?

Por Wilson Gomes

Na Carta Campinas

Jornal Nacional faz matéria encomendada por instituto neoliberal

Com a matéria-encomenda do Instituto Millenium de ontem o Jornal Nacional volta a militar pelas políticas públicas prediletas do patrão (perdão pela aliteração). Quando se trata disto, adeus jornalismo, objetividade, diversidade de fontes, análises complexas, apuração isenta, responsabilidade. A este ponto vale propaganda, parcialidade, enganos e manipulação.

Os “dados” apresentados são só do Instituto Millenium, um “think tank” de advocacia de interesses. O enquadramento é uma grotesca manipulação: Por que comparar duas grandezas incomparáveis como “servidores” e “serviços públicos”? É possível a entrega de serviços públicos sem servidores? Servidores da área de educação não são custo educacional? E os da saúde? Não estavam faltando pessoas na Previdência um dia desses, para escândalo do próprio Jornal Nacional, para analisar demandas e entregar um serviço público ao cidadão? Não é o mesmo telejornal que repete todos os dias que faltam fiscais ao Ibama, auditores à Receita, médicos nos postos de saúde, defensores públicos e professores nas escolas? Afinal, faltam ou sobram?

E a complexidade sumiu. O Estado brasileiro pode ainda ser menor do que é? Como pode ser menor se nas periferias e grotões ele quase já não existe e todo o dia o telejornal se queixa disso? Qual o custo social, sobretudo para um país em que a maior parte da população é pobre, se o Estado diminuir mais ainda? Diminuir o número servidores significa diminuir serviços públicos: é desejável isso num Estado já com déficit em prestação? Diminuir salário de servidores implica em recrutar mal, uma fórmula que já destruiu a educação pública fundamental e média e as polícias. Se quer mesmo generalizar o modelo?

O Jornal Nacional em particular e o jornalismo da Globo em geral têm isso. São capazes de fazer grande jornalismo, mas só quando os seus editores permitem e sobre certos temas. Quando, entretanto, se trata de outros temas viram basicamente meios de promoção de determinados pontos de vista, hiperparciais, sem problema algum com o uso de informação inexata, dados enviesados e aquela seleção malandrinha dos especialistas que darão as sonoras para parecer que não é um editorial, mas uma matéria factual. Um passinho mais para a direita e é fake news. Rá!

Parabéns, ao board do Instituto Millenium, que deve ter feito reservas no Figueira Rubaiyat para a festa da firma hoje. Deve ser uma delícia ser “think tank” e lobista de interesses particulares e ter todo o jornalismo da Globo à disposição. Lobismo, não “parceria”. Lobby 7 x 1 Jornalismo.

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Redação

4 Comentários

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  1. um matéria execrável, feita por pessoas desagradáveis e mentirosas, apresentada por robôs. Igualam o professor de escola primária que “malemá” ganha 3 contos por mês a um juiz ou promotor, que embolsa até 100 contos por m~es e tem plano de saúde, auxílio escola e outros escândalos pagos pela Sociedade. Definitivamente, a globo (e seus satélites, como esse “instituto” que agrega desocupados) é um câncer no Brasil

  2. Ora, e o que impede as associações representativas do funcionalismo pedirem direito de resposta? Afinal, esse emissora é uma concessão publica e deve a sociedade o direito à informação equilibrada, espanta é não fazerem isso…..

    1. E então, daqui a 6 meses, a Majú vai ler no jornal da tarde:
      “A associação dos servidores públicos dos três poderes, conforme sentença do juiz tal, da Vara de Marmelo, faz saber, no exercício de seu direito de resposta, que a matéria veiculada no Jornal Nacional de um dia qualquer de agosto de 2020, é mentirosa, e não deve ser levada em consideração.”

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