O monstro do lago Paranoá: Meleagris bolsonarus, por Alexandre Filordi

Uma nova espécie foi descoberta neste sábado no lago Paranoá, em Brasília; suspeita-se que se trata de uma mutação biológica de proporções descomunais

Foto: Extraído do vídeo divulgado pelo Jornal Correio https://www.youtube.com/watch?v=nh534P6Z9m8
Foto: Extraído do vídeo divulgado pelo Jornal Correio https://www.youtube.com/watch?v=nh534P6Z9m8

O monstro do lago Paranoá: Meleagris bolsonarus

por Alexandre Filordi

 

A descoberta de novas espécies causa grande interesse em toda sociedade, para além do mundo científico, porque revela a dinâmica da vida, seus assombros e saltos.

No sábado, 9 de maio de 2020, uma nova espécie foi descoberta no lago Paranoá, em Brasília. Preliminarmente, suspeita-se que se trata de uma mutação biológica de proporções descomunais. Concebê-la na categoria de monstro não está fora do horizonte, pois parece que nada é comparável no reino animal.

Por enquanto, atribuiu-se o nome científico ao monstro de Meleagris bolsonarus. Como se sabe, a primeira expressão dos nomes científicos se refere ao seu gênero a que pertence a espécie, ao passo que se reserva propriamente dito para a espécie a segunda expressão.

No caso do Meleagris bolsonarus, gênero encontra-se numa disparidade incomum para a espécie, por isso mesmo julga-se ser um monstro, uma aberração impensada. Esta criatura bem que poderia ter saído das páginas de Homero como monstro mais sombrio que o ciclope Polifemo; ou poderia ser mais aberrante que Minotauro.

Mas não, o monstro surgiu no lago Paranoá e, seja como for, não é um mito; este monstro é real e suas anomalias precisam ser estudadas, talvez, para se saber como combatê-lo melhor.

Os perus pertencem, tal como o monstro, ao gênero Meleagris. E aqui é preciso entender algo peculiar aos perus. Se você colocar em um buscador, na internet, “os animais mais burros”, descobrirá que aparece o peru. Nada contra o burro, claro está, que quando empaca não sai do lugar. O fato é que os perus sofrem de uma condição genética chamada espasmo torticular tetânico. Explica-se: com frequência, os Meleagris olham para o céu sem fixar o olhar em nenhum ponto, mesmo se estiver chovendo. Estúpido, não? Ou seja, os perus têm a capacidade de se desconectar da realidade. Pior ainda, os olhos dos perus são tão separados que, para conseguir focar em algo, eles precisam inclinar a cabeça, fazendo com que parecem idiotas. Logo, os perus não possuem senso de urgência, tampouco conseguem ter objetividade, já que estão condicionados à incapacidade de agir corretamente.

Observou-se que todas essas características estão presentes no monstro em questão. O espantoso, porém, é quando o Meleagris se encontra com a especificidade da espécie: o bolsonarus. Nesse caso, processou-se a monstruosidade. A falta de objetividade, de foco e de senso de realidade do Meleagris casou-se com as características próprias do bolsonarus.

Imprevisibilidade, erupção de ações violentas e repentinas, predação gratuita, insensibilidade, incapacidade de se expressar, comportamento insociável, obtusidade mental junto com vontade de poder são algumas das características já encontradas no bolsonarus.

O Meleagris bolsonarus, monstro que é, precisa ser combatido, porque já se sabe que se procria com facilidade. E mais, também há indícios de que ele só não ataca aos que passam a imitar e a reproduzir seu próprio comportamento; do contrário, ele pode ser fatal.

Em tempos de demanda por sensibilidade, solidariedade, consolo, confiança mútua e fragilidade humana, ignorar o Meleagris bolsonarus pode ser, inclusive, fator de extermínio para muitos da espécie Homo sapiens, sobretudo aos que vivem no país onde o monstro possuiu habitat e foi descoberto: um tal de Brasil.

 

Alexandre Filordi (EFLCH/UNIFESP)

Redação

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