Narcos, Wagner Moura e a incrível capacidade do brasileiro em criticar tudo o que é “nosso”

Já assistiu Narcos? Não? Pois um palpite: vá. 

Eu fui pela paixão aos seriados, vício quase descompensado no Netflix e suas produções (obrigada, internet!) e, óbvio, por causa do Wagner Moura, na minha opinião um daqueles atores que fazem compensar todo e qualquer título. 

Escutou muitas críticas? É, eu também. “O cara está péssimo falando espanhol”- sério mesmo? Argumentando por baixo, uma produção de dez capítulos de um seriado de cunho internacional (apesar de ser cosa nostra, Padilha no comando) deve ter um custo qu beira uma belíssima casa no mundo das cifras. Pesquisei e não encontrei o valor, sinto muito, pois só este argumento (raso, concordo) deveria fazer a gente refletir se está tão ruim assim a ponto de tanta gente bancar, literalmente, a série. 

Mais profundamente falando, mas só um pouquinho porque eu também sou crítica só de sofá, Moura é dos pouquíssimos desta nova geração que agarrou um papel completamente internacional: ele não é um brasileiro no filme. Não está fazendo uma ponta. Veja bem, é o papel principal. Do Pablo Escobar. 

Daí que eu já terminei a primeira temporada (voraz, sem dúvidas) e constato que, dentre tanta coisa pra chocar (a Colômbia foi/é um país que tem muita cocaína e eu acho essa droga absolutamente degradante, perigosa e do mal, ela é a representação do verdadeiro inferno, ao meu ver; a exposição das grávidas engolindo cápsulas de pó para o tráfico; a ignorância do povo que, num primeiro momento, achou que ele apenas um “homem bom”) a atuação do Wagner Moura há de ser a última da fila, lá atrás mesmo, até porque eu acho que ele não deixa nenhum ponto sem nó. 

O brasileiro cultural e historicamente critica os seus – somos colonizados, quer um argumento mais forte pra tamanho complexo de inferioridade refletido-invertido em arrogância? Mas deu, né, pessoal, tá mais do que na hora de valorizar o país fora da época do carnaval. (a opinião e o carinho da casa contam, afinal de contas). 

 

 

Mariana A. Nassif

24 Comentários

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  1. Eu assisti a toda a primeria

    Eu assisti a toda a primeria temporada de Sense8. Nessa série há vários atores internacionais que precisam falar em inglês. Pode-se afirmar que o inglês de várois deles é quase sofrível e nem por isso pode-se dizer que estão atuando mal.

    Parece-me no caso da crítica ao espanho do WM  mais uma manifestação daquele complexo que já nos acompanha de longa data.

  2. Acho a série incrível. O ator
    Acho a série incrível. O ator não fica devendo nada. Quem crítica é porque tem o complexo de vira-lata. A TV brasileira, especificamente a Globo, está perdendo a sua audiência para o Netflix. Não sabem fazer programas inteligentes. Acham que TV tem que ser nivelada por baixo.

  3. Narcos…

    A série do José Padilha, com o excelente ator baiano Wagner Moura, é simplesmente genial. Vi os episódios da primeira temporada de uma só vez pela narrativa, pela fotografia e pelo desempenho do elenco. Opiniões negativas de brasileiros não servem a nada pela visão de colonizado. Parabéns à Netflix por investir na série e mais ainda por abrir espaços ao diretor e aos atores brasileiros.

  4. A série é boa, o desempenho

    A série é boa, o desempenho do Wagner é bom, o sotaque dele é ruim.

    Não me parece uma questão de desqualificar, mas apenas reconhecer o óbvio. Há um agente na série, que fala inglês e espanhol, e se expressa bem nos dois idiomas.

    Incomoda ver  um ator tão bom, falhar no que parecia a parte mais “fácil” da composição da personagem.

    Talvez esteja sendo injusta, mas tenho a impressão de que faltou “treino”, e que o Wagner acreditou que poderia carregar a interpretação só no talento, não dá, por  mais talentoso que se seja.

    Luciana Mota

  5. Quase,

    fui na onda dos menos(prezados) críticos. Assisti a 5 capítulos no NETFLIX e estou achando ótimo. Inclusive, o baiano Wagner Moura que não precisa falar como colombiano. Mesmo porque já estive na Colômbia e eles mesmos falam com sotaques diferentes. Mas é isso, é nacional, não presta. 

    1. Mas é isso, é nacional, não

      Mas é isso, é nacional, não presta.

      Pois é, os colombianos que o digam!

      Esses vira-latas, deviam ter feito o filme do Lula interpretado por algum mexicano-americano, falando português com sotaque, auxiliado por seu companheiro Rosé Dirceu!

      Os nacionalistas iam adorar!

  6. O filme é tecnicamente muito

    O filme é tecnicamente muito bem feito e não fica a dever nada nesse quesito. A interpretação de Wagner Moura no papel principal também é muito boa. Ele é um grande ator e sabe compor muito bem o personagem. Sua postura, o modo de andar, além do ritmo e do tom de sua fala estão muito bem caracterizados. Antológica a cena em que visita o seu homem-bomba no dia anterior à sua missão de explodir o candidato à presidência da República da Colombia, César Guavíria. Os demais atores também são de alto nível. O roteiro é bom e a direção também é muito correta. O que irrita na série são as caricaturas vilanizadas dos guerrilheiros das FARCs e o bom-mocismo dos agentes da DEA. Mas aí entra a visão ideológica do José Padilha. Em resumo, um bom entretenimento, mas nada inocente, pois configura uma clara propaganda das intervenções estadunidenses na América do Sul a pretexto de combater o narcotráfico.

    1. É por aí

      “O filme é tecnicamente muito bem feito” … “mas nada inocente, pois configura uma clara propaganda das intervenções estadunidenses na América do Sul a pretexto de combater o narcotráfico.”

      Contas de vidro coloridas, apenas. Encantam a indiarada que, em troca dessas contas, retribuem com puro ouro. Do qual um pouco vai para o Padilha e o Moura, em forma de dinheiro e fama.

  7. Que sorte tiveram

    Que sorte tiveram Shakespeare, Gandhi, Einstein, Pablo Picasso, Meryl Streep, Audrey Hepbum, Ingrid Bergman, Tom Hanks, Jack Nicholson e muitos outros por não terem nascido no Brasil.

  8. Acho Wagner Moura fabuloso,

    Acho Wagner Moura fabuloso, não assisti Narcos ( ainda ), mas não creio que criticar sotaque seja necessariamente demonstração de complexo de vira-lata. Menos discurso chavão seria ótimo.

    1. O “truque”, Nira, é que se

      O “truque”, Nira, é que se você criticar a série pela propaganda da superioridade técnica e moral (bom-mocismo) que a cultura dos EUA quer enfiar goela abaixo de todo mundo, estará criticando Moura.

      Mas se gostar de Moura, acaba engolindo a propaganda ideológica que reafirma o desejo dos EUA arvorarem-se xerifes do mundo. E o complexo de vira-lata está bem aí: é como se fôssemos tão incapazes que precisamos e até de gostamos de xerifes estrangeiros botando ordem na nossa própria casa. E o problema é que aí fica difícil dizer que, como eles têm – e prezam – a casa deles, nós temos – e prezamos – a nossa.

  9. Como disse o cartunista

    Como disse o cartunista Arnaldo Branco, o Wagner Moura teve de aguentar por anos atores cariocas imitando sotaque baiano na Globo e nunca falou nada!

    A série é muito boa. Minha única crítica é a estética manjada (ao menos para mim) aproveitada de Tropa de Elite e também de Cidade de Deus: um dos personagens principais como narrador em tom bem coloquial, mesclando atuações com cenas documentais e aquele enredo à lá “sei que isto acontece, mas não é bem assim”. Mas fazer o que… além de ser a sua “assinatura”, provavelmente deve ter sido um dos pedidos feitos ao diretor – repetir a receita do seu filme de maior sucesso, sem contar que todo começo de episódio deixa claro que trata-se de uma obra de ficção. Ainda assim, pra mim, que esperava algo novo ou pelo menos diferente do Padilha, já terminei a primeira temporada e aguardo ansiosamente a próxima.

  10. Gostei muito

    Exigir demais de uma pessoa,alem de interpretar,da cores,o tom da fala,tempo do personagem vem criticar o espanhol do cara,pelo amor de Deus,menas,menas.Quem assistiu e ja pariu para este tipo de critica,ja assistiu com olhr de preconceito,de complexado,tipo é brasileiro que ta fazendo,então “olha o defeito,ah la o trem errado,so podia ser brasileiro”.

  11. Matê:pior que a série
    O

    Matê:pior que a série

    O comentário do Matê Luz consegue ser pior que a série Narcos. O cara consegue falar em complexo de inferioridade para louvar uma série norte-americana(mais uma!) retratando latino americanos como traficantes de drogas; narrada pelo “herói” da história, um policial norte-americano, agente da Guerra às Drogas, o único sujeito honesto e decente em meio aos corruptos latino americanos(como sempre); dirigida por um diretor reacionário conhecido por seus filmes glorificando o que existe de mais fascista na polícia, verdadeira versão cinematográfica do programa do Datena; e estrelada por um ator que mal sabe falar o idioma do personagem principal(Viva el colonialismo, muchos gracias EEUU!!!)!!

    Em suma, a série Narcos é realmente fenomenal, um verdadeiro festival de clichês e estereotipos, conseguiu reunir o que a América do Sul possui pior em termos de ideias, com as piores concepções e preconceitos que a América do Norte faz dela.

    E os imbecis achando graça!

  12. Só conheço o Wagner Moura do

    Só conheço o Wagner Moura do Tropa de Elite e de um filme de ficção científica que faz o papel de um traficante e o Matt Damon é o herói.

    Ao mesmo tempo que há excessiva vontade de se menosprezar também há o de elogiar.

    Desta série, assisti apenas ao primeiro episódio. Achei o ator em questão com alguns cacoetes do Capitacão Nascimento. Por exemplo, aquela piscada de olho vagarosa.

    É muito pouco para lhe dar uma nota mas fiquei com impressão não muito boa.

    Ocorre que fui assistir à uma outra série da Netflix – El Patron do Mal – e aí um autor colombiano ARREBENTA no papel do super traficante.

    Também achei está mais densa e fiel do ponto de vista histórico.

    Parei de ver Narcos, com todo respeito ao Wagner Moura.

  13. A série é ruim. Não se trata

    A série é ruim. Não se trata de descer a lenha em produto “nacional”( não é brasileira, os roteiristas são americanos,a produção é americana, o que em televisão significa a alma do produto). Wagner Moura pode até ser ser bom ator, mas faz um personagem unidimensional. Ele não tem problema com o sotaque paisá (de Medellín), ele tem problema com a língua castelhana (abre demais os “e”s e os “o”s e o engraçado  é que ele é baiano que abre todos os és e ós possíveis).

    Assistam Patrón del Mal, produção colombiana bem mais modesta, que traz o excelente Andrés Parra como Escobar.

    Sempre é bom lembrar que o Padilha tem alma coxinhenta. O que o Seo Jorge é na música, Padilha é no cinema.

    Sense8 é outra porcaria da grossa, mas ali a língua inglesa e o sotaque não são problema. Seria em Dowton Abbey como é em Narcos.

    Em Narcos não existe nenhum outro personagem além de Escobar. Em Patrón del Mal, têm vários. Bons atores colombianos fazendo um bom desenho da gente colombiana.

    Também gosto do Netflix e torço para que seu modelo seja bem-sucedido, mas eles têm errado nas suas produções próprias. Já falei de Sense8. House of Cards 3 é um saco. Um novelão que só se salva pela bela atuação do ator dinamarquês Mikkelsen (de Forbrydelsen 1) como presidente russo. O resto é de chorar.

  14. Eu devorei Narcos! E vou

    Eu devorei Narcos! E vou repetir calmamente porque o viés da série é muito interessante; herói ou vilão?  amor ou ódio? latinista ou piscicopata? VW está um Monstro! Espetaculoso! Vai ganhar o mundo com toda essa celeuma que por sinal começou com o Jornal o Extra e não sejamos inocentes, porque nem ele o é (vide sua entevista na Revista Rollings Stones onde foi a capa)…ele está no meio da briga Vênus Platinada x Netflix ( Amoooooooo!). Para perceber o alcance deste cara é só assistir Deus é Brasileiro.   Voei!

    PS: Mouro quando vc vai me adicionar no FB hein, hein, hein?

  15. Série boa, mas não tem nada de brasileira.

    Asisti a primeira temporada. A série não é ruim. Gostei da atuação do W Moura. 

    Mas cá pra nós: colocar um ator que não fala bem o “colombianês” para fazer o papel principal é coisa de arrogantes americanos. Afinal, para eles, português e espanhol são a mesma coisa. Língua de sub-desenvolvidos. Ninguém irá se importar com isso no centro do mundo novaiorquino. 

    Da Luz, só lembrando: a produção é genuinamente americana. Só o Pablo que é brasileiro. Ou melhor, colombiano, né?  🙂

     

  16. É o Trapa de elite para

    É o Trapa de elite para gringo ver.

    É de um maniqueismo simplista…

    Mas cinematograficamente muito bem feito. 

    O capital nascimento esta atuando muito bem.

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