Lição às manifestações é que a mídia, acima de tudo, é um negócio

Por Augusto Diniz

Aqueles que usam matérias e opiniões da grande imprensa para manifestar repúdio ao governo Dilma, sofreram baque neste último protesto. É que sua aliada maior foi mais ponderada, depois de abraçar as manifestações anteriores.

A grande lição é que a mídia, acima de tudo, é um negócio, como qualquer outro. Vendo que o que propagavam estava arruinando com seus próprios negócios, passou a encarar com mais parcimônia o “quanto pior, melhor”.

A lógica da mídia na busca pela sobrevivência é a mesma de qualquer grupo empresarial. Assim que é acionado o sinal amarelo, analisa de forma extenuante a melhor maneira de sair da situação crítica em que se encontra.

Foi o que a mídia tradicional, ainda capaz de sobreviver ao tsunami da internet, fez. Depois, procurou o governo, como é comum nessas situações no Brasil. A estratégia foi compor-se, trabalhar junto e tentar sair da crise de mãos dadas – ou pelo menos não ser culpada de negligente em meio ao caos.

Não há novidade nisso quando se observa o histórico de vários grupos econômicos no auge de sua crise em décadas recentes. No caso da mídia, a peculiaridade, é que o que estavam pregando não havia a menor condição hoje de se estabelecer: o afastamento da presidente da república ou ainda a realização de novas eleições.

Talvez agora os manifestantes anti-governo entendam que não basta ter uma causa. É preciso avaliar até que ponto ela influencia o sistema político-econômico.

A mídia é feita de um imenso cipoal de interesses mercadológicos imperceptíveis aos olhos de sua audiência. A visão mais clara disso é cobertura extensiva de jornais aos setores imobiliário e automobilístico, de revistas à indústria da saúde e das emissoras de televisão aos esportes de massa e ao mercado de bens de consumo.

A opção da grande imprensa a estes segmentos (e outros específicos) tem a ver com a possibilidade de gerar oportunidades que atraiam mais anunciantes, e que justificariam a entrada de recursos à mídia tradicional – e a explicação de sua própria sobrevivência.

É certo que foi feita a conta de quanto vale desestabilizar um governo e o retorno econômico disso. Na medida em que o quadro foi se tornando desfavorável de forma insolúvel, optou-se pela sobrevivência de um jeito menos perturbador à ordem.

O correto de uma imprensa responsável era ter se distanciado desse tipo de contabilidade e realizado o seu papel, da melhor maneira possível – e “vendido” a credibilidade como bem principal.

No entanto, como a interferência da grande imprensa no Estado é algo corriqueiro no Brasil, foi-se ao limite dessa promiscuidade, sem praticar as premissas de sua atividade.

Hoje, se o governo encontra-se esfacelado e a oposição sem possibilidade de avanço, a grande imprensa foi ao reencontro do que a fez emergir: tratar sua atividade como um negócio – porém, não se sabe até que ponto suas atitudes levianas nos últimos meses irão comprometê-la.

Redação

20 Comentários

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  1. Diga isso pro torquemada II, o Vampiro de Curitiba

    ……Talvez agora os manifestantes anti-governo entendam que não basta ter uma causa. É preciso avaliar até que ponto ela influencia o sistema político-econômico.,,,,,,,

    1. Não se esqueça da Itatiaia

      Não apenas o Estrago de Minas ainda está umbilicalmente ligado a Aécio, como também a rádio Itatiaia não larga o osso do garotão.

  2. Quem planta ventos… morre

    Quem planta ventos… morre na tempestade. Parte dessa imprensa sobreviverá. A Globo já deu sinais de que quer sobrevida, a Folha idem. Que Veja apodrecerá nos seus detritos está se configurando… E outras velharias mais

  3. RBS da família Sirostky continua no Golpe de forma mais radical

    No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os veículos da famigerada Rede Brasil Sul, de propriedade da família 

    Sirostky, continua defendendo o Golpe de forma radicalizada nas rádios, tvs e jornais.

    É necessário um estomago de aço.

     

  4. Acho que o efeito didático

    Acho que o efeito didático provocado é superior a qualquer coisa.

    O que se viu na rua é separação de joio e trigo.  A divulgação do que se viu faz refletir e o fato do movimento ter diminuido nos leva a crer que a ficha caiu para muitos. 

    Aécio mais uma vez marcou sua posição. Duvido que a grande maioria que votou nele concorde com as aberrações. 

    Lembremos que a maior parte do voto de Aécio foi de pessoas em duvida (centro/esquerda/ marina/ verde) sobre um candidato até então de certo modo desconhecido. Hoje os duvidosos o conhecem melhor. Hoje devem estar abismados.

    Não por outra 80 % estão contra a politica de Dilma e mesmo assim 70% contra o golpe. 

    Aécio sepultou seu futuro como presidente. Abriu caminho para Alkmin. 

  5. perfeito…

    mas acredito que a bronca e perseguição vão continuar atreladas ao fato do PT ter obrigado a grande mídia a deixar de ser predatória……………………..

    acontece o mesmo com essa parte da sociedade, parte que considero como sendo a elite do costplay, que se manifesta em causa própria, exatamente como a mídia faz agora

    ridículo este costplay verde e amarelo; esta vontade de se parecer com inimigos do povo

    bronca toda vem da mensagem que o PT traz desde que se fez governo:

    quer mais grana, poder e status? Vai trabalhar honestamente, cambada de vagabundos !!!

  6. impossível analisar, politicamente, esta palhaçada…

    pois a sociedade brasileira não é isso que se cria com selfies infantis

    realmente é negócio, mas o que acrescentam estes palhaços(as) que adoram produtos estrangeiros?

  7. reparem no seguinte…

    todos que mereceram destaque eram picaretas, trambiqueiros ou sonegadores

    acredito que foi exatamente isto que fez a nossa mídia cair na real

  8. tá bom………………………..já amanheceu, ô maluco!!!

    vai trabalhar peregrino

    tá bom……………………………….tem mel no café? se não tiver, não trabalho

    meu é bom pra pleura

  9. Conversa!
    Vamos falar sinceramente!
    Depois do encontro nao muito secreto e nao muito sabido do teor da conversa, os diretores da rede globo se assustaram com o Cunha.
    Dai e saber a extensao e calcular o prejuizo.
    E independente tb este grupo ficou sem bandeira, o Moro e a justica nao fix ou atuante na esquerda somente com Cunha e Renan, com o Aecio fritou uma, A justica perdeu a bandeira! A prisao do Othon e a construcao dos submarinos, relacionou a outra bandeira dos militares que saiu queimada para o bem e o mal. E por fim a saida pelo impedimento da Dilma pela politica e democratica, com os politicos, como Aecio, FHC, Cunha, Renan e o congresso em geral se tornou um tiro no peh, com retira Dilma e quem vai para o lugar?
    Todas as bandeira politicas foram queimadas e restou a economica com o ministro do Aecio e do PSDB matou a galinha de ovos de ouro da classe empresarial. A empreiteiras e construtoras ou seja ganhar dinheiro e negocios virou um inferno.
    Ficaram sem saida e bandeira.
    Agora eh criar um caso.
    So Dilma eh capaz!!!
    Qua! Qua! Qua!

  10. Tenho uma discordância básica

    Tenho uma discordância básica com este artigo, apesar deste site ter todo o meu respeito.

    Na situação atual do país, só chegaremos a estado menos energético através de um grande acordo nacional. Para este acordo é necessário um tema focal.

    Na opinião o Brasil  hoje em dia é um país hostil a negócios de qualquer espécie .

    – Temos uma burocracia infernal , ineficiente e com outras deficiências que prefiro não comentar. 

    – Temos um serviço público superdimendionado em certos setores e subdimensionado em outros setores, muitos deles fundamentais para um atendimento de mínima qualidade de nossa população.

    – Temos um judiciário moroso e com outras deficiências que prefiro também não comentar.

    –  Temos uma dualidade entre leis trabalhistas anacrônicas , mas que ainda são necessárias para “proteger” os trabalhadores de empresários com cabeça escravocrata.

    – Temos um ministério público que ganhou  e “louváveis” poderes e direitos com a Constituição de 1988, mas que não teve a devida cobrança e responsabilização sobre seus atos.

    – Temos órgãos ambientais , que esquecem que não existe nada mais antiecológico do que a pobreza.

    – Temos uma logística de país deprimente.

    – Temos governos de direita que tem odio do povo, ou governos de esquerda paetrnalistas, que só empurram com a barriga os problemas citados.

    E assim por diante. Tudo isto daí leva a um absurdo custo-país e uma hotilidade a negócios , que inviabiliza qualquer tentativa de um crescimento consistente.

    Acho portanto, que qualquer iniciativa no sentido de tentar resolver um mínimo dos problemas citados é bem vinda.

    Paro por aqui….

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  11. E os jornalistas militantes

    E os jornalistas militantes do Psdb, do Dem e partidos assemelhados estam irritados, hem? Nossa, o Merval fez uns artigos com o fígado a semana passada (falou do sindicato de ladrões, usando as mesmas palavras do Gilmar Mendes no TSE) e ontem era vísivel o mal estar da santa Cristiana Lobo, uma cobra com voz suave sempre com  a destilar veneno e suas amigas de bancada. Gerson Camarotti parecia ser o mais conformado com a NOG – Nova Ordem Global.

    Não é divertido?

    Lamento, mas aquela gente que estava nas ruas não aprende lição nenhuma. São analfabetos políticos e truculentos demais. Aquelas fotos de umas “velhas” carregando cartazes dizendo que Dilma tinha que ter sido assassinada no Doi Codi ou perguntando por que não foram todos mortos no Doi Codi são repulsivas. E defender o Cunha corrupto porque ele pode caçar a Dilma mostra os valores morais desses manifestantes. Um bando de cretinos, velhos amargos e mal resolvidos, e idiotas mesmo.

    1. É isso aí, Vera.

      Os coxinhas que marcharam ontem na Paulista são em sua esmagadora maioria um bando de analfabetos políticos. É gente que foi formada pela escola política da classe média (leia-se PIG). São filhos e netos de gente conservadora e preconceituosa. Sei disso porque a minha família é assim. Não conseguem enxergar um palmo diante do nariz sem a ajuda da veja, FSP, Globo e que tais. É impossível entabular uma conversa politica minimamente razoável, pois são impermeáveis a qualquer argumentação.

  12. Caro Nassif e demais
    Acredito

    Caro Nassif e demais

    Acredito que Dilma está num governo gangorra.

    Apesar das conquistas sociais, os menos de 1% ganharam horrores.

    Mas os dois lados se esgotaram.

    Para o povo ganhar mais, há que se avançar no governo, mas a eleição mostrou o contrário com deputados e senadores; para os menos de 1% ganhar mais, há que se tirar o governo.

    E ambos precisam do aparelho do Estado.

    A luta se acirrará mais.

    Saudações

     

     

     

  13. Analfabetismo funcional

      Mais de 70% da população brasileira é analfabeta funcional, incluso os que se acham de nivel superior, mas que se informam apenas pela midia tradicional, piorando bastante, com os que se consideram “bem informados” por que acessam as “redes sociais”.

       Ninguem em sã consciência, com mais de 4 neuronios, tem o direito de ser  néscio, bocó, obnubilado, para crer que a midia, qualquer uma delas, seja apenas algo informativo, de interesse social, É e sempre foi um negócio, como qualquer outro, que tem seus interesses, e seus funcionários ( jornalistas e assemelhados), produzem o que o “Patrão” manda – ou RUA .

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