de O Globo
Não somos todos Charlie, por Dorrit Harazim
Muitas das publicações que hoje honram os cartunistas mortos como mártires da liberdade de expressão teriam rejeitado como sendo de mau gosto
Hoje à tarde (15h em Paris), o presidente François Hollande, a chanceler alemã Angela Merkel e os chefes de governo da Espanha, do Reino Unido e da Itália estarão a postos na Place de la République. Deverão participar da programada marcha monumental, solene e republicana em homenagem aos fuzilados no atentado que dizimou a redação do semanário satírico “Charlie Hebdo”.
A esperada massa humana se dividirá em três percursos até a Place de la Nation e, por certo, se verão centenas de milhares de manifestantes empunhando lápis, canetas e variações do singelo cartaz-ícone sob fundo negro que resume o sentimento global: Je suis Charlie, Nous sommes tous Charlie, Lyon est Charlie, L’Europe est Charlie.
A rapidez com que o bordão solidário se espalhou na internet pode ter dado a impressão de que a parte da sociedade mundial que se considera civilizada assumiu a causa dos cartunistas assassinados.
Não é bem assim. “Charlie Hebdo” não cabe numa hashtag. Nem numa marcha de solidariedade. Muitas das publicações que hoje honram os cartunistas mortos como mártires da liberdade de expressão teriam rejeitado como sendo de mau gosto, impróprios, talvez obscenos, os desenhos de George Wolinski, Stéphane Charbonnier (Charb), Jean Cabut (Cabu), Philippe Honoré e Bernard Verlhac (Tignous).
Eles eram tudo isso, e de propósito. Não raro de mau gosto, impróprios ou obscenos, usavam a liberdade de provocar e distribuir blasfêmias em dosagens iguais a todas as vítimas de seus desenhos. Sobretudo, exercitaram um humor contra a presunção de que algum indivíduo ou grupo é dono exclusivo da verdade. Com sua forma anárquica de desmoralizar tudo o que se pretende venerável, sagrado ou poderoso, o semanário sobrevivia com uma tiragem que oscilava em torno dos 50 mil exemplares. Mas ocupava lugar nobre na França como instituição incendiária. Tinha o poder de desconcertar. Além de indomável e incorrigível, era impublicável em mídias convencionais.
Não somos todos Charlie. Apenas eles o foram. Como observou o escritor americano Philip Gourevitch na revista “New Yorker”, “mesmo nas sociedades ocidentais mais livres, poucos jornalistas são ‘Charlie’”. Ele explica o motivo: “Porque arriscamos tão pouco por aquilo que dizemos valorizar tanto. Porque a maioria de nós é relativamente inofensiva, enquanto os Charlie estavam sempre prontos a ofender o que os ofendia. E não somos Charlie, hoje, porque estamos vivos”.
Eles não eram jornalistas comuns que refinam a arte do metiê. Foram cartunistas satíricos e provocadores que trabalhavam com o exagero, o excesso. Um tweet postado no dia do massacre pelo “New York Times” dizia que o“Charlie Hebdo” “sempre testou os limites da sátira”. Mas onde está escrito que sátira tem ou deve ter limites?
Nem o “Times” nem o “Washington Post” nem a CNN nem a agência Associated Press reproduziram em suas páginas os cartuns que estiveram na raiz dos ataques. “Temos por norma evitar a publicação de material que é clara, deliberada e desnecessariamente ofensivo a grupos religiosos”, explicou o editor executivo do “Post” à “Columbia Journalism Review”.
“Imagens”, escreveu o americano Arthur Goldhammer, do Centro de Estudos Europeus da Universidade de Harvard, “ao contrário da palavra escrita, atravessa fronteiras linguísticas como se elas não existissem. Seu efeito é imediato e, no caso do ‘Charlie’, visceral”.
A sátira é perigosa e poderosa por embaralhar as coisas num mundo cada vez mais reduzido a debates simplistas entre dois extremos. É um tipo de humor que assume riscos altos e atua como arma contra qualquer dogma. É uma forma de comunicação complexa, enquanto o fundamentalismo (qualquer um) é para quem pensa em termos rígidos. Seu poder não é subestimado por nenhum poderoso.
Do comediante egípcio Bassem Youssef, forçado pelos militares a sair do ar na época da Primavera Árabe no Cairo ao recente ataque cibernético da Coreia do Norte à Sony contra a exibição do filme satírico “A entrevista”, o humor mordaz, de fato, morde.
Para o historiador britânico Timothy Garton Ash, professor de Estudos Europeus em Oxford, a garantia de liberdade de expressão exige mais dos meios de comunicação do que se declarar Nous sommes tous Charlie. “A mídia da Europa deveria responder com a publicação coordenada, na próxima semana, de algumas charges do semanário satírico (e fornecer, junto) a explicação do motivo pelo qual as está publicando. De outro modo o veto dos assassinos prevalecerá”.
O colunista brasileiro Janio de Freitas publicou proposta semelhante no mesmo dia: jornais de todo o mundo deveriam publicar em suas primeiras páginas, num mesmo dia, a charge que levou o terrorismo islâmico a tramar vingança. Serviria de demonstração aos fanáticos que a violência praticada por eles “pode tornar universal o que pretendem reprimir”.
“Papai morreu mas Wolinski vive”, disse a filha do genial desenhista.
Fica a dúvida de como os cartunistas do “Charlie Hebdo” ilustrariam a execução de que foram vítimas. É de se suspeitar que o resultado fugiria às regras do bom gosto. É certo, porém, que os criadores da revista decapitada ficariam perplexos ao estarem sendo homenageados como bastiões de uma liberdade que sempre consideraram periclitante e necessitada de oxigênio.
A atual veneração global de que são alvo certamente fabricaria uma charge demolidora e impiedosa — contra eles mesmos.
Em tempo: Mustapha Ourrad, jornalista de ascendência argelina e revisor do “Charlie”, foi um dos 12 mortos no atentado ao semanário. Era muçulmano.
O policial Ahmed Merabed também. Estendido na calçada e já ferido pelos irmãos Cherif e Said, ligados à al-Qaeda, foi executado com mais um tiro de Kalashnikov por proteger o direito do “Charlie Hebdo” de satirizar Maomé.
A França em sobressalto, a Europa desnorteada, o mundo em desordem e a mídia começam 2015 com uma agenda decisiva: o combate ao terror sem mexer na liberdade de expressão.
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Não entendi se o jornalista é
Não entendi se o jornalista é contra, é a favou ou muito pelo contrario…
O jornalista é apenas humilde
O jornalista é apenas humilde para reconhecer que não teria (e não tem) a coragem de ir além, de correr riscos, de dizer caricaturalmente o que pensa acerca de situações que são, por si só, uma verdadeira caricatura. Tem a humildade de reconhecer que não teria a inteligência de extrair a essencia dessa situação caricaturesca e transformá-la em desenhos admirados por todos os chargistas do mundo.
Excelente texto. Deixa claro o tipo de humor de Charlie
Que tantos estao denegrindo e chamando de racista.
Continua sendo de mau gosto… aliás
… de extremo mau gosto.
“Sobretudo, exercitaram um humor contra a presunção de que algum indivíduo ou grupo é dono exclusivo da verdade.”
A grande presunção era do semanário. Consideravam-se juízes do pensamento alheio, um grupo de iluminados espezinhando trogloditas.
“Com sua forma anárquica de desmoralizar tudo o que se pretende venerável, sagrado ou poderoso, o semanário sobrevivia com uma tiragem que oscilava em torno dos 50 mil exemplares.”
Se formos bonzinhos e considerarmos dez leitores por exemplar, temos o tamanho exato dos que pensa como eles. Uma pequena minoria cosmopolita e descolada, mostrando à massa como ela é feia e suja.
“Porque a maioria de nós é relativamente inofensiva, enquanto os Charlie estavam sempre prontos a ofender o que os ofendia”.
Ou seja, as crenças alheias os ofendiam. Quem repudia e ataca virulentamente o simples pensamento dos outros arroga-se a qual papel?
“A mídia da Europa deveria responder com a publicação coordenada, na próxima semana, de algumas charges do semanário satírico (e fornecer, junto) a explicação do motivo pelo qual as está publicando. De outro modo o veto dos assassinos prevalecerá”.
Que tal publicar fatos e dados? Não será com a continuidade da podridão que a liberdade de expressão sairá vitoriosa, mas sim prevalecerá o preconceito contra o outro. Aquele que por diversos motivos pensa de modo diverso.
“A França em sobressalto, a Europa desnorteada, o mundo em desordem e a mídia começam 2015 com uma agenda decisiva: o combate ao terror sem mexer na liberdade de expressão.”
Multiplicar o lodaçal de Charlies Hebdos, na realidade incentivando o surgimento de novos celerados preconceituosos contra as idéias alheias, servirá apenas para criar divisões ainda mais profundas na sociedade. Combater o extremismo sanguinário é um coisa, humilhar toda uma comunidade é outra. Ainda mais utilizando uma falsa superioridade intelectual como matéria prima. Reduzir quem pensa diferente a um primitivo incapaz de discernimento é típico dos totalitários.
Seu comentário concorre ao
Seu comentário concorre ao prêmio dos mais estúpidos. Charlie sempre foi a liberdade usada para provocar os poderosos. De todas as matizes. CH sempre foi um baluarte da diversidade de idéias. Eles tinham as deles, que nada tinham de islamofóbicas, eram apenas anti-clericais em geral. Podiam ser rebatidas à vontade. E àqueles que eles criticavam tinham sempre os meios de responder, NUNCA atacaram os desvalidos.
Melhor ficar calado, você não tem idéia do que era o Charlie Hebdo.
A propósito, não era um semanário – como você diz – e sim, um hebdomadário.
Onde falei de islamofobia?
Não fui específico, generalizei!
Para discordar da infibulação não preciso fazer uma caricatura asquerosa animalizando as pessoas envolvidas, e transformar sua cultura num monte de excremento. Deve-se realizar campanhas de conscientização para os pais e penalizar que incentiva a prática. Tendo em vista que é uma traço profundamente enraizado em certos povos e o convencimento com coação legal contra os líderes, neste caso, provavelmente trará melhores resultados.
Pessoalmente considero que existem culturas mais evoluídas e outras mais primitivas, no entanto não usar órgãos da imprensa para humilhar os que ainda seguem costumes que considero bárbaros. No entanto regimes que se baseiam em práticas contrárias aos direitos individuais, aqui é para a esquerda tradicional e para os “globalistas”, mostram as falhas dos sustentados por seus adversários e escondem as dos seus aliados. Enquanto um fala mal do Irã e o outro de alguma monarqui do golfo, nestas em maior grau, as minorias étnicas e/ou religiosas continuam a ser oprimidas.
Quanto aos que utilizam armas para tentar impor a sua vontade? Para com estes existe a força do Estado para punir os que resistirem utilizando-se da violência armada.
Tenho idéia exata do que era, ou é, o Charlie Hebdo. Um grupo de elementos que ataca gratuitamente, sob o disfarce da liberdade de expressão, quem não pensa igual. Isto para mim tem nome: intolerância. Além de demonstrar um traço da personalidade: o egocentrismo.
O mais engraçado em tudo isto é ver os defensores do distorcido conceito de multiculturalismo, adotado pela esquerda brasileira, defendendo um antro de discriminação. Para estes laicos de resultados não se pode deixar a vista um símbolo religioso nem mesmo em escola confessional, quanto mais em repartição pública, mas é motivo de aplauso reduzir centenas de milhões de pessoas a um bando de retardados degenerados. Utilzando como fundamentação as idiossincrasias.
Incrivel pela primeira vez e
Incrivel pela primeira vez e espero unica concordei literalmente com rebolla. Henfil não precisou ir tão baixo. Latuff não precisa para criticar Israel. Mas há quem goste. O diabo é encontrar quem não goste, loucos fundamantalistas pela frente dispostos a TUDO como ocrreu em Paris.
Hebdomadário. Mais
Hebdomadário. Mais fundamantalista impossivel. Esse comentario é prova de que o Charlie Hebdo virou uma seita religiosa, com inumeros fieis fundamentalistas. Tudo o que eles execravam. Se vivos os cartunistas cagavam literalmente em cima.
Boa análise
Muito boa análise Rebolla!
Os caras da revista eram uma espécie de CQC das charges, ainda, com licença “00” para destruir muçulmanos.
Taí, ponto para o Charlie.
Taí, ponto para o Charlie. Geralmente quem tem defendido que as charges deles eram inaceitáveis é a esquerda, aquela que considera obrigação da esquerda ser sempre a favor dos muçulmanos, ou quase sempre. O Rebolla, pelo que já percebi, é um católico (quase) fundamentalista. O que demonstra a extrema dificuldade dos “carolas” de todas as religiões de entender o que é uma charge.
Al dente
Hahahaha, boa!
Muito bem, Rebolla
Ver o que diz em 3 links encadeados https://jornalggn.com.br/noticia/entre-a-liberdade-sem-limites-e-a-liberdade-de-estabelecer-limites-por-j-carlos-de-assis#comment-552221
http://emtomdemimimi.blogspot.com.br/2015/01/je-ne-suis-pas-charlie.html?m=1
Concordo com VC Rebolla
É isso!
“É certo, porém, que os
“É certo, porém, que os criadores da revista decapitada ficariam perplexos ao estarem sendo homenageados como bastiões de uma liberdade que sempre consideraram periclitante e necessitada de oxigênio”:
Mostrem me uma unica sentenca no resto desse texto que justifica essa sentenca. So uma. Uminha.
Os chargistas eram artistas de fato.
Muito diferentes do lixo vagabundo publicado pela mídia burguesa.
Assim…………….
A ser considerada verdade este fatos narrados à exaustão pela midia globalizada, e em não se fazendo uma análise profissional do ocorrido, corre-se o risco de sermos todos manipulados !!!
O poder da mídia, é incalculável, e os incautos, que sempre pedem para serem seviciados pelas notícias veiculadas por ela, merecem também nossa indiferença!
Algo estranho está acontecendo, e acredito que a tragédia que há dias é veiculada em toda a imprensa mundial, tem um propósito.
Manipulação da tragédia, nada mais !!! Com qual objetivo ??? Ainda espero descobrir !!!!!!!!!!!!!
Tem sempre um a ruminar a
Tem sempre um a ruminar a militância sem temperar com bom senso.
Não se trata por óbvio de considerar .Boa ou ruim a qualidade do que se produzia. O pasquim que seria o mais próximo que já tivemos do veículo francês em questão foi uma ferramenta importante durante a ditadura, colocando em Charles o que não se falava em reportagens ou estava proibido de faze-lo e nem por isso as pessoas de bom senso consideram acertado a destruição de imagem que fizeram com o Simonal.
A questão de “sermos todos charlie” está ligada ao direito de opinar, falar, criticar sem ser morto por isso. Um valor digua-se de passagem, democrático e ocidental, porque nós países cuja sociedades estão fortemente embaladas nas leis religiosas não existem direitos humanos, imprensa livre e o direito de opinar como o articulista faz.
Também quero ser mártir
Como enfermeira do sus, já levei alguns tabefes de pacientes .Se acaso acontecesse algo pior e alguém se exceder e atirar em mim,nem o jornaleco da minha cidade publica.
Assunto grande
Confesso que me dá engulhos qualquer fanatismo religioso, é coisa de creatina, cavalga, e muitas vezes infelizmente assassino também, seja de qualquer confissão que seja. Ouvir e ler coisa que fazem o tal boko haram, o Isis, algumas seitas cristãs nos EUA, ou ataques dos sihks, judeus fundamentalistas, qualquer um, dá uma imensa frustração, pois pensávamos que tínhamos deixado tais coisas para trás. O tipo de arte crítica do CH não me agradava, achava alguns desenhos provocações desnecessárias, mas nada justifica novas cruzadas, novas jihads, nada disso. Chega de gente que garante ter a procuração de Deus para perpetrar maldades.
Quando você fala de seitas cristãs nos EUA…
… refere-se ao extinto Ramo Davidiano? Aquela seita extremista que o FBI para tentar deter os seus líderes matou dezessete crianças queimadas…
Novas cruzadas é uma coisa impossível. Os ataques promovidos pelos EUA/UE nada têm a ver com religião. A Jihad nasceu com o Islã, como prova a conquista pela espada de todo o Oriente Médio, do norte da África e da Península Ibérica nos cem primeiros anos da sua existência. Isto há 1.300 anos. O que é preciso é uma reforma no islamismo. Não para descaracterizar ou destruir a religião em si, mas para que os grupos extremistas não recebam mais o apoio silencioso de boa parte dos fiéis, e o suporte de muitos outros, aqui em geral não são os cidadãos comuns, mas os líderes que tiranizam o próprio povo.
PQP
Vão tentar endeusar esses caras até quando ?
A letra já está dada numa carta enviada ao tal de Charb pelo Olivier Cyran, que trabalhou muito tempo com ele.
O cara descreve claramente, citando edições e charges da revista que podem sim ser consideradas racistas e islamofóbicas enquanto estigmatizam, a transformação do CH nos útimos 10 anos.
Nada ficavam devendo as caricaturas de judeus narigudos e negros beiçudos que corriam, respectivamente, na Europe e na América do Norte na primeira metade do século passado.
Esse pessoal que venera o CH por causa de sua atuação nos anos 70 tá mais prá saudosista e nostálgico que outra coisa.
Aliás, estou começando a achar eu o tal de Charlie Hebdo é uma religião. Vai ter seguidor fanático assim lá no Islã.
Disco arranhado, hem?
Você se apega a um ressentido que levou um pé na bunda.
Que tal ler outras opiniôes? Vamos ler uma autor que você mesmo apresentou neste espaço:
“Para Filósofo, AL continua sendo referência às lutas da esquerda
Sugerido por Alex Sotto”
O que diz Michael Löwy sobre o Charlie Hebdo em seu blogue (os grifos são meus):
Michael Löwy: A infâmia
Infâmia. É a única palavra que pode resumir o que sentimos diante do assassinato dos desenhistas e jornalistas do hebdomadário Charlie Hebdo. Um crime tanto mais odioso que estes companheiros eram pessoas de esquerda, anti-racistas, anti-fascistas, anti-colonialistas, simpatizantes do comunismo ou do anarquismo. Há pouco, participaram com desenhos em um álbum em homenagem à memoria das centenas de anti-colonialistas argelinos assassinados pela polícia francesa em Paris, em 17 de outubro de 1961.
Sua única arma era a pluma, o humor, a irreverência, a insolência. Também contra as religiões, seguindo a velha tradição anti-clerical da esquerda francesa. Mas no ultimo número da revista, que acabava de sair, a capa era uma caricatura contra o escritor islamofóbico Houellebecq, além de uma página de caricaturas contra a religião… católica. Charb – pseudônimo de Stéphane Charbonner – o editor-chefe da revista, era um artista de sensibilidade revolucionária, que ilustrou o livro do filósofo marxista Daniel Bensaïd, Marx, manual de instruções, publicado no Brasil pela editora Boitempo.
(T)humor
Outro
Exatamente em 12 de janeiro,há dois anos, se foi Aaron Swatz.
[video:https://www.youtube.com/watch?v=2uj1EeiuK5U align:left]
Capa da próxima edição
Cadê a graça ?
Eu pensei que vinha viriam os quatro cavaleiros do apocalipse charliniano de quatro, com as bundas arrombadas e o profeta de pinto duro, berrando que tinha fodido eles todose que tinha prá mais.
Muito sem graça .
Acho que mijaram prá trás.
A graça é que é o retrato dos
A graça é que é o retrato dos oportunistas e dos hipócritas que agora “são Charlie”, mas ontem faziam cruzada contra “anarquistas” e outros “irresponsáveis”. Não fica linda a Scheerazade de barba, bigode e turbante?
Pelo jeito…
… agora você é muçulmano, de “”esquerda””. seguidor daquele profeta pedófilo:
[video:https://www.youtube.com/watch?v=M8k1lxPUOkQ%5D
Bravo!
Charlie Hebdo, perdoai-os, eles não sabem o que escrevem.
e se eu fosse cartunista e
e se eu fosse cartunista e fizesse uma charge esculhambando os quatro,
eu seria com razão execrado publicamente.
não é isso?
então, onde a liberdade total, cara-pálida?
Ser execrado pode. O que não
Ser execrado pode. O que não pode é calar, prender ou matar.
HUMOR SELETIVO DE CHARLIE: COM JUDEUS NÃO PODE
O cartunista Maurice Sinet, que assina sob o pseudônimo Sine, foi demitido da revista satírica Charlie Hebdo em 2009, por incitação ao ódio racial. Ele enfrenta acusações sobre uma coluna que causou mal estar entre os intelectuais parisienses, culminando na sua demissão da revista.
O problema surgiu depois de rumores que o filho do ex-presidente francês, Sarkozy, planejava se converter ao judaísmo. Sine, em sua coluna, publicou: “Este pequeno rapaz vai ter sucesso na vida”. Um comentarista político rebateu a coluna e acusou o chargista de publicar uma ligação preconceituosa sobre judeus e sucesso social. Quando o editor da revista pediu que Sine apresentasse desculpas sobre o comentário, ele se recusou, resultando em sua demissão. Na época, parte da esquerda libertária defendeu Sine, alegando o direito à liberdade de expressão.
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2015-01-08/charlie-hebdo-demitiu-cartunista-por-antissemitismo-em-2009.html
Não sou leitor do Charlie
Não sou leitor do Charlie Hedbo, era do Pasquim. Por isso não tenho certeza, mas alguns aqui que são fãs afirmam que eles faziam sátira com o judaísmo também. O que entra em contradição com essa informação de que um cartunista foi demitido apenas por isso que voce relatou. Que o debate continue com todas as informações possíveis. Isso é liberdade de expressão
Pode ser
O artigo está aí, junto com a fonte.
Agora, rir e fazer piadas de sim mesmo é uma arte esperta também, que os coloca como intelectualmente honestos e acima do bem e do mal. No episódio relatado no link acima não houve fatos jocosos acima de sim mesmos, mas escorregaram na situação geral dos judeus dentro da sociedade, levantando uma lebre que teimam sempre em esconder (que mandam no mundo), e aí cortaram a chacota, rapidinho.
O Charlie era irreverente em
O Charlie era irreverente em relação a todas as religiões, e em relação ao sionismo e ao Estado de Israel também. Sua posição era política, e de esquerda. Há muitos exemplos disso, como o mostrado pelo Almeida, acima.
Dominar o mundo
Para abraçar o mundo usa as duas mãos, a esquerda (proletários do mundo uni-vos!) e a direita (o dinheiro não tem pátria).
Esquerda e direita é um simbolismo que nos faz desviar do verdadeiro problema.
Moisés retratado por Charb:
Meia verdade é mentira
É absolutamente falso que Charlie Hebdo, em sua postura anticlerical, poupe qualquer religião, suas edições o provam.
É absolutamente verdadeiro que Charlie Hebdo, ao tempo em que não abre mão de seu direito de criticar a religião muçulmana, não critica um ser humano muçulmano por ser muçulmano.
Idem no que toca a cristianismo e o ser humano cristão.
Idem no que toca a judaísmo e o ser humano judeu.
Philippe Val, editor de então da Charlie Hebdo, respondeu mais de uma vez especificamente sobre esse ponto.
Declarou, como na entrevista cujo link coloco abaixo, que o comentário de Sinet não era nem de longe uma crítica à religião judaica, detendo-se exclusivamente em usar um estereótipo com que antissemitas caracterizam os judeus.
Tradução livre: (…) para Val, o texto de Siné “não atacava a ideologia de uma religião”, mas “atacava uma pessoa, Jean Sarkozy, estigmatizando-o por seus supostos laços com o judaísmo.”
Repetindo: Charlie Hebdo nunca atacou nenhuma pessoa por causa de sua origem, qualquer que seja, sempre atacou as religiões, tratando-as como ideologias como outras quaisquer.
Se é mesmo para odiar Charlie Hebdo, ao menos que a odeiem por motivos verdadeiros.
http://tempsreel.nouvelobs.com/medias-pouvoirs/20080730.OBS5262/sine-philippe-val-repond-aux-polemiques.html
Meia liberdade também não é liberdade
Qualquer não judeu que sequer duvidar do Holocausto, por exemplo, vai preso na Europa.
Qual o clima para fazer piadinhas de judeus? Nenhum! Lá é pecado mesmo.
As únicas piadas de judeu que a gente conhece são justamente deles mesmos (há até livros com piadas judaicas – obviamente escritos por judeus), pois, uma pessoa comum, é rapidamente catalogada de antissemita.
E Charlie Hebdo com isso?
Quem sentir-se particularmente tolhido em sua liberdade de expressão por ser proibido por lei de expressar seu antissemitismo, ou de chamar jogador negro de macaco, ou, em breve se Deus quiser, de externar sua homofobia, que tenha coragem, assuma sua posição cretina, imbecil, cafajeste e doentia, vomite seu ódio publicamente e em seguida pague o que deve para a sociedade.
Ou cale-se.
Mas que não venha difamar Charlie Hebdo por isso.
Tá vendo?
Veja todo o veneno que escorregou pelo seu computador. Faltou botar uma bomba na minha casa.
O jornalista foi demitido da Charlie Hebdo por achar que o filho do Presidente da França, ao converter-se em judeu, se iria dar bem na vida.
Falou mentira?
Quosque tandem abutere Catilina patientia nostra?
Em absoluto, cavalheiro, ficou claro para mim onde está o veneno e a vontade de envenenar, sei que o senhor também sabe.
Respondi o que havia para, e como deveria, responder. Qualquer frase, palavra a mais, será apenas repetição.
Que cacetada!
“Este pequeno rapaz vai ter sucesso na vida”
Clap, clap clap…
Liberdade do outro…
O jornalista certamente nunca ouviu falar de Voltaire.
“Je Ne Suis Pas Charlie” !!!
Ver o que diz em 3 links encadeados https://jornalggn.com.br/noticia/entre-a-liberdade-sem-limites-e-a-liberdade-de-estabelecer-limites-por-j-carlos-de-assis#comment-552221
http://emtomdemimimi.blogspot.com.br/2015/01/je-ne-suis-pas-charlie.html?m=1
Colunista do Charlie Hebdo
Colunista do Charlie Hebdo tenta segurar o sorriso quando um pombo defecou no ombro do presidente Hollande.
http://www.theguardian.com/media/2015/jan/12/charlie-hebdo-staff-light-relief-pigeon-droppings-francois-hollande
Até que enfim seriam úteis
Se Folha, Estadão, O Globo, os demais, Veja, Istoé, as demais, as Tvs todas, as Rádios todas estão com Charlie Hebdo -se é que estão, não li nem vi nem ouvi nada desse povo nesses dias – poderiam se cotizar e bancar a impressão da edição de Charlie Hebdo desta quarta-feira aqui no Brasil.
Maggie Simpson
http://rollingstone.uol.com.br/noticia/icharlie-hebdoi-personagens-de-isimpsonsi-prestam-homenagem/