Mudanças no Planalto podem fortalecer Mourão e esvaziar Onyx, por Helena Chagas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Por Helena Chagas

Em Os Divergentes

Devem-se muito mais à falta de traquejo demonstrada pelo deputado Onyx Lorenzoni com os assuntos administrativos do governo na transição do que a um súbito ganho de prestígio do vice Hamilton Mourão as ideias que hoje passam na cabeça de Jair Bolsonaro e seu núcleo mais chegado de dividir as atribuições da Casa Civil, passando a coordenação das ações do governo para o vice. Lorenzoni ficaria com a articulação política, num novo formato do Palácio do Planalto.
 
Políticos aliados de Bolsonaro acham a jogada muito arriscada. Afinal, estão na Casa Civil os funcionários e os departamentos técnicos habilitados a fiscalizar os diversos programas de governo e o desempenho dos ministérios e outros órgãos da máquina administrativa. Retirá-los do organograma, passando-os para a estrutura da vice, resultaria num brutal esvaziamento de seu titular – que, mal ou bem, tem atribuições legais como a de examinar todos os atos do presidente da República antes de serem assinados, incluindo aí medidas provisórias, vetos, decretos, etc.
 
Do ponto de vista administrativo, o ministro chefe da Casa Civil é o anteparo do presidente da República, o sujeito onde tudo bate no Planalto, aquele que amarra o guizo no pescoço de todos os gatos, incluisve ministros que não estão tendo um desempenho a contento. É o capitão do time, como disse certa vez o então presidente Lula a respeito do seu chefe da Casa Civil da ocasião, José Dirceu.
 
O general Mourão será o capitão? É esquisita essa hipótese, que pressupõe que ele tenha, de um dia para o outro, dado demonstrações de lealdade suficientes para conquistar a confiança integral do presidente eleito – que chegou a dizer que tinha pouca convivência com seu vice quando ele cometeu gafes como a de pregar a elaboração de uma nova Constituição sem constituinte e cha ou o 13o salário de jabuticaba.
 
Tudo indica que Bolsonaro está numa sinuca em relação à divisão de poderes no Planalto. Politicos aliados e outros auxiliares já o informaram sobre as críticas à atuação de Lorenzoni na transição, mostrando desconhecimento das ações e problemas governamentais. Na verdade, o deputado tem perfil político, e o cargo que lhe caberia como uma luva seria o de ministro chefe da Secretaria da Relações Institucionais, posto extinto, responsável pelas relações com o Congresso e o Judiciário.
 
O problema é que agora Bolsonaro já anunciou Lorenzoni para a poderosíssima Casa Civil, e qualquer recuo nisso seria um constrangimento para o deputado – que, afinal, é um leal aliado de primeira hora do presidente e não mereceria tal desfeita.
 
O esvaziamento do cargo foi a solução encontrada, mas também não há segurança em relação à atuação de Mourão nessas funções. O outro auxiliar que teria perfil para coordenar o governo, o general Augusto Heleno, já está na segunda nomeação, pois começou na Defesa e migrou para o GSI quando, em boa hora, Bolsonaro percebeu que vai precisar dele no Planalto.
 
Ainda restam seis semanas para a posse. Na base de apoio de Bolsonaro, tem gente convencida de que alguma coisa ainda pode mudar.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. O vice não apita em nada mas atrapalha muito

    O governo dos Trapalhões. Bolsonaro é o Didi Mocó Sonrisal. Onyx Lorenzoni é o Dedé. $érgio Moro é o Zacarias e o Hélio Negão, digo, General Mourão é o Mussum.

    1. Não pega

      Acho que nenhum dos quatro trapalhões possuem muitas semelhanças com esse governo. Menos ainda o adoravel Zacarias com o fascista Sergio Moro. Eles não são trapalhões, são ruins mesmo. Em todo o sentido da palavra. 

  2. Haverá facada salvadora ?

    Renan Calheiros é uma felpuda raposa política e tem percepção política aguçada (sabe pra onde o vento sopra).

    Pois é… Renan previu que o governo Bolsonaro acaba em 6 meses. 

    Será ?

  3. Muita poeira para acentar ainda

    Não dá para cravar se a divisão dos ministérios está certa ou não.

    Mas o que vale não é o literal é o prático. 

    Tanto o Mourão como o Onyx são prá lá de inteligêntes e aprendem rápido, 6 semanas na pauleira de Brasília ensinam muita coisa. 

    1. A longa caminhada política de
      A longa caminhada política de Ônix Lourezone,na qual sempre debateu e defendeu ideologias coerentes as necessidade do país,para mim trás uma nova futura segurança para o ministério da qual move as maiores causas da nação,um cargo de muita responsabilidade, mas capacidade creio que Ônix tem.

  4. Especulações.
    A mídia vive de vender especulações. E tem otário que gasta tempo lendo essas merdas como eu. Não sabem de nada. Sentem um cheiro, vêem um borrão, e inventam uma história em cima pra vender pra quem não vê bem cheiro nem borrão mas gosta de se enganar. Não sei porque eu ainda de vez em quando ainda sou um desses que perde tempo interessado em especulações. Acho que estou precisando de uma história pra minha vida onde eu seja o protagonista em vez de um otário espectador de histórias inventadas pra vender das quais não faço parte…

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