O mercado de trabalho e a economia brasileira, por Rodrigo Medeiros

A taxa de desocupação se manteve em dois dígitos para o trimestre encerrado em outubro e a subutilização da força de trabalho foi uma dura realidade para 27 milhões de pessoas.

O mercado de trabalho e a economia brasileira, por Rodrigo Medeiros

A recente pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua divulgada no dia 29 de novembro, mais uma vez revelou um quadro estrutural de precarização do mercado laboral brasileiro. A taxa de desocupação se manteve em dois dígitos para o trimestre encerrado em outubro e a subutilização da força de trabalho foi uma dura realidade para 27 milhões de pessoas. Empregados sem carteira assinada no setor privado atingiram um novo recorde na série histórica, 11,9 milhões de pessoas.

Nesse contexto bem adverso, a renda média real do trabalho se manteve praticamente estagnada. Muitas pessoas foram forçadas a trabalhar por conta própria, atingindo a marca de 24 milhões, novo recorde na série histórica do IBGE. Esse “empreendedorismo forçado” tem sintonia com a precarização do mercado laboral brasileiro e com o baixo desempenho da economia. Gestões fiscais nacionais e subnacionais, desde 2015, buscaram atuar para reforçar o ciclo e, nesse sentido, não encontramos uma relação clara e consistente do tipo austeridade fiscal expansionista em termos de empregos. Não houve “fada da confiança”.

Tendo em vista as grandes dificuldades vividas pelos trabalhadores no Brasil, não é exagero dizer que o seu mercado laboral vem se mostrando uma grande máquina de moer gente. Até o experimento neoliberal realizado sob a feroz ditadura do general Pinochet e que foi estruturalmente mantido na redemocratização chilena, devidamente tutelada pelo ditador, pelas Forças Armadas e o poder econômico privilegiado na ditadura, não oferece mais uma bússola segura para consolidar o novo pacto conservador no Brasil. A questão não está no fato de que o mercado financeiro teria preferência revelada por governos democráticos, afinal, estão bem documentadas em livros e artigos as associações históricas entre capital e regimes de caráter autoritário ou fascista, inclusive na América do Sul.

Em uma matéria do UOL sobre a divulgação do resultado do PIB no terceiro trimestre, o professor Nelson Marconi (FGV-SP) afirmou que a “nossa economia continua em banho-maria, andando de lado”, pois “a participação dos investimentos continua igual em relação ao PIB, na casa de 16%”. Para Abhijit Banerjee, recente ganhador do Prêmio do Banco da Suécia para as Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, “baixar impostos para impulsionar o investimento é um mito promovido pelo setor privado”. Ele ainda pondera que “não se impulsiona o crescimento cortando impostos, isso se faz dando dinheiro para as pessoas. O investimento reagirá à demanda”. O nível de ocupação também reagirá.

Rodrigo Medeiros

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