Golpista, corrupto e mentiroso: é assim que Cristovam Buarque entrará para a história, por Joaquim de Carvalho

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Joaquim de Carvalho

No Diário do Centro do Mundo

Cristovam Buarque passou boa parte da vida tentando criar um personagem: o senador da Educação. Mas ele passará à história como golpista. Há evidências para considerá-lo também corrupto e mentiroso.

“Posso ser golpista para você, mas não sou corrupto perante minha consciência e perante o Brasil”, escreveu no Twitter.

Não é bem assim.

As histórias que relacionam Cristovam à corrupção são antigas e se mantêm ao longo do tempo.

Em1994, Cristovam, então filiado ao PT, gerou uma crise no partido quando se descobriu que ele havia aceitado 400 mil reais (o equivalente a 500 mil dólares na época, o equivalente a 2 milhões de reais hoje) de doação da Odebrecht para sua campanha a governador.

Quem fez a doação foi o então diretor de contratos da empreiteira, Ricardo Ferraz, cujo nome voltou à tona na delação do ex-vice-presidente da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, no ano passado.

Ricardo Ferraz é o RF das planilhas da empreiteira, e ele aparece como veículo para a entrega de recursos a um certo Reitor, que seria o apelido de Cristovam nos registros de contabilidade clandestina da Odebrecht.

Em 2006, quando foi candidato a presidente pelo PDT, recebeu recursos não contabilizados de um ex-banqueiro, por indicação do governador Geraldo Alckmin.

A revelação foi feita por um dos ex-coordenadores de sua campanha, o jornalista Luiz Fernando Emediato.

“Cristovam infelizmente foi obrigado pelas circunstâncias a aceitar doações não contabilizadas de pelo menos uma empreiteira, de um ex-banqueiro, por recomendação da campanha de Geraldo Alckmin, também candidato à presidência, e da própria campanha de Alckmin, em troca de apoio no segundo no segundo turno contra Lula”, disse Emediato.

Em 2010, o presidente do PDT no Distrito Federal, Ezequiel Nascimento, também denunciou o caixa 2 na campanha de Cristovam Buarque. Segundo Ezequiel, ele teria recebido doações no valor de R$ 950 mil, mas deste valor apenas R$ 250 mil foram contabilizados.

Na época em que fez a denúncia, Ezequiel Nascimento se colocou à disposição do Conselho de Ética do Senado para dar outras informações. Porém nunca foi chamado.

Num perfil devastador de Cristovam Buaque, de Robert Max Steffens, publicado pelo GGN, mostra que a corrupção também atingiu o entorno do senador.

Veja um trecho da reportagem:

Marcelo Aguiar, pupilo do Senador Cristovam até pouco tempo, assume a Secretaria Extraordinária de Ensino Integral, por indicação do Senador Cristovam, durante o governo José Roberto Arruda (ex-DEM). O Instituto Sangari, do amigo pessoal de Cristovam, Jorge Werthein, que contribuiu para sua campanha ao Senado em 2010, com ao menos 200 mil reais oficialmente, foi contratado pelo governo do Distrito Federal por quase R$ 300 milhões, sem licitação, e suspeito de participar do esquema de arrecadação paralela do então governador Arruda, quando a secretaria de Educação do DF terceirizou, na prática, o ensino científico das escolas públicas para a Sangari do Brasil (vinculada ao Instituto Sangari), citada no inquérito da Operação Caixa de Pandora.

Em auditoria a Segunda Divisão de Auditoria da Secretaria de Auditoria do Tribunal de Contas do Distrito Federal afirma que em razão das evidências de inexecução contratual pela empresa SANGARI DO BRASIL LTDA., defende-se a proposta de determinar à Secretaria de Educação a instauração de processo administrativo, com vistas à aplicação das sanções previstas no art. 87 da Lei de Licitações. Também se apresenta a sugestão de alertar à Secretaria de Educação que a execução dos contratos no âmbito dessa Secretaria deve ser precedida da implementação de estrutura de acompanhamento e controle, compatível com as características e valor do objeto, de modo a garantir a regular liquidação e pagamento das despesas.

O mesmo Tribunal afirma que a omissão dos gestores, dentre eles Marcelo Aguiar, que deixaram de adotar medidas corretivas para sanar as irregularidades na execução do Programa Ciência em Foco e para promover as necessárias alterações contratuais. O fato de o TCDF, por meio da Decisão n.º 4.571/09, ter determinado expressamente a necessidade de reavaliação do Programa em termos quantitativos e qualitativos, além de caracterizar o descumprimento da Decisão Plenária, agrava a conduta negligente dos gestores, aplicando-se, no caso, o art. 60 da Lei Orgânica do TCDF. O UAG, na condição de ordenador de despesas, e o Secretário, em razão da relevância do Programa, tinham ciência da situação e permitiram a continuidade do Programa, mesmo diante das irregularidades apontados em diversos relatórios.

Os fatos mostram que Cristovam Buaque nunca foi o que talvez ele pense ser. Ou queira ser. Ou finge ser.

Vaidoso, mantém em seu gabinete no Senado um espaço com arquivos de sua história pessoal, como se fosse um Darcy Ribeiro, fundador da Universidade Federal de Brasília, a UnB, onde ele foi reitor.

Darcy e Cristovam eram interlocutores de Fernando Henrique Cardoso, quando este era presidente.

Darcy no PDT e Cristovam no PT, partidos que lhe faziam oposição.

Nas memórias de Fernando Henrique, Darcy, então senador, aparece como instigante, intelectual de ideias originais e entusiasmante.

Já Cristovam, na época governador, mostrava nos encontros noturnos com Fernando Henrique a personalidade que agora se torna conhecida de todos.

O PT era contra o projeto de emenda da reeleição, Cristovam a favor. O então governador do Distrito Federal também era favorável a reformas constitucionais de Fernando Henrique Cardoso, mas lamentava não poder dizer isso publicamente. Falava mal dos sindicalistas e do PT, para aparentemente deleite de Fernando Henrique Cardoso, a quem incentivava para assumir papel de liderança no mundo.

Cristovam quis entrar para história como um quadro da educação, mas será, no máximo, citado como nota de rodapé, como político provinciano, nada confiável, golpista, com um pé na corrupção e sem nenhum compromisso com a verdade.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

13 Comentários

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  1. Peraí, Cristóvão é corrupto

    Peraí, Cristóvão é corrupto pq recebeu caixa 2 e pq havia corrupção no seu ‘entorno’? Os demais petistas e o Lula são o que, então? Ou não houve nem caixa 2 e nem corrupção no ‘entorno’ do governo federal nos 13 anos de PT?

  2. golpista….

    Peraí, que doses maciças de Rivotril e Gardenal, já não estão contornando a bipolaridade causada pela Esquerdopatia Congênita.. Quer dizer que Cristovam Buarque é tudo isto descrito na matéria?  (sempre achei também. Um duas caras). Mas até ontem a Esquerdopatia exigia que acretditassemos piamente nesta Esquerda? Ou agora, este também deixou de ser Esquerda? Não era para confiar nossas vidas em figuras como Cristovam? Marta? Vacarezza? Freire? Marina?  E combater de todas as formas, figuras acima da várzea politica tupiniquim como Katia Abreu, apenas por esta ser Ruralista? Mesmo sendo uma das biografias com maior capacidade Estadista, entre os poucos que restaram dentro dos partidos? Requião, juntamente. A defenderem Dilma Roussef, mesmo sem cargo, mesmo sem poder, mesmo sem mais nada, fora suas convicções? A superioridade intelectual e de carater de Katia Abreu não está aí exposto? E de Requião, também? E a vulgaridade e mediocridade de figuras como Cristovam Buarque, mesmo sempre pertencendo a esta Esquerdopatia, também não estão revelados? Nada como um diua após o outro.    

    1. Quando o sujeito usa o termo

      Quando o sujeito usa o termo “esquerdopata”, já se sabe que é um pato, ou um patólatra, para manter o grego na chorumela.

      Quando e onde você viu alguém dizer que era pra confiar nossas vidas a Cristóvam?

      Cansei de ver petista achar que Cristóvam era gênio, enquanto os fiéis da igrejinha dele, que mantinham distância do PT como o diabo da cruz, fofocavam que o jênio só não transformava Brasília numa filial da Suécia por que o PT não deixava. A mim, esse sacripanta nunca enganou. Nas prévias de 1994, fiz campanha contra ele, a favor de um petista histórico e coerente, Carlos Saraiva. Nas de 1998, apoiei, de novo contra a unanimidade nelsonrodrigueana, o saudoso professor Lauro Campos. Como membro do diretório, sempre alertei o partido contra a patuscada pseudo-intelectual de Cristóvam, toda ela baseada numa profunda ignorância da literatura que ele finge citar.

      Cristóvam nunca foi um homem de esquerda. Suas ideias sempre foram vulgares e tolas, e sempre submetidas à idolatria do deus mercado. Me lembro do filisteu, que se dizia missionário da educação, a argumentar que a realidade impunha pagar menos ao professor de geografia que ao professor de física. Por “realidade”, leia-se mercado. Como que alguém com ideias desse calibre é de esquerda?

      Se existe uma superioridade intelectual de Kátia Abreu em relação a Cristóvam Buarque, não sei. Não é difícil; Cristóvam é um zero à esquerda em termos intelectuais, a não ser como malandro capaz de enganar os outros a respeito do próprio conteúdo. Nisso ele é bom. Superioridade moral é ainda mais fácil, e já começa pelo fato óbvio de que Kátia Abreu não anda por aí se arrogando uma espécie de Newton-Darwin-Einstein da educação, enquanto o ainda senador se desdobra para nos explicar que Marx “se esqueceu” deste ou daquele detalhe (como o “valor ecológico”, por exemplo), no mesmo movimento desnudando sua total e polivalente ignorância e sua megalomania.

    2. Oh paneleiro idiota. Morete.

      Oh paneleiro idiota. Morete. Se quiser parecer que é outra pessoa ao menos começa o texto com outra palavra ok? Comparar Lula com o vigário do buarque é realmente prova que inteligência é algo que falta na direita. É por isso que no voto vai para duas decadas que é só pisa e se o judiciario parcial e vagabundo desse país deixar a gente leva de novo no 1 turno viu? É nao é por outra coisa e que mesmo com os  erros so a esquerda e que faz essa banania chamada Brasil parecer um pais de verdade. Vai bater panela e cantar o hino nacional do ladinho daquela emissora correta a rede bobo.

  3. Cristovam Buarque, o ridículo “Magri” da Academia.

    Ele considera que a sua biografia será escrita pelo Pedro Bial, como foi aquela fábula sobre Roberto Marinho, no qual só faltou colocar barba na capa para que os leitores considerassem este ser a versão “tupiniquim” do “bom velhinho”.

    Está enganado, o iludido Senador.

    Passará à História como uma espécie de “Magri”, o ridículo ministro do Trabalho de Fernando Collor de Mello,  da Academia. Mais ridículo ainda do que o original pois considera ser uma espécie de “Darcy Ribeiro 2, A missão”.

    Pior. Com um imenso neon piscando “Golpista” em sua testa.

  4. Golpista, corrupto e mentiroso: é assim que Cristovam B entrará

    Cristovam Buarque absorveu o Pacto da Mediocridade que gostava de denunciar em suas falas universitárias e assumiu personalidade compatível com ele. Infelizmente, dei-lhe oportunidade de trair meu voto.

  5. Cristovam é corrupto porque

    Cristovam é corrupto porque traiu tudo aquilo aobre o que “construiu” sua carreira.

    A corrupção vai muto além de receber caixa 2, propina, ou o que seja. A corrupção das ideias e dos ideais é muito mais perigosa e fatal que o ato de pedir ou aceitar propina. Na verdade quem, em sã cconsciência, pode afirmar que nunca pagou uma “cervejinha” para o guarda aliviar a multa, para furfar uma fila, ou qualquer coisa desses tipo? Quem sabe até uma sonegaçãozinha no Imposto de Renda?

    Corromper a democracia em nome de supostos interesses maiores é a maior corrupção que um político pode praticar. E Cristóvam é hoje um homem que, ao se reconhecer golpsta, reconhece automaticamente que é corrupto.

  6. Cristóvão, o ventrículo de um
    Cristóvão, o ventrículo de um discurso só. Para seu olhar microscópico o universo é regido por um só comando: Educação.
    Pergunta-se: O que ele fez de relevante em todos esses anos?
    Resposta: conspirou contra aqueles que lhe deram oportunidade.
    Um falacioso, hipócrita e batedor de bumbo.

  7. Candidatura predatória.

    O banqueiro adiantou um “financimento para o “reitor” por recomendação do “pinóquio” para tirar votos de Lula.

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