Maconha – a legalização compensa?, por Matê da Luz

Pauta atual em diferentes veículos e assuntada por diversas pessoas, a legalização da maconha, na minha opinião, mostra que a gente ainda é extremamente binário.

Ou é boa ou é ruim – e não é bem assim que (quase) nenhuma banda toca. 

O pessoal da saúde fortalece o coro que apresenta os danos para a saúde, especialmente a psíquica, fator que deve sim ser levado em consideração: da taxa de produtividade ao indíce de suicídios, depressão, ansiedade e outros transtornos intereferem num mundo que não é tão individual assim. Pelo que entendo, esta categoria diz não aos movimentos propostos pela ala da legalização.

Especialistas em segurança questionam aquele ponto bastante forte que diz que, legalizada, a maconha deixará de alimentar o tráfico e isso tem uma relevância enorme, acredito piamente na força deste argumento. Além disso, ressaltam, a base da pirâmide que sustenta o tráfico hoje em dia, no Brasil, é muito mais amparada pelo universitário que quer fumar o seu do que pela própria cocaína, embora apareçam em porcentagem bastante próxima (infeliz dado, desculpe, precisava lamentar). Estas pessoas, ao meu ver, são aquelas que defendem e dizem sim à legalização. 

E tem os usuários, as famílias dos usuários, os professores dos usuários e tem quem apenas tem uma opinião. Como tenho uma filha de 16 anos e tento ser bastante realista sobre o contexto que me cerca, prefiro não me encaixar em determinada categoria. Apenas registro e abro aqui a discussão, até para me informar melhor: sou um tanto quanto cética em relação ao uso, visto que, particularmente, a maconha fomentou uma insegurança que já existia na minha psiquê e, embora tenha sido simples abrir mão do fuminho, precisei chegar numa síndrome do pânico insistente – chegava a ir toda semana para o hospital achando que estava morrendo – e acho que ninguém merece ou precisa passar por isso, de fato.

Embora a questão da segurança pública e do alegado controle ao tráfico ser um fator absurdamente forte pra mim, porque é claro que eu sonho com um mundo onde as crianças menos favorecidas sejam coaptadas pelos estudos e pela esperança do que pelo tráfico de drogas, ainda tenho uma enorme lacuna em relação a uma perguntinha só: como serão as ações para conter o crescimento do tráfico das outras drogas, visto que o sistema especializado em distribuição, vendas etc não vai simplesmente “cortar um setor”? (imagino os chefões conversando: “ah, legalizaram a maconha. você, você e você, podem voltar pra escola porque acabou a venda das parangas de fumo, não tem mais trabalho por aqui”- isso não vai acontecer, compreende?). Procurei dados sobre este cenário nos países que têm a droga legalizada e não encontrei.

A legalização, afinal de contas, compensa? 

 

Mariana A. Nassif

14 Comentários

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  1. É o mesmo questionamento que

    É o mesmo questionamento que tenho. A legalização da maconha desestimula o trafico de maconha, obviamente, mas não me entra na cabeça que o crime organizado vá voltar para casa e dormir. Acredito ate que fique ainda mais violênto com exploração de outrras drogas, jogo e prostituição e a especialização e estreitamento do “mercado”. 

    Por isso não vejo relação entre legalização da maconha e fim de violência.  

    A campanha de legalização que junta as duas coisas me parece falsa. Falam muito de Portugal como exemplo e o que tenho visto é que a legalização por lá tem criado mais problemas que solução. 

     

     

     

     

     

    1. Mas nenhum tráfico é tão

      Mas nenhum tráfico é tão rentável quanto o de drogas. Medida as proporções, seria como se pegasse a Coca Cola e a proíbisse de fazer o refrigerante, podendo fazer outros derivados (sei lá o que ela faz), roupas, etc. Iria dar uma balançada no caixa da empresa. No caso do tráfico, teriam menos dinheiiro para “comprar” e “contratar”.   

    2. Não é verdade.

      Não é verdade. Os resultados em Portugal foram fantásticos, com redução do uso entre os mais jovens, como ponderou o ministro Barroso no seu voto histórico. Quem ainda tem alguma dúvida, deveria ler o voto supracitado. Claro que a descriminalizaçao da maconha não vai extinguir o tráfico de drogas, mas os usuários poderão comprar numa farmácia ou plantar em casa, sem o contato com o traficante, que fatalmente te daria acesso a cocaína e outras drogas mais pesadas. E por quê o traficante empurraria as outras drogas? Porque elas são mais lucrativas, visto que o grama da substância é mais cara. Maconha não dá muito lucro, comparada com as outras. Confira os resultados de Portugal e Uruguai.

      “Dez anos após a descriminalização do consumo de drogas em Portugal, o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), João Goulão, faz um balanço “muito positivo” da lei em vigor desde 1 de Julho de 2001.”

      http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1837101

      “Uruguai: após regulação da maconha, mortes por tráfico chegam a zero”

      http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/06/uruguai-apos-regulacao-da-maconha-mortes-por-trafico-chegam-zero/

       

  2. A humanidade busca, produz e consome drogas

    Desde que o mundo é mundo e o tempo, tempo…

    As proibições não avançam nessa história muito mais que duzentos anos.

    Compensou?

  3. Quando vejo notícias sobre a

    Quando vejo notícias sobre a legalização da maconha, a imagem que me ocorre são de artistas, músicos e de pessoas criativas, com capacidade de contestar o mofo de nossa cultura, tal como a geração hippie tirou a adolescencia do terno e gravata pretos lá nos anos 60.

    Passa-se a idéia do fim do caixa 2 do tráfico.

    Será isso?

  4. São realidades distintas,

    mas vamos perguntar aos uruguaios como está sendo a experiência deles. Pelo menso teremos uma ideia do que acontece quando se legaliza a distribuição e consumo da mari.

  5. Eu vejo bebados, inveterados,

    Eu vejo bebados, inveterados, pregando contra outras dogras que não a sua.

    Quem dá mais problema social: o bebado ou o maconheiro?

    Quem se torna mais violento?

    Quem se torna mais patológico quanto a depressão, relação afetiva…….

    Deveriam liberar a maconha e proibir o alcool? Não deveriam liberar as drogas ou não, mas não ser seletivo conforma suas necesidades.

    Nunca ouvi: aquele maconheiro bateu na mulher….

    Já ouvi várias vezes: aquele bebado bateu na mulher….

    mas se o bebado usou maconha?

    mas se o maconheiro bebeu?

    Voce prefere conviver com alguem que só bebe  ou com alguem que só fuma maconha? O bom julagador por si julga os outros…………

  6. Todo mundo usa

    Nas ruas, nos campos de futebl, nos parques, nos clubes e nas festas, o cheirinho da erva está sempre presente. Liberando vai tem gente ganhando dibheiro honestamente plantando, o governo cobrando os impostos e os consumidores abandonando os traficantes e os achacadores da polícia.

  7. Ex-senador americano aposta que sim
    Aos 85 anos, ex-senador americano aposta no mercado de produtos à base de maconha Fabíola Ortiz De Nova York para a BBC Brasil  Empresa de ex-senador democrata fabrica cosméticos outros produtos à base de cannabis sativa Aos 85 anos de idade, o ex-senador americano e veterano de guerra Maurice Robert Gravel decidiu apostar num comércio que promete ser lucrativo: a fabricação de produtos de uso recreativo e terapêutico feitos à base de cannabis sativa, a maconha. Mike Gravel, como é mais conhecido, já aspirou a uma candidatura às eleições americanas pelo partido Democrata, em 2008, após ser senador pelo estado do Alasca nos anos de 1969 e 1981. Nascido na cidade de Springfield, em Massachusetts, e filho de pais canadenses francófonos, Gravel tem, no mínimo, uma trajetória curiosa: de veterano de guerra do exército americano a defensor de ideias polêmicas como a descriminalização das drogas, o casamento gay, o direito ao aborto e um programa de trabalho temporário para imigrantes indocumentados até que sejam naturalizados. No Congresso, lutou ainda pela publicação de documentos do Pentágono sobre a guerra do Vietnã. Hoje, longe do Senado e sem aspiração a lançar qualquer candidatura política, ele dirige uma empresa especializada em desenvolver e comercializar produtos médicos e de uso recreativo feitos de maconha. “Penso que todas as drogas devem ser descriminalizadas e reguladas. Não faço nenhuma distinção entre drogas leves e pesadas. Legalizar a cannabis, na minha opinião, seria o primeiro passo para se regular devidamente este mercado”, argumenta. O ex-senador conversou com a BBC Brasil em Nova York, após um bate-papo com jornalistas estrangeiros na sede da Associação de Correspondentes das Nações Unidas (UNCA). Leia mais …  

  8. Os resultados em Portugal

    Os resultados em Portugal foram fantásticos, com redução do uso entre os mais jovens, como ponderou o ministro Barroso no seu voto histórico. Quem ainda tem alguma dúvida, deveria ler o voto supracitado. Claro que a descriminalizaçao da maconha não vai extinguir o tráfico de drogas, mas os usuários poderão comprar numa farmácia ou plantar em casa, sem o contato com o traficante, que fatalmente te daria acesso a cocaína e outras drogas mais pesadas. E por quê o traficante empurraria as outras drogas? Porque elas são mais lucrativas, visto que o grama da substância é mais cara. Maconha não dá muito lucro, comparada com as outras. Confira os resultados de Portugal e Uruguai.

    “Dez anos após a descriminalização do consumo de drogas em Portugal, o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), João Goulão, faz um balanço “muito positivo” da lei em vigor desde 1 de Julho de 2001.”

    http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1837101

    “Uruguai: após regulação da maconha, mortes por tráfico chegam a zero”

    http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/06/uruguai-apos-regulacao-da-maconha-mortes-por-trafico-chegam-zero/

     

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