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No curto espaço de alguns meses, a esquerda foi desafiada a manter sua coerência. E, diante de uma série de situações dicotômicas, respostas maniqueístas acabaram por confrontar esquerda versus esquerda.
O atentado ao Charlie Hebdo pode ser o caso mais pungente, mas não é o único a suscitar dilemas à esquerda. O affaire Rússia/Ucrânia foi outro desses momentos e, mesmo em território nacional, o corte de direitos trabalhista pelo governo Dilma não causou menos discussões.
Como conciliar a defesa de minorias discriminadas quando extremistas de alguma forma associáveis a essas minorias cometem atentados brutais?
Como apoiar a posição anticlerical e iconoclasta mantida pelo Charlie quando tudo que resta como traço de identidade aos mulçumanos na Europa é a sua religião? Como negar que a religião é e sempre foi usada como poder de dominação e, como toda forma de poder, deve receber o devido contraponto?
Como quem viveu sob censura não apoiaria a liberdade de expressão e dentro dela a liberdade de impressa? Como não perceber que as charges de do Charlie provocavam dor em quem não tinha nenhum poder para reagir e reforçavam estereótipos contra uma minoria já bastante estigmatizada?
Como não reconhecer que o humor é uma poderosa forma de confrontar e questionar o poder, principalmente o poder absolutista e em situações onde outras formas de enfrentamento foram interditadas? Como negar que vivemos, no Ocidente, em Estados democráticos de direito que só se mantém pela tolerância e respeito entre as múltiplas partes que os compõem? A defesa desse estado democrático de direito não deveria impor limites até ao humor, se disso dependesse o respeito e a tolerância entre as partes?
No caso da Rússia, como combater um Estado homofóbico quando esse Estado é desafiado por forças protonazistas, aríete de um movimento imperialista dos poderosos países da OTAN? O mesmo vale, ao seu modo, para países como a Líbia, a Síria ou o Egito.
No Brasil, como conciliar o trabalhismo com corte de direitos trabalhista?
Dilemas sinistros, que ensejaram posições maniqueístas de grupos que se pretendem democráticos e tolerantes. Confrontando esquerda versus esquerda. Respostas, quem as tem?
Já a direita está tranquila, possui certezas reconfortantes. Basta seguir as sinalizações vindas dos poderosos. Muçulmanos são todos terroristas e devem ser mortos. Homossexualismo é falta de vergonha na cara, mas Putin é um terrorista e deve ser morto. No Brasil, trabalhador tem mais é que trabalhar e não ficar recebendo bolsa esmola do governo – coisa de vagabundos.
Ah, e quanto a liberdade de expressão e de imprensa? Basta assistir o noticiário da noite, se ele disser que estamos sob censura, então, devemos acreditar e apoiá-lo no combate ao bolivarianismo.
Simples assim, esse pessoal da esquerda é que complica tudo.
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Dono de seu proprio destino
Sergio:
Vamos ser honestos: além de uns poucos gatos-pingados aqui do site, quem se interessa pelo que passa na França?
Nem vamos pensar em guerras. Vou fazer uma pergunta trivial:
– A Holanda, terra deste leitor. Você saberia me dizer o nome do primeiro-ministro do país?
E, afinal de contas, isso é uma informação relevante para algum brasileiro, seja de esquerda ou de direita?
Deixe-nos em paz com nossos problemas!
O desafio da França deverá ser resolvido pelo povo francês, que é dono de seu próprio destino.
O mesmo deveria valer para o Brasil, não é?
Sim, concordo com você. Mas
Sim, concordo com você. Mas nesse caso, eu acho que o texto vale mais pra mostrar como a esquerda brasileira sempre perde tempo se rachando por coisas nem sempre totalmente relevantes, o que não é muito pragmático e acaba dando mais força à direita, que sempre se une pragmaticamente.
Concordo Hans, principalmente …
Concordo Hans, principalmente porque no placar de invasões entre os continentes, a África e a América do Sul já invadiram e colonizaram a Europa tantas vezes como a Europa fez e ainda faz nos dias atuais nesses continentes.
Me lembro como ontem como foi violenta a colonização da França pelos magrebinos, ou mesmo como foi feroz a dominação a implantação do apartheid pelos Africaners do Sul na Holanda. É realmente cada um deve deixar em paz os outros países!
É de máximo interesse, sim, Saraiva
Veja este outro lado que acho reforça e coloca outros aspectos que a emoção deixa passar. http://emtomdemimimi.blogspot.com.br/ (e 3 curtos observações do autor daquele blog). Em tempo: O Estado (verdadeiramente ) Laico (França, Uruguai) não pergunta aos cidadãos, no censo oficial, suas religiões. Claro, institututos de pesquisas, universidades, etc., têm livre pesquisa sobre. O Wikipedia Internacional (por ser sempre melhor com dados que o wikipedia em português omite ou deturpa) , wikipedias colaborativos abertos, mas outros sites podem trazer interessantes abordagens). A burka e o véu não é por mero laicismo ou capricho pelo governo francês, mas sim por questão de segurança nesses tempos, não por perseguição religiosa às individualidades), como precipitadamente pode-se interpretar.
“Je ne suis pas Charlie”
os argumentos no link e nas obs posteri9orres pelo autor.
esquerda ou direita?
Quem manda no mundo tem duas mãos: a esquerda (dos movimentos sociais, do comunismo – proletários do mundo uni-vos!, etc.) e a direita (do capital, o dinheiro não tem pátria, do neoliberalismo da globalização).
O mundo completo é dominado abraçando-o com as duas mãos. Aquele Charly Hebdo é apenas um dedo do braço esquerdo do mesmo grupo que hoje domina o mundo.
Enquanto isso, fica a maioria ignorante teorizando de esquerda e direita,
mais uma máscara que cai
Não se trata de “apoiar a posição anticlerical e iconoclasta mantida pelo Charlie”. Se alguém quer se ajoelhar e se entupir do ópio do povo, que o faça. Trata-se de dizer o Charlie é livre para dizer o que quer, concorde você ou não.
É uma decepção boa parte da esquerda ser a favor de censura contra blasfêmia religiosa, dando à religião uma importância que não se via faz tempo. Vários comentaristas aqui caíram nesta. Deste ridículo, jamais se recuperarão. Pena que o Saraiva esteja entre eles, parecia alguém de bem.
Sei não…
Olha Xará Saraiva, fora meia dúzia de gatos pingados de social democratas, socialistas utópicos e fãs do hibridismo econômico, eu incluso, não sobrou nenhuma esquerda nesse teu dilema… Ficaram de um lado os marxistas e suas velhas certezas expostas em seu pequeno “circo de pulgas”, e uma enorme direita que vai do centro com “preocupações sociais” do tipo social liberalismo do Milton Friedman, “evoluindo” num grande cozidão ideológico até os nazi facistas e seu capitalismo de estado totalitário…
Prá mim todo mundo é “charlie hebdo” só de momento, meio de mentirinha.
Esse ato terrorista vai ser rapidamente “deglutido” na sociedade do espetáculo consumista… Em 2013 eu vi gente com smartfhone de dois mil paus ligando para o papai e a mamãe, que possuem cada um o seu carro, dizendo: – mamãe, liga a TV que eu tô na revolução!
Esquerda em dilema? Sei lá, ou sei não…
Um abraço.
É isso aí, Saraiva, eu estou
É isso aí, Saraiva, eu estou contigo nessa. Acho democraticamente salutar as pessoas que se definem de esquerda não fechar questão em relação a se aprovava ou não a forma de humor do Charlie. Eu de minha parte, aprovava, porque alguém precisava fazer um humor subversivo ao extremo. Sem isso a a arte da charge seria incompleta. Nenhuma instituição, inclluindo as religiosas poderm escapar da charge.
Mas sou contra se proibir de colocar em questão o humor deles, principalmente porque a religião muçulmana não é poder na França.
Seguin Sergio Saraiva…
Seguin meu irmão:DEBOCHE e AGRESSÃO não são contrapontos de PÔ NENHUMA!!!
A Liberdade Absoluta para ser Liberdade Absoluta tem que ter imprensa:Nazista,Capitalista,Comunista,Terrorista,Marron,Caluniosa e seja mais o que for – ZERO de Regulação – LIBERDADE ABSOLUTA,legal né? a Merda malandro, no final acaba a Liberdade e impera o Absolutismo.
Considerar o Hebdo como racista e xenófobo é um direito de opinião e fico pasmo que uma ESQUERDA REAÇA ASSUMA A DIREITA REAÇA – O AMEO-O OU DEIXEI-O .
Pedro Luiz
Hein?
Como assim?
O último parágrafo, especificamente, ficou com um sentido um tanto ambíguo…
Enquanto isto