Gilberto Maringoni
Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.
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O apagão ambiental de Bolsonaro: queima-se tudo, menos dinheiro, por Gilberto Maringoni

A noite precoce desta segunda-feira jogou a questão ambiental - algo propagado como exotismo neohippie - na cara de todos, como uma bofetada.

Foto Paulo Netz

O apagão ambiental de Bolsonaro: queima-se tudo, menos dinheiro

por Gilberto Maringoni

O Brasil viveu neste 19 de agosto seu apagão ambiental. É uma tragédia ainda mais dramática que o apagão energético de 11 de março de 1999, quando 18 estados ficaram no escuro.

A grande São Paulo conheceu a escuridão a partir do meio de uma tarde cinzenta e chuvosa. Fumaças de incêndios florestais do Norte e do Centro-oeste cobriram um pedaço do Sudeste com a fuligem de um país em combustão.

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O caos gerado pelas privatizações de FHC no sistema elétrico, duas décadas atrás, não nasceu de um dia para o outro. Foi laboriosamente construído com a irresponsabilidade ultraliberal que entregou um dos mais eficientes e baratos sistemas do mundo à sanha do mercado. Eram puras operações financeiras, em que fundos estrangeiros arremataram empresas com moedas podres e financiamentos do BNDES e fizeram explodir seus ganhos especulativos. A falta de investimentos desligou as redes.

O apagão ambiental também não começa hoje e tem igualmente origem nas engrenagens do mercado turbinado. As queimadas se expandiram de forma alucinante nos últimos três anos, com destaque para a devastação, a piromania e o liberou geral promovidos pelo bando de milicianos em aliança com a banda podre das forças armadas e os pistoleiros das finanças que chegaram à Esplanada.

A noite precoce desta segunda-feira jogou a questão ambiental – algo propagado como exotismo neohippie – na cara de todos, como uma bofetada.

É preciso deter o furor incendiário contra o país. O apagão ambiental condensa especulação, entreguismo, predação, ganância, combate à ciência, concentração fundiária, violência, destruição e pregação do caos.

Que o apagão de Bolsonaro seja o início do apagão de seu nefasto governo.

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

4 Comentários

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  1. “Eu, tu e todos no mundo
    No fundo, tememos por nosso futuro
    ET e todos os Santos, valei-nos
    Livrai-nos desse tempo escuro”

    Gilberto Gil, Extra

  2. A gente leu livros e mais livros, ouviu histórias e mais histórias, viu filmes e mais filmes sobre o fim do mundo. E, de repente, o Apocalipse é aqui e agora.

    E o grande demônio tem nome: homem.

    E o que o move é simples: ganância infinita.

    Haverá tempo?

  3. Onde estão os um bilhão e quatrocentos milhões de dólares que Mario Covas pegou do Banco do Japão para despoluir o Rio Tiête? Isto há mais de 20 anos? Ou Sérgio Moro e Dllagnol creem que tudo é culpa de Paulo Preto? Onde estão os Defensores do Meio Ambiente dizendo que a ÁGUA é o Bem mais precioso deste Milênio? Que ÁGUA? Esta do Rio Tiête, onde cagamos diariamente? Nesta época de poucas chuvas e rio baixo, visitem PIRAPORA DO BOM JESUS, ali logo após o conhecido Alphaville, logo depois de Santana do Parnaíba. Constatem como os Brasileiros de Pirapora precisam conviver, há mais de meio seculo, com a Natureza Paulistana em manhãs florais. É espetacular !! Não existem Ambientalistas de Shopping Center tentando defender os Narizes desta parte da Humanidade. Por que será? Uma das maiores incidências de Mortalidade Infantil de todo o Brasil. Precisamos começar a defender o Meio Ambiente, não acham?

  4. Trabalho em um Tabelionato de Notas há 30 anos.
    Precisamos sim rever muitas coisas e mudarmos os abusos e os atos desnecessários.
    Alguns atos e atividades não podemos prescindir, em razão da segurança jurídica.
    E outros são importantes para desafogar o judiciário.
    Um estudo técnico isento deveria ser feito para desonerar a sociedade.
    Realmente protesto de títulos é algo sem o menor sentido.
    Como tudo no Brasil, em tempos de mudança, a atividade também precisa se auto regular e apresentar soluções para todo o conjunto da sociedade.
    E também lembro que a maioria dos cartórios no interior do Brasil não são rentáveis.
    É uma atividade de sacerdócio e muita, muita, muita responsabilidade.
    Fiz parte da minha vida em um cartório e agradeço a confiança da sociedade, mas sempre devolvemos a ela o que esperava e precisava.
    Não podemos sair destruindo tudo de bom que o Brasil tem, mas também não podemos desconsiderar os abusos e erros.
    Brasil acima de todos!

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