Jornal GGN – A situação do Brasil frente a geopolítica mundial é ilustrada pelo professor e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em sua coluna na Folha de S. Paulo deste sábado, 2. “Sem rumo e liderança, perderemos mais dois anos. No exterior, Bolsonaro é tema apenas de programas humorísticos. Devemos, porém, nos preparar desde logo para o depois”, escreveu.
Haddad chama atenção para acordos mundiais firmados no último ano, como o tratado que cria a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP), em que dez países-membros da Asean (Filipinas, Malásia, Indonésia e Tailândia e outros seis) “se unem aos cinco países da respectiva Área de Livre Comércio (Japão, Coreia, China, Austrália e Nova Zelândia), formando um bloco que congrega 30% do PIB mundial”.
Além disso, a China e União Europeia selaram o Acordo Abrangente de Investimentos, que facilita o investimento direto recíproco. Já na América, “sob a administração Trump, medidas mudaram as perspectivas regionais” e “mesmo com os democratas, os EUA dificilmente terão olhos para a América Latina como área continental de desenvolvimento econômico”, alertou Haddad.
“Bolsonaro, do seu lado, não perde oportunidade de hostilizar nosso principal parceiro regional, a Argentina, e global, a China. E, mesmo tendo aceito praticamente todas as exigências europeias para celebrar o acordo UE-Mercosul, não conseguiu obter o necessário aval dos parlamentos dos países europeus em virtude de seu público compromisso com a destruição ambiental”, completou.