Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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O PT, a canoa furada e a coragem, por Aldo Fornazieri

O PT que construiu a democracia nas lutas, nas greves, no campo, nas cidades, nas universidades foi substituído pelo PT que apoia aqueles que traíram a democracia.  

O PT, a canoa furada e a coragem

por Aldo Fornazieri

Ao entrar no bloco de Rodrigo Maia, o PT embarcou numa canoa furada…, ou furou sua própria canoa. Não comanda; é comandado. Não dirige; é dirigido. Perdeu sua autonomia nessa questão. A principal justificativa oferecida pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, para entrar no bloco consiste em ter a primazia de escolher um cargo na mesa diretora. Lutar para derrotar o candidato apoiado pelo governo poderia ser feito sem entrar no bloco.

Com a entrada no bloco, o PT montou uma armadilha para si mesmo. Se sair do bloco e Arthur Lira vencer, o PT será acusado de ser o responsável. Se ficar no bloco de Maia, além de apoiar um notório conspirador, traidor e golpista, estará reforçando a linha auxiliar de Bolsonaro. Sim, porque o MDB não é oposição a Bolsonaro, mas linha auxiliar do governo. Baleia Rossi votou em cerca de 90% das propostas do governo na Câmara. O MDB ocupa lideranças do governo no Congresso, a exemplo de Fernando Bezerra no Senado.

O PT e as esquerdas em geral mostram-se incapazes de fazer uma oposição efetiva ao governo no Congresso. Não conseguiram emplacar nenhuma CPI. Nem mesmo uma CPI da Saúde para investigar os desmandos criminosos de Bolsonaro e do general Pazuello, as suspeitas de omissões da ANVISA e a absurda produção de cloroquina do Exército. As CPIs sempre foram tidas como instrumentos das minorias. Mas o que se vê é uma minoria sem vontade de lutar. A rigor, as oposições terceirizam a necessidade de enfrentar o governo para o STF e deixam de cumprir seu dever e a função que o eleitorado lhe reservou. Triste país  que não tem governo e não tem oposição.

Sob as últimas direções, o PT foi transformado num partido lamentável e num partido de lamentações. Perdeu a combatividade e a coragem de lutar. A coragem é a virtude primária e fundante da ação política. Sem ela, não há atividade, não há luta, não há grandeza e não se conquista a glória. A coragem é uma virtude que requer o exercício permanente de sua pedagogia. Caso contrário, ela fenece e morre em um corpo político – Estado, partido ou movimento.

Não há pedagogia da coragem sem a capacidade e o sentimento da indignação ativa. O PT dos últimos anos vem matando aos poucos a coragem, substituindo-a pela covardia. Em 2013, quando a direita começou a tomar as ruas, o PT recolheu suas bandeiras. Não foi capaz de construir um caminho próprio de mobilizações e de defesa do governo.

Esta batida em retirada provocou graves danos em 2015. A direita se pôs nas ruas desde o início do ano para derrubar o governo. O PT ficou aquartelado o ano inteiro, confiando no Judiciário, na Polícia Federal, na Câmara dos Deputados, nos ministros do centrão e no seu principal aliado, o então PMDB. Somente no final do ano ocorreu um ato na Faculdade São Francisco e uma caminhada da Avenida Paulista à Praça da República. Em 2016, os atos na Paulista nunca atraíram o apoio do povo. Eram atos de militantes e ativistas. A derrota já tinha sido construída nos anos pregressos. O resultado foi a deposição da Dilma da presidência.

O 17 de abril de 2016 foi um dia da vergonha em duplo sentido. Foi um dia da vergonha pelo espetáculo dantesco e degradante que a maioria dos deputados ofereceu no processo de votação na Câmara. E foi um dia da vergonha para quem estava no Vale do Anhangabaú e viu a militância se retirar silenciosa, desolada e cabisbaixa, sem luta e sem protestos e sem comando. Aquela atitude prenunciava os anos seguintes: todas as mobilizações contra Temer e suas políticas antissociais fracassaram. Contra Bolsonaro as mobilizações escassearam ainda mais. E quando as torcidas organizadas convocaram atos contra o fascismo e em defesa da democracia, a bancada do senado do PT exercitou a pedagogia da covardia desaconselhando o comparecimento nos protestos.

O fato é que o PT do século XXI destruiu o PT do século XX. Destruiu suas virtudes, sua combatividade, sua coragem. O PT das portas de fábricas, da luta contra a carestia, do apoio aos sem terra, das greves universitárias, dos enfrentamentos nas ruas, foi substituído pelo PT dos gabinetes, dos hotéis de luxo, dos restaurantes finos, dos vinhos caros e, mais recentemente, pelo PT das lives.

O PT de Xapuri, de Imperatriz do Maranhão, dos peões de Santarém, de Chico Mendes, do enfrentamento da Lei de Segurança Nacional, do enquadramento dos seus líderes pela LSN, das prisões de seus líderes, esse PT não existe mais. O PT do enfrentamento da UDR, da violência no campo, da luta contra a carestia, do assassinato dos indígenas e do massacre de Leme, ficou no passado. Para Leme foram Suplicy, Jacó Bittar e Hélio Bicudo. No dia do tiroteio e da chacina lá estavam os deputados Djalma Bom, Anísio Batista e José Genoino.

Onde querem estar os deputados do PT de hoje? Na mesa diretora da Câmara dos Deputados… O PT da guerreira bancada do Congresso Constituinte foi substituído pelo PT das bancadas acomodadas e conciliadoras. O PT que construiu a democracia nas lutas, nas greves, no campo, nas cidades, nas universidades foi substituído pelo PT que apoia aqueles que traíram a democracia.

O espírito de combate e de grandeza do PT do século XX foi substituído pelo espírito do cálculo mesquinho dos cargos, salários e fundo partidário do PT do século XXI. Este PT até pode vencer eleições, mas não mudará o Brasil. O lamuriento PT de hoje invoca o passado recente para acobertar a sua incompetência e incapacidade de enfrentar os grandes desafios de hoje. De enfrentar nas ruas e nas lutas um governo de extrema-direita que destrói o Brasil e infelicita o povo. É esse mesmo PT que tem em suas hostes próceres que não convencem o povo e culpam o povo pela tragédia que se abate sobre ele. O PT da burocracia e da aristocracia parlamentar parece que se esqueceu de uma lição básica da política de toda a história: os povos precisam de direção e sentido ofertados por líderes virtuosos e persuasivos, capazes de comandar e liderar.

Dizer que a sociedade em que surgiu o PT não existe mais é uma verdade que não resolve o problema. O Brasil, fundamentalmente, não mudou. Em vários aspectos, até piorou. As tragédias do povo se agravaram. O PT também piorou.

O fato é que hoje o manto vermelho do combate não é mais hasteado na frente da tenda dos comandantes do PT. Até porque não estão mais em tendas, mas em gabinetes perfumados. Guardaram aquele manto no baú do esquecimento. Não se vê, nas linhas de frente do PT, combatentes a exemplo de centuriões como Caio Crastino que, com sua coragem e um punhado de companheiros, avançou contra a infantaria inimiga de milhares de homens, para abrir fileiras para seus camaradas inferiorizados.

O PT não tem em seu comando alguém destemido como o cônsul Públio Décio Mus que, montado em seu cavalo, avançou sozinho contra um exército inteiro, sacrificando-se para estimular a coragem dos soldados amedrontados ante a superioridade inimiga. O seu sacrifício e o seu destemor salvaram a pátria. Essa devoção ao sacrifício pela causa ou pela pátria perdeu-se no transitar dos séculos.

O PT de hoje até penetra nas fileiras inimigas, mas para abraçar o seu oficialato. O PT de hoje pode  ter uma certeza: os jovens combativos que estão nas lutas procurarão outras agremiações, outros movimentos, outros camaradas para exercitar a sua coragem e sua valentia pelas causas se o PT não mudar. E se não mudar, será cada vez mais o partido da burocracia e da aristocracia parlamentar que até pode vencer eleições, mas não mudará o Brasil.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (Fespsp).

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

24 Comentários

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  1. Extraio do artigo: ” PT ficou aquartelado o ano inteiro, confiando no Judiciário, na Polícia Federal, na Câmara dos Deputados, nos ministros do centrão e no seu principal aliado, o então PMDB.” Faltou o STF: a confiança no STF.
    Sobre este trecho, e sem esquecer do STF, pergunto: “NUMA DEMOCRACIA, NÃO É O CORRETO CONFIAR NAS FORÇAS GARANTIDORAS DA CONSTITUIÇÃO?”
    Ou, ao contrário, como aparenta ser um consenso entre alguns articulistas ou entre “formadores de opinião”, o correto seria que, sabendo-se criminosos , os governantes devem aparelhar os órgãos com poder constitucional de levá-los aos tribunais, como fazem atualmente os provisoriamente aboletados no poder executivo?
    Se Dilma e a maior parte dos congressistas petistas, tinham certeza de sua inocência, fizeram o certo; aguardaram o bom direito e uma justiça equilibrada.
    A parcela da população que lá os colocaram não esperava nada diferente.

    Quanto ao cenario atual, vou insistir num ensinamento de “A Arte da Guerra”, que busca apresentar o Princípio do Emprego Correto da Força.
    “Diante de uma larga frente de batalha, procure o ponto mais fraco e, alí, ataque com a sua maior força.” 
    A vida pregressa de bozo, os delitos já investigados de seus filhotes e um governo incompetente e destruidor, são pontos a serem atacados. Mas o melhor: CONSTITUCIONALMENTE!!!

    1. O Brasileiro descobre o fogo. São 90 anos de vanguarda. Qual é o problema do PT se aliar a Maia, um dos ‘Bebês Allende’s’? Esta tal Direita, tal Centrão, a tal Governabilidade, cujos Pais foram Perseguidos Políticos Marxistas Socialistas, Fugitivos ou Foragidos, que recebem uma ‘Grana Alta’, Poupudas Indenizações e Pensões, por uma pseudo perseguição do Estado, contra antigos Terroristas. Mas antes de tudo AntiCapitalistas. Sabemos. Farinha do mesmo saco. E de ‘Farinha”, a Esquerdopatia Tupiniquim entende. O PT é fruto desta Elite gerada por Ditadura Fascista, Cúmplices e Lacaios como Trabalhismo e Sindicalismo Pelego de Legislação baseada na fascista Carta Del Lavoro de Mussolini, associada a outros Satélites do Período Medieval Fascista a partir de 1930: OAB (1930), USP (1934), Universidades Federais,.. FFLECH da USP juntamente com OAB formam a Elite Intelectual que criará o PT. Isto é histórico e biográfico. Não existe nada no DNA destas Entidades, principalmente PT, que destoe da sua origem dentro das Elites Ditatoriais Caudilhistas Absolutistas Assassinas Esquerdopatas Fascistas. Quem tenta, como este Artigo, demonstrar outra Natureza, combativa, revolucionária, anticapitalista, popular, alternativa, destoante, diferente, reformista, progressista, evolutiva,…ou o faz por interesses pessoais que muito lhes renderam profissional, financeira, estratégica, política, econômica, inflando ‘bolsos, egos e carreiras’, ou pior, está se enganando ou enganado aos outros. Massa de Manobra que proporcionou um Projeto Vitorioso e Duradouro à esta Elite, que se mantém há 90 anos, levando uma Nação Potência Continental aos últimos e mais baixos níveis do Quintomundismo e Miséria Humana. Está tudo aí nos sobrenomes e parcerias que criaram estas 9 décadas do retrocesso nacional brasileiro. Pobre país rico… é obsceno de tão óbvio…”Mas de muito fácil explicação.

  2. Quem olhar o artigo do Aldo nutrirá alguma simpatia pelos argumentos, eu mesmo nutri.
    Mas é rápido.
    Aldo comete dois erros graves e clássicos: de analisar o que já está pronto, e portanto, irremediável é, e age assim como fiscal de obra pronta, e na outra ponta, ele argumenta como se houvesse saída para o PT e as esquerdas dentro da luta política institucional.
    (engraçado que ele sempre reclama do hegemonismo petistas, mas ele mesmo hegemoniza suas críticas ao PT, enquanto “esquece” as demais siglas).
    E dá-lhe simplismo raso.
    No jogo de me-engana-que-eu-gosto que são as formalidades representativas no capitalismo (que ele insiste em chamar de democracia, como outros ingênuos), o espaço reservado para as forças que reivindicam qualquer campo anti-estamento sempre será o de validar ou convalidar os arranjos conservadores das estruturas da desigualdade capitalista.
    Aldo imagina que o PT ou as “esquerdas” vão ganhar o PODER pela via institucional?
    Será que a História não lhe ensinou nada ainda?
    Pois bem, então voltando ao campo pragmático, temos que o PT é o maior partido da Câmara, mas mesmo assim não detém a menor chance de fazer valer este peso na atual conjuntura.
    Maia é golpista?
    Uai, nós tivemos golpistas no governo do PT e das esquerdas, cujos nomes nem quero lembrar.
    Ele mesmo Aldo não deseja uma frente ampla anti-Bozo?
    E não deseja ele que conversemos com Ciro (eca)? Com Marina (argh!)? Com FHC (blergh!)?.
    O que é Ciro senão um Maia com muito menos talento, e muito mais boquirroto e traiçoeiro?
    Qual era a garantia que um bloco de “esquerda” conseguisse se manter coeso?
    Com quem, com o PDT?
    Eu não tenho a menor dúvida.
    O PT para recobrar seu espaço na cena política vai fazer aliança até com o cão danado.
    Lula já provou isso.
    Alguém lembra de Pallocci?
    Levy, o Joaquim?
    Temer?
    Eliseu Padilha?

    Na verdade, o PT deixou escapar uma grande chance de avançar da guerra semiótica patrocinada pelo capitalismo através do seu boneco bozo.
    O certo seria hipotecar apoio ao Arthur Lira e pedir espaço maior na mesa diretora que Maia e o Baleia oferecem.
    Ia torcer os dois neurônios do Bozo e seus soldadinhos de chumbo.

    Mas aí faltou duas coisas essenciais em política: coragem e imaginação.

    O texto do Aldo é a prova disso.

    1. Critica eh facil… e a via eleitoral do PT para chegar ao poder ainda funciona, visto que o PT ainda mantem os seus tradicionais 30 % de votos desde 2002. nao no segundo turno. O PT son ferrou por gula, de nao jogar o jogo da alternance do poder com os alisdos da base governista do Governo Lula. Élever a Dilma foi o grande erro da direcao nacional. Agora o PT esta fora do jogo e vai ser dificil retornar

      1. kkk, sua fala é do típico cabo eleitoral. Jogar o jogo por si só já é um erro que quase sempre leva ao massacre das esquerdas. Os petistas tiveram sorte de viver em uma época mais nutella, em outros tempos teriam sido massacrados fisicamente.

    2. Lenin X Martov = Revolução X Reforma
      O grande drama da esquerda mundial desde o 2º Congresso do Partido Operário Social-Democrata Russo, em 1903, em Londres – tinha começado em Bruxelas, mas tiveram de fugir da polícia belga. Revolução termina sempre em ditadura, e a primeira a perceber isso foi Rosa Luxemburgo, que acusou Lenin de ditador, quando ele mandou fechar a Assembleia Constituinte russa, em janeiro de 1918, logo após a Revolução de Outubro, mas ela morreria um ano depois e não pôde ver o acerto das suas previsões. Porém, Angelica Balabanoff, outra revolucionária brilhante, denunciou a ditadura bolchevique em 1922, renunciou ao seu cargo no Governo Soviético e se mandou da “Pátria Socialista”.
      Da Itália, ela pôde ver os tanques soviéticos esmagando a revolta húngara de 1956, porém, morta em 1965, não viu a Primavera de Praga ser arrasada por tropas e tanques comunistas e, a maior dor, soldados comunistas fuzilarem milhares de trabalhadores poloneses na revolta operária de 1970.
      O último exemplo de esquerda revolucionária criando uma ditadura é essa tragédia da Venezuela, cujo PIB retroagiu para 1970, com a destruição total da economia e do país, sendo agora um Narco-Estado governado por bandidos traficantes como Nicolás Maduro e Diosdado Cabello. E é uma tragédia ainda maior termos de colocar esse abjeto e repulsivo Nicolás Maduro na mesma linha histórica de Lenin, Trotsky, Bukharin e Stalin.
      Por outro lado, o que sobra de lugar na história para os herdeiros de Martov e Plekhanov?
      Ajudar o centro a vencer eleições ou, na melhor das hipóteses e com sorte, conquistar o poder através de eleições e governar estritamente dentro dos limites da constituição em vigor, ou seja, o máximo permitido é criar programas de transferência de renda, como o bolsa-família, investir em saneamento básico num país em mais da metade da população não tem acesso à rede de esgoto, fundar universidades…
      Segue a vida, porque não há saída.

  3. Eis aí a autocrítica do PT ou para o PT.
    Ao contrário do que pregam os diversos setores empresariais, o establishment ideológico dos altos servidores públicos, especialmente do Judiciário, a camada mais moderna do poder econômico, alguns da esquerda iludida, mas especialmente a grande imprensa, a autocrítica do PT deve ser feita com o foco na organização social brasileira, conforme as classes econômicas, com atenção nos trabalhadores, nos pobres, nos excluídos e nas minorias. O que os governos do partido não fizeram para garantir mais ascensão econômica e social desse segmento? O que faltou para que tivesse mais educação formal? mais saúde? Por que não atuou mais para a democratização dos meios de comunicação? E o que seria necessário para implementar as políticas para esses objetivos?
    Parece que essa é a reflexão do professor Aldo Fornazieri, em seu artigo sobre a canoa furada do PT. Eu admito que apoiava o pragmatismo do partido em se aliar ao candidato do MDB. Mas, à força dos argumentos do professor Fornazieri, acredito que o partido deva fazer sim sua autocrítica nos moldes de sua tradição de luta popular, na defesa dos trabalhadores e dos menos favorecidos, abandonar esse acordo, lançar candidato próprio ou apoiar candidato da esquerda.

  4. Pera lá. Na bendita governabilidade nos governos Lula foi-se buscar apoio de quais partidos? Todos progressistas? Ah, mas cada caso é um caso. Pois bem, sabemos todos no que deu.
    Moralismo ou purismo numa hora dessas vai resultar em que? Só para lembrar, reveja a foto de Yalta. Ali todos se amavam.

  5. Mas o que o articulista propõe opção para o pt, votar nulo nas eleicoes da casa e ver circo pegar fogo, lançar candidato próprio? O acerto com Maia é estritamente para a eleição da presidência da casa não uma aliança politica como estao afirmando.

  6. Nassif: o Aldo meteu o dedo na ferida e foi ao cerne da questão:

    “(…) O PT não tem em seu comando alguém destemido como o cônsul Públio Décio Mus que, (…), avançou sozinho contra um exército inteiro, sacrificando-se para estimular a coragem dos soldados amedrontados ante a superioridade inimiga. O seu sacrifício e o seu destemor salvaram a pátria. Essa devoção ao sacrifício pela causa ou pela pátria perdeu-se no transitar dos séculos.”

    Como está a liderança, o Partido mais parece um molusco, cheio de ventosas, grudando-se no que dá, perdido, ao sabor das correntes profundas do oceano e das maresias políticas.

    A bem da verdade, o PT está, hoje, como dizia o Poeta Fernando Pessoa: “(…) perplexo, como que pensou e achou e esqueceu…”.

  7. Churchill só aliou-se a Stalin porque Stalin lutava pra destruir Hitler. Rodrigo Maia e os seus não se propõem destruir Bolsonaro e o que ele representa, então essa aliança PT/Maia não é a mesma coisa que a aliança Churchill/Stalin. MALDITOS ESTÚPIDOS BUROCRATAS DE ESQUERDA. NOJENTOS.

    1. Ótima observação. O que fica claro é que o PT não quer se indispor contra o “stablishment”, apenas no seu início ele o fez, agora ele deseja ser “sócio”. Santa ingenuidade e mau caratismo.

    2. Churchill aliou-se a Stalin logo no inicio da operação Barbarossa, a invasão da União Soviética, em junho de 1941, mesmo sem nenhuma certeza se os Soviéticos venceriam, como demonstrado nos dois primeiros anos da guerra ou até Stalingrado no final de 1942. Em novembro de 1941, com os alemães a 18 km de Moscou, com mais de 3 milhões de soldados russos mortos ou prisioneiros naquele período, quem acreditava que Stalin venceria. E os EUA ainda não haviam entrado na guerra. Mas Churchill investiu ainda mais no programa de apoio Land Leese, enviando comboios que seriam massacrados no atlântico norte- artico pelos submarinos alemães. No mais famoso deles, o comboio PQ 17, dois terços dos navios foram afundados. Nem assim Churchill desistiu de continuar apoiando a Russia. Sua afirmação está totalmente fora de contesto em relação de só por que Stalin venceria a guerra

      1. Ulisses, talvez você já conheça esses livros, em todo caso seguem como sugestões minhas:
        “The Great Terror”, Robert Conquest, que na velhice se tornaria um feroz anticomunista, amigo pessoal da Margareth Thatcher, mas isso não desmerece a sua vasta pesquisa em arquivos soviéticos, nem o seu trabalho anterior à sua conversão neoliberal. Narra os Processos de Moscou e os Grandes Expurgos de Stalin no Partido Comunista, entre 1936-38, começando pelo assassinato de Kirov, em 1934.
        “Stalin In Power: The Revolution From Above, 1928-1941”, Robert Tucker. Novamente os julgamentos fajutos e os massacres de comunistas inocentes por ordem de Stalin.
        “The Whispers: Private Life In Stalin’s Russia”, Orlando Figes.
        “Red Victory: A History Of The Russian Civil War”, W. Bruce Lincoln, uma narrativa da guerra civil que se seguiu à Revolução de 1917, que matou mais gente do que a Primeira Guerra. Stalin aparece aqui, em 1920, como um medíocre chefe militar na região de Tsaritsyn, no Volga. Trotsky venceu a guerra civil. Stalin era só um burocrata venenoso e carreirista.
        Para minha surpresa, dei de cara com a sepultura dele bem atrás do Mausoléu de Lenin, e eu fiquei mais tempo observando aquele simplório retângulo de cimento com o nome de um dos maiores assassinos da história humana, no pé da muralha do Kremlin, do que olhei para aquela triste múmia cor de cenoura lá embaixo: Lenin.

  8. Algum soldado britânico atirou em algum soldado soviético ao longo do conflito? Sei muito bem o que ocorreu em Yalta e a data em que aconteceu Mr. Arthur Neville C. e olha que não o chamo de Monsieur Pierre L.

  9. O cenário Kobayashi Maru

    Kobayashi Maru é um exercício de treinamento no universo fictício de Star Trek, projetado para testar os cadetes da Academia da Frota Estelar em um cenário sem possibilidade de vitória. 

    Já estamos em um cenário devastado, sem possibilidade de vitória pelos meios “normais democráticos”. O adversário mentiu, trapaceou, usou de todos os métodos possíveis fora do jogo democrático para chegar e se manter no poder.

    Por que, como oposição, temos que seguir o jogo dentro das “regras” se o adversário não seguiu as regras desde o começo e não segue agora?

    James T. Kirk trapaceou e venceu o desafio Kobayashi Maru. Como oposição temos que usar de criatividade, desafiar as regras, inventar, trapacear, desobedecer.

    Como oposição não sabemos como nos comunicar com a classe média escravocrata e com os evangélicos, base de apoio do bolsonarismo.

    Temos que expor ao povo, com linguagem simples e eficiente, a mentira, a corrupção, a traição dos interesses nacionais que representa o desgoverno Bolsonaro. Esqueçamos um pouco as pautas de costumes. O foco agora deve ser desconstruir a mentira que é Bolsonaro.

    Sim, vamos fazer alianças com nossos adversários. Depois, no momento certo, lhes daremos uma facada nas costas, assim como fizeram com a gente.

    O povo francês nas ruas em 1789 fez história jogando dentro das regras? Gandhi, Martin Luther King, Nelson Mandela desobedeceram as regras e entraram para a história.

    Vamos passar para a história como um povo passivo, que aceitou ser subjugado por um ex-tenente do exército, um sujeito desiquilibrado, incompetente e despreparado para ocupar o cargo de presidente em meio a mais grave pandemia em 100 anos?

    Vamos jogar de modo inteligente e planejado. O republicanismo ingênuo e bonzinho nos trouxe a este inferno. E não vai nos tirar dele.

  10. O maior risco de combate entre Britânicos e Russos ocorreu quando Churchill para impedir que a russia invadisse a Dinamarca em 1945, desobedeceu o tratado e enviou paraquedistas canadenses para a cidade de Wismar. Wismar é uma cidade na costa báltica da Alemanha. Situa-se na extremidade norte de um ponto de estrangulamento entre o mar e o Lago Schweringer e é um centro de transporte. Winston Churchill reconheceu a importância da cidade e sabia que, se caísse nas mãos dos russos muito rapidamente, poderia permitir que eles avançassem muito além das linhas acordadas estabelecidas na conferência de Yalta e ocupassem a maior parte do norte da Alemanha e até mesmo a Dinamarca.
    https://www.warhistoryonline.com/world-war-ii/canadian-paratroopers-saved-denmark-soviet-occupation.html

  11. Quase sempre concordo com as análises do Aldo. No caso específico, da aliança com o candidato do Maia, golpista de quatro costados, discordo. Permanecer isolado e assistir impotente a vitória do candidato do Verme Fascista não traria nenhum benefício. Sim, por que a perda do comando da Câmara para Eduardo Cunha facilitou em muito o golpe contra o governo Dilma. Isso não quer dizer que se pode esperar alguma coisa minimamente decente de Baleia Ross, isso é claro. As declarações de Gleisi a respeito disso, que o apoio tem como condição a análise dos pedidos de impeachment por parte do novo presidente da Câmara são patéticos.
    Na verdade, só não vê quem furou os próprios olhos: o PT, grande patrimônio do Brasil, está diminuindo a olhos vistos. Não há mobilização, não existe uma ação concreta para engajar a juventude, a liderança que dirige o partido e que é diretamente responsável pelas sucessivas derrotas não larga os cargos e assim por diante. Não se deve atribuir essa letargia à pandemia. Basta ver quantos militantes saíram às ruas no momento do impeachment de Dilma. A cada eleição o partido diminui. Os senadores eleitos são lastimáveis. Em São Paulo, há 14 anos o PT se compõe com o PSDB para a eleição à presidência da Assembléia. No sul e sudeste do país o PT deixou de ser competitivo e vem se tornando um apêndice do PSOL. Uma análise serena mostra o seguinte: ou o PT se renova e assume um programa e uma prática aguerrida em prol dos mais pobres ou irá desaparecer e se transformar num PDT da vida. Abraço a todos e todas.

  12. Aquele PT do passado morreu. Quem o matou foi a direção burocratica, tipo gleisi, que surfou a onda que nunca ajudou a construir.

    A direção hoje e uma das travas do Partido pois como ninguem cresceu na luta nas ruas , só vêm saida no conchavo.

    Melhor acabar com esse PT e formar outro partido mais democratico e mais plural. E chamar todo mundo , Psol, PCO e etc para formar junto

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