Mitos e verdades sobre a crise do Rio, por Mauro Osorio e Maria Helena Versiani

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Artigo de Mauro Osório e Maria Helena Versiani no jornal O Globo faz uma análise da situação do Rio e do Espírito Santo. Os números não são bonitos quando comparados com outros estados, seja em perda ou ganhos. Segundo os autores, e baseados em estudo de José Roberto Afonso, a crise nesses estados decorrem de fatores outros, principalmente na falta de estratégias consistentes de fomento ao desenvolvimento e atuação política. 

 
Leia o artigo a seguir.
 
de O Globo
 
Mitos e verdades sobre a crise do Rio
 
Estudo de José Roberto Afonso mostra que Espírito Santo e Rio estão entre os que menos gastam proporcionalmente com pessoal ativo do Poder Executivo
 
por Mauro Osorio e Maria Helena Versiani
   
Desde a crise econômica no país, iniciada em 2015, o Estado do Rio de Janeiro sofreu particularmente.
 
Os números assustam. Por exemplo, apesar de São Paulo ter o triplo de empregos com carteira assinada, no setor de serviços o Rio perdeu, entre janeiro de 2015 e novembro de 2017, 196.215 empregos — contra uma redução em São Paulo de 118.203, segundo o Ministério do Trabalho. No conjunto das atividades, o Estado do Rio perdeu mais de meio milhão de empregos desde janeiro de 2015.
 
Em 2017, até novembro, enquanto no Brasil foram gerados 299.635 novos empregos com carteira assinada, no Estado do Rio ocorreu a perda de 78.950 vagas.
 
Por que será?
 
Alguns afirmam que o Rio viveu um boom econômico mal aproveitado, a partir de meados dos anos 2000. No entanto, entre 2006 e 2016, enquanto, no Estado do Rio, o total da receita corrente líquida cresceu, descontada a inflação, 6,4%, esse crescimento foi de 37,4% na média dos estados, de acordo com o Ministério da Fazenda.
 
Outros afirmam que a crise ocorreu pela ampliação de gasto com servidores públicos ativos. Novamente, os dados não confirmam. Apesar das diversas contratações ocorridas no Rio, na área de Segurança Pública, com a implantação das UPPs, entre 2006 e 2016 ocorreu uma queda de 0,5% no total de servidores públicos estaduais.
 
De fato, houve aumentos salariais, e a organização de planos de carreira para algumas categorias, em 2014. No entanto, estudo do economista José Roberto Afonso mostra que os estados do Espírito Santo e do Rio estão entre os que menos gastam proporcionalmente com pessoal ativo do Poder Executivo.
 
Diz-se também que a culpa da crise seria a concessão de incentivos fiscais, que impactaria negativamente a receita de ICMS e, por conseguinte, o total da receita estadual. Porém, dados do Ministério da Fazenda mostram que a receita de ICMS, entre 2006 e 2016, cresceu bem acima do total da receita estadual. Portanto, ao invés de prejudicar a receita total do estado, dinamizou-a.
 
A crise específica do Estado do Rio deriva de longa decadência econômica que é fruto: da transferência da capital para Brasília; da carência de reflexão e de estratégias consistentes de fomento ao desenvolvimento socioeconômico regional; da lógica política hegemônica que se instaura com as cassações no Rio, à esquerda e à direita, a partir do golpe de 64, que permitiram o surgimento do chaguismo, na cidade e, após a fusão em 1975, no estado, deixando heranças até os dias atuais.
 
Esse conjunto de fatores fragiliza o estado, que entra na crise econômica iniciada em 2015 de forma mais vulnerável. Além disso, o Rio foi atingido também com particularidade pela queda das receitas de royalties, de R$ 12 bilhões em 2013 para R$ 4 bilhões em 2016, e pelo fato de estar no epicentro da crise que atingiu as empresas de petróleo e algumas empreiteiras com sede no estado.
 
Para superação sustentável da crise no Rio, é indispensável ampliar o debate sobre as suas causas e possíveis saídas.
 
Mauro Osorio é professor da UFRJ, e Maria Helena Versiani é historiadora
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Hum, tá.

    Esse discurso me faz lembrar aquela do Joãzinho, quando a mãe disse a ele que o vizinho reclamou de o Joãozinho ter quebrado uma vidraça na casa dele, vizinho:

    “Não é  culpa minha mãe, foi um acidente: eu estava limpando o meu estilingue, quando ele disparou.”

    Que contem outra.

  2. Cronologicamente:

    Transferência da capital -1960;

    Cassações – 1966 / 1969;

    Fusão – 1975;

    Redemocratização – 1985;

    Plano Real – 1994.

    O carioca que nasceu na época da mudança da capital, hoje deve estar na bica de se aposentar, ou seja, teve todo o tempo do mundo para mudar sua região.

    O plano real já está com 24 anos de idade.

    Então não havia tempo para mudanças ? O que então os políticos daquele balneário andaram fazendo ?

    Há outras regiões que no mesmo intervalo saíram, entraram e saíram novamente de várias crises.

    Contem outra.

     

     

  3. o texto …
    O texto não elucida nada ! Eu teria mais a dizer que os professores, o mais interessante é que a maioria dos conteúdos de debates polêmicos são escritos por historiador quando deveria ser de profissional mãos específico, certa vez assisti uma reportagem da band sobre mata ciliar de rios serem um entrave no combate ao aegecypt e quem informava sobre o assunto era um historiador, a intenção era clara, questionar o código Florestal, porem, mesmo seu não sendo botânico percebi a falha na argumentação, estavam reclamando de uma planta que na realidade é fruto da poluição, se os rios não estivessem poluídos, a tal planta não existiria e a questão levantada não yeria sentido de existir, logo a reportagem deveria estar relatando o problema da poluição e não de ter que garantir a sobrevivência da Mata ciliar, porém, o historiador passou a mensagem errada.

  4. Lava a jato, lava a jato,

    Lava a jato, lava a jato, lava a jato…..mil vezes. E ainda não consegui enxergar a corrupão do Cabral.

    Joias para mulher por mais luxuosas, rubis, ouro, esmeralda, é merreca perto do que se perde com o desmantelamento da cadeia de petróleo e gás, principamente indústria naval e claro construção cívil. A comparação é ridicula

    Os badulaques chiques de dona Adriana Cabral é gota no oceano. É simples questão de aritimética

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