Nosso medo mais profundo, por Gi Oliveira

Nosso medo mais profundo

por Gi Oliveira

Hoje é dia de falar sobre orgulho, limites, vaidade, modéstia, conquistas. Por que reconhecer que se é bom, é considerado ruim? Por que é preciso esperar que o outro o faça por nós?

Imagine a seguinte cena: você encontra um conhecido e elogia a camisa que ele está vestindo. Qual a reação que espera desta pessoa?

a) que diga que a camisa é bem antiga, que a comprou em uma promoção, ou algo do tipo.

b) que ele lhe diga que foi presente ou escolha de uma outra pessoa.

c) que agradeça e reconheça, envaidecido, que tem bom gosto.

Duvido que muita gente espere pela terceira alternativa. Afinal, vivemos em uma sociedade em que não se pode vangloriar nem de ter comprado uma roupa bonita. Antes de assumir seu bom gosto, você deve desmerecer a peça, a ocasião ou tudo o que for objeto de apreciação por outra pessoa. É a regra, a norma, a etiqueta. Quem se envaidece é mal visto, é metido, exibido. Se executou um trabalho impecável, desenvolveu uma habilidade de forma singular, admirável, construiu alguma ideia, causa ou coisa com uma dedicação sobre-humana, ao final terá de dizer: “Não foi nada, dei sorte, qualquer um teria realizado isso também. ” Mas quanto tem sinceridade nisto? Qual o crime em se admirar, em se orgulhar do próprio êxito?

O que você tem de especial, qual a sua característica única, incrível e que fica aguardando, esperando um momento que nunca chegará para revelá-la ao mundo sem ser mal interpretado? Quantas pessoas sabem desse seu talento? Por quanto tempo o deixará arquivado, privando o mundo dessa dádiva? Talvez você até esqueça que o possui. Não há nada de errado em ser ótimo em algo. O pecado está em não compartilhar essa graça, em escondê-la e não proporcionar momentos únicos, significativos a outras pessoas em seu entorno ou até mesmo para si.

É por isso que tanta gente se ofende quando falo sobre mediocridade. Quando alguém faz algo extraordinário e diz que qualquer outra pessoa também o faria, na verdade está atribuindo, compartilhando aquela genialidade com vários outros seres medianos, comuns por opção, e por vezes até mesmo preguiçosos e despeitados. E eles, claro, acreditam e se iludem com isso.

Qual é o problema de aceitar a glória pelo trabalho realizado de forma ímpar, excelente, peculiar? O problema é a dor de cotovelo que se instala nos outros! Você precisa dividir sua láurea, mesmo que seja com quem nunquinha nesta vida moverá uma única palha para lhe ajudar ou ao menos admitir sua capacidade de realização ou sua superioridade. Pronto falei, acredito que existam sim seres humanos superiores, mais dedicados, mais focados, com mais clareza de visão, com ações menos obstruídas pelas viseiras dos equinos que nos reduzem a amplitude da mente. Ai, se você é um desses seres distintos e recebe um Nobel, tem que declarar que não se acha tão bom, tem que dividir seu galardão com os outros mortais. É isso ou será selado, registrado, carimbado, avaliado e rotulado como soberbo! Plunct, Plact, Zummm, desista de voar.

Soberbo é aquele indivíduo considerado orgulhoso, altivo, dominado pela arrogância. Mas é também um adjetivo que qualifica aquele que é mais alto ou está mais elevado que outro, grandioso, sublime, magnífico, fabuloso. Pena que esta segunda parte, a da singularidade, que de acordo com os preceitos da semântica, diz-se da quantidade que classifica um só sujeito ou coisa, não seja considerada no uso do termo. Existe uma crença social, limitadora, de que quem se destaca em algo, desenvolve um potencial, qualidade ou habilidades, de uma forma sem precedentes ou claramente acima da média e se orgulha deste feito é uma pessoa sem humildade ou modéstia, é prepotente ou… soberba.

Bom, eu não compartilho desse pensamento. Não diria a ninguém para se medir pela régua alheia. Acredito que todos nascemos com uma estrela, com um ou vários dons. E que quem se dispõe a explorar seus potenciais, a diferenciar-se licitamente colocando esses trunfos em ação, para o crescimento pessoal e/ou social, não há que ser condenado por assumir essa condição. Entenda por licitamente não pisar em alguém antes, durante, depois ou em virtude do processo evidentemente exitoso.

Uma coisa que aprendi nestes meus 40 anos de existência: quem faz mal feito, é julgado por desleixo; aquele que faz muito além do esperado, é condenado por exibicionismo, arrogância, petulância; e o que faz na média, não incomoda, porém, também não transforma. Por isso, decida-se por fazer sempre o melhor, dentro das suas possibilidades, que são infinitas! Não se limite a suprir as baixas expectativas alheias sobre seu desempenho; queira frustrá-las fazendo muito mais que o esperado, deseje saber qual é o limite, e, se existe limite, até onde é possível chegar. Aceite e regozije-se com as merecidas homenagens que lhe forem prestadas. E para quem julga seus atos, suas incríveis façanhas e resultados? Bom, para esses deixe o seguinte recado afixado na porta:

_ Não estou aqui; sai em busca de mais, mais de mim, mais do melhor, para dividir contigo e com o mundo. Garanto que não volto igual, porque depois desta viagem nem eu nem você seremos os mesmos. Se quiser me esperar, tudo bem, fique à vontade. A diferença entre nós? Enquanto você analisa e critica minhas proezas, eu escolhi ir em busca de mais!

Nosso medo mais profundo – Marianne Williamsom

“Nosso medo mais profundo não é que sejamos insuficientes. Nosso medo mais profundo é que sejamos poderosos além do que podemos imaginar. É nossa luz, e não nossa sombra que mais nos assusta.

Nós nos perguntamos: Quem sou eu para ser brilhante, maravilhoso, talentoso e fabuloso? Na verdade, quem você é para não ser? Você é um filho de Deus. Você, se fingindo pequeno, não serve ao mundo.

Não há nada de bondoso em se diminuir para que os outros não se sintam inseguros ao seu redor. Todos nascemos para brilhar, como as crianças fazem. Nós nascemos para manifestar a glória de Deus que há dentro de nós.

Não é em apenas alguns de nós; é em todos. E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente, damos permissão aos outros para fazer o mesmo. Conforme nos libertamos de nosso medo, nossa presença automaticamente liberta os demais.”

 Gi Oliveira – Estrategista de Marcas Pessoais e Consultora de Imagem Profissional

Redação

2 Comentários

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  1. Excelente. Mais um.

    Gi, teus texto é excepcional. Não somente pela estrutura formal, mas principalmente pela temática e pela abordagem que imprime aos assuntos; o olhar lançado sobre as circunstâncias é sempre positivo e afirmativo. Gosto muito. É estimulante sem ser didático demais ou pedante. Uma boa régua para quem pretende passar uma mensagem com clareza. 🙂

    Compartilho com os grupos de que faço parte por motivos profissionais e os levo para o pessoal também.  O “Velha, eu?” foi TTs… 

    Mais um de excelente qualidade. O GGN faz muito bem em abrigar tuas publicações.

  2. Nosso medo mais profundo

    Muito bom o conteúdo, pensei em alguns momento que seria exclusivo a minha pessoa ! Tipo: Existe isso mesmo. Triste, mas culpo um pouco a cultura da criação(nossos Pais),  (considerando, EPOCA). Mas valeu o alerta para encorajarmos, nunca é tarde para mudanças, quando é para o bem.

    Agora quando me perguntarem que time é o meu: Grito,  é GALO PORRA !

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