Lulismo e antilulismo: as duas forças em disputa na pesquisa Datafolha, por Sérgio Saraiva

por Sérgio Saraiva

Aparentemente, o eleitorado fez uma separação entre petismo e lulismo. Desprezou o primeiro e abraçou o segundo.

As eleições de outubro 2016 para prefeito mostraram um cenário de terra arrasada para o PT. A pesquisa Datafolha de dezembro de 2016, com as intenções de voto para presidente, mostra que o lulismo ainda é a grande força política nacional.

A pesquisa mostra também um cenário de polarização continuada, agora lulismo e antilulismo.

Basta notar que Lula mantém um percentual em torno de 25% das intenções de voto em qualquer cenário. Esse é o lulismo. Seus adversários mais próximos são do PSDB e Marina Silva. Esse é o antilulismo.

Marina Silva pode ser perfilada como associada ao antilulismo. Isso fica demonstrado quando se troca os candidatos do PSDB. Aécio é o melhor colocado entre os peessedebistas. Quando ele sai de cena, Marina herda seus votos.

Agora, nada demonstra tão bem essa característica do eleitorado – lulismo versus antilulismo – quanto a introdução do nome de Sergio Moro. Moro toma votos de todos candidatos do PSDB e de Marina Silva e empata com ela no segundo posto.

Uma péssima notícia para o PSDB, o antilulismo começa a se deslocar desse partido para outras figuras que melhor o representem. Em todos os cenários pesquisados pelo Datafolha, o PSDB está fora do segundo turno das eleições. No cenário com José Serra como candidato, empata com Bolsonaro.

Outra informação relevante é a de que em todos os cenários, no primeiro turno e no segundo turno, Lula cresce e seus adversários caem quando comparados com os resultados das pesquisas anteriores.

As curvas de Lula e de seus adversários, mesmo Marina Silva, são opostas. A curva de Lula é ascendente e a dos adversários descendente.

 

Isso significa que Lula reverteu a situação de março de 2016 quando era dado como fora de combate pois, estando em terceiro lugar, a disputa ficaria entre Marina Silva e Aécio Neves.

Porém, Lula se aproximará mais ou mesmo passará Marina Silva na próxima pesquisa? Será necessário aguardar a próxima pesquisa, mas tendências não devem ser desprezadas.

A segunda força política identificada pela pesquisa Datafolha é o “branco/nulo e não sabe”, em empate técnico com Lula, soma regularmente 26% do eleitorado.

Em um ambiente polarizado, esse é o campo de batalha dos dois lados em disputa – lulismo e antilulismo.

PS: a Oficina de Concertos Gerais e Poesia mantém em atividade seu departamento de manutenção de curvas normais.

Redação

6 Comentários

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  1. Vixe! Para o psdb chegar ao

    Vixe! Para o psdb chegar ao poder terá que ´ímpichar´o novo presidente, seja Lula, o vencedor mais provável, ou marina que não aguenta uma semana de exposição/investigação.

  2. A credibilidade foi pro espaço

    Apesar de todo o linchamento midiático e da perseguição da Lava Jato, Lula continua sendo o preferido para presidente da república. Esse expressivo triúnfo na pesquisa sugere outra leitura. Essa preferência deixa claro que a credibilidade do Judiciário (e em especial da Lava Jato) e da mídia em geral foi pro espaço. Independente de se apreciar ou não Lula (eu o admiro), pela idade e pelo desgaste enfrentado após deixar de ser presidente, não o vejo com condições físicas para voltar ao Planalto . De qualquer maneira, é triste viver em uma nação onde se perde a fé na Justiça e em boa parte da imprensa.

  3. Efeitos claros.

    Os gráficos demonstram claramente dois lados da mesma moeda, o efeito deletério da atuação das tabelinhas em parceria abjeta entre Judiciário X Globo/Mossack-Fonseca na produção de calúnias contra tudo que se possa relacionar ao grande brasileiro, Luiz Inácio. 

    De um lado mostram a radicalização da polarização que não é política, mas, de negação da política porque o anti lula vota em qualquer coisa que seja colocada na disputa. Esse eleitorado não é a favor de nada. Eh contra o estereótipo que a parceria judiciário midiática criou sobre o homem.

     

    Do outro lado vem o efeito da alienação. O eleitor que, bombardeado durante décadas pelas repetidoras da Globo/Mossack-Fonseca em campanha incansável de difamação da atividade política, deixa de acreditar na sua única esperança de representação frente ao poder econômico que o devora.

    “A segunda força política identificada pela pesquisa Datafolha é o “branco/nulo e não sabe”, em empate técnico com Lula, soma regularmente 26% do eleitorado.”

     

    – Esse é o  principal efeito comprobatório da eficiência da campanha de difamação empreendida pela parceria criminosa em form de PPP, Parceria Público – Privada, onde o Público, o agente do judiciário se corrompe e une-se às quadrilhas de empresários Privados corruptos (FORMAÇÃO DE QUADRILHA?), controladores de concessões Públicas de canais do espectro eletromagnético de comunicação na luta pela difamação e extermínio da atividade política. O caminho para levar a população a aceitar um lider messiânico que a Globo/Mossack-Fonseca apresentará como herói impoluto na telinha da Venus Platinada. Delenda Globo/Mossack-Fonseca!!!

     

  4. Principal conclusão da pesquisa: o datafolha é dos tucanos

    Engraçado que nunca se fala que os 4 cenários das pesquisas só variam os candidatos tucanos… Quer dizer, é uma pesquisa para os candidatos do PSDB!

    De resto nenhuma novidade (aliás, nem isso é novidade)…

  5. A crise é do sistema mas a culpa é da Dilma

    Os Coxinhas Jatomoristas que foram às ruas clamar pelo golpe, agora choram o leite derramado:

    “O impeachment de Dilma Rousseff não encerrou a crise política. Apenas abriu o processo que estamos vivendo. Muitos, ingenuamente, imaginaram que o espírito de 1992 – quando do processo de impeachment de Fernando Collor – estava se repetindo em 2016.

    Não compreenderam que as contradições estão de tal forma acirradas que uma mera substituição de presidente não altera, por si só, o panorama político. Isso não significa diminuir a importância da derrota do projeto criminoso de poder. Não custa imaginar se Dilma ainda estivesse na Presidência em meio ao agravamento da crise econômica, que foi produzida por ela. Pior ainda, se, ao mesmo tempo, Lula ocupasse a Casa Civil. O que seria do Brasil?

    A questão é que o bloco que ascendeu ao poder não entendeu que o impeachment foi produto da maior mobilização da sociedade civil da nossa História, e não do Parlamento. Supôs que o desejo das ruas fosse a mera substituição dos ocupantes das cadeiras da Presidência da República e dos ministérios. Erro crasso. No que Geddel Vieira Lima difere de Jaques Wagner? Milhões foram às ruas para isso?” – Marco Antonio Villa, Historiador

    http://noblat.oglobo.globo.com/geral/noticia/2016/12/crise-e-do-sistema.html

    Milhões de Coxinhas foram às ruas para pedir que se colocasse o bode Temer na sala. Agora querem tirar o bode. Para os Coxinhas, a crise é do sistema, mas a culpa é da Dilma

  6. A impressionante recuperação

    A impressionante recuperação política de Lula infelizmente se transforma em desfavor para ele. Tão certo como dois mais dois são quatro como o Juízo de Curitiba o condenará. Lula é uma condenação anunciada. Talvez se livre apenas do encarceramento. Acho que isso está ficando bem claro. Agora mesmo arrumaram mais dois indiciamentos. É a tal da LAWFARE a todo vapor. 

    Fica em aberto a possibilidade de uma eventual retificação pela segunda instância e mesmo assim se for tempestiva. Pena que a experiência nessa seara nos deixa pessimistas. Nada nem ninguém quer peitar o “queridinho” dos paneleiros e “revoltados” em geral. 

    Acode-me agora a lembrança de que critiquei a defesa do Lula lá atrás porque denunciara à ONU as ilegalidades que contaminam esses processos abertos contra o ex-presidente. Achava que primeiro deveriam ser esgotadas as possibilidades internas, decerto uma ingenuidade vergonhosa para um homem com 61 anos e com nível de discernimento razoável. 

    Assiste-se uma das mais vis perseguições política e PESSOAL contra um cidadão que a priori já foi condenado se buscando apenas de forma desesperada as motivações. Uma página vergonhosa da nossa história. 

     

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