por Fábio de Oliveira Ribeiro
Algumas pessoas bem informadas creditam a queda de Jânio Quadros ao fato dele ter adotado uma política externa corajosa e independente. As pressões internas que ele sofreu teriam sido, em grande medida, causadas por conflitos diplomáticos entre o Brasil e os EUA. Estas disputas, porém, foram soterradas pelos ataques pessoais feitos a Jânio por seus inimigos. Foi assim que as “forças ocultas” se transformaram nas cachaças preferidas do ex-presidente.
Ignorando a Guerra Fria, Jânio condecorou pessoalmente Che Guevara, guerrilheiro cubano de orientação marxista e companheiro de Fidel (inimigo mortal jurado de morte pela Casa Branca). Naquele tempo, as autoridades dos EUA reclamavam que ficavam esquecidas nas salas de espera das repartições públicas brasileiras.
Quando o diplomata norte-americano Berle Jr. chegou ao Brasil em visita oficial, Jânio Quadros não o recebeu pessoalmente no Rio de Janeiro. Ao contrário, ele obrigou o representante do império a deslocar-se para Brasília. Berle Jr. entrou no Palácio do Planalto pela porta dos fundos, fato que o deixou profundamente magoado.
Algo semelhante ocorreu em 2012. Em Davos, a diplomacia brasileira humilhou profundamente a diplomacia norte-americana. Na época eu postei no Facebook o seguinte comentário:
É evidente que o golpe de 2016 também teve motivação econômica: o Pré-sal brasileiro que o governo Michel Temer rapidamente transforma em Pré-sal norte-americano sem qualquer reação violenta da sociedade e das Forças Armadas. Contudo, no centro mais profundo do fenômeno político/jornalístico/jurídico que levou à queda de Dilma Rousseff está o desejo do Brasil de ser independente. Esta independência, quando se traduz em palavras e atos passa a ser considerada inadmissível pelos diplomatas dos EUA, pela imprensa brasileira financiada com o dinheiro das empresas norte-americanas no Brasil e, é claro, por agentes da Embaixada norte-americana infiltrados na política e no STF (Michel Temer, José Serra, Gilmar Mendes e outros).
Portanto, é indispensável derrotar o golpe de 2016. Mas isto não deve ser feito apenas por razões econômicas (recuperação do controle do nosso petróleo) e sim para poder reconstruir e reafirmar nossa independência em relação aos EUA. O Brasil não é uma colônia norte-americana e não deve se comportar como se fosse um Estado vassalo dos EUA só porque alguns políticos corruptos e venais querem se safar da cadeia entregando aos norte-americanos aquilo que nos é mais caro: a nossa liberdade.
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Verdades incovenientes
Prezados,
O título mais adequado para este post talvez seja “Verdades incovenientes”. Parabéns ao autor pela coragem de tratar um assunto-tabu com tanta clareza.
Esse combate tem que ser pelo
Esse combate tem que ser pelo enfrentamento, bombas, assassinatos dos calhordas vendilhões, não podemos acreditar somente no parlamento.
derrotar o golpe é tarefa
derrotar o golpe é tarefa num. 1.
PGR e STFcom macaquinho no ombro e povo será a chave e a força a constranger estes senhores a trabalhar seguindo as leis e anseios nacionais.
sem crime, sem impeacment!
Dilma volta em breve.
BRASIL, reDILMA-se!
Em nome de um moralismo
Em nome de um moralismo udenista, prendem-se empresários como Eike Batista e Marcelo Odebrecht, homens que contam com toda uma vida voltada ao trabalho e ao empreendedorismo. Que mal eles oferecem para a sociedade para estarem encarcerados?
jânio…..
O texto é irretocável, mas mostra também o porque o Brasil não evolui nem caminha pra frente. A posição de Jânio na história não é aceita ainda em pleno 2017 por grande parte da intelectualidade politica nacional. O discurso (escrito nestas páginas na semana passada) é do auto-golpe para voltar por cima. Veja o nível das nossas discussões? O anti-capitalismo é ideologia propagandeada e esperançosa de todos os governos da redemocratização. Para que empresas, desenvolvimento comercial, financeiro e econônomico se o seu objetivo é uma Política Anti-Capitalista (que já era a mesma ideologia política no período de Jãnio há quase 60 anos) O Brasil é de muito fácil explicação.
Um Brasil vendido
País entregue, pelos vendilhões de plantão e de sempre – e com a mídia aliada aos interesses mais escusos nessas muitas farsas deste golpe, o desemprego aumentando, o desespero crescendo nos lares brasileiros. Nossa esquerda também silenciosa, uma justiça que ameaça e prende quem quer – não vem ao caso pensar em provas, é claro. Triste perceber que estão nos forçando goela abaixo, com as quadrilhas instaladas nos três poderes, a noção de submissão a todo custo, pois que muitos já estão sem dinheiro para comprar pão. Fico com o comentarista Martos Venício, mais acima, que diz que “esse combate tem que ser pelo enfrentamento, bombas, assassinatos dos calhordas vendilhões, não podemos acreditar somente no parlamento”. Chegará a hora – espero que em breve – em que o povo não verá mais novela, nem futebol, nem bigbrother e outros lixos que oferecem à massa para distraí-la, e sairá às ruas para justiçar essas quadrilhas que estão destruindo o Brasil e os brasileiros. Antes que eles fujam para Miami.
O Vice de Janio foi o Velho Barreiro
Muitos ouviram falar do Jânio Quadros somente pela fama do Vice dele, o Velho Barreiro. Famosos também foram os ”bilhetes do Presidente” – Brasilia, da Sucursal do ”Estado” — O presidente transmite seus ”bilhetinhos” para os ministros, por meio do aparelho Telex que mandou instalar, há dias, em seu gabinete, ligado diretamente com os Ministérios, em Brasilia e no Rio de Janeiro. Ele mesmo datilografa os ”memorandos”. Há pouco, contam seus auxiliares, transmitiu ele um bilhete para um ministro e na mesma hora recebeu a seguinte resposta, pelo Telex: ”Prezado colega. Não há mais ninguém aqui”. Ao que o presidente respondeu: ”Obrigado, colega. J. Quadros”. Do outro lado do fio, porém, o outro não se perturbou: ”De nada. J. Kennedy”. — Jorge Abrantes, jornalista do Diario da Noite, do Recife, em crônica, escreveu que Jânio era feio e meio louco. O cronista, evidentemente, não poderia escapar de um ”bilhetinho” telegráfico: ”Agradeço seu artigo. Não obstante, posso afirmar não ser tão feio quanto pareço nem tão louco quanto devia…”
Jânio proibiu os maiôs nos concursos de beleza, os biquinis na praia, a lança-perfume no canaval, as corridas de cavalo, as brigas de galo. Todos sabem que ele renunciou. Quase ninguém lembra é que ele entregou os principais cargos de sua administração a um só grupo estadunidense, o Mellon Trust, através de seus agentes diretos: o banqueiro Clemente Mariani (no Ministério da Fazenda), o industrial Artur Bernardes Filho (no Ministério da Indústria e Comércio), o advogado Pedroso Horta (no Ministério da Justiça), o comerciante João Batista Leopoldo Figueredo (no Banco do Brasil, fazendo dobradinha com o economista Roberto Campos, da Hanna e também capacho do capital financeiro internacional), o advogado Caio Mario da Silva Pereira, também da Hanna (na Consultoria-Geral da República), além de ter mantido toda a máquina administrativa do Ministério da Fazenda que fora montada na gestão de Sebastião Paes de Almeida, também do Mellon Trust. Os postos de comando das FFAA, Jânio Quadros passou conscientemente a elementos reacionários e golpistas desde 1954. Se fosse verdadeiro o propósito de executar uma politica progressista, ele poderia ter dado um pé na bunda do Marechal Odylio Denis (Ministério da Guerra) e não deixava entrar o Almirante Silvio Heck nem o Brigadeiro Grum Moss. Mas para completar, Quadros nomeou o General Cordeiro de Farias, um golpista manjadissimo (como esquecer aquela casta militar inculta, complexada e vingativa, que desforrou seus complexos nos civis, marginalizando professores, intelectuais, politicos, jornalistas e estudantes em todos os recantos do país. O indigno Cordeiro de Farias escolheu a antiga sede do ISEB, segundo ele ”antro do intelectualismo subversivo e comunizante”, para nela instalar o seu Ministério e dalí dirigir e vigiar as atividades politico-partidárias do País, causando enorme prejuízo na educação cidadã dos brasileiros). O que Quadros fez foi o mesmo que deixar um grupo de tarados marombados dividindo o mesmo dormitorio com noviças, num convento de clausura.
O Jânio do Fabio Oliveira Ribeiro é um; o Jânio do Moniz Bandeira, é outro, bem diferente: « A candidatura do General Henrique Lott, Ministro da Guerra, se impôs ao Governo, com o apoio dos nacionalistas e dos comunistas, e a aliança PSD-PTB a homologou juntamente com a de João Goulart à Vice-Presidência. O nome de Jânio Quadros, ex-Governador de São Paulo, ofereceu à UDN e a outros partidos de oposição a perspecitiva de usarem o populismo para conquistar o poder, através das eleições. As classes dominantes queriam adaptar o aparelho do Estado às necessidades da industrialização e ao mesmo tempo conter os trabalhadores cada vez mais inquietos e exigentes.
Mais do que em qualquer outra época, o antiimperialismo dominou a campanha eleitoral. As duas candidaturas, de uma forma ou de outra, tomaram o sentido de contestação aos EUA. Lott contou com o apoio firme dos trabalhistas e dos comunistas, que o apontavam como simbolo do nacionalismo, embora a sua formação conservadora o levasse a contrariar, frontalmente, muitas reivindicações da esquerda (legalidade para o PCB, reatamento das relações diplomáticas com a União Soviética, etc.). Quadros, sustentado pela oligarquia econômico-financeira e pelas correntes mais reacionárias do pais, apelou para o prestígio da Revolução Cubana e o crescente fascínio que ela exercia sobre as massas. Em março de 1960 ele até conseguiu que Fidel Castro o convidasse para visitar Havana e partiu levando consigo numerosa comitiva.
A viagem de Quadros foi um golpe de publicidade que marcou profundamente a sua campanha. Ele exaltou a reforma agrária, empreendida por Fidel Castro, como um exemplo para o Brasil e continuou a defender Cuba, mesmo quando os EUA endureceram sua posição. Na verdade ele defendia Cuba no papo enquanto apoiava a condenação de Cuba, proposta pelos EUA na VII Reunião de Consulta dos Chanceleres das Repúblicas Americanas, (Conferência de Costa Rica).
Para neutralizar a esquerda (com Lott), Quadros não se limitou à defesa da Revolução Cubana. Manifestou-se pelo reatamento das relações diplomáticas com a União Soviética, pelo reconhecimento da China Popular e pela legalidade do PCB. Acusou a Hanna Minning Co. de ameaçar as jazidas de ferro do Brasil.
A duplicidade de Quadros, com a sua demagogia nacionalista confundiu as massas, sem contudo abalar a confiança que nele tinham os reacionários e entreguistas. Durante toda a campanha ele prometeu o que interessava à oligarquia financeira, aos fazendeiros, aos exportadores de café e a expressivos grupos da indústria de São Paulo (particularmente os estrangeiros), que o finaciaram e com os quais ele assumira todos compromissos. Apregoou as medidas recomendadas ao Brasil pelas autoridades de Washington e pelo FMI. A vitória de Quadros tranquilizou a equipe do John Kennedy, que se preparava pra ocupar a Casa Branca.»
Os fatos narrados por mim são
Os fatos narrados por mim são históricos. Portanto, eles não se referem ao “meu Jânio”. Se há algo histérico aqui é o “Jânio tal como você o descreve” ignorando os fatos inquestionáveis acerca das ações diplomáticas do ex-presidente.
Papo tendencioso
Esse Janio aí de cima é seu. Voce não narra coisa nenhuma.
Consultei ”Presença dos Estados Unidos no Brasil – Dois séculos de história”, paginas 402 e 403. Na época o Moniz era o Chefe da Seção Politica do Diario de Noticias no Rio de Janeiro.