Helena Chagas: No jogo do mata-mata, impeachment não é passeio

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Helena Chagas

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Entramos na fase do tudo ou nada, matar ou morrer. O Planalto desistiu de manter as aparências. Dilma Rousseff defende Lula abertamente, o novo ministro da Justiça assumiu com um discurso duro de autoridade em cima da PF e deve substituir o diretor Leandro Daiello. O juiz Sérgio Moro abandonou a postura de magistrado e agora é, claramente, parte na disputa política. Quer derrubar o governo e varrer o PT da cena.

Nesse quadro, o impeachment é hoje a possibilidade mais provável, não ainda uma certeza absoluta. Vivemos sob a espada do imponderável, num ambiente de alta volatilidade. Mas as chances de afastamento da presidente pelo Congresso são maiores do que as de sua permanência na cargo.

Uma coisa é certa: o impeachment não será um passeio. Se houve algum recado nas manifestações pro-governo desta sexta-feira é o de que a situação vivida hoje é muito diferente do que foi o impeachment de Fernando Collor – um outsider da política, sem base social nem partidária.

O PT e seus movimentos sociais irão para a rua e vão fazer barulho. Ainda que minoritários diante das multidões de domingo, podem atrapalhar e atrasar o rito que muita gente pensa que será célere. Mais: na oposição, também vão dificultar muito a vida do futuro governo Temer.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

15 Comentários

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  1. Acho que o erro do PT foi ter

    Acho que o erro do PT foi ter entrado no mesmo esquema do PSDB implantado no governo de FHC, mas que não foi investigado. E ter dado total liberdade para a PF investigar. Acabou ficando tudo sob as costas do PT como único partido corrupto. Mas corrupção é corrupção e deve ser investigada. Portanto, o erro do PT não foi ter dado total liberdade para PF, mas ter se metido no esquema. Infelizmente, um governo que mudou o país da água para o vinho e tinha tudo para continuar mudando o país, se deixou seduzir pelas práticas corruptas e agora ao invés de dar continuidade as mudanças… entregará o país para aqueles que o venderam e continuarão a vender. O dinheiro do petróleo para educação por exemplo, já está fadado se não houver uma reviravolta… mas os hipócritas da oposição estão com a faca, o queijo e a mídia na mão.

  2. Helena

    Afinal  você nunca escondeu sua posição.  Mas dizer que Moro apenas agora tomou posição política , é cinismo.  Voce fala:

    O PT e seus movimentos sociais irão para a rua e vão fazer barulho. Ainda que minoritários diante das multidões de domingo, podem atrapalhar e atrasar o rito que muita gente pensa que será célere. Mais: na oposição, também vão dificultar muito a vida do futuro governo Temer.

     

    Com certeza será mais do que isto, pois sabe que um número um pouco menor ( bem maior que o seu DataFolha) não é uma minoria,  principalmente porque é organizada, é politizada, e sabe o que está defendendo. Com certeza  enquanto o golpe estiver nos bastidores do parlamento e em Comarcas como a de Curitiba, ele pode ocorrer. Mas pode ser uma vitória de Pirro, não apenas porque a oposição vai dificultar ( e isto ela vai), mas também porque a política economica e social e trabalhista que pretendem implantar, vão inflamar este país de um forma nunca antes vista. O desvairio do impedimento de  Dilma e ou prisão  Lula, não vai modificar o veredito de 2018 e pode torna-lo ainda mais forte. O projeto político do PT e de Lula ganhou base social, e isto independe se ele será ou não presidente. A direita só permanece no poder se sustentada pela repressão. Mas até isto não é tão simples. 

  3. Mudança do segundo e tercero

    Mudança do segundo e tercero escalão é praxe com a posse de novos comandantes, e por conseguinte  seria normal na PF. A Dilma se sente acuada por um cachorro pequinês da imprensa e se vê incapaz de adotar os menores atos administrativos ao seu alcance para botar ordem na casa, para que a casa seja minimamente “sua”. O problema é outro, já diagnosticado, que ela tenta fazer um governo de direita mas a direita não a quer. Lula no governo será o resgate de uma identidade mínima e de um espírito de corpo do governo. Como ele é “o cara” não preciso dizer a ele que há hora para a paz e hora para guerra. Se o amigo vê como o os inimigos são bem tratados talvez prefira virar inimigo.

  4. Urubulina Chagas

    Se essa criatura ainda fosse a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República Federativa do Brasil, cargo que exerceu de 2010 a 2014, a essa altura, com todo esse otimismo e entusiasmo, já teria escrito a carta-renúncia da Dilma e convencido a chefe a ir pedalar em Porto Alegre. Incrível como nossa presidenta se cercou de nulidades. 

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