O discurso exaltado e a violência atual, por Janio de Freitas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Neste domingo de eleições municipais em todo o país, Janio de Freitas aborda a violência que estamos presenciando coincidente com o discurso de ódio propagado. Não que seja nova a violência em período eleitoral, mas desta vez parece que alcançou um patamar inexplicável.

Janio cita os municípios da Baixada Fluminense, no Rio, onde milícias integradas por policiais e ex-policiais são tidas como responsáveis pelos homicídios. E ali temos metade dos casos do país. Coincidentemente, há dois anos, na eleição para governadores, não ocorreu aumento na criminalidade dos milicianos interessados no resultado, já que o governo estadual é o responsável pela segurança.

Para ele, o aumento da violência está sim, relacionado com o discurso de ódio que teve início em 2014 e foi tomando conta de uma parcela do país, insuflando a violência contra opositores. E, é claro, os alvos parecem muito bem escolhidos.

Além disso, Janio fala de Gilmar e de sua costumeira deselegância ao criticar Lewandowski pela votação em separado entre impeachment e direitos políticos da presidente Dilma. O articulista lembra que Gilmar era ministro da Justiça de Collor e tentou dar o golpe da renúncia para não perder direitos políticos. Assim, os senadores pegos de surpresa fizeram a votação em separado, e ele perdeu cargo e direitos. Gilmar deu uma bola fora, e agora fica furibundo com a votação em separado decidida pelo Senado e que foi a única coisa decente que fizeram.

E, lá no finzinho, fala de Aécio e o sapo que vai ter que engolir. Ou ser engolido.

Leia o artigo a seguir.

da Folha

Aumento da violência coincide com a exaltação propagada pelo país

por Janio de Freitas

O total é incerto, o que tanto atesta a precariedade da informação do Brasil sobre o Brasil, como sugere a gravidade da onda de candidatos e pré-candidatos assassinados no período eleitoral que neste domingo chega às urnas. A violência contra pretendentes eleitorais é tão antiga aqui quanto as eleições, sem sequer se limitar à agressão física: o longo domínio do sistema de trapaças, com a “eleição no bico de pena”, justificou até uma revolução, em 1930. Nem por isso os atentados deixaram de existir. Nessas eleições, porém, as mortes já computadas no noticiário deram um salto tão brusco quanto inexplicado.

Nos municípios que circundam a cidade do Rio, na chamada Baixada Fluminense, as milícias integradas por policiais e ex-policiais são apontadas como responsáveis pelos homicídios que, só ali, rondariam a metade dos casos noticiados. Como explicação, não serve nem para a Baixada só. Há dois anos houve as eleições que influem no sistema de segurança, por serem de governadores, e não ocorreu salto na criminalidade dos milicianos interessados no resultado. As eleições de agora são municipais, sem influência na repressão a milícias e seus negócios. O mesmo se pode presumir sobre a ação das milícias nos outros 12 ou mais Estados com violência eleitoral extremada.

Certo é que o aumento da violência relacionada com as eleições coincide com a exaltação propagada pelo país todo. Mais até, sua elevação em número e em vítimas acompanha o processo iniciado na raivosa campanha de 2014 e, visto o resultado das urnas, sempre mais extremado e irado no decorrer dos dois anos até aqui.

Parece não ser ocasional a onda de assassinatos e atentados políticos. Tem tudo de um sintoma a mais, e com eloquência alarmante, de uma situação que se agrava em muitos sentidos, sob atenção de poucos e providências de ninguém.

DUAS VEZES

Gilmar Mendes piorou. Passou muito da grosseria, ao chamar publicamente de vergonhoso o ato, sem qualquer deslize moral, de outro ministro do Supremo.

Tem história essa colérica opinião de Gilmar Mendes sobre a divisão do impeachment de Dilma, decidida pelo Senado e admitida pelo ministro Ricardo Lewandowski, em perda do mandato e nos mantidos direitos políticos. Nomeado para o Supremo por Fernando Henrique, Gilmar Mendes tinha sido assistente jurídico de Collor então presidente. O plano de defesa contra o impeachment de Collor consistiu em esperar quanto possível e, se encaminhada a perda do mandato, precipitar a renúncia. Assim seriam preservados os direitos políticos do ex-presidente.

Surpreendidos, os senadores recusaram-se a suspender seu pronunciamento e, não podendo mais votar o impeachment, decidiram dar as duas punições por separadas: aprovaram, isoladamente, a cassação por oito anos. A grande esperteza jurídica deu em vexame.

No julgamento de Dilma, o Senado seguiu a separação anterior das punições e Lewandowski, presidindo a sessão, admitiu-a. O Senado cassou o mandato e manteve os direitos. Outra derrota para a estratégia indicada a Collor.

INDIGESTO

Lá pelo começo de setembro, Aécio Neves ameaçou o rompimento do PSDB com o governo, se a reforma da Previdência não chegasse ao Senado ainda naquele mês. Geddel Vieira Lima respondeu pelo governo: pois não, o projeto será mandado em setembro –no dia 30, sexta-feira. Aécio teve que engolir.

Antevéspera das eleições, não seria o PMDB a jogar nas manchetes e TVs uma bomba contra direitos dos assalariados/eleitores. Sexta-feira, nem telefonema para o Senado, quanto mais reforma da Previdência. Aécio Neves terá que engolir. O bolo do governo e a ameaça.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. Sempre atenado nos dizeres de

    Sempre atenado nos dizeres de um dos mais brilhantes e corretos jornalista brasileiro de todos tempos.Apenas sem entender,analisando pros e contras,o que faz em um esgoto a ceu aberto,que e o jornal Folha de São Paulo,chefiado pelo mais podre carater da midia consolidada patria,esse Otavio Frias Filho.

  2. A escancarada parcialidade

    A escancarada parcialidade (“O PSDB não vem ao caso.”) e a impunidade de Sérgio Moro inspiram não apenas militantes desse partidos como o MBL e Revoltados On Line mas também a milicianos na Baixada Fluminense. Sérgio Paranhos Fleury foi apenas o “guarda da esquina”.

    “Ora, se até depor Dilma foi no grito, porque não podemos resolver disputa eleitoral no berro?”

    É dificil interromper briga de cachorro, pode levar anos. Ainda mais agora, que não há tanques de guerra nas ruas, apenas penas nas mãos de juízes-promotores e promotores-juízes… E, claro, armas nos coldres dos soldados da PF e câmeras nos ombros dos funcionários – e nos helicópteros – da firma “Globo”…

    ***

    Aécio Neves da Cunha está reivindicando sua parte na partilha do roubo… ops! do golpe… ops! do impeachment.

    “Ué, mas você não tinham dito que não queriam o impeachment, que queriam mesmo era ver Dilma sangrar?”

    http://oglobo.globo.com/brasil/nao-quero-impeachment-quero-ver-dilma-sangrar-diz-tucano-15543658

     

    O PSDB perdeu para o PT nas urnas e está perdendo para o PMDB no golpe. Será que José Serra tem participação nesse esfacelamento do PSDB? Olha que o vetusto careca vai acabar mundado para o PMDB, hein? Foi de propósito, então?

  3. Não votarei.

    Por 57 anos venho exercendo meu direito e obrigação de cidadão da escolher representantes para o executivo e  legislativo. Este ano não o farei, tenho direito por ter passado de 70 anos de idade. Contribuiu para esta decisão ver o desrespeito às normas constitucionais que possibilitaram o golpe de 16. Jogaram fora a escolha de 54 000 000 de concidadãos, responsabilidade do poder agora instalado. Fora temer, janot e moro. Que se restaure a democracia.

  4. Gilmar tem legitimidade para ser Presidente do TSE ?

    Atuou em favor do Impeachmente( agiu contra Lula virar Ministro)

    Fez combate ao PT

    Fez combate a Lei da ficha limpa

    Retardou votação contra contribuição empresarial de campanha eleitoral

    Reuniu indevidamente com Aecio, Cunha e Serra em momento crítico ao País

    Como ministro continua criticando a lei da ficha limpa quando tem obrigação de fazer cumprir a lei.

    Incrível :critica o fato do TSE ter pego uso indevido dos CPF,s(isso mostra que agora os tribunais eleitorai tem o quê fiscalizar) Será que gostaria da situação anterior quando os acordos empresariais agiam às sombras e lone das mãos  dos TREs?

     

     

  5. Gilmar Mendes é um imbecil.
    Gilmar Mendes é um imbecil. Ele acredita mesmo que pode estimular a violência sem correr o risco de levar uma rasteira e vários chutes na cara qualquer dia destes?

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