Foto de Francisco Proner Ramos – Coletivo Farpa
O Brasil é Brumadinho
por Wilson Ramos Filho, Xixo
Ao longo dos anos substâncias tóxicas decorrentes da exploração capitalista foram sendo acumuladas em diques de contenção. Era para ficarem lá, vigiadas, e escondidas em suas feiúras evidentes.
O Estado, o Direito e as Instituições, nos últimos cem anos, metaforicamente, haveriam de conter o que de pior advém das relações de produção fundadas na exploração. Ao final da Segunda Guerra, do desastre da forma política que melhor exprime o capitalismo sem limites, erigiram-se e reforçaram-se os diques social-democratas que, distribuindo moderadamente as possibilidades de acesso a bens e a direitos ditos sociais continham a natureza predatória do capitalismo destruidor da vida.
No Brasil as “heróicas jornadas de junho de 2013” produziram as primeiras fissuras nas barragens institucionais e o fascismo começou a vazar, lentamente. O Judiciário foi o primeiro a ser contaminado. Sendo dele a função de guardião, por leniência ou por irresponsabilidade, limitou-se a orientar o sentido em que haveriam de fluir as emanações venenosas. A mídia e o cristianismo serviriam de aprofundados canais por onde a lama fétida, contaminada por crenças obscurantistas, seguiria seu curso destrutivo.
As instituições, o Direito e o Judiciário passaram a respirar os gases entorpecedores que os fragilizavam como diques de contenção. O resultado foi o desastre que vivenciamos.
As ideias redistributivistas, a cultura da solidariedade e da igualdade, as políticas públicas para pobres, as lutas antipatriarcais e identitárias foram arrasadas pela lama tóxica do capitalismo que se assume como verdadeiramente é, sem culpas ou complexos.
A mídia e os representantes das instituições já não falam em vítimas. Aludem a mortos e a sobreviventes. Assim será o Brasil pelos próximos anos. Parte das abrumadas esquerdas, como um fiat antiquado vermelho, no aluvião da iniquidade lamacenta, debate-se entre culpabilização das vítimas (nas ridículas exigências de autocríticas alheias), os moralismos com sinais trocados e primários punitivismos redivivos, exige mais repressão. Estamos todos contaminados.
Brumadinho é o Brasil e o Brasil é Brumadinho.
Fotos de Francisco Proner Ramos (coletivo Farpa) para o jornal canadense The Globe and Mail.
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Quando daqui a vinte anos as
Quando daqui a vinte anos as comportas da previdência, reformada pelos luminares desse governo, romperem, as empresas detentoras das carteiras previdênciária estarão muito bem e os segurados desamparados.
o dono dopoder é a
o dono dopoder é a morte
excelente texto
prinncipalmente o quinto parágrafo:
As ideias redistributivistas, a cultura da solidariedade
e da igualdade, as políticas públicas para pobres,
as lutas antipatriarcais e identitárias
foram arrasadas pela lama tóxica do capitalismo
que se assume como verdadeiramente é,
sem culpas ou complexos.
O Brasil é embromadão. Desde 1500. Só piorou e ficou muito mais
sofisticado o modo de dar golpes e enganar a população, vide a última eleição onde um candidato uso e abusou de mentiras, falsas promessas, se mancomonou com forças militares e judiciário e tudo bem.
A porteira que ia ficar escancara para a exploração agora só vai ficar destravada.
Ontem me falaram “mas que
Ontem me falaram “mas que fase esta passando o Brasil”. E eu pensei não teremos sempre sido assim? Tentamos sair do nossa falta de coesão coletiva, mas nunca fomos Nação. Tentamos nos desenvolver e modernizar as velhas castas penduradas no Estado, mas elas foram mais fortes e continuam “a roer o edificio”. Mariana, Brumadinho, favelas, misérias, violência, repetições às quais nos adaptamos tanto bem quanto mal e nos acostumamos.
Em tempo, Wilson as fotos do Francisco são fantasticas! Parabéns a ele por esse imenso trabalho de nos mostrar com tanta precisão a realidade em Brumadinho.
Informações sobre Bolsobosta
As pessoas aguardam informações sobre a tragédia capitalista em Brumadinho mas a imprensa informa sobre o Bolsonaro.
Que bosta!