O impacto na produtividade da abertura comercial dos anos 90, por Paulo Gala

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Paulo Gala

A abertura comercial dos 1990 reduziu a produtividade agregada da economia brasileira?

Em interessante trabalho de 2014 Rodrik mostra como a rodada de abertura comercial e melhora institucional ocorrida na América latina e África acabaram por produzir o resultado “contraintuitivo” de queda da produtividade agregada desses países. O argumento e as evidências empíricas mostradas por Rodrik no trabalho são relativamente simples de se entender. O pequeno aumento de produtividade promovido dentro das empresas sobreviventes foi bem menor do que a transferência de trabalhadores de setores de alta produtividade (indústria e serviços empresariais) para setores de baixa produtividade intrínseca.

“In a nutshell”, os trabalhadores da América latina e África saíram de empregos de manufaturas e serviços relativamente sofisticados e foram parar em serviços não sofisticados (varejo, restaurantes, padarias, cabeleireiros, etc). Rodrik mostra que o movimento oposto ocorreu na Ásia dinâmica que ganhou enorme produtividade com a transferência de trabalhadores para os setores “certos”. Rodrik critica as análises micro feitas para Brasil e outros países de América latina e África por não responder a questão mais importante de todas: onde foram parar os trabalhadores que foram demitidos das empresas sobreviventes (para não mencionar a grande maioria das empresas que sumiu)?

Rodrik responde: no setor de serviços não sofisticados. Houve regressão tecnológica e produtiva. Na Ásia a “abertura” funcionou, na América Latina e África não. Os dados empíricos que Rodrik mostra são avassaladores.

Vídeo que gravei sobre o tema:

*http://drodrik.scholar.harvard.edu/files/dani-rodrik/files/globalization_structural_change_productivity_growth_with_africa_update.pdf?m=1435002696

O próprio Rodrik:

 

http://drodrik.scholar.harvard.edu/files/dani-rodrik/files/globalization_structural_change_productivity_growth_with_africa_update.pdf?m=1435002696

https://drodrik.scholar.harvard.edu/files/dani-rodrik/files/globalization-structural-change-and-productivity-growth.pdf

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Ao se falar em conquista de

    Ao se falar em conquista de mercados, devemos lembrar que o projeto petista abriu mercados para a construção civil na América Latina e África. Os representantes dos gringos, sediados em Curitiba, agiram rápido para destruir as empresas do setor e os mercados. À partir de janeiro de 2019, veremos se outros setores estratégicos serão igualmente destruídos.  

  2. Abertura com cautela

    Eu acho que abrir por si só não resolve o problema. Acho que, antes de tudo, é necessário preparar os setores para a abertura. Muitas empresas foram pegas desprevinidas e dentro de um contexto de juros altos e baixa qualificaçlão de mão-de-obra. Obviamente não iriam resitir a uma concorrência forte e especializada. Quanto aos trabalhadores, em razão da baixa qualificação, terminaram por trabalhar em atividades simples e de baixa remuneração.

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