Na frente de combate, por Janio de Freitas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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da Folha

Na frente de combate, por Janio de Freitas

Nada é mais relevante na política do que os gestos de Gilberto Kassab para concretizar a criação do PL

Nada é mais relevante na política brasileira, desde a noite de domingo, do que os gestos de Gilberto Kassab para concretizar a criação do PL que ele pretende incorporar ao seu PSD, para formar um numeroso partido governista. Logo, nenhum político é hoje mais valioso do que o próprio Kassab, agora portador de um potencial que nem o governo tem, para alterar o panorama político resultante da presidência de Eduardo Cunha na Câmara.

Kassab, ministro das Cidades como retribuição ao peso já alcançado pelo PSD, é muito discreto (também) sobre a evolução da atividade para criar o PL, atitude inversa à de Marina Silva em sua frustrada tentativa de criar a Rede. Em fins de janeiro, informou-se que a coleta de assinaturas de eleitores entraria na fase final. Mas, no caso do PL, o importante não é isso. É, sim, o número de adesões ao novo partido prometidas por deputados. E sobre tais conversas há raras e vagas especulações, mas não é crível que Kassab interrompesse seus êxitos com uma aventura mal calculada.

No afã de acentuar a derrota de Dilma Rousseff na Câmara, os comentários em geral esqueceram que no Senado o esforço oposicionista do senador Aécio Neves também sofreu derrota expressiva. Não só pela desvantagem numérica. Ficou demonstrado que o governo conta com uma bancada leal e predominante no Senado. Já é uma limitação, que vai passando despercebida, à força decisória das esperadas infidelidades da bancada governista na Câmara, quando de decisões parlamentares de interesse do governo.

E resta saber que PMDB vai emergir, para os seus novos mandatos e para as eleições, desse partido que dá o vice-presidente, integra a bancada governista e tem cargos ministeriais, mas impulsiona a Câmara contra o governo; na Câmara é um e no Senado é o seu oposto; e quer mais cargos no governo a que seus deputados confrontam e derrotam. Partido, portanto, sem linha política, sem comando e fragmentado.

É provável que esse PMDB só assuma fisionomia mais nítida quando o Orçamento da União para 2015, ainda por ser votado, permita a destinação das verbas orçamentárias, pelos ministérios, e outras por decisão da Presidência. Mesmo que não sejam verbas individualizadas dos deputados, por inserção de cada um no Orçamento, as liberações destinadas a Estados e municípios interessam aos parlamentares. E, mais ambicionadas que todas, há aquelas com a rubrica do parlamentar.

Verbas: armas poderosíssimas dos governos. A elas o fisiológico PMDB não tem resistido, há décadas. A rigor, sua razão de ser tem sido apenas a de obtê-las, saídas do Tesouro Nacional ou vindas de cargos para isso mesmo ocupados pelo partido no governo. A fome peemedebista de verbas e a dieta que o governo imponha vão influir para o que o PMDB vier a ser. Ou seja, para o grau e a forma que o poder complicador de Eduardo Cunha e seus seguidores poderá assumir. Caso o PL tarde mais do que o previsto ou se pareça mais com Marina do que com Kassab.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

22 Comentários

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  1. Janio escorrega feio, esse

    Janio escorrega feio, esse jogo não vai mudar coisa alguma, aliás pode ser barrado por projeto de lei que veda a fusão de partido de que tenha menos de cinco anos de existencia, já em rapida tramutação na Camara.

    Truquezinho de 5ª categoria, um partido só de trairas não tem o condão de mudar a complexidade da cena politica nacional. Kassab é politico municipal, de onde Janio tirou que   “Nada é mais relevante””, faça-me o favor.

    1. Kassab político municipal?

      Kassab político municipal? Era o que se poderia dizer antes do êxito da criação do PSD. Mas agora, e ainda com o Min. das Cidades nas mãos? 

    2. Kassab é um político

      Kassab é um político municipal(nem é preciso aprofundar que o município em questão é a cidade de São Paulo, “apenas” o quinto maior colégio eleitoral do país, fica atrás dos estados de SP, MG, RJ e BA, e enclave chave para a decisão de eleições no maior colégio eleitoral do Braisl, o estado de SP)assim como Alckmin é um político municipal, que construiu sua estrutura de poder em SP através da política clientelista com os prefeitos paulistas, o que Kassab agora pretende executar de maneira turbinada, por meio do Ministério das Cidades(ministério municipal?).

      Basta um conhecimento superficial da história brasileira para saber que a base do poder político nacional sempre esteve nos municípios, ente federado segundo a CF 88. O Estado de SP, maior colégio eleitoral do país, é um exmeplo disso. Sempre foi comandado por esses políticos “municipais”. Basta ver os caciques que dominaram o Estado nas últimas décadas: Quércia, político “municipal” de Pedrugulhos, se catapultou do município de Cmapinas para o controle do Estado; Covas, que teve a habilidade de identificar as qualidades de Alckmin, o mais poderoso “político municipal” da atualidade, responsável pela construção da estrutura de poder do PSDB no interior do estado(via entendimentos com prefeitos); por fim, Kassab, responsável pela única derrota de Alckmin no estado, nas eleições municipais para a capital. Ou Motta Araújo imagina que os votos foram conseguidos pelo Serra, o “político federal”?

      Após a surra que Serra levou de Alckmin na indicação para a presidência, na qual Alckmin ameaçou mobilizar sua rede de “políticos municipais” no interior de SP para garantir sua indciação, Serra soube que precisaria recorrer a outros “político municipal” para enfrentar Alckmin, o que encontrou no talentoso Gilberto Kassab, repetindo: responsável pela única derrota de Alckmin no estado de SP.

      Motta Araújo também parece ignorar que, em jogada anterior, Kassab simplesmente destruiu o PFL, outrora maior partido do país, com a criação do PSD. Parece que Kassab pretende agora concluir a fatura, destruindo os entulhos partidários herdados da ditadura, pela cooptação de represnetantes do PMDB.

      O comentário de Motta também deixa algumas dúvidas:

      “Janio escorrega feio, esse jogo não vai mudar coisa alguma, aliás pode ser barrado por projeto de lei que veda a fusão de partido de que tenha menos de cinco anos de existencia, já em rapida tramutação na Camara.”

      Ok, os deputados sob o comando de Gilberto Kassab votarão pela aprovação desse projeto em “rápida tramitação”?

      Parece que o sr. Araújo não avalia a correlação de forças na política brasileira, sua opinião reflete apenas seus desejos(wishful thinking).

      Kassab está montando sua base para, em 2018, ser um candidato imbatível para o governo de SP, com o apoio de Lula, e, mais ambicioso, sua estrutura partidária para fazer frente ao PMDB. É muito difícil fazer previsões na política, mas Kassab vai se consolidando como um dos políticos mais poderosos do país.

      1. 1.Kassab NÃO foi quem

        1.Kassab NÃO foi quem destruiu o PFL, mesmo porque foi presidente por muitos anos do PFL em São Paulo e não iria auto destruir-se

        O que fez encolher o PFL foi a morte de seus grandes lideres, Antonio Carlos Magalhães, Marco Maciel e Jorge Bornhausen e o fim do governo FHC do qual o PFL era sócio.

        2.Um politico de expressão precisa representar uma ideia, uma causa, uma ideologia, um grupo social relevante, um setor da economia. Kassab não representa coisa alguma, se eu estiver errado me aponte o que ele representa.

        Kassab é um tático que aproveita brechas, frestas, fendas, escorregões dos outros, omissões, vacancias, um oportunista da politica, sem um fim claro no fim do caminho a não ser essa politica de expedientes.

        3.Kassab ficou 4 anos na Prefeitura e não viu um só fiscal corrupto, o famoso Aref já estava na Prefeitura desde que Pitta era Prefeito e Kassab seu Secretario de Planejamento, onde Aref trabalhava no setor de licenciamento de grandes edificios, saindo de lá com 112 imoveis em seu nome.

        Haddad achou 40 fiscais suspeitos de cara, apenas confrontando suas declarações de bens.

        4.Se Kassab se tornar um dos politicos mais poderosos do Pais, como vc diz, será um milgare da ciencia politica.

        Será poderoso sem expressar nenhuma ideia ou representar coisa alguma, um produto da robotica e da proveta.

        1. Jorge Bornhausen e Marco

          Jorge Bornhausen e Marco Maciel morreram?

          Melhor o senhor avisá-los, para que sejam enterrados, pois continuam andando por aí, feito zumbis.

          ACM morreu derrotado, perdeu seu grande trunfo, o governo da Bahia, com a primeira eleição de Jaques Wagner, quando Lula, em comício na BA, chamou ACM de hamster. Marco Maciel não se reelegeu para o senado, e Bornhausen, diante de perspectiva idêntiuca, abandonou a política e deicidu não concorrer mais.

          Essas são informações corriqueiras, qualquer leitor de jornalões sabe.

          Diante do ocaso do PFL comandado por seus caciques jurássicos, Kassab, o jovem expoente, liderança em São Paulo, abandonou o DEM(PFL), montando o PSD, e levando grande parte do antigo partido com ele, o que causou sua destruição. Hoje o DEM é um partido em extinção

          Outra informação corriqueira, qualquer leitor mediano dos jornalões teve acesso a essas informações.

          “2.Um politico de expressão precisa representar uma ideia, uma causa, uma ideologia, um grupo social relevante, um setor da economia. Kassab não representa coisa alguma, se eu estiver errado me aponte o que ele representa.”

          Kassab representa o mesmo que o PMDB representa: é o “whip”, o político profissional. No espectro ideológico, são conservadores, mas sem os desvaneios ideológicos neoliberais de um DEM ou PSDB.

          “Kassab é um tático que aproveita brechas, frestas, fendas, escorregões dos outros, omissões, vacancias, um oportunista da politica, sem um fim claro no fim do caminho a não ser essa politica de expedientes.”

          O poder pelo poder, maquiavélico, como qualquer político. Sr. Araújo, o senhor é um homem experiente, estudante da política e da histórica, como pode fazer um comentário tão ingênuo?Só não concordo com a afirmação de que Kassab seja um mero tático, ele é um dos maiores estrategistas da política atual. Kassab tem a visão de futuro que os outros conservadores não tem. Os caciques do PFL não tiveram, os caciques do PSDB não tem, PMDB idem, Kassab é o conservador que percebe as mudanças e se prepara para o futuro. Já engoliu o PFL, agora vai atrás do PMDB, não se perde com desvaneios ideológicos, é o conservador pragmático, garante da estabilidade. Renan Calheiros é outro político que, com armas diferentes, opera em sentido semelhante, mas Renan não possui a capacidade de articulação de Kassab.

          “3.Kassab ficou 4 anos na Prefeitura e não viu um só fiscal corrupto, o famoso Aref já estava na Prefeitura desde que Pitta era Prefeito e Kassab seu Secretario de Planejamento, onde Aref trabalhava no setor de licenciamento de grandes edificios, saindo de lá com 112 imoveis em seu nome.

          Haddad achou 40 fiscais suspeitos de cara, apenas confrontando suas declarações de bens.”

          Kassab é um conservador, conservador é isso, não mexe no que vê. O Serra fez alguma coisa quando esteve na prefeitura?Maluf?Mesmo a Marta?Haddad é de uma nova safra de políticos, na minha opinião, o maior acerto do Lula.

          “4.Se Kassab se tornar um dos politicos mais poderosos do Pais, como vc diz, será um milgare da ciencia politica.

          Será poderoso sem expressar nenhuma ideia ou representar coisa alguma, um produto da robotica e da proveta.”

          Pois é, seguindo à risca as lições do mestre florentino.

          Não sei se o senhor viu, mas recomendo assistir a sério “House of Cards”, tanto a original, da BBC, qaunto a versão americana.

  2. Janio de Freitas cada vez mais pequeno

    O jornalista ao invés de defender uma ampla reforma política, defende uma manobra para agigantar a base do governo!!! Simplesmente ridículo essa defesa do governo a qualquer custo!!!

  3. PMDB

    Jânio escorrega? O projeto em rápida tramitação na Câmara será aprovado no Senado? Se for, será sancionado ou vetado pela presidente? André, o MDB nunca, repito, nunca foi um partido político. Começou em 66 como uma federação dos remanescentes do PSD e do PTB que se opunham à ditadura militar,  mais alguns que não foram aceitos na legenda governamental, além de uns poucos de partidos nanicos, como o Mário Covas. Quando essa federação se tornou forte demais, em fins da década de 70, a ditadura acabou com as duas legendas, abrindo caminho para a formação de novos partidos. Os primeiros a sairem do velho MDB foram os esquerdistas, que constituiram o PTB, o PDT (com Brizola, que perdeu a velha legenda no “Judiciário”), os comunistas de linha russa, os de linha chinesa etc. Ou seja, o novo PMDB deslocava-se rapidamente para o lado direito,em movimento causado pelo abandono das facções de esquerda.  Mas não perdeu força política: suas vagas foram preenchidas por antigos serviçais da ditadura, que antes disputavam eleições nas sublegendas da ARENA. Então chegou a hora em que centristas como Franco Montoro, Covas, Richa, Fernando Henrique etc. não aguentaram mais o clima que passou a dominar o partido,e sairam para fazer o PSDB. E o PMDB ficou sendo o resto do resto, uma federação de grupelhos estaduais que se juntam apenas para ganhar as benesses do poder. Ou alguém achará que o Pedro Simon tem algo em comum com o novo presidente da Câmara?

  4. Mano, na boa… atualmente só

    Mano, na boa… atualmente só existem dois partidos políticos no país. O da seca lucrativa que comanda São Paulo. E o partido da fartura de água  que manda no nordeste e no Brasil. Em quanto momento a fonte de lucro do partido paulista terá que secar. 

  5. Alguém bem informado pode

    Alguém bem informado pode dizer em quem votou o PSD do kassab na eleição para presidente da Câmara ? 

    Li na midiona que teria sido no cunha , é verdade ?

  6. prefiro ser derrotado por

    prefiro ser derrotado por essa gente do cunha, cuja ficha criminal

    tralvez o explique melhor que qualquer outra coisa,

    do que aderir a ele.

  7. O Paulo Nogueira no Diario do

    O Paulo Nogueira no Diario do Centro do Mundo faz uma análise interessante também sobre a vitória de Eduardo Cunha. Segundo Paulo, queiram ou não ficou comprovado que Dilma não faz parte da classe de políticos a que pertence Eduardo Cunha. E neste sentido respondeu bem ao protestos de rua.

  8. Aliado da onça

    Gostaria de saber o que diz Temer a Dilma ? “Não foi nada, presidente, o PMDB levou, mas nos estamos ai pro que der e vier. Princinpalmente o que vier”… Pra que serve essa coalizão que mais atrapalha e emperra o governo, que outra coisa?! 

    Alias, nos tempos de Marco Maciel, não me lembro do PFL ter sido tão traira a esse ponto com FHC.  

  9. Isso tudo ainda vai virar filme

    A aliança PT-PMDB, simbolizada no Sr. Michel Temer, cada vez mais lembra o que Michael Corleone disse pro Vincent, em “O Poderoso Chefão III” : conserve teus amigos perto, e teus inimigos mais perto ainda.

  10. Em tempos não tão idos assim,

    Em tempos não tão idos assim, o candidato petista teria mais de 60 votos– como Sempre teve.

      E Janio ,talvez pela sandice da idade, continua: ”’No afã de acentuar a derrota de Dilma Rousseff na Câmara, os comentários em geral esqueceram que no Senado o esforço oposicionista do senador Aécio Neves também sofreu derrota expressiva. Não só pela desvantagem numérica. Ficou demonstrado que o governo conta com uma bancada leal e predominante no Senado”

            ”Leal e predominante”? Desnecessário comentar.

               Mas comento o seguinte: Foi a maior ”vitória”( embora derrotada) da oposição desde os tempos de Roma.

                 E Janio escreve que foi uma derrota?

                     Ele quer comparar com a eleição da câmara,mas não é possível,Janio.

                      Pra terminar: Como não poderia deixar de ser, este blog coloca a folha corrida de Eduardo Cunha. Mas por um lapso de memória( imagine que foi de propósito) esqueceu da folha corrida de Renan.

                     Compreendo: Foram dias muito cansativos e quiasquer esquecimentos são perdoáveis.

  11. Para entender Eduardo Cunha
    Para entender Eduardo Cunha

    A vitória acachapante de Eduardo Cunha para Presidente da Câmara explicitou um processo que ocorre desde o início do 1º governo de Dilma Rousseff: o de fortalecimento do lobby empresarial no legislativo brasileiro.

    Dilma buscou enfraquecer a velha política. As emendas parlamentares foram distribuídas a conta gotas, os ministros tinham a tutela de secretários-executivos da confiança da presidenta e pouco podiam se manifestar, feudos importantes nas estatais foram desfeitos. O PAC reduziu a importância dos parlamentares na negociação de grandes obras, pelo menos para a maioria do congresso. O RDC (Regime Diferenciado de Contratação) reduziu a discricionariedade do gestor especialmente em pequenas e médias obras.

    Nem mesmo a arte de simular influência, tão comum na política, foi permitida aos congressistas. Não havia carona no avião presidencial e a sonhada foto do parlamentar descendo do avião em sua base ao lado de um presidente da república. Dilma pouco recebia os congressistas no Palácio do Planalto e eram raras as fotos ao seu lado.

    Ao mesmo tempo que Dilma enfraquecia os instrumentos tradicionais de política, não houve um esforço para estabelecer uma nova forma de se fazer política no legislativo. Poucas foram as vezes que um parlamentar progressista pôde discutir com a opinião pública um tema relevante, com a rara exceção de Alessandro Molon (PT-RJ) no debate sobre o Marco Civil da Internet.

    Pauta positiva não faltou: endurecimento da legislação de lavagem de dinheiro, reforma da previdência do setor público, punição para empresas corruptoras, PEC das Domésticas e cotas em universidades públicas e no serviço público são apenas alguns exemplos. E qual foi a exposição de parlamentares nesses debates?

    Como na política não há vácuo, o espaço foi preenchido pelos lobbies empresariais articulados por grandes escritórios de advocacia. Hoje, muito mais que atuar no judiciário, esses escritórios oferecem soluções jurídicas a seus clientes, estejam elas no Poder Judiciário, no Legislativo ou no Executivo.

    Eduardo Cunha, aliado a esses grandes escritórios, ofereceu a saída política e financeira ao congresso, especialmente no financiamento de campanhas eleitorais que chegaram a custar de R$ 10 milhões a 15 milhões na disputa para a Câmara dos Deputados.

    Não houve tema de relevância econômica que Eduardo Cunha não tenha participado das negociações: desonerações da folha de pagamentos e dos investimentos, novo prazo para o Refis da Crise, perdão das multas aplicadas pela ANS, tributação de empresas coligadas no exterior entre outras.

    Na articulação sobre as desonerações que chegaram a R$ 100 bilhões por ano, Cunha deu um verdadeiro baile no Governo. Desorganizado, o Governo não montou um modelo lógico de negociação com o Congresso. As MPs eram enviadas sem que os parlamentares fizessem sugestões de setores a serem incluídos nas desonerações dentro de critérios estabelecidos pelo Governo. As demandas dos parlamentares eram acatadas no Congresso sem contraponto do Governo, mas posteriormente vetadas. Na apreciação dos vetos, os setores com maior poder de pressão política eram incluídos na MP seguinte.

    Se fosse um Delfim Netto negociando uma quantidade tão grande de desonerações, teria saído Presidente da República. Contudo, como grande parte das desonerações havia sido obtidas “na marra”, não houve ganho legislativos para o Governo e o Ministro Mantega foi demitido durante o processo eleitoral, sem o apoio de um único setor digno de nome.

    O resultado das eleições legislativas foi fruto desse processo. O PT perdeu 30% de sua base parlamentar na Câmara, houve uma enorme fragmentação política e o domínio do PSB se deslocou para lideranças de direita.

    O cenário já era adverso e a articulação política colecionou tropeços.

    Dilma nomeou para a articulação política o deputado Pepe Vargas (PT-RS), da minoritária tendência petista Democracia Socialista. Esta tendência também emplacou os nomes de Henrique Fontana (PT-RS) como líder do governo na Câmara e Miguel Rossetto (PT-RS) como Secretário-geral da Presidência da República. Estes são nomes de primeira grandeza, com boa capacidade de discursar e interesses republicanos. No entanto, não possuem a capacidade de articulação necessária para estes cargos.

    Na Casa Civil, foi mantido Aloizio Mercadante que é uma espécie de Serra do PT, com incrível poder de desagregação. Mercadante busca o monopólio da interlocução com a presidenta, buscando desgastar eventuais concorrentes. Contudo, foi o responsável pela articulação nas maiores derrotas dos governos petistas: a queda da CPMF quando era líder do Governo e agora na eleição da mesa diretora da Câmara dos Deputados.

    Mesmo distribuindo uma enorme quantidade de cargos a figuras pouco recomendáveis, a articulação política encabeçada por Mercadante não evitou a humilhante derrota Câmara.

  12. Capital Político X Ascensão do PROS

    Interessante o texto, mas será que o Kassab tem capital político para tudo isso? Não acho que ele seja um mero “político municipal”, mas o resultado pouco expressivo na última eleição pode abalar a liderança do até então, promissor cafetão, Gilberto Kassab! Entretanto acredito que Kassab conseguirá criar o novo PL, mas penso também que a criação deste “novo velho partido” se dará justamente pela falta de prestígio que o ex-prefeito de SP já sofre em seu próprio partido o PSD, que conta com velhas raposas com capital político mais elevado do que o próprio fundador do partido. Além disso, penso no avanço considerável do PROS que conseguiu eleger onze deputados federais e conta com CId Gomes no Ministério da Educação. A ambição e destreza dos irmãos Gomes, principalmente de Ciro, no perverso jogo político brasileiro, pode contribuir para as futuras aspirações dos mesmos! E essas aspirações terão como principal adversário o desconstruido, mas ainda vivissimo, PMDB… Talvez a manobra para a derrocada final dos peemedebistas parta de um cenário político ainda pouco visível, mas encabeçado pelo PROS e obviamente articulado pelo PT e com o apoio importante do PSD, talvez já com relações pouco amistosas com Kassab e do ainda não criado PL do mesmo Gilberto Kassab!

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