Nem toda troca é romance e o apreço pelas palavras escritas
por Mariana Nassif
Estava eu organizando a vida ao formatar meu computador – sou dessas, que aproveita uma reordem para transmutar no caos de uma vida inteira e, então, encontrei um velho blog onde, pasmém!, postava poesias. Chego a me envergonhar de alguns escritos, mas só um pouquinho porque, de certa forma, devo respeito àquelas emoções. Daí que no meio de tanta coisa esquisita, encontrei uma troca interessantíssima entre Cel e eu.
Cel é um moço que conheço e que me conhece mas a gente bem sabe que não é daqui. Nossa troca foi e continua sendo, mesmo que hoje mais quietinha. Vale ler a dança de palavras que, neste momento de redescobertas de quem sou, destaca a intensidade com a qual, ufa!, eu sei, eu bem gosto de viver.
O que é meu está em negrito, o que é dele vai itálico – ambos com o coração na ponta dos dedos, que boa visita este escrito me fez – reviver, relembrar, renascer.
Tanto devaneio, tanta decisão
Tenho passado e tem passo por mim
Nestes dias todos desde nosso encontro que penso hoje:
Cadê a poesia que havia em meu coração?
Dom-poesia não finda, no máximo dá rasante e vem re-pousar na gente
principalmente enquanto nós é que (os) nós perdemos
ao desescutar o própriolhar reticente…
Foi amor que acabou pedindo amizade
Dizendo ausente de tesão – mas será verdade?
Em previsão de colo de anseio alheio
tudo cabe
tudo sonda
tudo mina
tudo altera
e lá – toda hipótese falha
e aqui – não hádivinhação correta…
o lume do ser-rio quardado na outra margem a gente vê,
mas é nunca que a gente entende!
Só a Àgua que lhe é rumo e parte
consegue ser capaz
de lhe alinhavar o curso:
e olha que nem ela
vez por outra o compreende!
Segue então – você – no valer de embriagares de (m)ar
que é no abraçamento d´água dos TEUS deltas doces
que cabem as TUAS Descobertas:
artesouros,
artemchamas,
artemaris,
arteman(h)as
esse ofício que a gente vive,
carinha e não renega:
o de seres ar-tesão de si
e de novos mils lumiares
no passarear de cada dia
avoado do ter-ser-poeta…
fora isso, Cel… foi problema de dinheiro na família
Não quero que mais este afete a minha filha!
Aqui eu peço licença
pra inverter o afeto do efeito
e o (e)feito da autoria:
chamo a letra da par-essência
doutro amigo-de-letra,
cúmplice da poesia.
Conversando nós dois
sobre jogos entre “diafetos”
e mils “afetos-por”
ele escreveu algo em música
que parece tratar de você,
do (e)letrizar de teu claro-amor:
“O teu afeto
me afetou é fato,
agora faça-me
o favor”
E não há receituário que nos livre dessa sina:
querer-bem-enormelhor
sempre a quem se amanima
fazer de si o cuidamor
da rama-Clara; da Clara-rima…
…foi a saúde que encheu o corpo de pintinhas alérgicas
E quem é que mandou, Mariana, ser tão enérgica?
Energia e sinergia não vem com mandato na mão:
lembra da história do beijo? Pois é nesse sentido
beeeem parecida a relação.
A distância entre ato e impulso fazem valer a ação
Inda mais quando os fogo-chamares partem do coração…
…e foi o trabalho que sair do orkut pediu
Este não dá pra mandar pra (((cuidado com a rima!!!)))
Esse pe só mais um dos sinais que fi-caqui:
agora tá claro, dá até pra fazer coleção:
a sintonia-celmarejada que é nossa
parece estar alcançando inté
os “dotô-chefe-de-seção”…
Que por aqui também bloquearam
o laticínio-iogurte
impedindo de fazer valer
nosso recadiá di-ver-são:
– um alô de Nana rimar
– um oi de Cel sorri-são
E ao ver esta noite, na verdade ao sentir
Teve uma coisa que me fez sorrir
Foi olhar pra cima e lá no alto ver
a moldura de uma lua, que imensa não deixa o céu escurecer
Em moldurizonte de Cel
sorriu um luarar diferente:
lume longe que entra pela janela
desse cordelado presente
e se quarda em fotografaluar di ver gente
humanizares de Cel Mar Estrela
fundindo imagen i ares na tela…
E então me senti a própria lua
Amparada por um Cel demais querido
Que com muito amor, carinho e presentinho
Fez da minha vida quase que um cantinho
De sossego, de paz e de a(l)mada quase que tua
Daí o tio Manu Bandeira pode bem que chamear
provocado por esse mariversado embriagado de ar
mils motivos do cel viajar,
em linha cheia de (tua) imagem e (c) alma:
“Vivo nas estrelas porque é lá que brilha a minha alma”
E me percebo há dias sem escrever
Sem nem por tudo ou qualquer coisa agradecer
E dizer que não há um minuto sequer
O qual eu não pense em te des-re-conhecer
E assim por diante, e sempre a frente, mesmo distante.
Ao me aproximar de ti nesse instante
de formatação de casa (e parede rsrs) nova
Lembrei de um tempo quase-agora
em que montava a Cel-house também….
Aí foi esse só mais um motivo pra contornar de bem-quereres
esse conhecer nosso que desenhado pintou ao avesso:
veio antes o se redes-conhecer, só agora vem o “se conhecendo”…
E a presença de alembramentos
na casa, na e-rede ou no vento
transcende gesto e tempo:
distância não desafina sintonia
tempo não definha pensamento…
Explicar não quero nem consigo, mas deixo a confirmação:
esse “um minuto” que não passa contigo,
já acompanha os cardumes do meu verso-menino
e nada feito caminheiro-marinho
seguindo em tua direção…
[e cada vez melhor e ligeiro a gente vai tecendo e tocando esse ver-ser-já… Cada vez mais afiada a linha de nós pescá se fia, cada vez mais próximo a chama de lume se aproxima do candiá…]
.
.
.
saudade.
verso antigo de saudadear bem recente:
“já dizia o caboclo mineiro:
sódade num é matemática,
segue otro tipo de trem:
quanto mais se mata mais cresce,
quando pensa que acaba é que vem…”
(“Só dá de Minas…” – Cel Bentin)
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