O país que perdeu a alma e o desenvolvimento, comentário de Bo Sahl

Este era o Brasil em que cresci, num ambiente de "yes, we can ... we will", cujo desenvolvimento era admirado pelo mundo, construindo uma cidade (capital!) em cerca de 40 meses, hidrelétricas monstro, estradas, indústrias de todo tipo e evolução invejável do PIB.

Por Bo Sahl
comentário no post Os canhões e Cilindros de mergulho brasileiros dos anos 80, por Paulo Gala

Em 1957, época em que ainda poucos tinham automóvel na pátria amada, meu pai tinha um (hoje clássico) Chevrolet Bel-Air ’57 “hardtop” sem coluna, automático (um raríssimo “turbo-glide”), com direção hidráulica, motor V8 “de Corvette” com 264 HP. Trocado anteriormente por um Hudson Hornet 8 em linha (outro clássico).
Pra não esticar, 2 anos depois ele o trocou por um obsoletíssimo Aero-Willys ’59, fabricado no Brasil por uma indústria com sucatas trazidas dos EUA (WOB).
Apesar de incomparáveis, comprar um carro nacional trazia um tanto de orgulho e satisfação para incentivar nosso começo de massificação automobilística. Nenhuma vergonha!. Era aquela coisa (consciente!) do “o meu é pior, mas fui eu que fiz”…
Este era o Brasil em que cresci, num ambiente de “yes, we can … we will”, cujo desenvolvimento era admirado pelo mundo, construindo uma cidade (capital!) em cerca de 40 meses, hidrelétricas monstro, estradas, indústrias de todo tipo e evolução invejável do PIB.
Note-se ainda o olho do mundo em nossa música, arquitetura, cinema, artes em geral.
Ou seja: desenvolvimento de corpo E alma!
Novamente para não esticar mais, veio a ditadura que, por inércia, continuou o desenvolvimento (decrescente) do “corpo”, mas começou a atrofiar nossa alma, criando gerações que aí estão, fazendo o que estão, das artes à política, com saudosistas (sem tê-la vivido) de “intervenção militar constitucional” (!) e tudo.
A destruição do Brasil começou já no fim da ditadura, com a desmoralização diuturna pela miRdia (à serviço) de tudo que é(ra) nacional (palavra derivada de nação, país mais seu povo).
Aí chegaram os fernandos, das carroças, da pá de cal, da privataria, dos aposentados vagabundos.
Com uma “alma” animada pelo retorno à “democracia” do voto direto, a comemoração não nos deixou perceber o atrofiamento “em definitivo” de nossas capacidades e a alienação cada vez maior de nossas riquezas (aos nossos concorrentes e seus representantes), das quais nunca o povo brasileiro pode desfrutar, apenas uma parte desprezível (nos dois sentidos).
Foi nesses tempos que descobri que democracia é muito mais que voto!

Tudo isso para observar que, relacionado ao post, este braZil tem uma das maiores reservas E produções de MINERAIS de alumínio do mundo (bauxita e alumina) e produção renovável e barata de energia elétrica (intensiva na produção de alumínio), chegou a ser a sexta maior nação produtora de alumínio primário, e hoje deve estar lá atrás em 15o, no seu mínimo, ao invés de ter avançado. Ainda assim isto tudo feito por estrangeiros que aqui se instalaram para aproveitara energia elétrica de Tucuruí, que LHES atendia eminentemente e não às populações locais, para produzir e EXPORTAR (Alcan, Alcoa, Alumar/Alunorte e a “pequena CBA dos de Moraes).
O post demonstra que, contra todo este quadro, ainda conseguimos criar e produzir!
Quando deixam…

Luis Nassif

2 Comentários

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  1. Boa! Muito boa mesmo, Bo Sahl. É isso, nós nos lasca os fazendo todo trabalho intelectual e braçal até encontrarmos a riqueza que procurávamos, daí surgem “os gringos” e junto com a nossa paz, nossa alegria, nossa união, nossa criação, nossa força de trabalho e sobrevivência tomam as todas essas nossas riquezas com mão grande, os olhos grandes e os bolsos ávidos de lucro, lucro, lucro e muito sangue.

  2. Tú era riquinho, hein, Bo Sahl!
    Cá em Sampa, início dos anos 60 e uma professora primária ganhava o suficiente para ter um Aero-Willys zero km, verde pastel(da moda), e só o município de Guarulhos, grande São Paulo, contava com mais de 500 indústrias. Fabricávamos de tudo, tinhamos grandes lojas de varejo, escolas, comércio, cinemas, teatros, educação e a cultura nos grandes centros.
    Das coisas que o Brasil já teve…
    Das posses à liberdade, de tudo o que se conquistou e se perdeu, não adianta contar.
    Nosso povo é como grama de estádio, destruída a cada jogo, é adubada para crescer logo e ser destruída de novo.

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