“Ideologização” já rendeu a Bolsonaro 4 crises em política externa, diz Helena Chagas

A falta de pragmatismo de Bolsonaro já provocou fortes desdobramentos nas questões envolvendo o mundo árabe e Israel, os Brics e o Mercosul, as parcerias comerciais com a China e a crise na Venezuela

Jornal GGN – O pragmatismo na política externa foi substituído por ideologias de extrema-direita que já garantiram ao governo Bolsonaro alguns “fortes desdobramentos” em pelo menos 4 temas: a crise na Venezuela, o mercado com a China, o relacionamento com o mundo árabe e Israel e os Brics e o Mercosul. É o que lembra a jornalista Helena Chagas, em artigo que chama atenção para a “ideologização” das Relações Exteriores e suas consequências.

Por Helena Chagas

Em Os Divergentes

Entre Trump e Olavo, a imagem síntese do governo Bolsonaro

A continuarem as coisas nessa toada, serão necessários alguns anos para se avaliar a dimensão e as consequências do retrocesso representado nas relações exteriores pelo governo Bolsonaro, que ainda nem completou três meses. O pragmatismo na política externa das últimas décadas – uma raridade capaz de produzir concordância entre os tucanos e os petistas que se sucederam no poder por quase 25 anos – está sendo substituído por uma ideologização que, nesse curto período, já produziu fortes desdobramentos.

Só lembrando por alto, provocou: a) um esfriamento das relações com nosso maior parceiro comercial, a China; b) botou o país numa encalacrada com os árabes que compram a maior parte de nossa proteína animal por causa da promessa a Israel de mudar nossa embaixada para Jerusalém; c) implodiu o Mercosul e o Brics; d) por pouco, não colocou o Brasil na tremenda fria que seria permitir que os americanos usassem nosso território para uma eventual ação militar na Venezuela – descartada liminarmente pelos militares brasileiros.

É de se imaginar que a imagem símbolo que vai ficar para as gerações posteriores que se interessarem por essa época, e não só pela política externa, será captada nos próximos dias na visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, para onde seguiu neste domingo. Trump e Bolsonaro no Salão Oval? Pode ser. Quem sabe não será a foto dos dois dando entrevista lado a lado no Jardim da Casa Branca?

Talvez não. A viagem aos Estados Unidos também poderá deixar o desenho simbólico do que se passa aqui em casa – o retrocesso nos costumes, o radicalismo político-ideológico e um estranho jeito de governar.

Pode sair de lá o retrato de um estado de coisas que leva um presidente da República a nomear e demitir integrantes do primeiro e do segundo escalões segundo as vontades de um filósofo brasileiro residente nos EUA que não se cansa de, entre palavrões, falar mal do governo que lhe parece ser tão obediente.

Sim, a foto de Bolsonaro com Olavo de Carvalho, tratado com honras e convidado a jantar com o presidente, poderá ser a imagem-síntese do momento histórico e dizer tudo a respeito deste governo.

Depois de criticar e xingar integrantes diversos da administração, entre eles o vice Hamilton Mourão – que, claro, não foi nomeado por ele -, Olavo de Carvalho compareceu no sábado à noite a um evento organizado pelo guru da extrema direita americana, Steve Bannon. Foi perguntado sobre o que achava do governo do sujeito com quem se encontraria algumas horas depois, e que lhe é tão fiel, e tascou: “Não precisa mudar nada para ficar mal. É só continuar assim. Mais seis meses, acabou“. Só isso.

Redação

1 Comentário

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  1. O Rodrigo Maia, Presidente da Câmara, pressiona os Militares a aceitarem a Reforma da Previdência:

    “Os militares sabem fazer contas, são pessoas bem preparadas. Ou eles vão ajudar a fazer a reforma nas Forças Armadas ou também ficarão sem receber salário. Se não fizer a reforma, o Brasil voltará aos tempos de hiperinflação ou teremos um grande precatório na aposentadoria de todos porque não haverá recursos para pagá-las”.

    Acho que se botasse o Fabrício Queiroz na Previdência, ele solucionaria o problema sem precisar fazer a reforma previdenciária. Quando ele assessorava o Flávio Bolsonaro, ‘com a remuneração de apenas um assessor parlamentar’, ele ‘conseguia designar alguns outros assessores para exercer a mesma função, expandindo, dessa forma, a atuação parlamentar do deputado’.

    Ele poderia fazer a mesma coisa na previdência: Ele racharia o dinheiro de cada aposentado e de cada pensionista para expandir os pagamentos dos benefícios previdenciários.

    Queiroz na Previdência Já!

    Mas cadê ele?

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